O Brasileirão teve inúmeros formatos e nomenclaturas entre 1959 e 1985.
Do sistema eliminatório às fases de grupos, dos convites aos esboços de critérios técnicos para embasar as participações. Na década de 1980 a vaga no Nacional era conquistada através dos campeonatos estaduais – Pernambuco, por exemplo, tinha duas vagas diretas. No entanto, uma competição com 44 clubes, sem organização alguma no calendário, não se mostrava mais atrativa. Patrocinadores e torcedores foram se afastando aos poucos.
Em 1985 a média de público foi de 11.625 pessoas, a menor desde 1979 – quando o torneio teve 94 clubes, num exemplo clássico de falta de organização somada a mais rasteira política. Pois bem. Na temporada seguinte foi decidido que o futebol brasileiro tentaria se adaptar à estrutura europeia, já tradicional, com o campeonato separado por divisões e a implantação do sistema de acesso e descenso ao fim de cada edição. Um lampejo de profissionalismo e o outro maior do jeitinho, como ficaria nítido a cada semana naquele campeonato.
A ideia original era reestruturar o Brasileiro aos poucos, até alcançar o número de 20 participantes. Para isso, obviamente era preciso dar o primeiro passo, de forma criteriosa. No campo. Assim, estipulou-se uma Série A (por sinal, tal expressão nem existia naqueles tempos) com 24 clubes em 1987. Nenhuma vaga seria oriunda dos estaduais. Ou seja, o Brasileiro de 1986 necessariamente classificaria todos esses times. Desta forma, a CBF oficializou o “acesso” no regulamento com seis vagas para cada um dos quatro grupos na segunda fase do torneio. Mas ainda havia a primeira etapa…
Aí talvez esteja enraizada toda a cultura de “virada de mesa” do futebol nessas bandas. Eram quatro chaves (A, B, C e D), com onze times. Os seis melhores de cada uma passariam à fase seguinte, além dos quatro melhores independentemente dos grupos. A esses ainda se juntariam outros quatro classificados através do Torneio Paralelo – uma disputa à parte, com 36 clubes em quatro grupos, tendo o Central de Caruaru como ganhador de um. Numa conta simples, seriam 32 equipes na 2ª fase, das quais as 24 melhores jogariam a sonhada e inédita primeira divisão no ano seguinte. Apenas os dois últimos dos grupos I, J, K e L seriam “rebaixados” – além de todos os eliminados na etapa anterior e no próprio Torneio Paralelo.
Ainda na primeira fase daquela competição, o primeiro grande baque. O Vasco, campeão brasileiro em 1974 e vice em 1979 e 1984, fora eliminado no grupo C. Logo, fora rebaixado. O motivo foi um tanto insólito. Um atleta do Sergipe, Carlos Alberto, havia sido flagrado no exame antidoping. Naqueles tempos, o julgamento terminava com a transferência dos pontos para a outra equipe. No caso, o Joinville, no grupo B e que ganhou os dois pontos – o sistema de três pontos por triunfo só surgiu em 1995. Foi o suficiente para ultrapassar o Vasco na disputa pela quarta e última vaga da repescagem. Veio a batalha de liminares…
O clube carioca, já sob influência de Eurico Miranda, entrou na justiça alegando “quebra de privacidade no resultado do exame antidoping”, numa clara brecha na lei, e o Joinville retrucou (veja aqui).
De mãos atadas, a CBF encontrou uma solução daquelas. A entidade eliminou a Portuguesa, a vice-líder da chave D, porque a direção havia entrado na Justiça Comum numa polêmica sobre a arrecadação dos jogos, sobre a legalidade dos 5% da bilheteria para a federação – sem relação com a classificação.
O rubroverde do Canindé foi outro a acionar a justiça. Mais. No pleito, contou com o apoio de todos os outros representantes de São Paulo, que ameaçaram se retirar do campeonato caso a decisão fosse mantida. Acuada novamente, a CBF – envolvida na época numa ardilosa disputa política – acabou dando razão a todos e classificou 33 equipes, no mais puro tapetão. Com o número ímpar, inviabilizando a formação da fase seguinte, além da pressão dos demais competidores, a confederação fez o mais fácil – quase um modus operandi -, ao promover a entrada de mais três equipes, apenas por uma questão de simetria. No bolo, entraram Náutico, Santa Cruz e Sobradinho – então eliminados e rebaixados -, totalizando 36 times, distribuídos em quatro chaves de nove. A bagunça foi documentada durante semanas pela revista Placar.
Enfim finalizada a primeira fase – vale ler duas vezes até aqui, pois foi mesmo um ano confuso -, veio a etapa classificatória às oitavas de final. Os jogos país afora começaram em 12 de outubro.
No dia 20, como publicou o jornal O Estado de S. Paulo, a CBF promoveu uma mudança no regulamento, aumentando a primeira divisão de 1987 para 28 clubes. Sustentou a modificação em uma resolução do Conselho Nacional de Desportos (CND), órgão normativo ligado ao governo federal, com a ampliação até a quantidade máxima indicada.
Para se ter uma ideia das paralisações e da falta de uma agenda, a segunda fase do Nacional de 1986 só terminou em 29 de janeiro do ano seguinte. O Vasco, aquele mesmo rebaixado lá no comecinho, se recuperou e chegou até as oitavas. Já Botafogo, Sport – 3º lugar na primeira fase – e Vitória, que avançaram nas vagas originais, foram “rebaixados”. A gritaria, como não poderia deixar de ser, foi enorme, iniciando a bola de neve.
O título de 1986 seria finalmente definido em 25 de fevereiro de 1987, num jogaço entre Guarani e São Paulo, no Brinco de Ouro. Festa tricolor nos pênaltis, após o eletrizante 3 x 3, com direito a prorrogação.
A partida só não teve mais reviravoltas que as reuniões na CBF, no STJD, no CND e na Justiça Comum visando a formação do Campeonato Brasileiro de 1987. O rebaixamento criado na edição do ano anterior perdera a validade jurídica após a mudança dos classificados à segunda fase.
Àquela altura, o número imaginado de 24 clubes para o primeiro ano com divisões – ou até a ampliação de 28 – já havia se tornado irreal. Teríamos novamente um Brasileirão com 44? Não era desejo de ninguém, ao menos isso.
Haveria, sim, o campeonato brasileiro com um critério técnico – mesmo que ali já existissem vários, com mudanças a cada novo debate entre os dirigentes. Entre as opções, esquecer 1986, e seus possíveis entraves jurídicos, e considerar o ranking histórico? Mas qual ranking, pontos ou arrecadação…? Esquecer a frieza dos regulamentos era uma vontade mais forte, desde que para benefício próprio. Durante todo o primeiro semestre, a cartolagem seguiu discutindo, com a CBF chegando a anunciar a falta de recursos e, por isso, a incapacidade de organizar um campeonato naquele momento.
Como se sabe, surgiria justamente ali, em 11 de julho, o Clube dos 13 – que de fato, ao contrário de sua última e implodida versão, só tinha treze componentes, tradicionais.
Veio com uma visão inovadora do mercado esportivo, importante, mas à parte de todo o passado e do direito adquirido. De cara, o Clube dos 13 limpou geral a lista do torneio, definindo apenas 16 participantes, número abaixo até do mínimo estipulado por escrito por Manoel Tubino, presidente do CND, de 20 equipes.
Naturalmente, muita gente em condições de disputa ficou de fora, como, vejam só, o último vice-campeão brasileiro.
O tapetão foi empurrado para o torneio seguinte, iniciado em 11 de setembro de 1987 e ainda em discussão, como registrou o Jornal do Brasil. E aí não é mais preciso dizer mais nada. A confusão segue até hoje…
Bando de virandores de mesa. Times que deveriam está ocupando uma vaga de deputado ou senador. Junto com a corrupta e desmoralizada CBF sempre deram um jeitinho de se livrar. Dentre os principais: fluminense, flamengo, vasco, botafogo( quadrilheiros do futebol carioca ), payssandu (esse se deu mal), santos e os demais( ex:barbie e Bahia) que se beneficiaram da virada de mesa em relação a supostos títulos nacionais antes de 1971- ano que foi instituído o verdadeiro campeonato brasileiro- tudo por lobby do sem vergonha do Pelé. Infelizmente é desses pilantras que é feito esse “nosso’ corrupto futebol.
O que há de verdade em uma comentada alteração na regra de descenso do Brasileirão 1995, que diminuiria o número de rebaixados de 4 para 2 (livrando Vitória e Flamengo)?
Publiquem FATOS & DADOS!!! de 1986 e 1987..por favor.!
daria umas 5 a 10 publicacões esclarecedoras..ok??
Sugestão:Publiquem os Fatos que o Diario de Pernambuco publicou em 1986 e 1987 para que os milhoes de rubro-negros do Sport em todo Brasil ..possam ler e conhecer melhor a Historia
Sera muito mais interessante! em vez do bla.bla.bla,BLA!
Publiqem FATOS & DADOS!!! de 1986 e 191487..por favor.!
daria umas 5 a 10 publicacões esclarecedoras..ok??
Wo vale ou é apenas uma mragem??
hahahahhahahahaha quanta sacangem…!
A mentira do Flamengo,Rede BOBO,coca-cola.. repetida 1000000000000 de vezes, querem q seja verdade….hahahahhaaa
é o mundo é podre e injusto mesmo!
Pena que o nautico e o çanta cruii nunca ganharam titulos realmente importantes ne cassio????????
Ninguem da imprensa comenta varias sacanagens ,viradas de mesa em Pleno seculo 21!
1-Quem ja viu a Copa do Brasil 2013 em plena na disputa ,aí “inventam” uma regra pra fazer um “enxerto” tipo frankstein…aonde os “perdedores” brasileiros da Libertadores entraram nas semifinais da Copa do Brasil???????muita sacanagem!
2-O sorteio dos grupos da FIFA copa..uma palhacada!!!
ninguem fala nada…nada!!!
O regulamento de 1987 previa cruzamento!
Cassio:sugiro vc publicar os jornais da epoca mostrando todas essa viradas de mesa,sacanagens..para quem nao viveu a epoca nao ficar pixando o Sport cuja “unica Culpa” foi ter cumprido o regulamento e o Framengu ter levado WO (perda irreversivel de pontos) e agora quer aparecer..!
Quem disputou a Libertadores de 1988? –>SPORT…né?
Como é que um julgamento foi encerrado a sentença definida e agora querem fazer outro julgamento?? é muita Palhacada,meu!!!!
Sugestão:Publiquem as estorias que o Diariode Pernambuco publicou em 1986 e 18987 para que os poucos sofredores da nacruiii..possam ler!!! sei que eles nao sabem interpretar,mas..publiquem mesmo assim ok?? sera interessante! em vez do bla.bla.bla!!!
publiqem FATOS & DADOS!!! de 1986 e 1087..por favor.!
daria umas 5 a 10 publicacões esclarecedoras..ok??
ma revolução aconteceu no futebol nacional em 1987. A CBF, mal administrada e sem recursos, declarou-se incapaz de promover o Brasileiro daquele ano, levando os principais clubes do país a criarem, em 11 de julho, uma liga independente chamada Clube dos 13. Este organizou a Copa União, reunindo 16 times, incluindo três convidados: Coritiba, Goiás e Santa Cruz, seguindo um ranking estabelecido com base no histórico do campeonato, desde 1971.
O movimento obteve três aliados, a Coca-Cola, a Varig, e principalmente a TV Globo, que comprou o evento com exclusividade. Sem opção, o presidente da CBF, Octávio Pinto Guimarães, aceitou tudo o que foi proposto. Mas em 14 de julho, o seu vice, Nabi Abi Chedid, resolveu divergir, mostrando que as transmissões de jogos ao vivo, inclusive para as próprias praças, iriam espantar o público dos estádios. Alegou também o dirigente que os clubes excluídos da Copa União, tal como essa foi formulada, seriam prejudicados.
Seguiram-se quase dois meses de discussões. Em 3 de setembro, o Clube dos 13 e a CBF anunciaram um novo acerto, um campeonato com 32 clubes, divididos em dois módulos: o Verde, reunindo os 16 principais, cujo vencedor seria declarado o campeão brasileiro, e o Amarelo, com outros 16 times, também escolhidos com base no tal ranking histórico, na realidade uma Segunda Divisão. Ao fim do campeonato, de acordo com o regulamento, os dois primeiros colocados de cada módulo disputariam um quadrangular, mas apenas para escolher os representantes do país na Taça Libertadores de 1988, para que o tal Amarelo tivesse um mínimo de dignidade.
O Clube dos 13 seguiu no firme propósito de descartar os caprichos e interesses de Nabi, cuja resistência, minada pela força dos grandes, acabou sendo vencida. Logo, o Clube dos 13 anunciou o início da Copa União para 11 de setembro, como ocorreu. O sucesso foi imediato. Por isso, os clubes do Amarelo não tardaram a pressionar a CBF, que resolveu anunciar um outro regulamento, embora – isso é incrível – a entidade não fosse a responsável pela organização do campeonato.
Segundo a nova determinação, imposta com a competição em pleno andamento, o quadrangular previsto para indicar os dois times do país na Libertadores, apontaria também o campeão brasileiro.
O Clube dos 13, é claro, e por unanimidade, descartou imediatamente tal possibilidade, recusando-se enfim a cumpri-la. Vale lembrar que as desavenças políticas entre Nabi e seus adversários continuaram existindo, e que o dirigente não tardou a assumir efetivamente o comando da CBF, depois que Octávio, enfermo, viu-se obrigado a se afastar da presidência da entidade. Assim, tornou o regulamento que previa o tal cruzamento, imposto com o campeonato em andamento, definitivamente oficial, embora não pudesse fazê-lo, pois a CBF – repita-se – não era a responsável pela organização do Brasileiro.
E ainda declarou o Sport como campeão, embora qualquer torcedor com bom senso e com capacidade para a compreensão dos fatos saiba que o verdadeiro vencedor daquele ano é o Flamengo.
O boi ficou em 28º e diz que é campeão, como é isso?
SE O GUARANI FOI O VICE-CAMPEÃO DE 1986 PERDENDO PARA O SÃO PAULO NA FINAL, O QUE ELE ESTAVA FAZENDO ENTÃO DISPUTANDO O TÍTULO DE 1987 CONTRA O SPORT, JÁ QUE O SPORT FOI REBAIXADO PARA SÉRIE B? O GUARANI ERA PARA ESTÁ NO OUTRO MÓDULO JUNTO COM FLAMENGO E INTERNACIONAL. SE O GUARANI DISPUTOU COM O SPORT A FINAL, ENTÃO ISSO SIGNIFICA QUE NÃO EXISTIA SÉRIE B, E SIM, DOS MÓDULOS ( VERDE E AMARELO ) REPRESENTANDO A SÉRIE A.
Cassio, ainda não vi (li) em canto nenhum como se deu de verdade essa história do cruzamento. O clube dos 13 pretendia fundar uma liga independente, gerenciando o campeonato e o dinheiro envolvido nele, quando a FIFA, ameaçou desfiliar todos que fizessem parte da liga. O clube dos 13 recuou e aceitou que a CBF fizesse o regulamento do seu modo (respeitado que os clubes ficassem divididos como eles queriam) e nele estava previsto o cruzamento dos módulos, para ver quem seria o campeão daquele ano. Cruzamento que nunca aconteceu, porque o Flamengo se auto proclamando o campeão, se recusou a entrar em campo, sendo acompanhado pelo Internacional. Se este país fosse realmente sério, o Flamengo deveria ter sido punido (junto com o Internacional), ficando suspenso de participar de campeonatos por um determinado período, coisa que nunca foi sequer cogitado. Tente achar notícias sobre a formação desta liga, que aconteceu alguns meses antes desta data que você está apresentando e a posicionamento da FIFA.
o sistema de 3 pontos não surgiu no Brasileiro de 1994. mas no ANO SEGUINTE!
Cássio, excelente post. Detalhado e esclarecedor das raízes de muitos dos problemas que vivenciamos por muito tempo e cujos fantasmas, parece, voltam a sair da sombra…
Entre os 32 primeiros colocados de 1986, a formação dos principais módulos de 1987
Módulo Verde (Copa União/Taça João Havelange)
São Paulo (1º), Atlético-MG (3º), Bahia (5º), Fluminense (6º), Corinthians (7º), Cruzeiro (8º), Palmeiras (10º), Flamengo (13º), Vasco (15º), Grêmio (16º), Inter (17º), Santos (19º), Goiás (23º), Santa Cruz (27º), Botafogo (32º) e Coritiba (44º)
Módulo Amarelo (Troféu Roberto Gomes Pedrosa)
Guarani (2º), América-RJ (4º), Criciúma (9º), Portuguesa (11º), Inter de Limeira (12º), Joinville (14º), Atlético-PR (18º), Rio Branco (20º), Bangu (21º), Treze (24º), Ceará (25º), CSA (26º), Sport (28º), Atlético-GO (29º), Vitória (30º), Náutico (31º)
Nota-se que o 22º lugar ficou de fora. A Ponte Preta foi a única preterida na readequação do campeonato. A sua vaga acabou ocupada pelo Coritiba, 44º lugar.