Sobre heróis e vilões no zerado Clássico das Emoções

Pernambucano 2015, 6ª rodada: Santa Cruz x Náutico. Foto: Marlon Costa/FPF

O futebol é feito de heróis e vilões. Há mais de um século assim, perante as massas. O nome da partida, hoje, pode ser o motivo do fracasso amanhã. Desde cedo, já nas categorias de base, os jogadores vão se acostumando à montanha-russa proporcionada pelo esporte. No Clássico das Emoções, historicamente um dos nomes mais justos para um confronto no país, o 8 ou 80 se faz presente. O lance da vez, no 505º duelo, ocorreu aos sete minutos do segundo tempo. Um pênalti bobo cometido pelo Timbu.

Sem reclamação dos alvirrubros, restava conferir a cobrança coral. O atacante Betinho, autor do gol da vitória no clássico passado, se ofereceu para a cobrança. Confiante, claro. Andou a passos lentos e cobrou, mas telegrafou. Júlio César caiu para o lado esquerdo e espalmou, bem, sem qualquer chance para o rebote. E Betinho perdeu a chance de entrar na história pela porta da frente mais uma vez.

Pernambucano 2015, 6ª rodada: Santa Cruz x Náutico. Foto: Marlon Costa/FPF

Poderia ter sido o 700º gol tricolor no clássico contra os alvirrubros. Portanto, a história deste domingo, na Arena Pernambuco, pertence ao goleiro Júlio César, o mesmo que falhou feio no confronto anterior, mas desta vez se mostrou firme com a camisa 1, com potencial para se tornar um verdadeiro ídolo do Náutico. Fez bem o seu papel. Infelizmente, à frente, os seu companheiros pouco produziram. Pouco é até elogio.

Por sinal, o paupérrimo empate em 0 x 0 manteve os dois times numa situação complicada no hexagonal, com ambos atrás de Central e Serra Talhada na classificação. Há uma possibilidade real de que um grande clube da capital não avance à semifinal do Campeonato Pernambucano de 2015? Seria inédito, marcando os envolvidos com o vexame. Por sinal, a resposta depende diretamente dos heróis e dos vilões. Os pontos perdidos aqui podem fazer a diferença. O pontinho somado, também. A conferir.

Pernambucano 2015, 6ª rodada: Santa Cruz x Náutico. Foto: Marlon Costa/FPF

Central acaba jejum de 21 jogos e vence o Sport

Pernambucano 2015, 6ª rodada: Central 1x0 Sport. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

O Central não vencia o Sport desde 2006. Um tabu de 21 partidas. Enfrentar o rubro-negro era quase sinônimo de derrota para a torcida alvinegra, alimentando há tempos a chance de dar o troco. Pois esse dia chegou, com sofrimento, como qualquer capítulo da história centralina.

A começar pelo gol, numa falta cobrada pelo galego Madona com desvio, indo para as redes no limite da trave. O cronômetro apontava apenas três minutos de bola rolando em Caruaru. Havia tempo demais para uma reviravolta, como quase sempre ocorre neste confronto. Daí, a desconfiança no início da tarde. Não por acaso, o jejum era ainda maior no Lacerdão, desde 2002.

O time reserva do Sport – escalado assim por Eduardo Batista, acertadamente, com o objetivo de poupar o titular para o Nordestão – não reagiu. Criou pouquíssimas chances claras, uma delas numa cabeçada de Wendel, bem defendida pelo goleiro Murilo, o terceiro goleiro do elenco da Patativa – em outros tempos, isso seria um mau sinal. Faltando dez minutos, os jogadores alvinegros diziam entre si “acabou, acabou!”.

Restava, então segurar o placar, sem espaço para vacilos, como no último jogo em casa, contra o Náutico. Travando bem o jogo, com muita raça, o Central venceu por 1 x 0, tirou a invencibilidade do Leão e manteve a vice-liderança no hexagonal do Estadual. Mais do que isso, o triunfo retomou a confiança de uma torcida ansiosa, fiel.

Pernambucano 2015, 6ª rodada: Central x Sport. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

O bizarro estampado no uniforme oficial

Paulistão 2015, Rio Claro x São Paulo. Crédito: PFC/reprodução

O Corinthians receberá R$ 30 milhões da Caixa Econômica Federal, em 2015, para estampar a marca do banco no peito do seu uniforme. É o chamado “patrocínio master”, comum nos grandes clubes do país. No entanto, nem todos os times conseguem encontrar investidores com facilidade… e o jeito acaba sendo submeter o padrão a sugestões incomuns.

Botafogo e Rio Claro abusaram neste domingo. No clássico carioca contra o Fla, a Estrela Solitária estampou o preço de um celular! Por R$ 179, seria possível comprar o aparelho na “liquidação maluca da Casa & Vídeo”. Tudo isso presente na camisa. O mesmo Fogão, em 2014, estampou a polêmica Telexfree, acusada de pirâmide financeira (veja aqui).

E o que dizer do Rio Claro, recebendo o São Paulo no Paulistão? No calção, na parte de trás, o clube do interior colocou o logotipo do grupo de humor Portas dos fundos. Mais objetivo, impossível. Pelo fator bizarro, o marketing funcionou nos dois casos, gerando algum dinheiro aos dois clubes. Também ficou provado que tem quem se submeta a qualquer coisa por dinheiro.

Qual foi a marca mais “incomum” já estampada na camisa oficial seu clube?

Carioca 2015, Botafogo x Flamengo. Crédito: Marketing Esportivo/twitter