Banco Itaú faz raio x econômico de 27 clubes, incluindo Náutico, Santa e Sport

Relatório financeiro dos clubes brasileiros em 2015, com análise do Itaí

Uma equipe de profissionais do Banco Itaú BBA realizou um relatório sobre 27 clubes do futebol brasileiro. Um raio x sobre receitas e despesas. Considerando faturamento absoluto em 2015, foram R$ 3,64 bilhões, montante dividido em cotas de tevê (42,2%), bilheteria e sócios (17,4%), publicidade e patrocínio (14,9%), transações de atletas (12,4%), estádio (5,6%) e outras fontes (7,3%).

Todos os números foram colhidos nos balanços oficiais dos clubes, divulgados em abril deste ano. Além de “traduzir” as cifras, até porque os documentos não seguem um padrão (de informação), os especialistas deram o aval sobre a situação de cada um, projetando cenários em médio e longo prazo. Entre as equipes presentes, cinco do Nordeste, Bahia, Náutico, Santa, Sport e Vitória. Abaixo, as conclusões sobre os times da região, além da íntegra do documento Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros de 2016.

Ranking de receitas dos clubes brasileiros de 2013 a 2015. Crédito: Itaú BBA

Confira o ranking de receitas no triênio 2013-2015 numa resolução melhor aqui.

Bahia (da página 58 a 62)
Colocando a casa em ordem

O Bahia apresentou um comportamento bastante bom em 2015. Operacionalmente conseguiu aumentar suas receitas, reduziu custos e despesas e assim gerou mais caixa e de forma consistente. Fez investimentos corretos, liquidou dívidas, aderiu ao Profut. O desafio agora é manter esta política de austeridade sem ter sucesso esportivo, uma vez que segue no 2º ano jogando a Série B. Mas persistência e paciência andam junto com processos de ajuste, pois o resultado aparece apenas no longo prazo. Um clube saudável, equilibrado, tem mais chances de permanecer por mais tempo disputando a Série A.

Náutico (da página a 128 a 132)
Na corda bamba

O Náutico parece não se conhecer. Clube de alcance regional, tem acesso limitado a receitas, mas ainda assim apresenta custos e despesas acima das receitas há dois anos. Isso só dificulta o clube a manter as contas em dia. Se nada for feito para reverter o quadro, uma possível adesão ao Profut vai drenar caixa do clube e pode colocá-lo em risco num futuro próximo. Mas sem isso fica impossível se equilibrar.

Santa Cruz (da página a 143 a 147)
Procurando se encontrar

O Santa Cruz em 2015 deve ser analisado sob duas óticas: 1) esportivamente foi muito bem, especialmente considerando sua capacidade de investimento, pois dos clubes analisados é um dos menores orçamentos; 2) financeiramente foi bastante complexo, pois a geração de caixa foi negativa, teve pressão de giro relevante, muitas saídas de caixa e ainda teve que se apoiar em bancos para fechar suas contas. Vai contar com o crescimento das receitas de quem chega à Série A para organizar a casa. Ou não, caso utilize o dinheiro apenas para reforçar elenco e tentar permanecer na divisão de elite, o que não é recomendado se pensarmos em estratégias de longo prazo. Mais um clube que tem a vida difícil de quem tem poder financeiro limitado.

Sport (da página a 158 a 162)
Olhando para o futuro

O Sport apresenta uma gestão organizada, controlada, que mantém as finanças equilibradas. 2015 foi um bom ano nesse sentido, onde vimos a equipe reestruturar suas dívidas tributárias, ao mesmo tempo que se utilizou de adiantamentos para reforçar seu caixa e entrar em 2016 pronto para manter uma equipe competitiva mas dentro de suas possibilidades. É importante que o clube mantenha os pés no chão e suba de patamar de forma consistente.

Vitória (da página 168 a 172)
Vitória de todos os Santos 

Impressionante a postura correta adotada pela gestão do Vitória em 2015. Ao cair para a Série B e observar redução potencial de receitas o clube agiu e reduziu mais que proporcionalmente seus custos e despesas, adequando-os à realidade do ano. Resultado foi um desempenho econômico-financeiro equilibrado, com excepcional geração de caixa, contas aparentemente em dia, e dinheiro em caixa para iniciar 2016 na Série A com mais fôlego para buscar sustentabilidade de longo prazo na principal divisão do país. Comportamento exemplar, incluindo a manutenção de investimentos em base, que geram resultados de longo prazo. Claramente um clube pensando no futuro. 

5 Replies to “Banco Itaú faz raio x econômico de 27 clubes, incluindo Náutico, Santa e Sport”

  1. Gerir um clube é muito difícil, são tantas as variáveis que não há planejamento capaz de resistir a maus resultados esportivos. E ai o ciclo vicioso, precisa vencer os campeonatos para ter mais visibilidade e assim mais receitas, mas pra isso precisa investir acima da sua capacidade financeira na maioria das vezes, pois não se faz time com pouco dinheiro e nem sempre uma folha alta é garantia de resultados. Enfim, se persistir a racionalidade financeira, não se ganha campeonato, perde-se torcedores e visibilidade, se gastar mais do que arrecada para vencer, corre-se o risco de quebrar o clube, e ai, qual a solução?

  2. Complemento do post com situação mais crítica entre os times mais tradicionais no país:

    Botafogo (da página 63 a 67). Gráfico: http://tinyurl.com/hmw98j8

    Como será o amanhã?

    Responda quem puder. A situação geral do Botafogo é muito complicada. Se por um lado há o esforço em manter um equilíbrio entre receitas e custos, o que vem permitindo gerar um caixa operacional, por outro isso enfraquece o clube, uma vez que lhe sobra menos capacidade de investimento. Ao mesmo tempo as dívidas são muito pesadas, incompatíveis com a capacidade de pagamento, mesmo após adesão ao Profut. Ou seja, há um círculo vicioso em andamento, pelo qual o clube investe pouco, tem desempenho esportivo fraco, isso gera menos receitas e essas receitas precisam servir uma dívida monstruosa, o que faz com que sobre menos dinheiro para investimentos, e isso enfraquece o clube… Isto significa jogar para cada vez menos torcida, de forma que o clube vai encolhendo a cada ano. Mas, voltando a pergunta: o destino será como Deus quiser.

  3. Pela tradição do Santa não parece, mas, olhando as receitas do ano passado, foi um feito heroico ter subido à Série A.

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