Em 2008, então com 19 anos, Keirrison teve um desempenho excelente no Brasileirão. Defendendo o Coritiba, marcou 21 gols e foi um dos artilheiros da competição, ao lado dos experientes Kléber Pereira, do Santos, e Washington, do Fluminense. Se transferiu imediatamente para o Palmeiras, que pagou R$ 2 milhões referentes aos 20% dos direitos econômicos pertencentes ao alviverde paranaense. Jogador fatiado desde sempre. Do verdão paulista, um negócio de 15 milhões de euros para o Barcelona. Auge aos 20? Não se firmou, nem perto.
Transformou-se em em moeda de troca, sendo sempre emprestado. Benfica, Fiorentina, Santos, Cruzeiro. Até voltar ao Coxa, quatro anos depois. Lá, sofreu um trauma incurável, a perda do filho. Sem jamais repetir a forma de 2008, acabou indo parar no Londrina, no interior. Na Série B, aos 27 anos, é mais um entre tantos atletas em busca de uma evolução na carreira. Para Keirrison, especificamente, uma recuperação. Com direito à cláusula de produtividade, até o fim de 2017, o atacante surpreendeu a todos ao marcar o gol da vitória sobre o Náutico. Cabeceando quase no chão, no segundo tempo de um jogo de baixo nível técnico, o “K-9” fez o solitário gol no Estádio do Café, 1 x 0.
Acompanhando um time sem criatividade e sem poder de finalização (não marcou nas duas derrotas como visitante), os alvirrubros se perguntavam na hora do gol sofrido: “É aquele?!” Sim, era. Pela lembrança, foi difícil não imaginar Keirrison como a solução do ataque pernambucano. Pela fama precoce, pelo potencial. Pela carreira, não teria como. Se bem que ele voltou a marcar…
A Premier League tem um sistema de divisão de cotas em vigor desde 1992, quando se chegou ao acordo com 50% da receita dividida em parcelas iguais, com 25% pela classificação final da temporada inglesa e 25% através do número de partidas exibidas na televisão, com um mínimo de dez apresentações. O formato é considerado o mais justo no futebol. Na prática, é ainda mais equilibrado – ao menos nos termos televisivos, pois nos comerciais a disparidade dos grandes clubes se mantém, via patrocínios e merchandising.
Em vez de metade, como se imagina, a distribuição igualitária chega a 68,15% da receita – dados da temporada 2015/2016, surpreendentemente vencida pelo Leicester City. Pois é. A tabela anual de pagamento aos vinte clubes da elite não se restringe às três colunas citadas, mas a cinco. Entram o sinal internacional e as receitas comerciais obtidas pela liga, repartidas sem distinção.
Na transmissão internacional (“overseas tv”) está o grande salto, pois trata-se da verba que mais cresce, na forma bruta e na proporcional. Da temporada 2014/2015 para 2015/2016, o total igualitário da tevê britânica caiu 879 mil libras esterlinas (-0,2%), enquanto a verba igualitária externa subiu 33 milhões (+5,9%). E o cenário só tende a aumentar, com a Premier League articulando um contrato internacional de 1 bilhão/ano, com duração até 2019, segundo o jornal Daily Mail. Enquanto isso, no Brasil, se discute a implantação de uma divisão “40%/30%/30%” a partir de 2019. Dose homeopática do sistema inglês.
Antes dos quadros gerais sobre os ganhos dos clubes ingleses (abaixo), vamos aos cenários com a divisão das cotas em 5 pontos, em vez de 3:
Total igualitário por clube: 52.198.111 libras (66,78%)
Evolução da cota de transmissão internacional
2016 – 588.316.960 (+5,97%)
2015 – 555.147.420 (+5,55%)
2014 – 525.916.340
Evolução da da cota absoluta
2016 – 1.638.805.918 (+2,09%)
2015 – 1.605.232.900 (+2,69%)
2014 – 1.563.117.350
Em relação à intervenção do governo brasileiro neste processo – possível, pois a emissora de televisão, mesmo privada, opera numa concessão pública -, dois projetos de lei já foram criados, ambos por deputados federais pernambucanos.
Em 2011, o Projeto de Lei 2019/2011 de Mendonça Filho.
50% de forma igualitária entre os 20 participantes 50% numa composição entre classificação e audiência (sem especificação)
Em 2014, o Projeto de Lei 7681/2014, do Raul Henry.
50% da receita serão divididos igualmente entre os 20 participantes 25% da receita serão divididos conforme a classificação na última temporada 25% da receita serão divididos proporcionalmente ao nº de jogos transmitidos