Com a força do Maraca

Maracanã, como nos velhos temposA Seleção Brasileira enfrentará a Colômbia logo mais no velho Maracanã. Devido à crise pela qual passa a equipe brasileira, a expectativa inicial era de um público pequeno para o primeiro jogo do returno das Eliminatórias da Copa (marcado para as 22h).

Chegou a ser especulado se o jogo desta noite poderia marcar o recorde negativo de público na história da Seleção no estádio Mário Filho, palco maior da Canarinha desde 1950.

Mas – felizmente – não será possível, já que apenas nos primeiros de dias de venda de ingressos foram comercializados 30 mil bilhetes. O “recorde” foi estabelecido em 9 de junho de 1976, quando o Brasil venceu o Paraguai por 3 x 1, pela Taça Atlântico. Apenas 28.820 pessoas viram aquele jogo. E olhe que estavam em campo ninguém menos que o flamenguista Zico e o vascaíno Roberto Dinamite, ídolos das maiores torcidas do Rio.

Zico e Roberto Dinamite podem não até não ter deixado o jogo tão atrativo assim, mas quando eles se enfrentaram a história foi bem diferente… Naquele mesmo ano, em 4 de abril, o Flamengo venceu o Vasco por 3 x 1, com mais de 174 mil pessoas lotando as arquibancadas do maior estádio do mundo. Aquele foi simplesmente o 4º maior público registrado no estádio. Ao contrário do que diz a regra matemática, a ordem dos fatores alterou o produto. Excepcionalmente nesse caso.

Mariores públicos do Maracanã
1º) 200.000 – Brasil 1 x 2 Uruguai (16/07/1950) (estimado)
2º) 183.341- Brasil 1 x 0 Paraguai (31/08/1969)
3º) 177.020 – Flamengo 0 x 0 Fluminense (15/12/1963)
4º) 174.770 – Flamengo 3 x 1 Vasco (174.770)
5º) 174.599 – Brasil 4 x 1 Paraguai (21/03/1954)
6º) 171.599 – Fluminense 3 x 2 Flamengo (15/06/1969) *
7º) 165.358 – Flamengo 0 x 0 Vasco (22/12/1974)
8º) 162.764 – Brasil 6 x 0 Colômbia (09/03/1977)
9º) 161.989 – Flamengo 2 x 1 Vasco (06/12/1981)
10º) 160.342 – Flamengo 1 x 0 Vasco (06/05/1973) **

* Rodada dupla com o jogo Botafogo 0 x 0 Portuguesa/RJ
** Rodada dupla com o jogo Bangu 2 x 1 Madureira

Post com a colaboração de Carlos Lopes

Status Fifa

Árbitro FifaNa tarde desta quinta-feira haverá o sorteio que definirá o árbitro para o Clássico dos Clássicos do próximo domingo, na Ilha do Retiro. Por decisão do presidente da FPF, Carlos Alberto Oliveira, o juiz será de fora do estado, e com status de “árbitro Fifa”. A última vez que o jogo entre Sport e Náutico teve esse “honra” foi em 28 de junho do ano passado, com Wilson Souza.

Depois daquela partida, Wilson ainda apitou mais dois clássicos – ambos neste ano -, mas já fora do quadro da Fifa (de onde saiu em outubro de 2007). Nos últimos 10 clássicos, apenas um árbitro não foi pernambucano. E nem foi de tão longe assim. Foi o sergipano Antônio Hora Filho, em 2006.

Árbitros dos últimos 10 Clássicos dos Clássicos

12/03/2006 – Sport 1 x 1 Náutico – Rogério Oliveira (PE) – Pernambucano
15/07/2006 – Náutico 2 x 1 Sport – Ricardo Tavares (PE) – Série B
21/10/2006 – Sport 2 x 0 Náutico – Antônio Hora Filho (SE) – Série B
05/02/2007 – Náutico 0 x 1 Sport – Wilson Souza (Fifa-PE) – Pernambucano
01/04/2007 – Sport 2 x 0 Náutico – Cláudio Mercante (PE) – Pernambucano
28/06/2007 – Sport 4 x 1 Náutico – Wilson Souza (Fifa-PE) – Série A
23/09/2007 – Náutico 2 x 0 Sport – Émerson Sobral (PE) – Série A
16/03/2008 – Náutico 0 x 1 Sport – Wilson Souza (PE) – Pernambucano
10/04/2008 – Sport 0 x 0 Náutico – Patrício Souza (PE) – Pernambucano
13/07/2008 – Náutico 0 x 2 Sport – Wilson Souza (PE) – Série A

Obs. Nem sempre um árbitro de fora significa garantia de tranqüilidade. E olhe que em 1996 o juiz veio de muito longe. O argentino Javier Castrilli comandou o clássico entre Santa Cruz e Sport, no Arruda. Após o jogo, vencido pelos rubro-negros por 2 x 0, os tricolores reclamaram muito da atuação dele. Que voltou na paz para Buenos Aires.

“Podem me cobrar depois”

Durante a entrevista coletiva na tarde de terça-feira, o técnico do Náutico, Roberto Fernandes, lançou um desafio interessante para o restante do Brasileiro.

Podem cobrar depois, com moderação“Podem vir me cobrar aqui depois. Com o campeonato nivelado do jeito que está, se dos 4 jogos em casa que o Náutico ainda tem, a gente conseguir vencer 3 e empatar 1, estaremos na Primeira Divisão. Esse é o nosso primeiro objetivo. E se conseguirmos buscar pontos fora, poderemos ir à Copa Sul-Americana, que é o segundo”.

Ou seja, seguindo esse raciocínio… O clássico contra o Sport, no domingo, visa pontos para a classificação para a Sul-Americana.

Além das 5 partidas fora de casa (incluindo o clássico), o Náutico jogará 4 nos Aflitos. Dois desses jogos, segundo Roberto Fernandes, são “confrontos diretos“: Portuguesa (25/10) e Atlético-PR (30/11). Os outros dois seriam as verdadeiras “pedreiras” na caminhada para permanecer na elite: Vitória (01/11) e Cruzeiro (16/11).

Para Roberto, um time irá seguir na Série A com 40 pontos. Em 2007, com a mesma pontuação, o clube teria ficado em 19º lugar. Nesse ano, porém, não temos um “América/RN” na competição. Com apenas 17 pontos, o Mecão saiu “distribuindo” pontos para todo mundo.

Você concorda com essa matemática?

Craque da Comunidade – Michel Souza

Segue neste post a 3ª matéria da série “Craque da Comunidade”, do jornal Aqui PE. Dessa vez, quem assina a reportagem é Rodolfo Bourbon. O craque, que já atuou como profissional, domina as partidas nos campos de Roda de Fogo.

Michel, que já jogou contra Nildo. Bons temposCaneleiro, não

Jogando como volante, posição pouco valorizada, Michel, o craque da comunidade de Roda de Fogo, sonha com o Flamengo

Futebol, para o estudante Michel Souza Lacerda, 25 anos, ultrapassa a barreira do mero lazer. Como atleta, já chegou a atuar nos clubes Ferroviário de Serra Talhada, Catende e Corinthians de Caicó. Duelou contra ícones como Souza, ex-meia do São Paulo, e Nildo, antigo ídolo do Sport Recife – time de coração do jovem. Hoje, sucumbe ao anonimato como peladeiro da Roda de Fogo, comunidade situada no bairro dos Torrões, Zona Oeste do Recife. Conserva humildade. Apesar de, após o par ou ímpar, quase sempre, ser o primeiro a compor um dos times.

Craque da simplicidade, Michel arranca olhares entusiasmados do público com marcações cerradas e jogadas de efeito. As observações no campinho de várzea, no entanto, jamais partiram de olheiros ou empresários. “A nossa comunidade está cheia de bons jogadores. Mas falta investimento. Não se pode jogar à noite, por causa dos refletores queimados há mais de três anos. Não tem espaço para acomodar a torcida. Quem vai ficar se sujeitando a essas condições?”, questiona. As reivindicações não param por aí. “Sem rede nas laterais, a bola acaba batendo nos pedestres. Com a falta de vestiários, ficam todos ‘peladões’ na frente de mulheres e crianças”, critica.

Enquanto não arruma contrato com um clube, Michel mantém a forma com partidas amadoras e corridas diárias. “Estou tentando ir jogar em alguma equipe de Fortaleza. Não desisto. Penso em, um dia, entrar no Maracanã lotado, vestindo a camisa do Flamengo”, sonha o jovem, entusiasmado ao falar da paixão pelo esporte. “Quando dei meus primeiros passos, já comecei a chutar uma bola”, brinca.

No campo da Roda de Fogo, o jogo é 11 contra 11. “É na base dos dez minutos ou um gol. Aqui, o ‘couro come’! Apanha, levanta, dá lapada”, resume o bom de bola e volante, posição pouco aclamada pela torcida. “Caneleiro” é um título que o jogador diz não sustentar. “Gosto de armar jogadas, partir no mano-a-mano, com velocidade e habilidade. E, se bobear, belisco e mando a pelota para o fundo das redes”, explica. Inserido no padrão de medidas oficiais, com terra batida e relativamente plana, o espaço tem condições de sediar a formação de craques como Michel. Basta mais zelo.

Foto: Cecília de Sá Pereira