A Fan Fest da Copa do Mundo de 2014 foi cancelada no Recife.
O palco oficial da Fifa seria armado no Marco Zero e contaria com um telão de 144 metros quadrados para a exibição de todas as partidas.
A expectativa era de um público diário acima de 35 mil pessoas na ilha, com entrada franca, durante 35 dias, conforme a previsão inicial.
Alegando o custo do evento, de R$ 20 milhões – excluindo os equipamentos eletrônicos, fornecidos pela entidade -, a Prefeitura do Recife cancelou o projeto, faltando quatro meses para o Mundial.
Após ler a repercussão nas redes sociais sobre o assunto, sei que provavelmente estarei entre a minoria nessa discussão…
Na minha opinião, porém, foi um erro da prefeitura da capital pernambucana. O município não cumpriu com a palavra, dada há um bom tempo.
Pernambuco foi eleito com uma das doze subsedes em 30 de maio de 2009.
Desde então, como as outras localidades selecionadas, se dispôs a cumprir uma enorme matriz de responsabilidades. Cara, com prazos apertados.
Estádio de última geração, obras de mobilidade, reforma do aeroporto, construção de terminal portuário e ações de turismo. No caso pernambucano, a previsão de gasto chegou a R$ 2,9 bilhões, em investimentos federal, estadual, municipal e privado.
No quesito relacionado ao turismo, além do número de leitos nos hotéis, sistema de transporte e placas de sinalização, haveria um item presente no torneio desde 2006. As fan fests se tornaram uma parte importante da Copa do Mundo.
Reúnem multidões – população local e turistas – em eventos de longa duração, com shows, ações de marketing etc. Uma atração popular à parte da arena, com a lotação esgotada.
E esse ônus seria da Prefeitura, fato. Há cinco anos se sabe disso. Não só o Recife, mas Natal, Belo Horizonte, Cuiabá, Porto Alegre…
Politicamente – e talvez seja este o ponto com o qual discordei dos comentários que li nas redes sociais -, é algo positivo economizar 20 milhões de reais para gastar em outros equipamentos (necessários) para a cidade.
Contudo, esta verba já era matéria vencida, comprometida, como o carnaval de 2014, já pago, por exemplo.
Na suposta parceria governo/prefeitura para o evento, Geraldo Júlio contradiz com o veto à fan fest as atitudes do governador Eduardo Campos, até pouquíssimo tempo o maior entusiasta da participação pernambucana.
Entre as explicações a favor da decisão vem o fato de a “Fifa explorar o Brasil de todas as formas na organização da Copa do Mundo”.
De fato, a dona Fifa é exigente demais e já fez pedidos além do razoável.
Independentemente de a fan fest ser ou não “razoável” – e eu considero que seja, pois é mais um vetor para movimentar a cidade massivamente -, o projeto estava no contrato original, assinado.
Como a Radial da Copa, a duplicação da BR-408, obras que ficarão para a população, obviamente, mas com o mesmo peso burocrático do compromisso.
Durante o Mundial, o Recife Antigo, até então na expectativa de se tornar um imenso polo de animação, poderá passar no limbo, caso os patrocinadores do evento – com aportes em outras direções – não banquem a conta inesperada.
Ou mesmo o governo do estado…
Enquanto isso, as outras onze cidades seguem com o formato completo de entretenimento de uma subsede, garantindo estádio e fan fest.
E assim deverá continuar ocorrendo nas próximas edições da Copa do Mundo.
Até que mais algum gestor descumpra o acordo…