Comissão por jogador na Seleção, bem aqui em Pernambuco

Leomar na Seleção Brasileira, em 2001. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

“Eu já empurrei jogador na Seleção Brasileira, pagando comissão”.

Na prática, uma confissão de suborno. Poderia ser um empresário, um treinador, um gerente de futebol. Ou até mesmo um presidente, pois é.

No caso, foi Luciano Bivar, mandatário do Sport. Numa bombástica declaração na Rádio Transamérica, o rubro-negro relembrou a convocação de Leomar em 2001, sobre como o volante vestiu a camisa verde e amarela.

Na época, Bivar também era o presidente do clube. O cabeça de área leonino, curiosamente o último atleta atuando em Pernambuco a ser chamado para o time principal da Canarinha, entrou na lista de Emerson Leão. O mesmo Leão que recebeu o convite da CBF enquanto treinava o Sport. O volante jogou seis vezes na Seleção, incluindo a Copa das Confederações na Ásia.

Suborno por um jogador que o treinador tinha trabalhado recentemente na Ilha, por quê? Naquele mesmo ano, Leomar deixou o Sport rumo à Coreia do Sul após uma ação na justiça do trabalho de R$ 2,8 milhões. Dinheiro para lobista, mas sem dinheiro para o salário do atleta? Esquemão bem estranho.

Na mesma entrevista à rádio, nesta sexta, Bivar preferiu não revelar mais detalhes do “lóbi”, como quanto pagou ou a quem pagou. Jogou na lama a sua imagem e escancarou uma desconfiança bem antiga acerca do que ocorre na Seleção e seu balcão de negócios, com centenas de convocados.

Quem paga para “empurrar” um jogador na Seleção poderia fazer mais o que no campo esportivo? Quantos mais desempenham essa prática? A declaração de Bivar tende a desencadear algo bem mais grave no futebol brasileiro.

Depois, questionado em nova entrevista, já com a repercussão nacional, negativa obviamente, Bivar não demonstrou arrependimento (veja aqui).

“É a regra o jogo. Não sou desonesto. Sou realista.”