Buenos Aires – Em vez do churrasquinho, o choripán… A fumaça densa nos arredores do belíssimo estádio em La Plata era a dica principal de que havia algum estbelecimento improvisado com o tal pão misturado com chorizo.
Argentinos da província sul, os vendedores se esforçaram bastante para falar o portunhol – os dois lados da conversa, por sinal -, mas durante o jogo, sem movimento algum, a diversão foi secar a Canarinha na TV. Sem pena.
Depois de ficar no 1 x 1 com a Bolívia, curiosamente no mesmo estádio Único, nada melhor que ver o arquirrival sair cabisbaixo.
Desanimado, talvez o torcedor brasileiro tenha deixado de comer o choripán no fim…
Buenos Aires – Badalada, a Seleção Brasileira estreou disposta a vencer e convencer. O show parecia bem ensaiado, com os artistas afinados.
O desempenho na partida contra a fraca, porém aguerrida, Venezuela não foi muito diferente do que o torcedor brasileiro tem visto nos últimos tempos.
Uma equipe de uma nota só, com um ou outro lampejo de técnica e explosão (Pato, no travessão). Falta o conjunto. Só com o nome não funciona mais…
O regulamento da Copa América evita qualquer desespero mesmo em um tropeço como esse 0 x 0, neste domingo, uma vez que dos três grupos, dois vão classificar três equipes, com os dois melhores terceiros colocados.
Portanto, tranquilidade na volta à Campana. De volta ao rachão com goleadas e treinamentos com muitas firulas, tudo sob o olhar sério do técnico Mano Menezes.
Qualidade o time tem. Basta olhar as duas fotos desta postagem. No entanto, transformar uma convocação em equipe é um passo à frente.
Por sinal, esse passo começa com algo simples no futebol, o passe.
Buenos Aires – Em relação ao cuidado com as seleções e com a imprensa, com muitos voluntários prestativos, de fato a Copa América começou em alto nível. Para o público, infelizmente a ação foi restrita apenas à acomodação e segurança. Faltou algo básico, o transporte. Apontada como a arena mais moderna do país, o Estádio Único, em La Plata, acabou sendo um disfarce para o deslocamento do público, completamente caótico.
No domingo, muitos brasileiros – aproveitando o frio de 7 graus – foram torcer pela Canarinha na estreia da Copa América. Para alguns, corridas de táxi de até 250 pesos, só a ida. Nem todo mundo topou pagar R$ 200 para ir voltar de um jogo de futebol. Por isso, para a imensa maioria, o trajeto foi de ônibus. Com apenas duas empresas fazendo o traslado direto, as filas foram enormes. O blog acompanhou essa viagem/odisseia.
Na saída, a concentração em Constitución, em um bairro central em Buenos Aires. Pelo menos a passagem era barata, por 10 pesos (R$ 3,80). O estádio onde o Brasil ficou no frustrante empate sem gols com a Venezuela fica em uma área isolada. Então, foi necessário caminhar um “pouco” até o portão de entrada. Daí, a facilidade para a polícia montar barricadas de até um quilômetro da roleta.
Não havia mais ingressos, mas alguns torcedores que compraram na web não conseguiram retirar o tíquete no local, gerando queixas na delegacia do estádio. O clima no domingo, no entanto, era de pura cordialidade, com uma presença maciça de venezuelanos, uniformizados, animados e “conscientes” de uma suposta derrota.
Mesmo após o 0 x 0, o ambiente pacífico permaneceu. O tropeço não tirou ninguém do sério, mas a falta de informação irritou. Na saída, o blog encontrou diversos brasileiros buscando orientação para retornar à capital, na luta para comprar a passage.
Aí, o clima da Copa América já havia perdido toda a sua graça. Na porta do estádio, taxistas de Buenos Aires (com seus carros preto e amarelo) e de La Plata (branco e verde) negavam qualquer corrida que fosse para um ponto dentro do próprio município. Assim, uma multidão encarou uma caminhada de 40 minutos até o terminal de ônibus da cidade. Lá, fila dando voltas tanto na bilheteria quanto no embarque no coletivo, com o luxo de um ônibus leito.
O jogo terminou por volta de 18h10. A viagem de volta para Buenos Aires, onde a maioria da torcida estava hospedada – inclusive o blogueiro -, só partiu às 19h40. Depois do combate ao frio seguindo um jogo insosso, veio, finalmente, a chegada na Avenida 9 de Julio, a principal da capital dos hermanos.
Nos últimos minutos do trajeto, a conversa em português dentro do ônibus foi inevitável, com direito a um comentário que arrancou risadas. “A gente vai dar o troco neles (argentinos) em 2014, porque, aguardem, na Copa do Mundo eles não vão nem conseguir entrar em um transporte público.”
Com obras de infraestrutura cada vez mais atrasadas nas 12 subsedes do próximo Mundial de futebol, o “fiel” torcedor até tem um pingo de razão, e, como sabemos, o brasileiro costuma rir de si mesmo.
Buenos Aires – Logo ao desembarcar no Aeroparque, um dos dois aeroportos internacionais da cidade, fica nítido o tamanho da divulgação da Copa América.
Não é para menos, pois apenas em ações de marketing e publicidade foram investidos 140 milhões de dólares. Os cartazes estão por toda parte. Enormes.
De fato, é algo que ajuda a entrar no “clima” da competição, como neste domingo.
Mas a estrutura para receber turistas não mudou muito. Na alfândega, apenas quatro guichês funcionavam para autorizar a entrada dos brasileiros, quase a totalidade do voo. Esse problema está cada dia mais evidente também no Brasil, diga-se.
Minutinhos a mais à parte, a Copa América passou mesmo a ser tratada como prioridade para a Albiceleste, que não ganha um torneio na categoria principal desde 1993.
Tirando a casa de câmbio, com atendentes robóticas, o primeiro contato com os hermanos foi no táxi até o hotel. A frustração da estreia não diminuiu o ânimo.
Talvez isso já seja um reflexo da campanha maciça na TV sobre a competição. Ganhar a Copa América para a Argentina virou questão de honra. Pelo jejum e pelo fato de jogar em casa, claro. Há quem diga que pensamento foca 2030, no centenário do Mundial…
Seguindo em Buenos Aires, a exposição tenta dar conta do recado também no comércio.
Em um dos quiosques oficiais – acima, a lojinha em frente ao centro de imprensa na Recoleta -, o movimento era tímido. Segundo o vendedor, o domingo na capital vizinha esvazia qualquer lugar – fato confirmado na procura por um lugar para jantar.
O jantar, aliás, ocorreu na volta de La Plata, onde o Brasil jogaria. Até lá, o som da Radio Deportiva (AM 950), com o interminável debate sobre a qualidade de Messi – um ídolo sob eterna desconfiança.
Para esquentar a discussão, é claro que Maradona foi envolvido. “Messi é um fenômeno, mas Maradona é Deus”, disse um dos radialistas, com a aprovação irretocável.
Todas aquelas frases que sempre escutamos no Brasil sobre El Pibe, e que parecem brincadeira, são levadas bem a sério por aqui…
Menos mal que os cartazes oficiais estão tentando criar uma nova identidade na seleção local, sem Maradona. Para isso, acredita o povo local, só com a Copa… Onipresente.
Gol solidário em Buenos Aires… Com um “preço”, é claro.
Patrocinador da Copa América – e também da Taça Libertadores da América, onde “faz parte” da denominação oficial -, o banco espanhol Santander vai doar US$ 1 mil para cada gol marcado durante as 26 partidas da disputa continental na Argentina.
O dinheiro vai entrar no Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
No site oficial do torneio há um “contador de gols” para as doações…
Em 2007, na última Copa América, foram 86 gols marcados, com uma boa média de 3,3 gols por jogo. Será que é possível pelo menos repetir a marca?
Curiosamente, coube ao mesmo banco escolher o nome do mascote da Copa América, o Tangolero. A definição ocorreu após uma pesquisa com 6 mil pessoas na América…
O nome é uma referência direta à tradição cultural da Argentina (tango) e ao futebol (goleiro). Se tem alguém que vai faturar com isso tudo é a Conmebol, e não o Unicef…
Foram nada menos que 196 países ligados na festa no estádio Único, em La Plata, e no desempenho da anfitriã e favorita Argentina, do camisa 10 Lionel Messi.
Milhões mundo afora e mais de 35 mil hinchas no estádio mais moderno do país.
O jogo na noite desta sexta-feira foi transmitido em HD, algo inédito na história da competicão. Câmeras a postos, expectativa de show e… surpresa!
E logo nos primeiros 90 minutos dessa que tem tudo para ser uma das melhores edições da história da disputa das Américas.
Longe da Copa do Mundo desde 1994, a Bolívia é reconhecidamente uma seleção do segundo escalão no continente, no mínimo, aliás. Nada que impedisse um time aguerrido e disposto a anular a saída de jogo dos pés do melhor jogador de futebol da atualidade.
Craque no Barcelona, Messi foi muito marcado na partida. Suportou o frio sem problemas – tanto que jogou de mangas curtas -, mas na disputa de bola ele não teve sossego.
Mesmo sendo eleito o craque do jogo no site oficial, com 31%, La Pulga não foi decisiva.
Até porque o time albiceleste, depois de um falso domínio no primeiro tempo, sofreu um gol de Edivaldo Rojas, um brasileiro naturalizado, logo aos 2 minutos da etapa final.
Derrota em casa? Um anfitrião não caía assim na estreia há 52 anos. Aos 30, Agüero – o genro de Maradona – empatou com um golaço e evitou um vexame maior.
Empate em 1 x 1? O show ficou para a próxima, hermanos…
O blog parte para a Argentina com o objetivo de “viver” a Copa América de 2011, com o máximo de histórias com os rivais hermanos, que prometem a melhor edição da história da competição continental mais antiga do mundo, iniciada em 1916.
Fatos curiosos, números, fotos, vídeos e personagens…
Sob um frio próximo de zero grau, o blog vai trazer um conteúdo “quente” e exclusivo para o leitor/internauta do Diario de Pernambuco e do Superesportes.
Numeração definida para os craques da Seleção Brasileira na Copa América de 2011.
Os 23 jogadores conheceram os seus números na camisa nesta quarta-feira, através de um anúncio oficial da CBF à Conmebol. Duas camisas nobres já estão com novos donos.
Camisa 10 – Paulo Henrique Ganso
Camisa 11 – Neymar
Brasil do 1 ao 11, de acordo com as camisas no grupo treinado por Mano Menezes:
Júlio César; Daniel Alves, Lúcio, Thiago Silva e André Santos; Lucas Leiva, Ramires, Ganso e Robinho; Alexandre Pato e Neymar.
É um bom time. Mas acho que o Lucas, meia do São Paulo e com a camisa 18 na Canarinha, vai brigar por uma vaga na Seleção durante a busca pelo tri das Américas.
Entre os vários modelos lançados, a camisa acima é a principal da Copa América de 2011, na Argentina. O modelo está sendo comercializado na web por 20 dólares (R$ 31).
Confira outros produtos da Copa América, que começa nesta sexta, clicando aqui.
Em destaque, o troféu da competição, estilizado com as cores das bandeiras das 12 seleções, entre elas, os convidados México e Costa Rica. Não deixa de ser América!
Vale lembrar que a camisa oficial da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, também está à venda. A peça, produzida pela Adidas, sai por R$ 100… Saiba mais aqui.
Só mesmo o cantor Carlos Gardel, em seus melhores dias, conseguiria enraizar tanto drama em uma história quanto o rebaixamento inédito do River Plate.
Sim, o gigante River, arquirrival do Boca Juniors e dono do maior estádio da Argentina, o Monumental de Nuñez, palco da final da Copa América, que começa na próxima sexta.
O torneio continental começará ainda com um país atônito diante de algo tão marcante e surpreendente quanto a queda no domingo do Milionario, como é conhecida a tradicional agremiação de 110 anos de história, sempre na elite do futebol portenho, onde é o maior campeão, com 33 títulos.
No capítulo final de uma tragédia jamais anunciada, era preciso vencer o modesto Belgrano, de Córdoda, por dois gols de diferença. Em casa. Em mais um dia frio em Buenos Aires, o calor da hinchada do River, com quase 50 mil pessoas presentes.
O drama começou com um gol do adversário com apenas quatro minutos. Um silêncio daqueles cortado apenas pelo apito do árbitro Sergio Pezzotta, assinalando impedimento. Corretamente.
Do calafrio à emoção irracional 60 segundos depois, com o gol de Pavone, de fora da ára, na raça. Com a derrota por 2 a 0 no jogo de ida, restava devolver a diferença. A um gol da salvação, o River Plate pressionou. Dessa vez, a “camisa” não jogou.
Desarrumado, como nas últimas três temporadas – cuja média de pontos, no complicado sistema argentino, o deixou nessa repescagem -, o time deu espaço ao rival de ocasião. O gol incrivelmente perdido por Pereyra foi o primeiro aviso. Aos 17 minutos do segundo tempo, dois zagueiros do River trombaram e Farré, que não tinha nada a ver com aquele papelão fora de hora, empatou.
O fim de uma tradição – cuja faixa diagonal, para se ter uma ideia, é a fonte de inspiração do padrão do Vasco – estava a poucos minutos. O River, presidido pelo ídolo e ex-capitão Daniel Passarella – campeão do mundo com a seleção em 1978 -, ainda perdeu um pênalti com Pavone.
Pois é. A mística estava encerrada, sob a revolta da torcida, ensandecida com a situação, entre quebra-quebra e lágrimas intermináveis, sem deixar o estádio, a casa dos clássicos, fadado a receber jogos da “B”.
O domingo que jamais será esquecido na Argentina marcou, ainda, o aniversário de 15 anos da última Taça Libertadores conquistada pelo River Plate. Foi o verso final de um tango digno de Gardel. Hasta la vista, River.