É remota, mas existe

Já que o presidente da FPF, Carlos Alberto Oliveira, chegou a cogitar a possibilidade de realizar alguns jogos do Campeonato Pernambucano de 2009 na Paraíba – por causa da falta de campos locais, já que o Arruda e a Ilha do Retiro estarão sendo reformados até o início da competição -, aqui vão alguns dados sobre o Almeidão, caso aconteça a possível (porém, improvável) mudança para João Pessoa.

A mudança seria principalmente em jogos do Sport, pois o Santa Cruz mandará algumas partidas no Ademir Cunha, em Paulista. A capital paraibana, separada do Recife por 120 quilômetros através da BR-101, conta com um bom estádio. Admito que gostaria que o Sport jogasse pelo menos um jogo do Estadual lá. Seria curioso.

Estádio Almeidão, em João PessoaAlmeidão
Nome: José Américo de Almeida Filho
Capacidade: 40.000 espectadores
Recorde de público: 44.267 pessoas (Botafogo 2 x 0 Campinense, na final do Estadual de 98)
Data de Inauguração: 09/03/1975
Primeiro jogo: Botafogo-PB 0x2 Botafogo-RJ
Primeiro gol: Tiquinho
Dimensões do campo: 110 x 75m
Localização: bairro do Cristo Redentor, em João Pessoa/PB

Jogos mais “recentes” do Leão no Almeidão:

12/10/1997 – Sport 1 x 2 Juventude (Série A)
25/10/1997 – Sport 2 x 1 Bragantino (Série A)
12/07/2000 – Sport 1 x 2 América/MG (Copa dos Campeões)
22/07/2000 – Sport 3 x 1 São Paulo (Copa dos Campeões)
27/06/2001 – Sport 0 x 5 São Paulo (Copa dos Campeões)
14/04/2002 – Sport 3 x 0 Botafogo/PB (Nordestão)

Obs. Os jogos pelo Brasileirão de 1997 só aconteceram lá porque o Rubro-negro foi penalizado pelo STJD com a perda de 2 mandos de campo devido a alguns objetos jogados no campo da Ilha.

Arenas 1971 – Arruda

Arruda

Santa CruzEstádio José do Rêgo Maciel
Localização: Arruda
Capacidade: 64 mil pessoas
Área total: 7 hectares
Lançamento: 1965
Construtora: Corrêa Loyo Engenharia
Projeto: Reginaldo Esteves
Inauguração: 4 de julho de 1972
Presidente do Santa Cruz: James Thorp

Finalmente, um projeto que saiu da maquete. O Arruda vinha sendo erguido aos poucos desde 1965, com sucessivas ampliações. Em 1971, o então governador do estado, Eraldo Gueiros, liberou um empréstimo ao Tricolor de US$ 850 mil, através do Bandepe (junto ao grupo financeiro Campina Grande S/A), para a conclusão das obras. O craque Pelé assinou o documento como testemunha do financiamento. O objetivo era transformar o Recife em subsede da Copa da Independência (Minicopa) de 1972, que teve a participação de 20 seleções.

Sport e Náutico também tentaram obter o investimento, mas uma comissão do governo apontou o Arruda como o projeto mais viável, uma vez que já estava em andamento. O Arruda recebeu sete jogos da competição, que marcou os 150 anos da independência do Brasil. O estádio José do Rêgo Maciel seria ampliado novamente em 1980, quando a sua capacidade aumentou para 85 mil pessoas, após a construção do anel superior, dando origem ao apelido “Colosso do Arruda”.

Foto: Arquivo/DP

Hexa, um luxo coral

Santa Cruz, hexacampeão pernambucano

Hexa é luxo? Totalmente.

Com uma grande geração nos 60, o Náutico foi primeiro time pernambucano tetracampeão estadual, de 1963 até 1966. Depois, também foi o primeiro penta, em 67. No ano seguinte, alcançou a seqüência máxima, com seis títulos seguidos na categoria profissional. Um feito ainda não igualado em Pernambuco.

Mas isso não é o que parece, ao observar o anel superior do estádio do Arruda.

Lá em cima da arquibancada, após o último degrau, a mensagem é bem clara: “1º hexacampeão pernambucano 59, 60, 61, 62, 63, 64

Mas no final da glória coral, porém, vem a explicação: juvenil

De fato, em nenhuma outra categoria do futebol do estado um clube havia sido hexacampeão antes de 1964.

O experiente tricolor Sylvio Belém ainda exercia a função de diretor de futebol do Santa Cruz, neste ano, quando perguntei a ele se a mensagem pintada era uma provocação aos alvirrubros. Calmo como sempre, Sylvio respondeu de forma curiosa.

“Provocação? Nada disso… Jamais faríamos isso aqui no Arruda. Mas que o Santa foi o primeiro hexa, foi…”

No mesmo nível?

Piadinha típica da enorme rivalidade que move o futebol pernambucano. Depois que os tratores começaram a retirar o gramado do Arruda nesta quinta-feira (na verdade, uma camada de 40 centímetros do solo), deixando uma enorme faixa de barro puro, alguns tricolores aproveitaram a situação para alfinetar os rubro-negros.

“Pronto. Finalmente o campo do Arruda ficou tão ruim quanto o da Ilha do Retiro”.

Cruel.

Tire a prova abaixo.

Campo do Arruda em reforma

Foto: Ricardo Fernandes/DP

2 anos, 2 meses e 25 dias

Chega de conversa. Hoje, começa de vez o trabalho de FBCDe acordo com o estatuto do Santa Cruz, a transição coral deveria ser de dois em dois anos. Mas devido à enorme crise do clube, as eleições foram antecipadas.

Por isso, Fernando Bezerra Coelho terá ainda mais tempo na presidência executiva. Para ser mais exato, serão 2 anos, 2 meses e 25 dias.

Tempo suficiente para acontecer muita coisa. O presidente anterior, Edson Nogueira, por exemplo, conseguiu cair da Série B para a Série D em 1 ano, 10 meses e 27 dias.

A primeira reunião Fernando Bezerra como mandatário tricolor, de fato e de direito, começa exatamente agora, às 8h30, no Arruda.

Com a cúpula do clube, FBC começa a definir as diretrizes da sua gestão e distribuir tarefas. Ele também deverá indicar o ouvidor do Santa.

Nesta quarta-feira começam ainda, segundo o cronograma da nova diretoria, as seguintes ações:

1) Reforma do anéis superior e inferior do Arruda: R$ 650 mil

2) Troca do gramado: R$ 600 mil

3) Nova iluminação: R$ 2,7 milhões

4) Pagamento da folha de setembro dos funcionários administrativos: R$ 70 mil

Total = R$ 4,02 milhões. A troca dos refletores acontecerá em parceria com a Philips, enquanto os recursos das demais ações ainda serão captados.

Mais de R$ 4 milhões no 1º dia?!

Impressionante.

Se Conselho fosse bom…

Cobra-coralSobeR$ 1 milhão, o mínimo que o clube deverá receber somando a campanha Todos com a Nota do Pernambucano/2009 e a cota de televisionamento da competição
R$ 400 mil, o valor do ônibus Expresso Coral
R$ 35 mil, o possível valor da receita mensal do novo Conselho Deliberativo (que atualmente é de R$ 7 mil)
R$ 20 mil, a economia mensal com a volta da energia elétrica fornecida pela Celpe (ao invés do atual gerador)

DesceR$ 60 milhões, o total da dívida do Santa Cruz
R$ 2,5 milhões, dinheiro necessário, já nos primeiros meses da futura gestão Fernando Bezerra Coelho, para montagem do time e dívidas de curto prazo (como salários atrasados e dívidas com fornecedores)
R$ 70 mil, o orçamento da reforma do anel superior do Arruda, que segue a passos lentos

Formação do novo Conselho Deliberativo do Santa Cruz:

250 integrantes, sendo 75 beneméritos

Indicações para o Conselho

125 nomes – Fernando Bezerra Coelho
20 – Romerito Jatobá
10 – Fernando Veloso
10 – Fred Arruda
5 – Rui Monteiro
5 – Paulo Pereira

R$ 100, o valor da contribuição mensal no último biênio. O valor deverá subir para R$ 150 ou R$ 200.

Grandes demais para a Série D

Santa Cruz 4 x 4 Remo, no Arruda, pela Série B de 2007Santa Cruz e Remo ainda terão que disputar a vaga, mas a provável participação dos dois na 4ª divisão do Brasileiro, em 2009, mostra o quanto foi polêmica a fórmula de descenso nesta Terceirona. Além de serem rivais tradicionais (há mais de 70 anos), os dois clubes são verdadeiros campeões de público no Nacional.

Os dois times deixaram a Série C como primeiro e segundo lugares em média de público (Santa com 19.894 e Remo com 13.366 torcedores). E olhe que o Santa Cruz também foi o recordista na Segundona de 2007, quando o clube teve uma presença média de 28.228 torcedores nos 19 jogos no Arruda. Nos dois anos, porém, o apoio não adiantou, pois o Tricolor acabou sendo rebaixado. Na foto acima, o empolgante empate por 4 x 4, no Arruda, em 2007.

Segundo os dados do pesquisador Carlos Celso Cordeiro, a Cobra-Coral e o Leão Azul já se enfrentaram em 41 jogos. A primeira partida aconteceu em 14 de julho de 1935, em Belém. Goleada do Remo por 6 x 2. Apesar da larga vantagem na estréia, o histórico é bem equilibrado. Outros dois duelos imporantes aconteceram em 1967, quando o Mais Querido ganhou o Torneio Hexagonal Norte-Nordeste (Santa 9 x 0 Remo e Remo 2 x 1 Santa). Veja abaixo o retrospecto geral (os jogos pela Série A estão entre parêntese):

Santa Cruz x Remo: 41 jogos (8)
16 vitórias do Santa (5) – 72 gols
9 empates (1)
16 vitórias do Remo (2) – 67 gols

O possível confronto na Série D no ano que vem irá contrastar bastante com o passado de Santa (24 títulos pernambucanos) e Remo (42 estaduais), que já duelaram 8 vezes pela Série A, com boa vantagem para o Santa.

Último jogo pela Série A: Remo 3 x 1 Santa Cruz, em 27 de outubro de 1993. Naquele ano, o time paraense fez a sua melhor campanha na elite, ficando em 8º lugar. A melhor participação do Santa foi em 1975, quando ficou na 4ª colocação.

Curiosidade: Paulista, Santa Cruz, Remo e Ituano estavam na Série B de 2007, mas acabaram rebaixados. Neste ano, os quatro clubes voltaram a decepcionar a suas torcidas, e caíram de novo, dessa vez para a Série D. O Paulista foi eliminado ainda na primeira fae, enquanto os outros três foram os lanternas em seus respectivos grupos na fase seguinte.

Teria sido coincidência ou uma reação em cadeia de desorganização?

Foto: Arquivo/DP

15 anos da Redenção

Arruda superlotado para jogo da Seleção em 1993. Goleada sobre a Bolívia por 6 x 0!Em 29 de agosto de 1993, o estádio do Arruda recebeu o maior público de sua história. Foram 96.200 torcedores. Apaixonados por Sport, Santa Cruz e Náutico, mas que naquela tarde, há 15 anos, se uniram em prol da Seleção Brasileira, que teria uma partida complicadíssima contra a Bolívia.

O adversário era o líder do grupo B das Eliminatórias para a Copa de 1994, e contava com o craque Etcheverry, “El Diablo”. Um tropeço no Recife poderia deixar o Brasil com um pé fora do Mundial, pela primeira vez.

O time verde e amarelo até havia vencido o último jogo, mas a torcida vaiou a equipe no Morumbi, após o 2 x 0 sobre o Equador. Veio então o jogo no Recife. Carga de ingressos mais que esgotada. E nenhum torcedor brasileiro saiu triste. Goleada inesquecível, por 6 x 0 (fotos), com cinco gols apenas no primeiro tempo. Tomara que hoje à noite, contra a mesma Bolívia, no Rio, o Brasil volte a dar alegrias como nesse jogo.

Raí e Zinho comemoram um dos 6 gols do Brasil naquela tarde históricaBrasil 6 x 0 Bolívia (29/08/1993)

Local: Arruda. Árbitro: Oscar Velasquez (Paraguai). Gols: Raí aos 12, Muller aos 19, Bebeto aos 22, Branco aos 35 e Ricardo Gomes aos 44 minutos do primeiro tempo; Bebeto aos 13 do segundo. Cartão vermelho: Dunga. Cartões amarelos: Bebeto (B); Sandy e Juan Peña. Público: 96.200 torcedores (75 mil pagantes).

Brasil: Taffarel; Jorginho, Ricardo Rocha, Ricardo Gomes e Branco; Mauro Silva, Dunga, Raí e Zinho (Palhinha);  Bebeto (Evair) e Muller. Técnico: Carlos Alberto Parreira

Bolívia: Trucco; Miguel Rimba, Quintetos, Marco Sandy e Cristaldo; Borja, Melgar, Baldivieso e Marco Antonio Etcheverry (Juan Peña); Erwin Sanchez e Ramallo (Alvaro Peña). Técnico: Xavier Azkagorta

Retrospecto geral – 24 jogos
18 vitórias do Brasil
2 empates
4 vitórias da Bolívia
86 gols do Brasil
26 gols da Bolívia

Último confronto: Bolívia 1 x 1 Brasil (9 de outubro de 2005, em La Paz)

Obs. O blogueiro, então com 12 anos, estava em um dos últimos degraus do anel superior do Arruda naquele jogo. Me lembro pouco dos gols, mas bastante da festa antes, durante e depois da partida.

Viajando no tempo

Por Carlos Celso Cordeiro*

Quando o futebol foi introduzido em Pernambuco, no ano de 1905, os jogos eram disputados no campo do Derby, então chamado “Campina do Derby”, e no “Parque Santana”. O campo do Derby ainda existe. Lá foi erguido um monumento alusivo à realização da 1ª partida de futebol no Recife. Este campo fica na Praça do Derby, em frente ao Quartel da Polícia Militar, responsável por sua manutenção. O campo do Parque Santana não existe mais. Ficava localizado nas imediações do Hiper de Casa Forte.

Com o crescente interesse pelo futebol em Recife, a partir de 1911, começaram a aparecer os campos suburbanos. Vamos nos ater aos campos mais importantes, os utilizados para jogos do Campeonato Pernambucano, cujo início se deu no ano de 1915. Primeiro surgiu o campo do “British Club”, um clube de ingleses. Este campo ficava por trás de onde é hoje o Museu do Estado e tinha como vantagem o fato de ser “cercado”. Depois, em 1917, a LIGA (como era chamada a Federação Pernambucana de Futebol naquela época) arrendou um terreno para construir o campo dos Aflitos. Após um ano, a LIGA desistiu do campo e o Náutico assumiu o arrendamento. Posteriormente, o Náutico comprou o terreno e este campo é o hoje Estádio dos Aflitos.

Em 1918, os ingleses saíram do “British Club”. O campo passou a ser do América até o final de 1919. Em 1920, o América passou a ter o seu campo na Jaqueira (no Parque da Jaqueira). Em meados dos anos 30, este campo, passou a ser do Tramways. Em 1918, o Sport construiu seu campo na Avenida Malaquias, onde ficou até 1937, quando se transferiu para a Ilha do Retiro. No campo da Avenida Malaquias, o Sport instalou arquibancadas de madeira, adquiridas ao Fluminense do Rio. Na Ilha do Retiro o Sport começou a construção de moderno estádio que serviu de palco para um dos jogos da Copa do Mundo de 1950.

Quando o Sport saiu da Avenida Malaquias, o América assumiu este campo por um pequeno período. Os locais onde foram os campos do British Club e da Avenida Malaquias, hoje estão ocupados por prédios e avenidas. O local onde foi o campo da Jaqueira é parte, hoje, do Parque da Jaqueira, um dos pulmões da cidade do Recife. Nos anos 40, o Santa Cruz adquiriu o campo do Arruda, onde, nos anos 60/70, ergueu o Estádio do Arruda, apelidado de “Mundão do Arruda”. Antes da construção do Estádio do Arruda, o campo do Santa Cruz era utilizado principalmente para treinos. Algumas vezes foi utilizado para jogos amistosos e era conhecido como o “Alçapão do Arruda”.

Nota: Antes de ser adquirido pelo Santa Cruz, o campo do Arruda pertenceu à Associação Atlética do Arruda (AAA), conhecido como o clube da “Trinca de Az” e, posteriormente, ao Tabajaras.

*Carlos Celso Cordeiro é escritor e pesquisador do futebol pernambucano. Já publicou livros com os retrospectos de todos os jogos de Náutico e Sport (além do Campeonato Pernambucano), e se prepara para lançar a coleção com todas as partidas do Santa Cruz.

Ressurreição marcada

Arruda lotado na rodada final da Série B de 2005Era inevitável. Uma combinação de resultados que não costuma ocorrer no futebol. E assim, com a goleada de 5 x 1 aplicada pelo Caxias sobre o Brasil-RS, o Santa Cruz está rebaixado na Série C.

Mais de 60 mil vozes empurraram o Santa Cruz em 26 de novembro de 2005. A vitória por 2 x 1, de virada, sobre a Portuguesa garantiu a presença do Tricolor na Série A do ano seguinte. Naquela tarde, o Arruda viveu o seu momento mais feliz nos últimos três anos. Hoje, vive o mais triste. Rebaixamento consumado, crise escancarada…

As torcidas adversárias não cansam de soltar piadinhas insinuando que o Santa Cruz está caminhando para a virar um novo América, outrora tradicional e hoje apagado. Mas essa história não se repetirá. O motivo está está estampado na foto que ilustra esse post. Uma torcida de massa, presente e apaixonada.

Se o Santa nasceu em 3 de fevereiro de 1914, a sua ressurreição será em 5 de julho de 2009.

Data da estréia na Série D, que terminará em 15 de novembro.

Ao lado de mais 39 clubes.

Clubes na Série D de 2009 (segundo o ranking nacional de estados da CBF):
3 clubes – São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais
2 clubes – Paraná, Pernambuco, Bahia, Goiás e Santa Catarina
1 clube – demais estados e o Distrito Federal (18 ao todo)

O Campeonato Pernambucano do ano que vem classificará os dois representantes do estado.

Os 4 primeiros se classificarão à Série C de 2010.

Portanto, organização já!

Foto: Gil Vicente/DP (26/11/2005)