Rivaldo de corpo e alma no Santa

Rivaldo desembarca no Recife em 2011, com a camisa do São Paulo. Foto: Paulo Paiva/Diario de Pernambuco

Quanta diferença nas duas fotos, hein? Exatamente 20 anos… De 1991 a 2011.

Rivaldo no Santa Cruz, em 1991

Rivaldo, em sua primeira declaração no Recife, onde não joga há 17 anos:

“Sou Santa Cruz de corpo e alma, e minha família também, mas sou profissional.”

Frase dita numa grande festa no Aeroporto Internacional dos Guararapes, onde desembarcou nesta terça-feira.

O meia pernambucano, campeão mundial com a Seleção em 2002 e eleito pela Fifa como o melhor jogador do planeta em 1999, deverá estar em campo na noite desta quarta-feira, no Arruda, pela Copa do Brasil.

Jogando pelo São Paulo… Saudosismo puro.

O que você achou da declaração do craque em sua volta ao Recife, torcedor?

Homero Lacerda, franco

Homero Lacerda, ex-presidente do Sport. Foto: Júlio Jacobina

O gravador digital ficou ligado durante 1 hora e 28 minutos.

No escritório no 21º andar do empresarial Excelsior, em Boa Viagem, uma visão ampla da metrópole recifense, tendo no fim do horizonte a Ilha do Retiro.

Na mesa, os dois telefones fora do gancho, para evitar qualquer interferência. As duas secretárias também haviam sido avisadas.

Sentado à mesa, Homero Lacerda, 64 anos. Presidente do Sport no título brasileiro de 1987 e apontado como opositor ao modelo da futura arena do clube.

Partiu do próprio ex-dirigente a vontade de falar, de conceder a entrevista. Cansado de discutir, sem conseguir incutir na atual diretoria o que pensa em relação ao projeto, Homero falou. E muito…

Abaixo, dez tópicos da entrevista concedida ao blog nesta terça-feira.

A favor da arena, contrário ao modelo
“Não é uma colocação de oposição, pois somos amigos (se referindo a Dubeux). Não admito ouvir que sou contra. Eu sou a favor da arena. Uma coisa é apoiar a diretoria do Sport e outra é um compromisso com o Sport. Para sermos verdadeiramente fiéis às pessoas, precisamos ser, antes, fiéis aos princípios. Precisamos contribuir com um debate construtivo, pois sou contra a utilização do legado que recebemos dos nossos antepassados para a construção de hotel e salas comerciais.”

Sem hotéis e empresariais
“Mesmo que fosse do Sport, essa ideia desvirtuaria o clube, sócio-esportivo. Independentemente da condução do negócio, sou basicamente contra a construção de espigões comerciais e residenciais dentro do Sport. Isso já foi tentado várias vezes. Eu mesmo derrubei uma proposta em 1995, só de espigões. Ainda nem existia ‘arena’. No fim, o Sport só ficaria com 20%, pois o terreno não valia muito.”

O valor do terreno
“O negócio está envolvendo a área do Sport, avaliada em torno de R$ 1 bilhão. Sou do ramo imobiliário há 35 anos e sei disso. O terreno vale R$ 600 milhões pelo metro quadrado, mas o potencial de expansão amplia o valor da área. Durante 30 anos, vão sugar todo o suco da laranja e entregar o bagaço. Nos primeiros 10 anos o Sport só vai receber 7% da renda do hotel. Quando o clube receber, vai ter que implodir.”

Viabilidade rubro-negra
“Sou empresário e já consegui empréstimo no BNDES. Só não se consegue empréstimo se não tiver garantia ou se o projeto não for viável. A garantia do Sport é o patrimônio de R$ 1 bilhão, em uma área valorizada no coração da cidade, e a viabilidade é a força da sua torcida, a maior do Nordeste, disparado. No Sudeste eles têm vários times, mas aqui no Nordeste, com todo o respeito ao Bahia, só tem o Sport.”

Tática para o crédito
“É preciso sanar as dívidas para liberar o empréstimo e R$ 400 milhões? Do passivo total, o clube precisaria pagar entre R$ 30 mi e R$ 40 milhões para ficar habilitado. Isso conseguiria fácil, com antecipação de receitas ou empréstimo-ponte no banco. Isso não é nada para o Sport. E que me perdoe o governo de Pernambuco, mas o projeto do Sport é mais viável que a Arena PE.”

Estudos aprofundados
“Era para o Sport enviar uma comitiva para viajar o mundo e saber como foram construídas as últimas dez arenas. Em que moldes? Tem muita coisa que não sabemos. Acabei de saber por você, agora, que o nome da arena do Sport pode ser vendido por R$ 60 milhões, como o da Copa. O Sport não sabe o seu valor. Tudo está acontecendo de maneira amadora. Era preciso realizar uma licitação clara para a escolha do consórcio. Garanto que teria gente que aceitaria construir um estádio para operar só por 15 anos, metade do proposto pela Plurisport, a escolhida.”

Hexa
“Se fosse para escolher entre o hexa ou subir para a Série A esse ano, eu ficaria com uma dúvida muito grande, por causa do calor da torcida, da rivalidade local. É uma conquista importante. Mas se for hexa, o acesso vai ser consequência.”

1987
“Lamentavelmente, o título brasileiro ainda está dividido e o Sport só entrou com uma interpelação judicial, pedindo que Ricardo Teixeira mude a decisão. Era para entrar com uma ação que respeitasse uma decisão transitado em julgado, mais incisiva. Ainda pode reverter, mas não pode ficar parado. O torcedor não aceita isso.”

Gigante
“Com o patrimônio que tem, o Sport já é um dos clubes mais ricos do país. Se tiver uma arena e administrá-la sozinho, o Sport será um dos quatro maiores clubes do país, abaixo só de Flamengo, Corinthians e São Paulo.”

Saudade da velha Ilha
“Na hora que derrubar o estádio vai doer no fundo da minha alma. Aquele concreto está impregado de cazá-cazá, suor e alegria.”

Arruda 360

Estádio do Arruda

Santa Cruz x São Paulo.

Jogão de tricolores pela Copa do Brasil com expectativa de um público superior a 40 mil pessoas no Arruda, na noite desta quarta-feira.

Em grande fase, a Cobra Coral cativou o povão. Renda deve passar de R$ 600 mil.

O estádio José do Rêgo Maciel, que recebeu 45 mil pessoas no primeiro Clássico das Multidões desta temporada, deverá ficar tomado pelas três encarnado, branco e preto.

Nas images do post, uma mostra do passeio em 360 graus lançado pelo Santa Cruz.

“Sinta-se dentro do gramado do Mundão e se emocione.”

Esta é a mensagem no site oficial do clube, anunciando a novidade (veja AQUI).

Para completar, o giro a partir do centro do gramado do Arruda tem como trilha sonora os gritos de guerra da torcida do tricolor pernambucano.

A foto foi produzida pelo tricolor Alessandro Varela, antes do jogo contra o Guarany/CE, na última Série D, quando 50 mil torcedores lotaram o estádio.

Estádio do Arruda

Crescimento na transição estádio/arena

O gráfico abaixo é o resultado de uma pesquisa da Deloitte Consulting durante o monitoramento de 13 novas arenas de futebol na Inglaterra.

A pesquisa foi fundamentada na mudança de conceito dos estádios, associando a modernização ao perfil do torcedor, em várias divisões.

Após as reformas, que aumentaram o conforto, a segurança e a acessibilidade, a audiência da torcida aumentou em 61%, chegando a uma média de 22 mil torcedores.

Algum paralelo com o futuro do futebol pernambucano?

Pesquisa da Deloitte sobre novas arenas na Inglaterra