A revelação de Luciano Bivar sobre o pagamento de comissão a um lobista para facilitar a ida do volante Leomar à Seleção Brasileira entrará no campo jurídico.
No Recife, o presidente rubro-negro se mostra tranquilo, apesar da gravidade do episódio. O seu vice é um dos mais renomados advogados do Nordeste.
No entanto, ao contrário do que o dirigente poderia imaginar, o ato, caso configurado como crime, não está prescrito. Segundo o código brasileiro de justiça desportiva, o prazo é de 20 anos. A ida de Leomar à Seleção foi em 2001.
O seu depoimento já está marcado no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, o STJD, cuja sede está localizada no Rio de Janeiro. Será em 21 de março.
Antes, nos dias 15 e 16, outra viagem do empresário à Cidade Maravilhosa.
Mas ao coração do futebol brasileiro, até a CBF. No primeiro encontro, conversa com o diretor de competições da entidae, Virgíliso Elísio. Segundo a breve nota no site oficial do Sport, o contato “discutiu assuntos de interesse do clube”.
Em seguida, almoço com presidente da confederação, José Maria Marin.
Ambos experientes, Marin com 81 anos e Bivar com 69. Por mais que o discurso seja cortês de ambos os lados, será difícil convencer alguém que o episódio de 2001 não tenha sido o prato principal.
Até porque, conforme mostrado no Diario de Pernambuco, a história tem vários pontos soltos, como o fato de Leomar ter sido o jogador que mais atuou com Emerson Leão, enquanto este era treinador do Sport, deixando claro o quanto era desnecessário um lobista e o tal marketing esportivo.
Ou o fato de que o volante estava com salários atrasados quando foi convocado, e mais tarde deixaria o clube de graça após ação na justiça do trabalho.
Revoltados, Leão e Antônio Lopes, integrantes da comissão técnica daquela Canarinha, articulam ações na justiça, ao contrário das primeiras declarações.
Sem terem sido citados, acharam num primeiro momento que não haveria necessidade. Depois, perceberam que indiretamente são, sim, relacionados.
Calejado, Bivar antecipa que o Sport não sofrerá punição. Por sinal, qual teria sido o benefício ao clube? O lobby veio do seu cofre? Não se sabe. Ganhou algo com a passagem de Leomar com a camisa verde e amarela?
Na verdade, posteriormente o clube teve um prejuízo de R$ 2,5 milhões devido à má gestão nos direitos do atleta.
Então, até o momento, vale ressalvar, o alvo da inevitável investigação é o próprio Bivar. Ou jogará no ventilador ou recuará no discurso, o mais provável.
A resposta já está no Rio de Janeiro.