Estamos a 2.977 km do sucesso

Mapa, com a distância entre Recife e Porto Alegre: 2.977 quilômetros

Internacional, o clube de maior transformação do país nesta década. Um time que, apesar da tradição, estava à margem do Grêmio. O Colorado cansou de ver o maior rival conquistar títulos nacionais e internacionais na década de 90. O campeonato estadual era o único consolo. Então, como sair daquela mesmice e voltar a ser rolo compressor dos anos 70, quando o Inter conquistou nada menos que três edições do Brasileirão?

Começou com uma gestão voltada à fidelidade do seu torcedor. Acima de tudo, com a fidelidade do seu sócio. Finalmente um programa de sócio-torcedores saía do papel de forma sustentável, com medidas comuns em nossa economia. Como o uso do cartão de crédito para pagar mensalidades. Débito automático. Medidas simples que estenderam o número de sócios para o interior gaúcho.

Não é por acaso que o número de sócios do Internacional ultrapassou a barreira dos 100 mil cadastrados, em dia. Gente suficiente para proporcionar uma renda mensal de R$ 3,5 milhões. Dinheiro reinvestido no time profissional e nas categorias de base. Uma engrenagem que rendeu ainda mais dinheiro.

De acordo com a consultora financeira Crowe Horwath, o Inter foi o clube brasileiro que mais arrecadou com a negociação de atletas para o exterior entre 2003 e 2008. O clube ganhou R$ 250 milhões no período – R$ 33 mi a mais que o segundo colocado, o São Paulo. Com um futebol se fortalecendo como bola de neve, chegaram os títulos.

O apelido de “Interregional”, por causa da falta de títulos além da fronteira, sumiu do mapa. Libertadores e Mundial em 2006, Recopa em 2007 e Copa Sul-americana em 2008. Nesta quarta, o time vermelho entrará num Beira-Rio com lotação esgotada precisando de um simples empate para conquistar o bi da Libertadores. Em cinco anos, o clube saiu do ostracismo para se tornar uma potência.

Há quem considere tudo isso coincidência. Eu considero consequência. Fica a dica para que este modelo implantado em Porto Alegre seja trazido para o Recife. Estamos a 2.977 quilômetros do sucesso. Não é tão longe quanto parece.

Passatempo pernambucano

Federação Pernambucana de Futebol (FPF)A 16ª edição da Copa Pernambuco vai começar em setembro. Ao contrário de outras copas estaduais, a versão pernambucana não classifica para absolutamente nada. Não vale vaga na Série D do Brasileiro e muito menos um lugar na Copa do Brasil.

O torneio existe apenas para movimentar os clubes do interior no segundo semestre e os elencos numerosos dos clubes da capital. Mas a competição – com a chancela da Federação Pernambucana de Futebol (FPF) – está aí e já volta com o show de estádios vazios e jogos de baixo nível técnico.

Atual bicampeão, o Santa Cruz poderá se tornar o primeiro clube a vencer a copinha por três vezes seguidas. O Sport, por sua vez, busca igualar o recorde do antigo Recife, que ganhou quatro edições, sendo a última delas há oito anos.

O Náutico ainda luta pela primeira conquista, após os vices em 2003 e 2007. Já o interior que voltar a erguer a taça após cinco anos. Então, vamos à nova enquete.

Qual é o seu grau de interesse na Copa Pernambuco?

Gosta, moderado ou nenhum? Vote!

Campeões da Copa Pernambuco

  • 4 – Recife (1996, 1997, 2000 e 2002)
  • 3 – Sport (1998, 2003 e 2007)
  • 2 – Vitória (1995 e 2004) e Santa Cruz (2008 e 2009)
  • 1 – Ypiranga (1994), Porto (1999), Central (2001) e Salgueiro (2005)

Sopro de vida

Eletrocardiograma do Sport...

Após uma semana de boas notícias e uma vitória suada na Ilha do Retiro, o Sport esperava fechar o “ciclo” com uma vitória em Bragança Paulista. O triunfo não veio.

O time não venceu, mas também não perdeu.

Diante do Bragantino, no interior paulista, uma bola na trave para cada lado… Nenhum gol para cada, 0 x 0. Um ponto cada um.

Marcelinho Paraíba atuou durante 78 minutos e teve uma estreia regular, buscando o jogo e arriscando algumas tabelas. Não finalizou como se esperava, mas mostrou potencial para crescer junto com o time, perdido no meio da tabela, em 14º lugar.

É nesse ponto que a torcida rubro-negra se agarra para continuar com a esperança de buscar o acesso à elite nacional em 2011.

Para quem já estava aceitando a ideia de brigar apenas para não cair para a Terceirona, já é um alento. O Sport retorna com um pontinho na bagagem, ok. Mas para quem vai gastar mais de R$ 1 milhão por mês até o fim do ano, falta muita coisa…

O Sport ganhou um ponto ou perdeu dois em Bragança Paulista?

Eleição marcada pela mesmice

Ato da FPF para a eleição de 2010O ato ao lado é a oficialização da disputa pela presidência da Federação Pernambucana de Futebol pelos próximos quatro anos. Leia AQUI.

A eleição está marcada para o dia 16 de setembro, na sede da FPF, na Boa Vista. A convocação será às 10h.

À frente da entidade desde 1995, Carlos Alberto Oliveira já afirmou inúmeras vezes que está cansado do cargo. Do desgaste. Apesar disso, o dirigente vai tentar mais uma reeleição.

Mas ele garante que será a última vez. O próximo mandato acabará justamente após a Copa do Mundo de 2014.

Abaixo, declarações de Carlos Alberto já com a ideia fixa sobre a permanência no poder do futebol do estado:

“Se eu ficar até 2014 serão 20 anos na frente da FPF. É muito tempo já, ainda mais porque o meu irmão ficou 10 anos antes de mim. É preciso descansar.”

E o possível sucessor na presidência…?

“Calma. Ainda tem que construir o estádio (arena), organizar os campeonatos pernambucanos e conversar bastante sobre tudo isso. Tem tempo ainda.”

Carlos Alberto Oliveira terá 72 anos em 2014. Ele assumiu a presidência com 53…

A eleição será um “jogo de cena” ou existe chance para uma chapa de oposição?

Céu de brigadeiro. Ilusão?

Série B-2010: Sport 2 x 1 Figueirense, na estreia do técnico Geninho. Foto: Heitor Cunha/Diario de Pernambuco

A chuva caía na Ilha… Tudo a ver com o momento. Depois de ótimas notícias nas últimas 24 horas, com as contratações do atacante Marcelinho Paraíba e do técnico Geninho, perder em casa no dia seguinte seria o anticlímax. Pois estava acontecendo.

E não era para qualquer equipe, mas para o bem organizado time do Figueirense. Tanto que a vitória parcial por 1 x 0 levava o Figueira para a liderança da Série B.

No segundo tempo, Geninho, já na beira do gramado, começou a implantar mudanças no Sport… Uma delas era quase uma exigência da torcida. A displicência do talentoso meia Eduardo Ramos havia chegado (ou ultrapassado) ao limite.

Houve a troca. Houve a melhora. E veio a consequente virada no placar. Primeiro com um oportunista Ciro, que aproveitou uma bobeira do goleiro adversário e sofreu o pênalti. Bateu com raiva e empatou. Chegou a 9 na Segundona e é o artilheiro.

Depois, veio o atacante Dairo, outro contestado. Bateu com ainda mais violência, de fora da área. Golaço, Sport 2 x 1. A nove pontos do G4.

O céu ainda está longe. Mas é de lá que vem o principal reforço para a temporada. Nesta quarta, o voo de Marcelinho Paraíba chegará às 11h40 no Aeroporto Internacional dos Guararapes. Novos ares na Ilha. Já era hora.

Camarão em lata

O técnico Geninho é conhecido pelas boas histórias no mundo do futebol. Bem humorado, o treinador contou certa vez um causo em sua primeira passagem no Sport, em 2007, durante a resenha com os jornalistas. História da época em que comandou o Al-Ahli, da Arábia Saudita, há cinco anos.

O país no Oriente Médio proíbe a bebida alcoólica por causa da religião islâmica. É crime até mesmo a posse de um simples long neck de cerveja.

Mas sempre tem algum jogador brasileiro que gosta de um bom “copo”…

PitúDurante algumas semanas, alguns atletas (nem pense em perguntar os nomes deles ao treinador) desembarcaram na capital Riad com latinhas de cachaça… Latinha da famosa Pitú.

Desconfiados, os funcioários da alfândega árabe perguntavam do que se tratava aquelas latas.

Em inglês, uma reposta bem direta:

“É camarão enlatado”.

“Ok. Pode passar.”

E a aguardente entrou no ultrafechado país muçulmano, em uma ação perigosa, apenas para saciar a “sede” da boleirada.

Certo dia, um policial balançou a lata na revista no aeroporto. Caía o disfarce brasileiro!

Com muita conversa, ninguém foi preso. E a Pitú parou de entrar no “mercado”.

Veja o site oficial do técnico de 62 anos AQUI.

Homem de preto baiano

Filme: Homens de Preto

Seriam esses os quatro principais nomes executivos do futebol do estado?

  • Carlos Alberto Oliveira, presidente da Federação Pernambucana de Futebol.
  • Berillo Albuquerque, presidente do Clube Náutico Capibaribe.
  • Fernando Bezerra Coelho, presidente do Santa Cruz Futebol Clube.
  • Silvio Guimarães, presidente do Sport Club do Recife.

Certamente. Cada um com o seu peso. O primeiro com a direção organizacional, há 15 anos, e os demais comandando os clubes de muita gente.

Em breve, mais do que se imagina, um 5º homem-forte do futebol local vai ganhar força nos batidores, com a turma de terno e gravata. Do mesmo top.

Será um novo vetor do profissionalismo. Um choque de realidades…

A Construtora Odebrecht anuncia ainda este mês o nome do presidente do Consórcio Cidade da Copa, que será responsável por todas as ações da concessão da arena multiuso em São Lourenço da Mata (veja AQUI).

O nome do executivo vinha sendo mantido em segredo pela empresa. No máximo, a grande dica: “Ele é brasileiro”.

Mas o blog teve acesso exclusivo ao nome do quinto manda-chuva local.

Marcos Lessa Mendes, 37 anos. De fato, brasileiro. E baiano. Ex-diretor de marketing da TV Bahia, afiliada da Globo por lá. Não era do ramo, mas, como já foi dito, vem sendo preparado para isso. Tanto que já participou da concessão da nova Fonte Nova, em Salvador – cuja licitação também foi vencida pela Odebrecht.

O diretor do futuro complexo de entretenimento pernambucano, de R$ 532 milhões, ficará responsável pela negociação com os clubes que assinarem com o consórcio.

A mesa redonda do futebol vai aumentar…

73 minutos de ventania

A segunda-feira é considerada como um dia morto para o futebol.

O dia é, tradicionalmente, o único sem jogos oficiais na semana.

Domingo é o dia mais nobre, da elite nacional. A Série B comanda nas terças e sextas. Quartas e quintas são da Série A. E tanto A quanto B dividem o sábado.

Diario de Pernambuco: 10/08/2010. Capa do caderno de esportesMenos a segunda… Dia para pautas mais  “frias”, num jargão para reportagens que podem ser utilizadas em dias não específicos, sem perder o teor da notícia.

Ocasionalmente, acontece um furacão.

Este 9 de agosto assolou as redações pernambucanas. Papéis voaram.

Após fulminar uma ilha, é claro.

Enquanto eu terminava a minha matéria sobre a Arena da Copa, o repórter Alexandre Barbosa, setorista do Náutico, ia se virando no computador do lado, ligando e recebendo telefonemas do Sport.

O setorista do Rubro-negro, André Albuquerque já havia ido para casa.

Era o começo da ventania na Ilha do Retiro.

Primeira rajada de vento: 21h23.

Marcelinho Paraíba, experiente atacante de 35 anos. Contratado a peso de ouro, com salário de R$ 110 mil, dos quais R$ 60 mil devem sair do bolso do Leão.

Para mim, o dia já tinha a sua grande notícia. Fui para o cinema, pegar a velha última sessão: Meu malvado favorito. Às 21h20, no Shopping Recife. Um 3D de ótima qualidade.

Começa o filme, pra lá de divertido. O celular toca uma vez. Era Fred Figueiroa, amigo e editor da primeira página do Diario. Podia ser qualquer resenha. Deixei pra lá.

Não atendi, mas mandei uma mensagem simples: “cine”.

Poucos minutos depois, tocou novamente. Fred de novo. Preocupante… Saí rapidamente para retornar a ligação.

A voz apressada disse logo:  “Cerezo caiu”.

“Como é que é…? Por que…?!”

Porque Geninho está chegando. Já quer comandar o time contra o Figueirense.”

Cerezo havia caído às 22h05, pelo Twitter, e Geninho havia sido confirmado às 22h36, por telefone. Voltei para o filme. Continuei rindo bastante (assistam). Mas já curioso.

Saindo de lá, na volta para casa liguei para a Redação do jornal. Lá estava Fred, cuidando da capa do jornal. E também André Albuquerque, aquele mesmo que havia ido embora à tarde… O vento o levou de volta, voando, para o Diario.

Já passava de meia-noite quando comecei a me atualizar dos fatos. Após uma leitura no site Superesportes (veja AQUI), a compreensão do furacão de 73 minutos.

Furacão que mudou o Sport, que deixou o time com um atacante de qualidade para atuar ao lado de Ciro e com um técnico renomado e de grande aceitação da torcida.

A ventania só não trouxe os pontos para a tabela da Série B. Ainda.

Definindo as torcidas

Torcidas de Santa Cruz, Sport e Náutico

Deixando a rivalidade de lado, se é que é possível, comos as três maiores torcidas do Recife seriam definidas? É complicado…

E bem discutível, mas possível de ser feito, teoricamente.

Pois a consultoria inglesa Comperio Research o fez. A serviço do governo do estado, visando o projeto da arena da Cidade da Copa, a empresa fez um relatório com os três perfis. Ao todo, foram 288 entrevistados. Abaixo, o trecho original de cada clube. Leia a reportagem completa do Diario de Pernambuco AQUI.

Santa Cruz

“Os fãs de Santa Cruz são dedicados – independentemente do desempenho, eles tendem a comparecer aos jogos e apoiar o time. Veem o Sport Recife como sendo seu principal rivais e também e seus torcedores vândalos e causadores de confusão.”

Sport

“Os fãs do Sport Recife são leais e tendem a acompanhar o time em todas as competições. Ser fã do Sport Recife os torna exclusivos. Os fãs do Sport Recife veem o Náutico como o principal rival.”

Náutico

“A maioria dos fãs do Náutico vem das elites sociais. Eles vão aos jogos principalmente com suas famílias, para encontrar amigos e relaxar. Eles são muito sensíveis em relação ao desempenho do time e, quando este perde, tendem a ir à jogos com menor frequência. Os fãs do Náutico consideram o Sport Recife o seu maior rival.”

O Brasil viu. Será que gostou?

Série B-2010: Náutico 1 x 1 Sport. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Foi um Clássico dos Clássicos de ataque contra defesa, só de um lado. Jogo pra lá de disputado em um gramado encharcado nos Aflitos, num sábado chuvoso no Recife.

Com o Náutico pressionando o Sport durante quase toda a partida.

Mas isso não quer dizer que o setor ofensivo do Timbu foi eficiente.

Longe disso. Os atacantes alvirrubros finalizaram muito mal. Foi um festival de passes errados, de jogadas mal articuladas. E de algumas boas chances perdidas também.

E, acima de tudo, com um paredão chamado Magrão na meta do rival.

Apesar disso, ainda veio o gol de Elton, que foi, na verdade, o tento de empate.

Logo no início, o Sport já havia inaugurado o placar com o atacante Ciro, em seu primeiro gol contra o Timbu. Lance aos 4 minutos. Foi o seu 8º na Série B.

Depois, foram praticamente 11 rubro-negros atrás da linha bola.

Durante 54 minutos. Depois, com a expulsão do estreante Da Silva, foram mais 36 minutos com apenas dez. Uma pressão quase insuportável.

Mas a bola não entrou mais. Por uma boa dose de sorte (dos leoninos). E por causa do goleiro Magrão, já citado, em sua 269ª partida pelo Sport.

No instante final, foi a vez de Glédson salvar o Náutico em um contra-ataque.

E o clássico centenário terminou em 1 x 1. Partida que foi transmitida ao vivo pela TV para todo o Brasil, em sinal aberto. Inclusive para o Recife, com dois canais.

Nos Aflitos, 12 mil torcedores. Misto de vaias e aplausos nos dois lados. Mas e fora dali, nas milhares de televisões espalhadas pelo Brasil que sintonizaram no clássico…?

Será que a audiência foi boa? Será que os telespectadores ficaram satisfeitos?

Emoção, não faltou. Qualidade, sim. Que não tenha sido “traço” na audiência…