Um clássico que fez jus ao nome! A palavra “emoção” esteve por todos os lados.
Embate com 18.112 pessoas, quase 100% da capacidade dos Aflitos, mesmo com transmissão na TV aberta para o Recife.
Impossível até então, o Santa Cruz acabou com todo o clima de pressão no domingo em apenas 4 minutos.
Quem? Thiago Cunha, é claro. Com um ótimo senso de posicionamento, o camisa 11 do Tricolor cabeceou para disparar na artilharia, com 5 gols.
Pouco tempo depois, na consequência de uma grande jogada de Eduardo Ramos, o também oportunista Ricardo Xavier empatou para o Timbu. Também de cabeça.
Depois da euforia inicial, tudo aquilo que acontece em qualquer clássico, que sempre vale alguma coisa, ainda que a tabela diga o contrário… E essa “dizia”, por sinal.
Discussões, bons ataques, defesas elásticas, arbitragem muito contestada, torcidas acesas, pênalti marcado, pênalti não marcado, empurra-empurra, expulsões…
E gols. Mais dois, do mesmo lado, vermelho e branco.
A virada com um golaço de Derley, com dribles e uma finalização no ângulo. Para completar, um gol polêmico, numa cobrança de pênalti de Bruno Meneghel.
Fim da invencibilidade coral. Agora, é manter a sua consistência no restante do Estadual, pois a aplicação do Santa valeu para o povão.
Arbitragem à parte, um pouco, mas o Timbu mostrou a sua força.
O Náutico deixou a polêmica atuação de Nielson Nogueira no colo de um revoltado Santa Cruz e saiu comemorando a vitória por 3 x 1.
Sem vencer há três jogos, o Timbu tinha a chance para mostrar o seu potencial.
Enfrentaria o Porto, então com 100% de aproveitamento.
O tricolor caruaruense não havia sofrido um gol sequer… Sensação.
Mas o Náutico voou nos Aflitos, finalmente.
Foi um atropelamento da equipe nos primeiros 45 minutos, com toque de bola, velocidade e, sobretudo, poder de fogo. Já com as principais peças, diga-se.
O atacante Ricardo Xavier, duas vezes, e o meia Eduardo Ramos, que havia desperdiçado uma penalidade logo no começo, abriram 3 x 0 em meia hora.
No fim do primeiro tempo, o quarto gol, com o volante Rodolfo Potiguar, de fora da área. Gol para garantir por “antecipação” os três pontos no desfecho da 5ª rodada.
Abatido, o Gavião ainda descontou na etapa final com Lalá.
Pouco, muito pouco para acabar com o sorriso escancarado dos 13.002 alvirrubros presentes no estádio em Rosa e Silva. Goleada por 4 x 1 e bom futebol.
Sete amarelos e mais dois cartões vermelhos nos Aflitos. Um pênalti marcado.
Ricardo Tavares mostrou um rigor típico de quem representa um quadro de arbitragem pressionado desde o primeiro minuto do campeonato.
Como era esperado, o Estadual de 2011 está sendo complicado. Encerrando a 4ª rodada, em uma sexta chuvosa, Náutico e Cabense fizeram um jogo disputado.
O time do Cabo de Santo Agostinho voltou a mostrar qualidade, mais uma vez com Rosivaldo. Carrasco do Sport, o atacante também balançou as redes do Timbu.
Neste momento do 1º tempo, a Cabense já havia cobrado um pênalti em direção à Suape… E o Timbu já seguia com dez em campo.
No finzinho, Caça-Rato foi expulso, deixando os times em condições de “igualdade”.
Com o apito final, com 1 x 1 no placar, os dois times saíram reclamando… No lado da Cabense, uma indignação ainda maior. Mais uma vez, pesou para o lado mais fraco.
Geladeira? A noite fria nos Aflitos pode ter sido um aviso não só a Tavares, mas para todo o quadro de árbitros da FPF. Atenção e critério.
Conversas imaginárias a 10 mil pés de altitude, em uma mesma aeronave.
“E aí, Eduardo Ramos, gostasse do teu novo clube?”
“Fala Ciro! Estão me pagando nos Aflitos. Os dirigentes se uniram por esse hexa…”
“Mermão, na Ilha também. Vai ser o melhor jogador do Pernambucano de novo?”
“Eu? Totalmente. Do outro lado agora, né amigo. Só alegria. E você, artilheiro?”
“Em cima do seu time, espero… Depois, a gente conversa mais. Começou o filme.”
“Vou assistir também. Mas Ciro, tu não vai para a Europa não? Saia dessa barca, po”
“Barca? hahaha Olha quem fala, brother. Pede um fone para mim também, valeu”.
…
“Mas Derley… O que aconteceu na semana passada, a bateria caiu mesmo?”
“Opa, Wanderson! Era ligação demais. E eu estava pagando taxa de deslocamento”.
“Mas podia ter ligado a cobrar. Nós estávamos com os R$ 80 mil na mão para você.”
“Mas sabe, né… Lá também colocaram dinheiro na minha mão. E foi R$ 250 mil…”
“Pagaram adiantado, tá certo. Mas faça o mínimo: deixe o mais velho sentar a janela.”
…
“Olha o Carlinhos Bala aí no assento 18-C. Esse vai dar trabalho no Estadual!”
“Grande Berillo! Já está se arrumando por lá?”
“Rapaz, você foi bem com a gente. Quase ganhamos em 2010. O ano era com você.”
“Mas presidente, futebol é assim. Tem que ser pela melhor proposta. Sou profissional.”
“Então, por que aquela cena toda, deixando todo mundo sentado, esperando?”
“Marketing, presidente. Marketing. Além disso, estão me devendo no Náutico”
“A ação na justiça, de R$ 1 milhão? Sem razão. Negociamos depois, depois!”
“Com licença agora, presidente. Chegou a comidinha da aeromoça”.
De fato, o voo com rubro-negros e alvirrubros aconteceu neste sábado. Às 12h50, os dois clubes embarcaram no mesmo voo no Aeroporto dos Guararapes com destino a Petrolina – no domingo, Petrolina x Sport e Araripina x Náutico. Nos ares, 1h10min com algumas conversas. Com os personagens acima? Quem sabe. Tensão baixa…
Em 2010, os maiores destaques de Sport e Náutico no Campeonato Pernambucano foram, respectivamente, Eduardo Ramos e Carlinhos Bala.
Ainda estamos em dezembro e o cenário do Recife em 2011 já está montado. Com o enredo de sempre. Qualquer torcedor já esperava.
Eduardo Ramos no Timbu e Carlinhos Bala pelo Leão.
No mercado local, o que interessa mesmo é sempre o que o “outro” está procurando.
Com o leilão, o maior beneficiado é sempre o jogador, que acaba assinando um contrato supervalorizado. Bem além do seu momento de produção no gramado.
Agora, ambos chegaram a negociar um retorno, mas acabaram optando por vestir a camisa do rival no emblemático Estadual que se aproxima.
Nos bastidores, R$ 40 mil para um lado e R$ 40 mil para o outro. Tecnicamente, os dois até poderão somar ao grupo, mas não é só isso…
O desgaste a cada a contratação assim só pressiona mais o time. Afinal, não importa o histórico do atleta, o seu extracampo ou comportamento dentro do clube. O que vale mesmo é minar o adversário – mesmo que, no fim, você fique com a bomba.
Como “bônus”, os dois jogadores também acertaram até o fim do Brasileiro da Série B.
Quem saiu ganhando nesta “troca” para a próxima temporada?
Ou, melhor dizendo, quem saiu perdendo…?
O hexa tem preço, sim. E fica mais caro a cada leilão.
Talentoso e dono de arrancadas que conduziam o time às vitórias. O meia Eduardo Ramos rapidamente foi apontado como a “melhor contratação do Sport em 2010″.
E era verdade. Uma grata surpresa.
Começou jogou como segundo volante. Marcava e municiava Ricardinho, que havia sido o escolhido em janeiro para armar o time.
O tempo mostrou que Eduardo Ramos jogava bem mais que a posição que ocupava e que Ricardinho estava “cansado”, longe de ser um camisa 10 da Ilha do Retiro.
Mesmo atuando um pouco mais atrás, Eduardo Ramos foi mostrando a sua qualidade no passe e, sobretudo, nas passadas largas com a bola dominada.
Em 24 de janeiro, fui até Caruaru para fazer a cobertura do jogo Central x Sport para o jornal. O editor do Diario, Fred Figueiroa, também foi. Ainda no primeiro tempo, Fred comentou, lá do alto da cabine do Lacerdão:
“Esse cara joga bola. Sai para o jogo, é forte e chega no ataque. Pode jogar mais.”
Olhei para o lado e falei: “Tá bom, velho… Vai virar auxiliar de Givanildo Oliveira, é?”.
Brincadeira à parte, o jogador teve a segunda nota mais alta da vitória leonina por 2 x 1, com um 7,5. Abaixo apenas de Wilson, autor dos gols, com 9 (veja AQUI).
De fato, Eduardo Ramos rapidamente se transformou no principal articulador da equipe. Armou, deu assistências e marcou gols.
Foram muitos. Dez ao todo. O próprio meia chegou a dizer que nunca tinha tido uma fase “ofensiva” tão boa na carreira. Acabou como vice-artilheiro do time no Estadual.
Campeão e eleito o melhor jogador do Pernambucano, diga-se.
O status de ídolo já estava bem encaminhado.
Sucesso paralelo aos problemas particulares, um extracampo que comprometeu a sua passagem no clube. Goiano de Caçu, Eduardo passou a morar no Recife. Um jovem de 24 anos que conheceu a generosa noite da cidade. Em sua essência.
Em campo, uma displicência irritante para a torcida. Finalizações longe do padrão de outrora. O nível dos adversários havia melhorado? Sim. Mas não a ponto de fazer com que o jogador se tornasse opaco. As críticas foram inevitáveis.
Eis que na véspera do jogo contra o São Caetano, na Ilha, onde as vaias já eram algo comum para o camisa 8, o jogador pediu dispensa do clube. Problemas pessoais.
A pressão superou o talento. A noite superou a pressão. E não será fácil acordar.
A montagem que ilustra o post já circula há alguns dias na web. Marcou o jogador, segundo ele mesmo em entrevista ao repórter Celso Ishigami (veja AQUI).