Exportando a tecnologia do Todos com a Nota para onze estados

Cartão magnético do Todos com a Nota. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

O Campeonato Pernambucano já foi subsidiado pelo programa Todos com a Nota, do governo do estado, em oito edições: 1998 e 2008/2014.

A troca de notas fiscais por ingressos foi copiada na Paraíba em 1998, com o Vale Legal, e nesta temporada, com o Gol de Placa, com previsão de investimento de R$ 3 milhões. Em Pernambuco, com uma estrutura estendida a oito torneios junto à FPF, só no ano passado o total injetado foi de R$ 13 milhões.

Em 2015, segundo o presidente da federação pernambucana de futebol, Evandro Carvalho, o programa estatal poderá ser implantado em até onze estados. Apenas o Piauí teve o nome revelado. Todos teriam solicitado junto à secretaria da fazenda do estado uma transferência tecnológica do programa.

Nos últimos quinze anos a aplicação do TCN foi modernizada, mas basicamente no Recife. Da troca física de notas fiscais por um vale lazer ao cartão magnético acumulando pontos, com reservas por telefone ou internet, aplicativos e cadastro biométrico. Só na capital são 370 mil usuários.

De fato, a implantação do projeto em 1998 fez a média de público saltar de 2.080 para 10.895. Nas últimas edições, contudo, a torcida não foi tanto a campo no interior, apesar das médias oficiais de 5.548 e 6.318.

Caso confirmada a exportação de “know-how”, os demais campeonatos estaduais da região deverão registrar um aumento imediato nas médias de público.

Mas que o cenário seja o de 1998, com arrecadação e estádios realmente cheios.

A rara dobradinha de taças no Recife

Comemoração do Sport sobre os títulos da Copa do Nordeste e do Campeonato Pernambucano de 2014. Crédito: Sport/Instagram

Se conquistar um título na temporada futebolística já não é fácil, imagine dois.

Em Pernambuco, o raro cenário só aconteceu em cinco oportunidades em um século de competições oficiais organizadas pela FPF ou CBF e as suas respectivas precursoras, a FPD e a CBD.

Foram quatro dobradinhas do Leão e uma da Cobra Coral. O feito rubro-negro em 2014, com as taças do regional e do estadual no mês de abril, valeu até festa unindo as peças douradas na sede, antes da segunda rodada do Brasileirão.

1994 – Sport (Nordestão/Estadual)
2000 – Sport (Nordestão/Estadual)
2008 – Sport (Copa do Brasil/Estadual)
2013 – Santa Cruz (Série C/Estadual)
2014 – Sport (Nordestão/Estadual)

O Náutico já ergueu duas taças no mesmo ano. Em 1952, ano do tri no Estadual, venceu o Torneio dos Campeões do Norte-Nordeste. Em 1966, foi tetracampeão pernambucano e ficou com o troféu da Copa dos Campeões do Norte. Os dois regionais ainda aguardam a oficialização da confederação brasileira.

Nas regiões Norte e Nordeste, só o Paysandu conquistou a tríplice coroa. Foi campeão paraense, da Copa Norte e da Copa dos Campeões em 2002. Em 2000, o Sport chegou pertinho, mas foi vice na Copa dos Campeões.

O recorde no país pertence ao São Paulo, com quatro conquistas em 1993, todas internacionais: Mundial, Libertadores, Supercopa e Recopa.

A conta de empréstimos da FPF aos 46 clubes filiados, em atividade ou não

Os clubes que devem dinheiro à FPF, segundo o balanço de 2013

No balanço financeiro da Federação Pernambucana de Futebol é possível conferir os empréstimos concedidos pela entidade aos seus clubes filiados, muitos deles sem atividade há anos, como Manchete e Intercontinental.

Em 2011 a dívida das equipes junto à entidade havia sido de R$ 1.140.592. Em 2012, o valor caiu para R$ 736.205. Agora, nos dados de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2013, saltou para R$ 2.101.088…

Chama a atenção no levantamento o aumento de 185% no saldo negativo dos times – ou “adiantamento de receitas” – em apenas um ano, mesmo com o uso do Todos com a Nota.

Eis a descrição oficial no documento da FPF: “Refere-se a empréstimos concedidos a clubes filiados da federação. Algumas operações que envolvem adiantamentos a clubes filiados são atualizadas monetariamente. Esses valores não possuem prazos de vencimentos definidos”.

Das 46 agremiações listadas, apenas sete não apresentaram antecipações de cotas no ano passado através da federação sediada na Boa Vista – Cabense, Serrano, Ferroviário de Serra Talhada, Petrolina, Ferroviário, Belo Jardim e Ipojuca.

As dívidas dos grandes clubes do estado:

Náutico – R$ 532.104 (a maior da lista)
Santa Cruz – R$ 71.731
Sport – R$ 3.565

Entre os valores, destaque para a dívida do Boa Vista, de R$ 160…

As projeções milionárias dos elencos de Sport, Náutico e Santa no Brasileiro

Valor de mercado da Série A do Campeonato Brasileiro de 2014. Crédito: Pluri Consultoria

Os direitos econômicos de todos os jogadores dos quarenta clubes envolvidos nas Séries A e B desta temporada, incluindo Sport, Náutico e Santa Cruz, estão avaliados em R$ 2,616 bilhões.

Os elencos da segunda divisão correspondem a 33,74% dos grupos da elite nacional. Considerando somente o Brasileirão, o campeonato é o 10º mais valorizado entre todas as ligas nacionais do futebol.

Após o pico em 2012, o valor de mercado do nacional caiu pela segunda vez consecutiva, num quadro produzido desde 2008.

Valor de mercado da Série A do Campeonato Brasileiro de 2008 a 2014. Crédito: Pluri Consultoria

Somados, os três grandes clubes pernambucanos chegam a R$ 137,6 milhões. Considerando todas as equipes, confira as colocações dos times locais..

15º) Sport – R$ 63,6 milhões (+25%)
27º) Náutico – R$ 39,6 milhões (-19%)
31º) Santa Cruz – R$ 34,4 milhões (+1%)

O Leão teve a terceira maior valorização do ano na primeira divisão, atrás de Chapecoense e Bahia. Na segunda, o Timbu teve a terceira maior queda.

As projeções foram feitas pela Pluri Consultoria (veja aqui).

Valor de mercado da Série B do Campeonato Brasileiro de 2014. Crédito: Pluri Consultoria

O Leão campeão e o Leão do imposto de renda

Charge do Diario de Pernambuco no dia 25/04/2014. Arte: Jarbas Domingos/DP/D.A Press

Enquanto o leão rubro-negro ainda comemora a conquista do 40º título estadual, outro leão chega de mansinho, sem perdoar ninguém.

Nem alvirrubros, nem tricolores e nem mesmo os rubro-negros…

Trata-se do leão do imposto de renda, implacável, como mostra a charge de Jarbas Domingos, publicada no Diario de Pernambuco.

Aproveitando a deixa, vale o lembrete a todos os torcedores do estado que ainda precisam declarar a renda em 2014. O prazo do IR vai até 30 de abril.

Futebol estadual dividido por 22 títulos amadores e 78 títulos profissionais

Campeões pernambucanos no amadorismo (1915/1936) e profissionalismo (1937/2014). Crédito: Pedrom/DP/D.A Press

O Campeonato Pernambucano chegou a um século de história.

Hoje, trata-se de uma competição com investidores, transmissão na televisão, premiação e milhares de torcedores envolvidos. Em 1915, a  disputa era puramente amadora, com curiosos próximos aos campos.

Como em todo o país, a profissionalização do futebol foi lenta. Antes, alguns jogadores até pagavam para jogar, como mensalidades de 10 mil réis.

Foi assim até 1937, quando a Federação Pernambucana de Desportos (FPD), atual FPF, registrou o primeiro contrato profissional de um atleta no estado. O clube pioneiro foi o Central de Caruaru, que firmou um acordo com o Atlético Mineiro para trazer o zagueiro central Zago, visando o Estadual.

Aquele ato marcou o nosso futebol, que já vivia um amadorismo camuflado, pois vários atletas atuavam em troca de empregos em empresas no Recife. Clubes como Sport, América e Tramways já haviam flertado com o profissionalismo.

Apenas como curiosidade, vamos à divisão de campeões nas duas vertentes, amadora e profissional. Entre parênteses, o último título.

Confira um gráfico com as diferenças nas duas eras, tanto no esporte quanto no próprio Recife, clicando aqui.

Campeonato Pernambucano, 1915/2014 (100 edições)
40 – Sport (2014)
27 – Santa Cruz (2013)
21 – Náutico (2004)
6 – América (1944)
3 – Torre (1930)
2 – Tramways (1937)
1 – Flamengo (1915)

Era Amadora, 1915/1936 (22 edições)
7 – Sport (1928)
5 – América (1927)
4 – Santa Cruz (1935)
3 – Torre (1930)
1 – Flamengo (1915), 1 – Náutico (1934), 1 – Tramways (1936)

Era Profissional, 1937/2014 (78 edições)
33 – Sport (2014)
23 – Santa Cruz (2013)
20 – Náutico (2004)
1 – Tramways (1937), 1 – América (1944)

O segundo maior jejum da história timbu

Pernambucano 2014, final: Náutico 0x1 Sport. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

O Náutico de Lisca lutou o quanto pôde, com suas limitações técnicas e falta de dinheiro. O vice-campeonato estadual foi a melhor campanha nos últimos quatro anos. Porém, o revés transformou o jejum atual no segundo maior do clube.

Campeão em 1989, o Timbu só voltaria a erguer a taça em 2001. Portanto, de 1990 a 2000 foram onze campanhas sem conquistas, no maior período de seca.

No maior hiato entre os grandes clubes do estado, o Sport ficou sem vencer o Pernambucano no período que marcou a maior série de triunfos do Náutico, o hexa, e do Santa Cruz, o penta. Contudo, no intervalo de troféus locais, o Leão ainda conquistou o Torneio Norte-Nordeste de 1968.

O levantamento do blog considera o intervalo entre títulos estaduais. A explicação é necessária pois o Tricolor disputou o Pernambucano de 1915 a 1930 sem ganhar uma edição, assim como o Alvirrubro entre 1916 a 1933.

Sport (1962/1975) – 12 anos
Sport ( 1928/1938) – 9 anos

Náutico (1989/2001) – 11 anos
Náutico (2004 / presente) – 10 anos
Náutico (1974/1984) – 9 anos

Santa Cruz (1947/1957) – 9 anos
Santa Cruz (1959/1969) – 9 anos
Santa Cruz (1995/2005) – 9 anos

Jejuns dos demais clubes campeões pernambucanos:

América (1944 / presente) – 70 anos
América (1927/1944) – 16 anos

Torre (3 títulos), Tramways (2) e Flamengo do Recife (1) estão extintos.

FPF embolsa R$ 751 mil no Estadual, com o “maior público do país”

Evandro Carvalho entrega a Magrão a medalha de campeão pernambucano de 2014. Foto: Imprensa FPF/Flickr

“Dever cumprido. Chegamos ao final de um campeonato num ano complicado de calendário. Graças a Deus, tudo bem, com a maior média de público do Brasil. Um sucesso.”

A declaração às rádios do presidente da FPF, Evandro Carvalho, foi dada durante a entrega do troféu e das medalhas de campeão do 100º Estadual, no gramado da arena.

Ali, o dirigente já sabia que a final havia registrado 30.061 torcedores, sendo a única partida com mais de trinta mil pessoas entre todos os 140 jogos realizados na emblemática competição local.

O mandatário da federação também tinha consciência da média de 6.318 pessoas por jogo, num dado que, francamente, não pode ser levado a sério nesta temporada, tamanha a quantidade de denúncias de públicos fantasmas no interior.

Apesar disso, aconteceu o esperado sobre os números nas arquibancadas.

Evandro promoveu o público fictício da competição, oficialmente o maior entre os estaduais de 2014, mesmo com o número local sendo o segundo mais baixo desde 2009. Vale destacar que, independentemente do público presente no campo, a FPF tem direito a 8% dos ingressos registrados no borderô.

Ao todo, o Campeonato Pernambucano gerou uma arrecadação de R$ 9.391.936. A federação embolsou R$ 751.354. Realmente, foi um sucesso.

Médias de público do Campeonato Pernambucano de 1990 a 2014

Leão campeão no campo e nas arquibancadas

Pernambucano 2014: Sport 1x0 Santa Cruz, Santa Cruz 0x0 Náutico e Náutico 0x1 Sport. Fotos: Daniel Leal, Celso Ishigami e Rafael Brasileiro, todos do DP/D.A Press

Nas imagens, os maiores públicos de cada grande clube um como mandante no campeonato estadual de 2014: Sport 1 x 0 Santa Cruz (26.173), Santa Cruz 0 x 0 Náutico (28.712) e Náutico 0 x 1 Sport (30.061).

Os dados são econômicos, caso comparados ao histórico recente. Apesar do dado mais baixo entre os três maiores públicos, o Sport venceu o “campeonato das multidões”, desbancando o Santa Cruz, após cinco anos seguidos com os corais à frente. Campeão no campo e nas catracas. O Rubro-negro manteve a regularidade, com quase 17 mil pessoas por jogo na Ilha.

Somente a finalíssima ultrapassou a marca de trinta mil torcedores. No geral, uma média de 6.318 torcedores em 140 jogos, somando uma infinidade de fantasmas nos jogos disputados no interior, com o uso questionável do TCN.

As médias de público de Náutico, Santa Cruz e Sport no Estadual de 2005 a 2014

Curiosamente, o maior público absoluto da competição foi do Salgueiro, com 119 mil torcedores. Porém, foram necessárias 15 partidas no Cornélio de Barros para estabelecer a marca. O Sport levou 118 mil pessoas à Ilha em 7 jogos.

Abaixo, confira os dados finais da competição, separados pela fase principal e com o torneio completo.

1º) Sport (7 jogos como mandante)
Total: 118.823
Média: 16.974
Taxa de ocupação: 51,46%
Contra intermediários (3) – T: 36.030 / M: 12.010

2º) Santa Cruz (7 jogos como mandante)
Total: 109.983
Média: 15.711
Taxa de ocupação: 26,16%
Contra intermediários (4) – T: 39.416 / M: 9.854

3º) Náutico (7 jogos como mandante)
Total: 87.766
Média: 12.538
Taxa de ocupação: 27,13%
Contra intermediários (4) – T: 33.238 / M: 8.309

4º) Salgueiro (15 jogos como mandante)
Total: 119.607
Média: 7.973
Taxa de ocupação: 80,40%

5º) Central (13 jogos como mandante)
Total: 98.691
Média: 7.591
Taxa de ocupação: 38,97%

6º) Porto (13 jogos como mandante)
Total: 74.682
Média: 5.744
Taxa de ocupação: 29,49%

Capacidade oficial dos estádios: Arruda (60.044), Arena Pernambuco (46.214), Ilha do Retiro (32.983), Lacerdão (19.478) e Cornélio de Barros (9.916).

Geral – 140 jogos (1ª fase, hexagonal do título e hexagonal da permanência)
Público total: 884.611
Média: 6.318 pessoas
TCN: 685.555 (77,49% da torcida)
Média: 4.896 bilhetes
Arrecadação total: R$ 9.391.936
Média: R$ 67.085

Fase principal – 38 jogos (hexagonal do título e mata-mata)
Público total: 450.655
Média: 11.859 pessoas
TCN: 267.284 (59,31% da torcida)
Média: 7.033 bilhetes
Arrecadação total: R$ 6.796.030
Média: R$ 178.842

Confira todas as médias desde 1990 clicando aqui.