Tapete do Sertão

Estádio Chapadão do Araripe, do Araripina FC

Araripina – Fundado em 2008, o Araripina surpreendeu já no passado, quando ficou com o vice-campeonato da 2ª divisão do Estadual.

Mais surpreendente, porém, foi o estado do gramado do estádio municipal Chapadão do Araripe, elogiado por jogadores e técnicos adversários.

Em pleno Sertão… Conferi de perto e é mesmo inegável: é um verdadeiro tapete. Diariamente, são nada menos que 60 mil litros de água sobre a grama esmeralda.

Antes da chegada do Diario ao município sertanejo, 2 técnicos de outros times do Campeonato Pernambucano já haviam citado para a reportagem que o campo do Araripina seria mesmo o melhor do interior.

“O gramado do Ypiranga foi totalmente reformado. Será um tapete. Você vai ver. Só não vai ficar melhor que o do Araripina, que está mesmo na frente dos outros”, disse Rubens Monteiro, treinador do representante de Santa Cruz do Capibaribe.

“Já falaram muito mal do gramado do Gigante do Agreste, mas a diretoria do Sete de Setembro investiu muito para que nesse ano a gente receba elogios. Não é mais aquele piso duro. Está muito bom. Só não vai ficar melhor que o do Araripina”, afirmou Antônio Zaluar, comandante do Sete de Setembro.

Coincidentemente, ambos deram essas declarações na terça-feira. 😯

Nesta quarta, o técnico do Araripina, Williams Rodrigues (foto) também deu a sua opinião: “Aqui, a bola nao quica. Desliza. José Joaquim (vice de futebol da FPF) veio aqui, viu e disse que pra dormir no campo só faltava um lençol”.

Mas nem tudo é perfeito, é claro. As 6 torres de iluminação do estádio já foram instaladas, mas sem os refletores (na Segundona, o time só jogou à tarde). A diretoria do debutante garante que tudo ficará pronto até o primeiro jogo do time em casa, em 17 de janeiro, contra o Ypiranga. A prefeitura irá gastar R$ 200 mil com a iluminação.

Chegamos

Diario em AraripinaAraripina – Desde a saída da sede do Diario em Santo Amaro, às 8h de segunda-feira, até as 11h30 desta quarta, a equipe do DP percorreu 1.183 quilômetros nas estradas pernambucanas até o ponto mais distante do Estadual de 2010.

Situado já na divisa com o Piauí, a 690 km do Recife, o município de Araripina é a sede do “Bode do Sertão”, que fará neste ano a sua estreia na elite do Pernambucano. Sobre Araripina: é muito quente…

Na cidade, a expectativa com a estreia do clube já é enorme. Ganhar de um dos grandes do Recife no estádio Chapadão será comemorado como um título.

O total de rodagem contabiliza as estradas e tráfego interno nas cidades. Trajeto da equipe do DP: do Recife para Caruaru, depois para Santa Cruz do Capibaribe. De volta à Capital do Forró e em seguida até Garanhuns. Depois, esticada até Serra Talhada (parada para dormir), e agora em Araripina.

Escudo do AraripinaE nesta quinta-feira começa a volta, com uma pit stop em Salgueiro, para reportagem com o Carcará, antes de seguir para o Recife. 😎

Equipe na foto, logo na entrada da cidade: o fotógrafo Ricardo Fernandes, a minha pessoa e o motorista Gilson Bezerra.

Veja o site oficial do Araripina Futebol Clube AQUI.

Copa Africana em Pernambuco

Africanos do Sete de SetembroGaranhuns – No próximo dia 10 de janeiro, a África vai parar para acompanhar a Copa. Não o Mundial, que será em junho, mas a Copa Africana, que será realizada em Angola pela primeira vez.

Em Garanhuns, um angolano e um camaronês já trocam “farpas” sobre a disputa do título continental.

“O meu país está crescendo e vamos mostrar isso para o mundo. Dá orgulho ver Angola assim depois de uma guerra civil. E a nossa seleção está melhorando. Chegaremos pelo menos até a semifinal”, diz o angolano Chime (esquerda), atacante de 22 anos, natural de Luanda.

“Camarões já venceu 4 vezes a Copa Africana e vamos tentar mais um título. O nosso ídolo Eto’o vai ganhar sozinho, mas acho será uma boa luta, porque existem outros times fortes, como Gana e Costa do Marfim“, rebateu o camaronês George (direita), lateral de 24 anos que nasceu na capital Yaoundé.

Os dois jogadores moram na concentração do Sete de Setembro, no Gigante do Agreste. Ambos, que já defenderam as suas seleções Sub-20, deixaram as famílias nos respectivos países para tentar a sorte no Brasil. Enquanto George foi trazido até Garanhuns por um empresário, Chime esperava ir para o futebol de Dubai, mas a negociação não avançou. Acabou fazendo uma peneira no Sete.

AngolaCamarõesApesar da rivalidade, os dois logo viraram amigos. A frase abaixo é emblemática:

“Quando um africano encontra outro, já sabe que está vendo um irmão”. Frase dita pelos dois…

Por enquanto, ambos estão “tranquilos” sobre a Copa Africana, já que Angola e Camarões estão em grupos diferentes. Eles vão acompanhar a competição através da internet. Um possível confronto no mata-mata, porém, já é motivo para brincadeiras. Abaixo, os palpites de Chime e George, que vão disputar o Pernambucano pela 1ª vez.

Angola 1 x 0. / Camarões 2 x 0.

Ruínas de Garanhuns

AGA

Garanhuns – Acredite, mas esse estádio acima foi palco de jogos do Campeonato Pernambucano da 1ª divisão entre 2001 e 2004. O estádio Gerson Emery, localizado no bairro de Heliópolis, um dos mais valorizados da cidade.

Após o fracasso da AGA na Segundona de 2005, na última participação do clube em uma competição profissional, o estádio – com capacidade para apenas 5 mil torcedores – ficou praticamente abandonado. 😯

Gramado esburacado, torres sem refletores até falta de cobertura das cabines de rádio, rachaduras e telhas quebradas. Estrutura lamentável. Proporcional à falta de atividade da Associação Garanhuense de Atletismo (AGA), fundada em 31 de agosto de 1930.

AGAPara esta temporada, foi feita uma uma reforma mínima no campo (que está muito irregular e sem grama em alguns pontos), para que o local fosse utilizado para os treinamentos do rival Sete, que paga R$ 1.000 de aluguel.

O gramado do Gigante do Agreste (do Sete) está sendo reformado.

Com essa “mini-reforma”, começou um zum-zum-zum na cidade sobre a possível volta da AGA. Alguns empresários vêm se mexendo para tentar inscrever a AGA na 2ª divisão de 2010.

O goleiro Genilson (foto), hoje com 33 anos e que irá defender o Sete no Pernambucano de 2010, jogou de 2001 a 2003 pela AGA e diz acreditar no “boato”.

“Já ouvi essa conversa aqui na cidade. É o desejo de muita gente, por causa da rivalidade dos times de Garanhuns. O zum-zum-zum está forte”.

Se a ideia for levada a sério, o investimento no Gerson Emery terá que ser pesado…

Sete de Setembro, um título e duas taças

Sete de SembroGaranhuns – Em 1995, o Sete de Setembro conquistou o seu maior título. O alviverde da Suíça Pernambucana ganhou o Estadual da 2ª divisão. Na decisão, bateu o Centro Limoeirense por 1 x 0, fora de casa, e ficou com a taça.

O troféu oficial não foi entregue na final, em 9 de julho daquele ano. A FPF entregaria a taça apenas no amistoso festivo do Sete contra o Treze/PB, no Gigante do Agreste, na semana seguinte.

E assim aconteceu. O Sete recebeu o “Troféu Gerson Gomes de Oliveira” pelo título da Segundona. Dias depois, a FPF enviou outra troféu. Idêntico e com o mesmo nome! 😯

O roupeiro Sérgio, de 32 anos (na esquerda da foto), já trabalhava no clube em 1995 e se recorda do episódio.

“Quinca fez o gol do campeonato pro Sete, em Limoeiro. A festa foi grande, mas a Federação Pernambucana de Futebol não entregou no troféu no dia. Só mandou depois, no amistoso. A gente nem tinha parado de comemorar e chegou mais um. Nunca entendi esse segundo troféu, e ninguém nunca explicou direito”.

O outro roupeiro do time, Jucimar, de 20 anos, prefere ver o lado positivo da história…

“Pelo menos é mais uma taça na galeria do Sete. A sala fica mais bonita”.

Memórias do Ypiranga

RosembrickSanta Cruz do Capibaribe – A história de um clube precisa ser preservada. Por isso, a diretoria do Ypiranga tomou uma grande iniciativa ao lançar um livro contando a história da Máquina de Costura, fundada em 1938.

O tradicional time do Agreste pernambucano já venceu o Pernambucano da segunda divisão, em 2004, e a Copa do Interior (atual Copa Pernambuco), em 1994.

O livro “Ypiranga – Memórias de uma paixão em Azul e Branco”, custa R$ 20, tem 115 páginas e foi escrito por Marcondes Moreno da Silva, radialista de Santa Cruz do Capibaribe e assessor de imprensa do clube. A publicação, que teve uma tiragem de 2 mil exemplares, tem fotos do clube ainda na época do amadorismo, que durou até os anos 80.

Um dos principais capítulos é denominado de “Tragédia – Júnior Amorim chuta para cima a maior conquista da história”, sobre o pênalti perdido pelo atacante em 2006, na última rodada do primeiro turno. O time empatou em 0 x 0 com o Estudantes, em Timbaúba, e perdeu a maior chance da história do futebol do interior de ganhar um turno do Estadual. Aquela fase acabou sendo vencida pelo Santa Cruz, que sequer esperava o tropeço do Ypiranga.

Entre outras coisas, o livro cita ainda outros 12 Ypirangas espalhados pelo Brasil, além de músicas associadas ao representante da Capital da Sulanca.

Garoto propaganda na Sulanca

RosembrickSanta Cruz do Capibaribe – O meia Rosembrick foi o primeiro reforço do Ypiranga para o Pernambucano de 2010. A primeira e principal contratação.

O “Mago da Bola”, ex-Santa Cruz, Sport e Palmeiras, assinou o contrato ainda em outubro do ano passado. Em Santa Cruz do Capibaribe, o jogador já faz sucesso junto aos torcedores.

Tamanha visibilidade atraiu patrocínios. E bons patrocínios… Apenas para estampar um adesivo do posto de combustível Tibúrcio no seu carro (um Golf), Rosembrick irá receber R$ 4 mil por mês durante o Pernambucano, que terá 3 meses de duração.

“Eu rodo com o carro a cidade toda, e a turma me conhece. Aí, o dono acabou me chamando para fazer esse acordo. E eu ainda lavo o carro todos dias no posto”, disse Rosembrick, que deverá fazer a sua estreia pela Máquina de Costura nesta quarta-feira, num amistoso contra o União, de Maceió/AL. A partida vai marcar a inauguração do novo gramado do estádio Otávio Limeira Alves, cuja reforma custou cerca de R$ 35 mil.

Sobre a sua passagem no Ypiranga, Rosembrick foi enfático: “A minha responsabilidade aqui é a mesma de todos. Se for bem aqui, está tranquilo. Se eu for mal, está tranquilo também. Bom mesmo só será se o Ypiranga vencer”.

Ninho do Gavião, da Patativa e da Cobra-Coral

Ninho do Gavião, da Patativa e da Cobra-CoralCaruaru – Dois rivais treinando lado a lado já é algo difícil de compreender.

E o que dizer de três adversários num raio de apenas 200 metros?

Acredite se quiser, mas foi o que aconteceu no Ninho do Gavião na tarde fria desta segunda-feira.

Porto, Central e Santa Cruz.

Nada menos que 3 dos 12 clubes do Pernambucano de 2010.

Mais de 90 atletas nos 3 campos bem cuidados do excelente centro de treinamento do Tricolor de Caruaru.

Os rivais do Clássico Matuto já dividiam o CT desde o ano passado, quando firmaram um contrato. O Porto (que não tem estádio) jogará no Lacerdão até 2011, enquanto o Ninho do Gavião também será a “casa” da Patativa pelo mesmo período.

Já o Santa Cruz chegou para fazer a sua pré-temporada, sem custo algum, segundo o gerente de futebol do Porto, Borges Carvalho.

Os treinamentos, sob chuva, frio (21 graus) e vento, aconteceram de forma tranquila. Os técnicos Reginaldo Sousa (Central), Luciano Ribeiro (Porto) e Lori Sandri (Santa) não chegaram a se falar durante a tarde. Cada um na sua…

No meio de tanta gente, 3 jogadores que já vestiram as camisas dos 3 times. 😯

Marquinhos Caruaru, lateral-esquerdo do Central, e Baiano (lateral-direito) e Guego (meia), ambos do Santa Cruz. Curiosamente, os três começaram no Gavião do Agreste.

Rivalidade e respeito… Yes, we can.

Carlos Alberto Oliveira: “2010, o ano do interior”

Carlos Alberto Oliveira (de vermelho)

Caruaru – O título pernambucano nunca foi comemorado por um time do interior.

Em 95 edições do Estadual, desde 1915, apenas 7 clubes ficaram com a taça.

Todos os campeões foram do Recife. 😯

Em 2010, o regulamento prevê a disputa de uma semifinal com os 4 melhores da competição após 22 rodadas. Desta forma, pelo menos uma equipe do interior irá disputar o título desta temporada.

Nesta segunda-feira, o presidente da FPF, Carlos Alberto Oliveira, teve um encontro informal com a nova direção do Central. Curtindo as férias em Gravatá, o dirigente foi conferir de perto a reforma do Lacerdão (veja AQUI).

À frente da FPF desde 1995, o mandatário não escondeu o seu desejo de ver um dia um time de fora da capital com o troféu de campeão pernambucano. Ele foi além.

Carlos Alberto acredita que 2010 possa marcar o fim do tabu quase centenário.

“Torço para um time do interior vencer o campeonato até o fim da minha gestão. Um dia vai chegar. Esse ano pode ser a grande chance, com a disputa do mata-mata, que vai deixar o campeonato com mais emoção. Veja se for o Central, por exemplo. O time ganha aqui (no Lacerdão) e empata no Recife. Pronto. Já estaria na final.”

Além do regulamento, Carlos Alberto também acredita que o trio do Recife chegará enfraquecido neste ano, devido aos péssimos resultados em 2009.

“Em 2006, o Colo-Colo (de Ilhéus) foi campeão baiano. O time se planejou e se aproveitou que a Bahia e Vitória estavam quebrados. Mesmo com mais dinheiro, Sport, Náutico e Santa Cruz vão chegar mais fracos. Só não falo mais pra ninguém achar que estou querendo que um time do interior seja campeão. Estou só torcendo.”

De fato, Bahia e Vitória estavam endividados mesmo. A dupla Ba-Vi havia acabado de ser rebaixada à Série C, em 2005, no pior momento da história do futebol de Salvador.

No Pernambucano, a primeira participação do interior foi em 1937, com o Central. A partir da década de 60, pelo menos um time de fora do Grande Recife esteve presente. As melhores colocações foram os vice-campeonatos em 1997 e 1998, com o Porto, e em 2007, com o Central.

Você acha que 2010 pode ser o ano do primeiro título de um clube do interior?

O verdadeiro Lacerdão

Lacerdão

Caruaru – Nos próximos 15 dias, o Lacerdão será um verdadeiro canteiro de obras.

Serão pelo menos 35 pessoas trabalhando na maior reforma do estádio em uma década.

Numa obra orçada em cerca de R$ 193 mil, a nova diretoria do Central irá reformar diversos setores do maior estádio particular do interior do Nordeste, com capacidade para 20 mil pessoas. Abaixo, as principais medidas.

R$ 40 mil – Reforma do gramado, com a troca de parte do campo e nivelamento.

R$ 40 mil – Compra do placar eletrônico. Será o primeiro da história do Lacerdão.

R$ 15 mil – Novos bancos de reservas, semelhantes aos do Arruda. Na foto acima, o início da troca do arcaicos modelos de concreto.

R$ 98 mil – Pintura de todo o estádio, nas áreas interna e externa.

O placar eletrônico será custeado pelos três patrocinadores do time, enquanto a pintura será bancada pela Iquine. Os centralinos realmente estão tentando buscar receitas. A folha de pagamento do elenco durante o Pernambucano será de R$ 130 mil, a maior entre os 9 times “pequenos” do estado.