Interiorização pernambucana às avessas

Mapa do Recife

Desde o seu primeiro mandato à frente da FPF, no já distante ano de 1995, Carlos Alberto Oliveira priorizou a interiorização do futebol pernambucano.

De fato, o projeto do dirigente era importante para o desenvolvimento local.

Até 1936, o Campeonato Pernambucano contava apenas com clubes da capital. Nos jornais, o torneio ainda na era amadora era chamado de “Campeonato Citadino”. Coincidentemente, em 1937, na primeira edição profissional, a competição incorporou também a participação do interior, com o pioneirismo do Central, de Caruaru.

Voltando ao presente, um contexto que já remete diretamente ao passado. Eis que em 2011 a estrutura local caminha para igualar uma marca de 16 anos.

Atualmente, a primeira divisão local conta com Sport, Santa Cruz, Náutico, América e Cabense – este ainda sub judice. Recife e zonas Norte e Sul representadas no mapa da bola. Na Segundona, Ferroviário do Cabo, Olinda e Atlético Pernambucano, de Camaragibe, disputam com mais cinco clubes as duas vagas para a elite do próximo ano.

Basta que pelo menos um desses três times consiga o acesso e a fatia da Região Metropolitana do Recife (RMR) será de 50% no próximo Estadual, com 12 times.

A última vez que isso ocorreu foi justo em 1995, num campeonato de 10 times. Além do Trio de Ferro, participaram América, em Jaboatão, e Destilaria (atual Cabense). Por mais que alguns desses clubes da capital sejam de “aluguel”, esse fortalecimento seria algum reflexo da disparidade no crescimento da economia na RMR sobre o interior?

O Grande Recife tem 41,9% da população do estado, de 8,7 milhões de habitantes, e mais de 64% do produto interno bruto pernambucano, de R$ 87 bilhões.

Pernambuco é o único estado do Nordeste sem um campeão do interior…

7 Replies to “Interiorização pernambucana às avessas”

  1. Janio,
    Concordo contigo sobre a preparação destas equipes no campeonato, embora o alto numero de gols também era favorecidos pela quantidade de jogos, turnos e fases que existia no Pernambucano daquele tempo. A FPF criava fórmulas de jogos de ida e volta em cada turno…. Eram muitos jogos!

  2. Concordo com o Washington L. Vaz.
     
    Sempre comparo o Ibis, Ferroviario, Santo Amaro e América-PE compativeis de importancia ao o que é um Madureira, Bangu, America-RJ no futebol carioca. Clubes charmosos e que possuem relevancias em seus municipios e nos campeonatos estaduais que eles participam, tanto é que, mesmo nas crises e disputando divisões inferiores observem que estes clubes ainda possuem torcida, mesmo que ao entorno de suas sedes e envelhecidas. Com a interiorização e com o passar do tempo nossos clubes intermediarios da capital perderam tudo o que estes clubes da capital fluminense ainda possuem no seculo xxi: charme, importancia, tradição e torcida. O América-RJ mesmo é patrimonio do RJ, e o nosso América-PE, que é um dos fundadores da FPF, é o que em Pernambuco? Deixa pra lá!

  3. Acompanho o futebol pernambucano desde 1975, e acho a opinião dos senhores um pouco nostálgica, pois gostaria de saber qual a formula mágica a FPF iria encontrar para salvar times como íbis, ferroviário e santo amaro que só serviam para os artilheiros dos times grandes baterem recordes de gols. Sem torcidas, jogadores amadores, sem preparo físico e sem investimentos dos empresários, pouco podia fazer Rubão ou Carlos Alberto por esses clubes, para alegria de Baiano, artilheiro do Santa (37 gols) e náutico (40 gols) em um só campeonato pernambucano no início dos anos 80. Marca que jamais será superada.

  4. Isso mesmo Fabiano!
    Acho justo a interiorização do nossos futebol, mas foi realizada de forma precipitada, sem se preocupar com seus filiados da capital, que não possuem estádio para mandar seus jogos e foram forçados a utilizar as praças do interior.
    Para se ter uma ideia, o Sociedade Esportiva Decisão, também da Região Metropolitana para conseguir suporte financeiro mudou seu nome e estatuto para Chã Grande F.C.
    Depois desta injeção financeiro o clube finalmente conseguiu resultados expressivos e por muito pouco não subiu de divisão no ano passado, situação bem diferente do Íbis, Ferroviario e Manchete (ex-Santo Amaro), que quando participa de competições oficiais da FPF, o maximo de apoio que consegue é um estádio municipal para mandar seus jogos, entrando nas competições em desvantagens contra equipes de empresários e com apoio de governo municipais.
    Por conta desta interiorização sem planejamento foi jogado pelo ralo boa parte da historia do nosso futebol.

  5. Concordo com o Washington L. Vaz em tudo, fui morador da Vila Ipiranga no bairro de Afogados, também conhecido pelo nome de Vila dos Ferroviários, e é com muita tristeza que costumava passar em frente a sede do Clube Ferroviário do Recife e via toda aquela área ociosa e que um dia teve o ferroviário em atividade nos gramados pernambucanos. Inclusive com vários ex-jogadores ainda morando na vila, hoje senhores de idade e que são uma parte da memória viva do nosso futerbol.

  6. até a Bahia,nooso”Rival”,teve campeão vindo do interior.colo-colo de alagoinhas(2006).e Bahia De Feira De Santana(2011)!esses times do interior de Pernambuco,são(desculpem)Safados.ou Frouxos!

  7. Cassio, primeiramente, gostaria de parabenizar pelos seus ultimos textos, resgatando a história do futebol pernambucano. De fato, esta interiorização realizada pelo nosso futebol foi de fato louvável iniciada bem antes de Carlos Alberto Oliveira, com Rubem Moreira na década de 80, embora tenha sido o presidente atual o que de fato a tenha impulsionado, mas foi iniciada de forma brusca e imposta, sem nenhum planejamento.
    Se hoje podemos nos orgulhar de ter um Salgueiro representando o futebol do estado na Série B do Brasileiro, acredito que hoje poderíamos ter ido muito além do foi conquistado. Com a interiorização, a FPF na gestão de Carlos Alberto não se preocupou com os clubes intermediários da Região Metropolitana que já possuiam alguns títulos relevantes, tradição no estado e uma identidade com o publico da capital.
    Clubes como o proprio América (seis vezes campeão estadual), Santo Amaro (vice campeão brasileiro 81),  Ibis e Ferroviario do Recife (campeões de torneio inicio), foram obrigados a mandar seus jogos em outros estádios fora da capital, proibidos de utilizar a Ilha, Aflitos e Arruda para mandar seus jogos. Sem outra praça esportiva estes clubes se interiorizaram, perdendo força e identidade com seu publico, pois a cada ano que se passava era uma nova cidade que eles mandavam seus jogos e ainda hoje é assim. Veja o Ibis, que já passou por Paulista, Itambé, Olinda e outros municipios.
    O caso do Santo Amaro e do Ferroviário do Recife ainda é mais crítico. O Santo Amaro mudou de nome para Recife e mais tarde para Manchete, passou por meia dúzia de municipios e se licenciou. Situação parecida foi o Ferroviario, que saiu da Vila Ipiranga e também peregrinou o interior em busca de um espaço. Hoje o Ferrinho mantém uma modesta divisão de base em sua sede, para as disputas do Aberto Infantil/Juvenil.
    No final das contas, o destino destes clubes foi a segunda divisão estadual, de onde apenas o América conseguiu sair, depois de quinze anos de sofrimento e de sua quase extinção.
    Atualmente somente pessoas com mais de 30 verões em sua maioria nos bairros de Casa Amarela, Vila Ipíranga e Santo Amaro tem o conhecimento de que a duas décadas atrás existiam em seus bairros clubes que já fizeram alguns arranhões no Trio de Ferro.

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