Postagem atualizada em 16/12, após correção do Sport*
A eleição do Sport visando o biênio 2017-2018 é a maior da história do futebol pernambucano em relação ao número de sócios aptos para votar. O prazo para atualizar a mensalidade leonina expirou em 10 de dezembro, faltando seis para o pleito, e, segundo dados da comissão eleitoral, são 16.500 rubro-negros, com a lista já afixada na sede. Quase duas vezes mais que a eleição anterior.
O número se explica pelo crescimento em 2015, no embalo da campanha na Série A, passando de 8 mil para 27.576 sócios titulares adimplentes, somando todos os planos. E a maioria (59%) se inscreveu em categorias a partir de “contribuinte”, a mínima com direito a voto – lembrando que ainda há 16 mil dependentes, que não podem votar. Na última década, a Ilha do Retiro foi marcada por bate-chapas, tendo pelo menos 20,2% dos sócios presentes. Alcançando o percentual mínimo, a disputa entre Arnaldo Barros e Wanderson Lacerda já chegaria a 3,3 mil votos – o recorde é de 3.548, em 2000.
O colégio eleitoral rubro-negro nos últimos 10 anos: 2016 – 16,5 mil sócios aptos 2014 – 9 mil aptos (1.818 votos, ou 20,2%) 2012 – 12 mil aptos (3.441 votos, ou 28,6%) 2010 – 7 mil aptos (1.957 votos, ou 27,9%) 2008 – 8 mil aptos (3.456 votos, ou 43,2%) 2006 – 8 mil aptos (1.817 votos, ou 22,7%)
* Inicialmente, o Leão divulgou 27,5 mil aptos, porém, no dia da eleição, reduziu para 16,5 mil, excluindo sócios-torcedores e membros há menos de um ano.
A eleição alvirrubra para o biênio 2016/2017 foi a mais disputada da história do futebol pernambucano, com uma marca difícil de ser quebrada. Num universo de 1.544 votos válidos, numa disputa polarizada, a diferença foi de apenas dez votos. Dez! Vitória de Marcos Freitas, oposicionista, mas integrando o grupo que comandou o clube durante muitos anos. Superou Edno Melo, uma corrente disfarçada da atual gestão, apesar da bandeira independente.
Com o clube em situação crítica nos últimos anos, com jejum de títulos, caixa vazio e distanciamento da torcida, a indefinição marcou o período eleitoral, com os alvirrubros divididos entre promessas e descrenças. A boca de urna dos jornalistas nos Aflitos no domingo só comprovou o cenário. Se ouvia 50 sócios, Edno à frente. Mais 50, Marcos em vantagem. Seguiu até a apuração, com o resultado final já antológico. Esse foi o 15º bate-chapa no trio de ferro desde 2000. Até então, a eleição mais apertada havia sido no Arruda, em 2006, com Edinho vencendo por 57 votos, ou 4,05% de diferença. Agora foi de 0,65%.
Para Marcos Freitas, com experiência no conselho fiscal do Náutico, a missão é equalizar a receita a curto prazo. Já chega com uma direção pronta, mas terá de cara dois meses de salário atrasados entre jogadores e funcionários. E a atual gestão antecipou 50% da cota de R$ 950 mil do Estadual e R$ 800 mil da Série B de 2016. A vida não será fácil. E a responsabilidade é ainda maior.
Eleições mais disputadas no Trio de Ferro: 1º) Náutico 2015 – Marcos Freitas 50,32% x 49,67% Edno Melo 2º) Santa Cruz 2006 – Edson Nogueira 52,02% x 47,97% Alberto Lisboa 3º) Sport 2012 – Luciano Bivar 57,27% x 42,72% Homero Lacerda
4º) Sport 2000 – Luciano Bivar 64,09% x 35,90% Wanderson Lacerda
5º) Santa Cruz 2004 – Romerito Jatobá 66,94% x 33,05% Antônio Luiz Neto
Historicamente, as eleições presidenciais nos grandes clubes pernambucanos sempre focaram mandatos de dois anos no comando executivo. Durante décadas o sistema funcionou desta forma, de biênio em biênio. Somente em 2014 houve uma mudança, no Arruda, com a implantação do triênio.
Em relação ao formato da disputa, o último a adotar a eleição direta, com a participação de todos os sócios, foi o Náutico. Até 2011, apenas os membros do Conselho Deliberativo podiam votar.
Paralelamente à modernização dos estatutos, os clubes vêm convivendo com seguidos embates políticos. Se até os anos 1990 a formação do “consenso” era quase uma regra no processo eleitoral, hoje em dia o bate-chapa se tornou quase inerente às urnas nos Aflitos, no Arruda e, sobretudo, na Ilha do Retiro, que já contou até com urnas eletrônicas, com 21 equipamentos em 2000. Em Caruaru o consenso também vem passando longe.
Confira os dados das eleições com mais de uma chapa inscrita, com pleitos históricos do passado e todos os embates desde 2000, com percentuais dos votos válidos, e os curiosos nomes das candidaturas…
Última atualização em 06/12/2017
Náutico
1978 – 160 votos (apenas conselheiros)
João de Deus (Situação) – 108 votos (67,5%)
Virgínio Cabral de Melo (Oposição) – 52 votos (32,5%)
1979 – dado desconhecido
João de Deus (União e Trabalho) – vencedor
José Ventura (Movimento de Restauração Alvirrubro)
2009 – 160 votos (apenas conselheiros)
Berillo Albuquerque (Náutico Acima de Tudo) – 121 votos (75,62%)
Paulo Alves (Náutico Para Todos) – 39 votos (24,37%)
2011 – 1.632 votos
Paulo Wanderley (Náutico de Primeira) – 1.139 votos (69,79%)
Marcílio Sales (Movimento Transparência Alvirrubra) – 475 votos (29,10%)
Paulo Henrique (Renovação) – 18 votos (1,10%)
2013 – 2.146 votos
Glauber Vasconcelos* (Movimento Transparência Alvirrubra) – 1.575 votos (73,39%)
Marcílio Sales (Alvirrubros de Coração) – 458 votos (21,34%)
Alexandre Homem de Melo (Renovação) – 70 votos (3,26%)
Alberto de Souza (Náutico pra frente) – 43 votos (2,00%)
2015 – 1.544 votos
Marcos Freitas* (Náutico de Todos) – 777 votos (50,32%)
Edno Melo (Vermelho de Luta, Branco de Paz) – 767 votos (49,67%)
Santa Cruz
1975 – 1.387
José Nivaldo de Castro (Situação) – 1.195 votos (86,15%)
José Marcionilo Lins (Oposição) – 192 votos (13,84%)
Ele não tem apartamento, carro, terreno… Nada. Aliás, tem sim. Tem R$ 1,00 na conta corrente. Esse foi o valor total dos bens declarados de Túlio Maravilha, que, aos 39 anos e ainda jogando bola, venceu a eleição, no domingo, para vereador em Goiânia, a sua cidade natal. Filiado ao PMDB, o atacante do Vila Nova – atual artilheiro da Série B, com 21 gols – teve 10.401 eleitores, e foi o 3º vereador mais votado na capital goiana.
Folclórico, Tulio já quer seguir na carreira política. “Com certeza, vou pensar mais à frente em disputar a Câmara e quem sabe o Senado e até mesmo a Presidência da República”, afirmou o atacante, artilheiro da Série A em 1989, 1994 e 1995. Deve vir o ‘Bolsa-Gol’ por aí…
Apesar de curioso, esta não foi a primeira vez que um jogador entrou no mundo da política, e venceu. Em 2006, o ex-atacante Robson foi bem mais longe. Robgol (ex-Náutico, Santa e Sport) foi eleito deputado estadual pelo PTB no Pará, na época em que defendia o Paysandu. Aproveitando a fama e a numerosa torcida do Papão, ele teve 33,4 mil votos.
Durante a campanha, Robgol teve o apoio do vereador Wandick, que também atuou no Paysandu nesta década. Em 1989, ajudado pela Fiel, o meia corintiano Biro-Biro (revelado pelo Sport) ganhou uma das eleições mais concorridas do país, que é a disputa de vereador para São Paulo (maior colégio eleitoral do Brasil). Em 2006, quando se filiou ao PSC, ele tentou uma vaga na Câmara dos Deputados, mas não obteve êxito.