O técnico Zé Teodoro passou dez dias armando um sistema tático para buscar os três pontos no Serra Dourada, numa briga direta contra o rebaixamento.
Não escalou o Náutico com a bunda na parede, como no início da competição. Com novas peças, tentou articular contragolpes contra o Goiás.
O treinador timbu sabia do principal referencial ofensivo do adversário.
Um atacante gordinho, pra dizer o mínimo.
O pernambucano Walter, cujos direitos econômicos pertencem ao Porto de Portugal, tem 1,78m e 96 quilos declarados.
O jogador alega estar “apenas” seis quilos acima do peso ideal. Oficialmente, ok. Contudo, a impressão é de que o atacante esteja ainda mais fora de forma.
Pelo visto, pouco importa. O atleta nascido na comunidade do Coque e com uma passagem no infantil do Santa deu trabalho demais ao Alvirrubro, até mesmo porque a zaga bateu cabeça inúmeras vezes, deixando Berna tenso.
Marcou os dois gols da vitória esmeraldina por 2 x 1, na noite desta quarta.
O time pernambucano ainda teve 49% de posse bola, mas pouco agrediu depois que ficou novamente em desvantagem, aos sete minutos da etapa complementar. Na prática, teve apenas uma chance, com Maikon Leite.
O Náutico segue com dois jogos a menos que a maioria dos adversários no Brasileirão. Porém, também segue na última colocação.
Fisicamente, precisa demonstrar mais em campo. Como Walter...
As mesmas cores, mas com posições invertidas na tabela. O Náutico, então na lanterna, contra o Internacional, então na liderança da Série A. O Timbu com quatro derrotas seguidas e o Colorado com quatro vitórias consecutivas.
Em 90 minutos neste domingo, com a bola rolando, empenho, reforços e apoio de 19.488 torcedores, o Alvirrubro pernambucano derrubou todos os prognósticos. Derrubou o Inter e conquistou a sua primeira vitória na Arena Pernambuco, dando fôlego na missão de deixar a zona de rebaixamento.
Com três novas peças à disposição, o técnico Zé Teodoro ganhou mais qualidade técnica para escalar a equipe. No papel era fato. No campo acabou sendo também, apesar da natural falta de entosamento.
Com Maikon Leite, Peña e Tiago Real, o Náutico criou mais oportunidades, equilibrando as ações contra o time gaúcho. Mesmo assim, o primeiro tempo foi morno. Na etapa final, a disputa continuou presa no meio-campo.
Mesmo brecando a série de derrotas, Zé resolveu arriscar, indo contra o seu estilo. Colocou Rogério no lugar do uruguaio Olivera. Perdeu a referência, mas ganhou mais agilidade. Sem a referência, caberia ao elemento surpresa. Derley.
O camisa 8 encheu o pé após uma bela assistência de Auremir, aos 27 minutos. A vantagem deu mais espaço ao time, aproveitando os contragolpes.
Aos 44, o estreante Maikon Leite mostrou que o investimento num Brasileirão é primordial. Nos descontos, Rogério tornou a recuperação em goleada, 3 x 0. Com a torcida empurrando, numa simbiose necessária, o Náutico impôs ao técnico Dunga a sua 4ª derrota em 35 jogos no Inter. Ex-líder…
Uma grata novidade no álbum oficial do Campeonato Brasileiro desta temporada foi a arte de Maurício de Sousa, que desenhou um atleta de cada um dos vinte clubes.
O mesmo traço característico da famosa Turma da Mônica (veja aqui).
No Sport, o goleiro Magrão. A figurinha número 328.
No Náutico, o volante Derley, ídolo timbu, mas que já deixou os Aflitos. O cromo 220.
Ao todo, são 501 cromos autocolantes, dos quais 21 jogadores aparecem no formato especial, como um desenho. Vinte e um?
Início da negociação. Após encontrar o jogador supostamente ideal, através de seus dirigentes ou de empresários, o clube negocia com o atleta (ou seu agente) e acerta as bases salariais e as luvas, após semanas de conversas. Paralelamente a isso, se articula com o detentor dos direitos econômicos, de milhões de reais. Clube ou grupo financeiro.
Ou abre o cofre e compra a totalidade (ou um percentual) ou então, sem um caixa tão forte, negocia a possibilidade de fechar com o reforço sem pagar nenhum centavo…
De graça? O dono não ganhará nada?! Não existe isso no futebol. Na prática, o detentor dos direitos sempre terá uma vantagem. Espera valorizar o seu jogador em outra praça ou mantém as plenas condições de requerer o nome de volta a hora que quiser.
Sendo ele titular ou não. Capitão ou não. Ídolo ou não.
No começo deste ano o volante Derley assinou com o Náutico por R$ 75 mil mensais, no maior salário pago clube até então. Seis meses depois, o Inter exigiu o atleta de volta, ao receber uma proposta de R$ 800 mil do Atlético-PR, a qual o Timbu não cobriu.
Este é apenas um exemplo do futebol atual, com elencos sem controle.
Por outro lado, com cifras altas, aparece como um caminho para manter o nível técnico.
Você concorda que seu clube abra mão dos direitos econômicos dos jogadores para conseguir reforçar o elenco?
Na primeira divisão nacional não há espaço algum para vacilos.
Os contragolpes adversários quase sempre apresentam jogadores renomados, rápidos e com poder de fogo comprovado em outras pelejas.
Ao retornar para a Série A, há o dever de aproveitar ao máximo as chances criadas em campo, raras. Não é fácil, claro. Existem inúmeras barreiras.
A primeira delas, obviamente, é o limite técnico, com a transição de uma equipe do segundo para o primeiro degrau do futebol brasileiro.
Em seguida, o nervosismo, a ansiedade. De uma estreia e da inexperiência.
No caso alvirrubro, calejado com a derrota no último instante na semana passada, a estreia na noite deste sábado foi contextualizada pelo fator casa, com o estádio dos Aflitos voltando a receber o Brasileirão depois de quase mil dias.
No bom clima deste retorno, um novo uniforme. Se daria sorte contra o Cruzeiro? Aí vale a superstição de cada um. E foram vários em Rosa e Silva, com 12.531 torcedores.
Pois faltou um pouco de “sorte” ao Náutico, caso o torcedor não queira enxergar de outra forma as inúmeras oportunidades desperdiçadas.
O Timbu marcou bem e, ao contrário da primeira rodada em Florianópolis, dessa vez se lançou ao ataque. Foi parado inúmeras vezes através de faltas. Mais de 40.
Somado à boa atuação do goleiro adversário, Fábio, o Náutico poderia ter marcado com Lúcio, Araújo, Derley e Souza. A maior chance foi com Araújo, longe da inexperiência.
O Cruzeiro, com jogadores de qualidade como Montillo,Wellington Paulista, Souza e Tinga, não escondia de ninguém a sua má fase, precavido demais.
O time mineiro se arriscou pouco, como é de praxe nos times de Celso Roth. Ainda contou a colaboração do árbitro, que não expulsou Charles no primeiro tempo.
A bola teimou, mas não entrou, 0 x 0. O Náutico até merecia a vitória, só não foi contundente nas conclusões. Sorte à parte, a Série A demanda plena eficiência.
“Vamos trazer quantos reforços precisarem. A gente não vai medir esforços. Pior do que não trazer é cair. E o Náutico não vai ser rebaixado.”
Declaração do presidente do Náutico, Paulo Wanderley, logo após a eliminação do clube no Estadual desta temporada, que manteve o jejum de taças desde 2004. Mas foi rápido ao projetar o decorrer do ano para o Timbu.
O fim da participação alvirrubra no certame local vem com um “bônus”.
O Timbu, agora com Gallo, terá exatamente 20 dias de descanso até a estreia na Série A, torneio que realmente interessa neste neste ano. Até a estreia contra o Figueirense.
Mais do que uma intertemporada, o Náutico precisa se qualificar. Remontar o elenco.
Vale lembrar que foram 15 contratações para o Campeonato Pernambucano. A grande maioria, que não foi indicada pelo técnico Waldemar Lemos, desagradou. Faxina.
Todo o planejamento da diretoria foi fundamentado para investir no Brasileirão. Pois bem, chegou a hora de utilizar o maior orçamento da história de Rosa e Silva.
Conforme divulgado, o Náutico poderia chegar a um faturamento de até R$ 40 milhões em 2012. Contudo, faltam alguns pontos importantes.
O clube saiu do Estadual sem um patrocinador-master no uniforme. Isso é inadmissível.
A diretoria segue esperando por uma marca de impacto no Nacional, mas acabou abrindo mão de uma receita vital durante quatro meses. Fará falta?
Sobre o contestado time, não há mais tempo para garimpar reforços. O momento é de anunciar as contratações. A dupla de zaga, o goleiro Gideão e algumas peças no meio-campo se salvam. Lá na frente, a situação é crítica…
Lutará para formar um time competitivo, para ficar no mínimo em 16º lugar. Até mesmo para retomar a confiança da torcida, ponto alto do time a partir de agora.
Pelo terceiro ano consecutivo, o Sport eliminou o Náutico do Estadual. Em jogo sem muitas emoções, um empate em 0 x 0 neste domingo, na Ilha do Retiro.
O hexa não veio, mas o sonho do 40º título estadual segue vivo. Uma marca importante, pois apenas oito clubes do país chegaram a esta quantidade de taças (veja aqui).
O Rubro-negro, finalista em todas as edições do atual formato do Pernambucano, chega na decisão sem agradar ao seu torcedor. Nesta tarde, apenas 19.026 pessoas.
O troféu de campeão pode salvar o início de ano pouco promissor do Sport, que terá em maio a arrancada de sua principal missão em 2012, o Brasileirão.
Ao contrário dos anos anteriores, o Alvirrubro encarou esta semifinal em baixa. Chegou ao cúmulo de estrear um técnico nesta fase. Chegou ao seu limite técnico.
Como já havia ocorrido na partida anterior, porém, o Náutico foi melhor em campo no primeiro tempo e exigiu boas defesas do goleiro Magrão, apesar do ataque inoperante.
Com o meia Ramón solto, o Timbu procurou agredir. No Sport, um time precavido demais, utilizando a vantagem obtida nos Aflitos. Com três zagueiros e três volantes…
Com a retranca armada, o Leão praticamente abdicou do ataque, com Marcelinho muito isolado. Chance mesmo, apenas uma, com Jheimy. Acabou irritando a torcida.
Somente no primeiro tempo foram sete escanteios para os alvirrubros e nenhum para os rubro-negros, num indicativo sobre a disparidade no clássico até ali.
O centroavante Jael, já visado pelos leoninos pelo suposto excesso extracampo, foi para o jogo no lugar de Jheimy. No seu primeiro lance, um chute de fora da área, aos 38 segundos da etapa complementar. Gideão espalmou.
Teria sido a primeira mudança drástica no domínio em campo? Sim. Mesmo com o jogo amarrado, o Sport cresceu de produção, buscando mais o jogo.
Com a bola passeando mais no campo timbu, o Sport manteve a sua vantagem intacta.
Intacta sim, mas poderia ter sido vazada uma vez, a dez minutos do fim, caso o auxiliar Jossemar Diniz não tivesse assinalado impedimento no gol de Souza…
Na Ilha, uma comemoração contida. A finalíssima também será lá… Festa maior?
Interior do Rio Grande do Norte, a 115 quilômetros de Natal.
Município de Santa Cruz, de apenas 36 mil habitantes.
Na primeira participação do time local na Copa do Brasil, um horário ingrato, fora da rotina da pacata cidade. Jogo às 22h desta quinta-feira.
Numa clássica falta de organização do futebol brasileiro, a partida foi agendada tão tarde para atender ao pleito da emissora de televisão com os direitos de transmissão.
Por problemas técnicos, a exibição foi abortada previamente.
Só não lembraram do relógio…
De alguma forma, isso acabou sendo melhor para o Náutico, jogando sem pressão alguma no estádio Ibezerão, com 1.249 torcedores. Alvirrubros, inclusive (veja aqui).
Em campo, uma disparidade técnica visível. Ao Timbu, era fazer como outros clubes da Série A nesta temporada e garantir a vaga logo de cara, sem vacilo.
Assim como o rival rubro-negro, a classificação saiu. Suada, nos descontos.
A vitória timbu por 3 x 1 começou a ser desenhada aos 14 minutos, quando o ala esquerdo Jefferson cruzou e o zagueiro César Marques, estreante da noite, cabeceou.
Na etapa final, Binho, atacante do Santa Cruz genérico, até deu trabalho. Primeiro, mandou no travessão de Gideão. Depois, empatou de cabeça.
Os comandados do técnico Waldemar Lemos, sem deixar o tom dominante em campo, partiram pra cima e voltaram a ficar em vantagem com Auremir.
Aos 46 minutos, na pressão pernambucana, Derley recebeu de Siloé e confirmou a vaga. Marcou o gol, festejou e logo depois se mandou para o Timbus, já na madrugada.
Se a classificação foi rápida, nada melhor que aproveitar o tempo extra. A volta ao Recife foi logo em seguida. Vaga, lanche, banho e pé na estrada.
Agora, o Alvirubro espera o vencedor da chave entre Fortaleza e Comercial-PI.
Vai ter tempo suficiente para estudar o adversário…
No sábado, o Santa Cruz triturou o Petrolina, dando o troco do resultado anterior.
No domingo, a torcida alvirrubra esperava o mesmo contrao Belo Jardim. Ir à forra.
Vencer, venceu, por 3 x 1. Mas enfrentou dificuldades nos Aflitos. Não esteve bem.
Antes de construir a vantagem no placar, o Timbu viu o seu goleiro Gideão fazer uma defesa espetacular numa finalização de Toti. Foi só o aviso de uma tarde truncada.
Depois, o time até deslanchou, com gols de Derley, pegando um rebote aos 29 minutos, e Douglas, num chutaço de fora da área, aos 34.
No finzinho da primeira etapa, Fernandinho diminuiu para os visitantes, cobrando uma penalidade. Por pouco o Belo Jardim não empatou logo depois.
Na etapa final, consciente de que o adversário estava chegando com força, o técnico Waldemar Lemos priorizou a tática, a marcação. A coletividade.
Pesou bastante para a partida o excesso de passes errados e chutões das equipes. Naquela situação, isso beneficiava apenas o Alvirrubros, alcançando a vice-liderança.
O time até segurava o resultado, mas já não conseguia conter as vaias da torcida, com 10.065 presentes, apesar dos três pontos na conta.
Tentando reagir diante da pressão, o Náutico ampliou nos minutos finais, com Siloé, neo-artilheiro. Deu uma folga ao placar, que não condiz com o mau futebol nesta tarde.
Só depois, aplausos. Já era tarde. A irritação, da torcida, também era a dos jogadores.
Salário mínimo do Brasil em 2012: R$ 622. É o de maior poder de compra desde 1983.
Obviamente, ainda é muito pouco, considerando que o país agora ocupa o 6º lugar entre as maiores economias do mundo. E a desigualdade chega ao futebol.
Confira abaixo os maiores salários já firmados por grandes clubes pernambucanos a jogadores no Plano Real, desde 27 de fevereiro de 1994, com valores absolutos.
O alvirrubro Derley, após um mês de negociação, acertou por um contracheque recorde nos Aflitos, abaixo apenas de treinadores como Roberto Fernandes e Waldemar Lemos.
Sport – R$ 120 mil ao meia Marcelinho Paraíba, em 2011.
Náutico – R$ 75 mil ao volante Derley, em 2012.
Santa Cruz – R$ 40 mil ao meia Iranildo, em 2004.
Agora, algumas curiosidades sobre valores históricos no Recife:
Em sua segunda passagem no Náutico, há dois anos, o uruguaio Acosta veio recebendo R$ 125 mil. No entanto, o Timbu bancou apenas metade. O restante ficou com o Corinthians, detentor dos direitos econômicos do gringo.
A ausência da elite entre 1994 e 2007 colaborou para que o recorde timbu fosse recente. Para ser uma ideia, Kuki chegou ganhando R$ 3.600 e luvas de R$ 500. Subiu para R$ 7 mil após o título de 2001. O auge foi em 2006, no acesso, com R$ 40 mil.
Em 1999, o argentino Mancuso assinou um contrato com o Santa em dólar, por US$ 22 mil. A cotação era de R$ 1,75 (R$ 38,5 mil). Após a dispensa do jogador, no segundo semestre, a cotação subiu para R$ 1,90. O salário poderia ter subido para 41.800 reais.
Nem em 2001 e 2006, quando jogou a Série A, o Tricolor conseguiu superar o valor de Iranildo, contratado para o Estadual. O zagueiro Paulão foi o dono do maior salário em 2001, com R$ 38 mil. Carlinhos Bala, no ápice em 2005, ganhava R$ 27 mil…
O Rubro-negro segue como o único a bancar mais de 100 mil reais a atletas. Também estão na lista os meias Paulo Baier (R$ 110 mil) e Paulinho (R$ 100 mil), ambos em 2009.
O primeiro salário de grande porte do Sport foi o do zagueiro Wilson Gottardo, em 1999, com R$ 70 mil, causando problemas com o ídolo Leonardo, que ganhava R$ 60 mil.
É importante lembrar que há míseros quatro anos, o Leão, clube de maior poder aquisitivo do estado, tinha como teto para novos contratados a quantia de R$ 40 mil.
Quatro temporadas depois, essa realidade é quase inviável até para reservas…
No Brasil, a maior cifra paga por um clube pertence ao Flamengo, com R$ 1,8 milhão a Ronaldinho Gaúcho. Também em 2011, o prodígio Neymar ganhou R$ 3 milhões do Santos, mas o valor inclui patrocinadores, com 50% de todos os vencimentos.
O maior salário pago a um atleta de futebol nesta temporada foi o do camaronês Samuel Eto’o, de inacreditáveis R$ 3,9 milhões, no obscuro Anzhi, da Rússia.
Sobre o supracitado salário mínimo, vale destacar que 8.944 dos 14.678 jogadores registrados na CBF ganham apenas isso, o que representa 60% do empregados da bola.
Confira um post sobre o crescimento descontrolado nos salários do futebol aqui.