O espetáculo da classificação

Copa América 2011: Brasil x Paraguai, pelas quartas de final. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

La Plata – Sim, o blog chegou! Em uma agenda apertadíssima de Buenos Aires para Santa Fé, de lá para a capital em menos de 24 horas, e agora para La Plata.

Tudo no rastro da Copa América de 2011, já sem a anfitriã.

Na pauta deste domingo, o objetivo de avaliar a evolução do futebol brasileiro, nas quartas de final da competição continental.

O Brasil terá de cara um adversário bem complicado. Ou vai ou racha.

Já na chegada ao belíssimo estádio Único, que encanta toda vez que aparece, as torcidas brasileiras e paraguaias passavam com tranquilidade nos arredores da arena.

Para a minha surpresa, alguns argentinos com a camisa da seleção recém-eliminada, já a favor do Paraguai, é claro – sem muita vontade para fotos.

É justo, pois a torcida pela Celeste também não foi pequena…

Quanto a brasileiros e paraguaios, ainda sorridentes, em breve só um ficará assim.

Copa América 2011: Brasil x Paraguai, pelas quartas de final. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

A cidade mais triste da América

Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Na manchete do diário argentino Olé, “Fracasso nacional”, a síntese do sentimento dos hermanos em relação à desclassificação na Copa América.

Não só porque o país é o anfitrião da competição, mas pela gama de frustrações desde 1993, quando ganhou um título principal pela última vez.

De lá para cá, a Argentina participou da Copa do Mundo, Copa das Confederações, Copa América… Sempre ficando no meio do caminho.

E olhe que sempre montou bons times. Ou, melhor dizendo, convocou grandes jogadores, como agora. Messi, Tévez, Mascherano, Higuain…

Como equipe, não funcionou. Jogar quatro vezes em casa, empatar três e só vencer uma partida, um sub-23 da Costa Rica, não é mérito para nenhuma grande seleção.

Por isso, um domingo de folga na capital, pela tradição, e de ressaca, pelo baque, diante do rival. As imagens deste post foram registradas antes da viagem até La Plata.

Buenos Aires amanheceu triste. Mais uma vez.

Os hermanos se perguntam mesmo é quando ela voltará a acordar feliz.

Sem perder a acidez, alguns disseram que será em 2014…

Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Perdeu duas vezes, mas perdeu feliz

Fábio Lino em Argentina x Uruguai, pela Copa América 2011

Santa Fé – Trabalho incessante. Depois de quase 20 horas seguidas ligado no superclássico do Rio da Prata, no sábado, era a hora de voltar para a capital argentina.

Eu já estava todo torto, com aquele olhar cansado e conseguindo deitar em uma cadeira, estático. Lá na rodoviária, esperando o ônibus, cuja linha sairia à 0h50. Eis que, minutos antes da partida, a uns 20 metros, apareceu uma camisa do Sport…

“Deve ser o uniforme do Colón, daqui de Santa Fé. Eu já estou é doido a essa hora”.

Segundos depois, a confirmação. Era, sim, a camisa leonina, acompanhada do agasalho da seleção da Argentina – onipresente no país, pelo menos até o jogo contra a Celeste.

O impulso pela pauta venceu o sono. Fui lá. Era o tenente do exército brasileiro Fábio Lino, que mora em Roraima há sete anos – acompanhando o Rubro-negro em web-rádios – e em Buenos Aires curtindo a Copa América.

Lino, de 27 anos, havia conseguido uma entrada com um amigo para o dramático Argentina x Uruguai – e ainda contou com a ajuda do comentarista Casagrande para entrar no estádio. Também estava extasiado, após um dos melhores jogos do ano.

Durante a conversa, comentei sobre Pernambuco, claro.

“E o Sport, hein? Levou um sacode do Bragantino, de 3 x 2.”

Veio aquele silêncio típico de vergonha alheia e a réplica.

“Como? Conversa, né? Perdi lá e cá?”

Perdeu, Fábio. Mas, contente com o que viu no Cemitério dos Elefantes, onde conseguiu até pisar no gramado depois do jogo, ele até deixou passar dessa vez.

América 20 – Caiu o primeiro elefante

Copa América 2011: Argentina 1x1 Uruguai, com vitória da Celeste nos pênaltis. Foto: AFA/divulgação

Santa Fé –  No mesmo dia em que calou o Maracanã em 1950, o Uruguai voltou destruir um rival fora de casa. Jogando no caldeirão no Cemitério dos Elefantes, a Celeste eliminou a Argentina nos pênaltis por 5 x 4, após empate em 1 x 1 durante 120 minutos.

Assim como em 1987, na última vez em que recebeu a Copa América, a Albiceleste caiu em casa diante do Uruguai, completamente reconstruído através da garra e da técnica.

Sobre a partida, é difícil descrever algo tão épico, ainda mais in loco, com forte carga de adrenalina. Tudo o que eu esperava de um Argentina x Uruguai foi correspondido.

Torcidas ensandecidas, partida batalhada, catimba, grandes jogadas, bolas na trave, gols anulados, expulsões, prorrogação, pênaltis… E craques de ponta em campo.

O melhor do mundo disparado e o melhor da última Copa do Mundo. Tudo isso a menos de 30 metros da cabine de imprensa.

Lionel Messi jogou demais – e ainda vai merecer um post à parte -, assim como Diego Forlán, que empurra o Uruguai, tornando todas as faltas e escanteios em armas mortais.

Nesta noite, ganhou o futebol, em uma das melhores partidas do ano.

Eu vi, eu afirmo. Eu estava lá. Que sábado, que sábado!

Abaixo, a narração da última penalidade, cobrada por Cáceres, com uma narração emocionante de Ricardo Torreiro, da Rádio Vision FM 96.5, de Fray Bentos, interior do Uruguai. O maluco estava na cabine ao lado do blog…

Parabéns, Celeste! Um elefante pode ter sido abatido, mas o outro acordou de vez…

Catimba em ebulição

Estádio Cemitério de Elefantes. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Santa Fé – Molhar o campo um dia antes da partida? Sim.

Uma hora antes do jogo? Também acontece.

Faltando 10 minutos? Essa foi a primeira vez que eu vi… Teria sido um “pedido” do técnico Sergio Batista para a bola “correr” mais no gramado do Cemitério dos Elefantes?

Conhecidos pela catimba, uruguaios e argentinos não esqueceram das velhas artimanhas neste sábado, no Cemitério dos Elefantes. E o que dizer dos padrões?

Os dois times demoraram alguns minutos a mais para subir. Ao entrar no campo, ambos com o uniforme reserva.

Pode até ter sido um fair play voluntário – uma vez que as camisas principais se parecem com o azul celeste – , mas é mais fácil acreditar na catimba mesmo…

Até porque isso acontece desde 1902. Este sábado é a 178ª vez!

Fora o fato de que cada lado já ganhou a Copa do Mundo duas vezes…

Copa América 2011: Argentina x Uruguai. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

América 19 – Peruanos com a velha freguesia

Copa América 2011: Peru 2x0 Colômbia. Foto: AFA/divulgação

Santa Fé – E a Colômbia, praticando bom futebol e ganhando uma cara de favorita foi mais Colômbia do que nunca. Resumindo: amarelou, junto com o uniforme.

Dona da melhor campanha na primeira fase, o time cafetero até atacou o Peru nas quartas de final da Copa América, neste sábado, em Córdoba. Mas falhou demais! Até perdeu um pênalti com o ídolo Falcao Garcia, no segundo tempo.

Com a igualdade no placar, sem gols, o jeito foi estender o confronto até a prorrogação. Aí, bem postado em campo, o time peruano de Markarian matou o adversário.

O Peru marcou dois gols, venceu por 2 x 0 – Lobatón e Vargas, um em cada tempo extra – e está novamente nas semifinais.

Presente nas quartas de final nas últimas seis edições, o Peru só conseguiu dar um passo a mais na Copa América em 1997, quando caiu na semifinal diante do Brasil. Levou um categórico 7 x 0, por sinal. Mas ficou entre os quatro melhores, como agora.

O país  já se garantiu na disputa em La Plata. O sonho agora é voltar a disputar uma final. A última vez foi em 1975, quando foi campeão. Venceu, vejam só, a Colômbia…

Copa América 2011: Peru 2x0 Colômbia. Foto: AFA/divulgação

Cúmbia com som genérico… Ou original?

Xerox

Santa Fé – Como eu esperava, as torcidas rioplatenses são um show à parte.

O povo da Celeste foi remanejado para o anel superior, atrás da meta esquerda das cabines de TV. É claro que os argentinos tomam conta do restante do Cemitério dos Elefantes. Os gritos de guerra, horas antes do clássico pelas quartas de final da Copa América, não param. Dos dois lados.

Quer dizer… Param sim, quando começa alguma música no ritmo da “cúmbia”, um estilo popular nessas bandas. Porém, acho que já escutei música do vídeo abaixo no Brasil, com uma versão em português… Confere?

Atualização às 18h10 – Os (as) internautas confirmaram a dúvida do blog. A música é a sertaneja Chora, me liga, original do Brasil. A cópia foi em espanhol mesmo…

O que representa o clássico do Rio da Prata – Uruguai

Torcida do Uruguai em Santa Fé, para o jogo Argentina x Uruguai, pela Copa América 2011. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Santa Fé – O blog resolveu ouvir os dois lados do Rio da Prata para saber o que move tanta rivalidade no futebol. Neste post, a versão do uruguaio Alfredo Fatin.

Torcedor do Peñarol, ele saiu de Montevidéu com toda a família apenas para o embate no Cemitério dos Elefantes, pelas quartas de final da Copa América.

“Argentina x Uruguai é um duelo de culturas. Nós pensamos diferente dos argentinos e não gostamos que nos comparem.”

O clássico entre Argentina e Uruguai é o duelo entre seleções com o maior número de partidas. O jogo deste sábado será o 178º desde 1902, com 81 vitórias da Argentina, 53 triunfos do Uruguai e 43 empates (veja a lista aqui).

Considerando as seleções olímpicas – que decidiram os Jogos de 1928 – e combinados, algumas mídias dos dois países elevam o número para 220 partidas!

Confira a versão celeste desta história aqui.

O que representa o clássico do Rio da Prata – Argentina

Torcedores argentinos no portão do estádio Cemitério de Elefantes para o duelo Argentina x Uruguai, pela Copa América 2011. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Santa Fé – O blog resolveu ouvir os dois lados do Rio da Prata para saber o que move tanta rivalidade no futebol. Neste post, a versão do argentino Jorge Arteaga, 58 anos.

Torcedor do Unión Santa Fé, ele fez o “sacrifício” de ir ao estádio do rival, o Cemitério dos Elefantes, só para apoiar a sua Argentina em busca do 15º título continental.

“Essa rivalidade vem desde 1930 (quando a Celeste ganhou o título mundial em cima dos argentinos). É autêntica desde os velhos tempos. Sempre se disputou desta forma. Não desmerecemos o Brasil, mas Argentina x Uruguai é um clássico rioplatense.”

O clássico entre Argentina e Uruguai é o duelo entre seleções com o maior número de partidas. O jogo deste sábado será o 178º desde 1902, com 81 vitórias da Argentina, 53 triunfos do Uruguai e 43 empates (veja a lista aqui).

Considerando as seleções olímpicas – que decidiram os Jogos de 1928 – e combinados, algumas mídias dos dois países elevam o número para 220 partidas!

Confira a versão celeste desta história aqui.

Carreata surpresa com carnaval em castellano

Torcida argentina no centro de Santa Fé. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Santa Fé – Uma cidade de cabeça para baixo e revirada.

O clássio do Rio da Prata incendiou a pacata Santa Fé, na Argentina.

Em um dos primeiros posts deste sábado eu comentei que as ruas ainda estavam desertas. Estavam. Os carros apareceram, as bandeiras, então, tomaram conta.

A cada esquina, o velho grito dos hermanos.

“Vamos, vamos… Argentina. Vamos, vamos… a ganar. Que esta barra, quilombera… no te deja, no te deja de alentar”

Mas para saber disso, só circulando na cidade, né? Pois é. Na Copa América o cronograma é rigoroso. Poucas horas antes dos jogos vários ônibus levam os jornalistas dos centros de imprensa aos estádios, sempre.

E assim seria o meu caso, novamente. Eu era o único brasileiro às 10h. Uruguaios, argentinos, venezuelanos e bolivianos completavam a lista. Eis que surgiu um ônibus aberto, customizado para desfiles nas ruas…

Com um carro de som pra lá de potente atrás, subindo o ritmo, começou uma carreata. Papel picado e  aquela festa de sempre, apesar do momento surreal. E a dúvida.

“Eu entrei no ônibus certo?. Rapá… Vou ficar é calado aqui.”

Foi um verdadeiro city tour, ainda que sem qualquer aviso.

Tudo seguia com entusiasmo dos argentinos até que o motorista “inventou” de passar próximo ao hotel onde está hospedada a delegação do Uruguai, no centro de Santa Fé.

E lá estavam os hinchas uruguaios… Pronto, provocação em espanhol pra todo lado e a polícia chegou. Seguiu o cortejo até o estádio.

Chegando na cancha do Colón, a 4 horas do jogo, o clima já era de clássico…

Torcida uruguaia em frente ao hotel da Celeste, em Santa Fé. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco