Com aumento irrisório, o subsídio recorde no Pernambucano

Cartão do Todos com a Nota

Subsídio estatal. Desde 1998, quando Miguel Arraes criou o Vale Lazer, o futebol pernambucano convive com esta realidade, recebendo um investimento do governo do estado para fomentar a arrecadação com ingressos no Estadual.

Ao todo, o governo vai bancar R$ 7,5 milhões em 2013, através do Todos com a Nota. Dependendo da decisão, em duas ou três partidas, o total será de 138 ou 139 jogos.

Será o maior valor já pago pelo poder público para o Estadual, mas com um aumento em relação a 2012 de apenas 0,9%. No ano passado, o incremento havia sido de 21%.

Desta vez serão 1.287.000 ingressos promocionais, 67 mil a menos que a edição passada. Na média, 9.258 bilhetes por jogo, com o governo do estado pagando em média R$ 5,82 por cada entrada. No ano passado o índice foi de R$ 5,48. A vantagem atual seria justamente no valor pago pelos bilhetes.

Para este ano, Náutico e Sport terão 8 mil ingressos em todos os seus jogos – alvirrubros terão 10 mil no primeiro turno. Já o Santa Cruz terá uma cota de 15 mil bilhetes contra os clubes intermediários e dez mil nos clássicos.

Confira o ranking de cartões digitais do TCN solicitados pelos torcedores aqui.

Considerando os últimos 16 Estaduais, 15 contaram com subsídio, totalizando um investimento público, entre Todos com a Nota e Futebol Solidário, de R$ 51.238.000.

Abaixo, os números do subsídio no futebol pernambucano, num levantamento produzido pelo blog, com destaque para as cotas de Sport, Santa Cruz e Náutico. Em 1999, o valor foi pago apenas no segundo e terceiro turnos.

Orçamento do subsídio estatal no futebol Pernambucano, com Todos Com a Nota e Futebol Solidário

Náutico B, Santa Cruz B e Sport B na Segunda Divisão

Barcelona B. Crédito: Barcelona/divulgação

Em 1970, o Barcelona estreou na terceira divisão espanhola. Terminou a campanha na terceira colocação, ficando a um triz do acesso.

Sim, o Barcelona oficial, blaugrana. Mas o Barcelona B.

Na Espanha, os times reservas, ou aspirantes, não jogam um torneio paralelo, mas o próprio sistema profissional da liga nacional. O objetivo é fortalecer a base e utilizar profissionais sem muito espaço nas equipes principais.

Messi, Xavi, Iniesta, Puyol e Valdés estão entre os nomes formados recentemente na equipe menor do clube. Contudo, há uma regra básica para este formato.

O time B sempre terá que jogar no mínimo uma divisão abaixo do time A. Não por acaso, mesmo flertando com o acesso inúmeras vezes o Barcelona B jamais pôde subir.

Essa ideia já foi estendida a outros times do país. No Brasil, o Palmeiras abriu a sua filial nas divisões inferiores do Paulistão. Agora, o plano deve aportar em Pernambuco.

A FPF propôs aos três grandes clubes do estado a utilização de equipes com idade Sub 23 para a disputa da segunda divisão do Estadual, a partir desta temporada.

A resposta do trio foi positiva. Na prática, isso vinha ocorrendo nas últimas edições da Copa Pernambuco, curta. Agora, um torneio extenso, com avaliação mais apurada.

Há a possibilidade de alguns jogos com mando de campo de alvirrubros, tricolores e rubro-negros serem realizados no interior, em acordos com prefeituras para movimentar o público fora da capital. Até mesmo para capitalizar a presença na Série A2.

Isso é quase de praxe. O próprio Barça B não joga no Camp Nou. É verdade que atua no vizinho Mini Estádio, construído em 1982 e com capacidade para 15.276 pessoas. Ao todo, esteve 20 anos na segundona, 19 na terceira, 4 na quarta e 1 na regional.

Qual é a sua opinião sobre a versão B de Náutico, Santa e Sport? Há estrutura?

Barcelona B. Crédito: Barcelona/divulgação

Popozuda, a bola do Pernambucano

Evandro Carvalho, presidente da FPF, e Valesca Popozuda no lançamento do Pernambucano 2013. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

Lançado o Campeonato Pernambucano de 2013. De antemão, esqueça o script padrão.

Na festa no Forte das Cinco Pontas, na noite desta quarta, personalidades do mundo futebolístico do estado estiveram presentes. Rodinhas de conversa o tempo todo.

Comentários sobre o regulamento esdrúxulo…

Papo sobre o calendário apertado, sobre o nível técnico duvidoso…

Críticas antecipadas à arbitragem…

Mas tudo isso acabou sendo deixado de lado por um instante surreal. Pois nada se compara ao comportamento do presidente da FPF atrás de Valesca Poposuda.

A cena, desde já antológica, poderia servir para batizar a bola oficial do campeonato.

Por sinal, foram doze modelos no palco liderado por Evandro Carvalho, todas elas “popozudas” e representando os clubes participantes do certame deste ano.

Entre as quatro mais famosas, eis os times: Valesca Popozuda (Ypiranga), Dani Bolina (Porto), Adriana Bombom (Serra Talhada) e Denise Rocha (Salgueiro).

E o objetivo de relegar a fórmula do Estadual foi alcançado, por uma noite…

Modelos no lançamento do Campeonato Pernambucano 2013. Foto: Roberto Ramos/DP/D.A Press

A estiagem nos gramados do interior pernambucano

Estádios Cornélio de Barros (Salgueiro) e Joaquim de Brito (Pesqueira) em janeiro de 2013. Fotos: Lucas Fitipaldi/DP/D.A Press

Uma duradoura estiagem vem castigando o interior do Nordeste.

Reservatórios em níveis cada vez mais baixos. Calcula-se que 80% dos açudes e barragens estejam secos. Caminhões-pipa circulam nas precárias estradas sem parar.

Mais de um milhão de pessoas afetadas pela seca somente em Pernambuco.

Aos cidadãos, àqueles com menor poder aquisitivo, até as cisternas vêm esvaziando. É um problema de alcance nacional, ainda que a busca por soluções não seja tão efusiva.

Indiretamente, mas numa importância infinitamente menor, como já dizia Nelson Rodrigues, o futebol também acabou prejudicado.

Aliado ao planejamento escasso, parte dos gramados do interior estão bem surrados.

Uma exceção é o Cornélio de Barros, a 518 quilômetros da capital. Inaugurado há um ano, o estádio em Salgueiro conta com reservatórios que garantem o gramado verdinho.

Apesar da distância mais curta em relação ao Recife, de 215 quilômetros, Pesqueira apresenta um estado crítico. O estádio Joaquim de Brito não tem condições de jogo.

Sem uma barragem próxima, sistema de abastecimento regular ou dinheiro suficiente para caminhões-pipa, o campo do município é praticamente inexistente.

“Das coisas sem importância, o futebol é a mais importante.” 

Obviamente, a famosa frase de Nelson Rodrigues se aplica a este contexto. Portanto, futebol à parte, voltemos ao problema principal, com a falta d’água geral.

Principal projeto para mudar o antigo cenário, a transposição do Rio São Francisco segue lenta e cada vez mais cara. Quase o dobro, batendo em R$ 8,2 bilhões. Fora o prazo de conclusão até 2015. O problema está longe de ser resolvido…

Aplicativo oficial do Pernambucano para smartphones

Aplicativo do Campeonato Pernambucano de 2013 para smartphones. Crédito: FPF/divulgação

Pela primeira vez o Pernambucano terá um aplicativo oficial para smartphones.

Desenvolvido pela empresa Look Mobile, focada na criação de softwares para dispositivos, o novo produto do Estadual terá tabelas, classificação atualizada, vídeos exclusivos e informações da competição desta temporada.

O aplicativo será disponível de forma gratuita para os sistemas Android e iOS para iPhone, iPod Touch e iPad. O lançamento será na abertura do campeonato estadual.

A iniciativa da Federação Pernambucana de Futebol se aplica bem ao cenário atual da tecnologia cada vez mais acessível aos torcedores locais.

Este modelo de informação já está virando uma tendência no esporte. Em breve, deverá englobar aplicativos oficiais dos próprios clubes do estado. O mais rápido possível…

O aumento do percentual na renda da FPF a cada partida

Regulamento do Pernambucano 2013

No borderô de um jogo de futebol a renda precisa ser toda detalhada, com o número de ingressos vendidos e devolvidos de cada setor e, também, as taxas necessárias…

A renda é dividida por inúmeros setores antes da receita líquida destinada ao mandante.

Como exemplo do que significa essa gama de taxas, a última final local, com a vitória do Santa Cruz na Ilha do Retiro. Na ocasião, o Clássico das Multidões gerou uma renda bruta de R$ 676.635. Com os descontos, R$ 498.717, ou 73%.

Alguns exemplos praticados no Campeonato Pernambucano:

1) 1% da renda líquida à Associação dos Cronistas Desportivos de Pernambuco (ACDP)
2) 5% da renda bruta para a contribuição do INSS
3) Aluguel de campo, taxas de arbitragem, exames anti-doping, ambulância, seguro etc.

Neste bolo, o maior percentual, fora o faturamento do mandante, é o da própria FPF, com 6% da renda bruta de cada partida disputada. Era assim até 2012. Confira aqui.

Sem um motivo aparente, a taxa de administração da FPF subiu para 8%, de acordo com o regulamento do Estadual 2013 publicado pela entidade – veja aqui.

A longo prazo, é um aumento considerável. No Pernambucano deste ano, a renda total nas bilheterias foi de R$ 12.387.066. Ou seja, a federação embolsou R$ 743.223.

Caso o novo percentual estivesse em vigor, o montante saltaria para R$ 990.965.

Uma diferença absoluta de R$ 247.742 em quatro meses.

E assim a FPF segue como entidade futebolística mais lucrativa do estado. De 2011 a 2012, por exemplo, o seu patrimônio líquido subiu de R$ 2.858.889 para R$ 3.757.389, registrando um crescimento de 31,4%.

Agora, mais um motivo para um 2013 ainda mais saudável financeiramente.

Atualização do post.

Ao Superesportes, a explicação do presidente da FPF, Evandro Carvalho:

“Os clubes viram o esforço da FPF, no investimento nas divisões de base, nas competições amadoras. A proposta era de um reajuste de 10%, mas achamos que vai dar para trabalhar com os 8%. Se não der, a gente faz o reajuste no outro ano. Nos outros estados, a taxa é de 10%. Somos o que recebe menos”

1) A entidade frisa que os torneios da base não tem custo repassado aos clubes. Nota-se que o custo existe e será cobrado com antecedência, a cada jogo profissional.

2) Não procede a taxa de 10% em outras federações. Pelo contrário, a pernambucana já era alta. Em São Paulo, a entidade cobra 5%, mesmo percentual da federação baiana de futebol, do mesmo porte da pernambucana. Veja exemplos aqui e aqui.

Outra declaração do mandatário da FPF:

“Com os prejuízos que vamos ter com este Pernambucano (2013), com menos clássicos, vamos ter um déficit de mais de R$ 1 milhão.”

3) Ou seja, já que a entidade terá um déficit, nada como repassá-lo para os filiados…

Regulamento do Pernambucano 2012

A inacreditável fórmula definitiva do Pernambucano 2013

Feliz 2013. Crédito: FPF

Complexo, o regulamento do Campeonato Pernambucano de 2013 foi alvo de críticas inicialmente pelo primeiro turno, de valor discutível. Mas não ficou só nisso…

Para quem ainda não entendeu, eis a íntegra abaixo. Um documento de 15 páginas da FPF, modificado após o Conselho Arbitral, com a devida aprovação dos filiados.

Da vantagem na semifinal, de volta ao formato da Copa do Brasil, mas com critérios de desempate como cartões vermelhos, amarelos e sorteio, à definição da classificação final de todas as equipes, um sistema bem complicado para o torcedor.

E o que dizer da decisão do campeonato? Não há a vantagem na melhor campanha geral, como neste ano, ou sequer o saldo de gols nos 180 minutos.

Se houver empate em pontos nas duas partidas, haverá um terceiro jogo, com mando de campo da FPF. Nova igualdade, pênaltis. É grande a chance de que o estádio em questão para o duelo extra seja a Arena Pernambuco, em seu ano de estreia.

Hipoteticamente, uma equipe poderá ser campeã com a seguinte campanha: lanterna do primeiro turno, sem ponto algum; 4ª lugar no segundo turno; na semi, 1 x 0 em casa e 1 x 2 fora; na final, 1 x 0 em casa, 0 x 6 fora e 0 x 0 com vitória nos pênaltis na extra…

Doze clubes, inúmeras fases e nível técnico mediano na 99ª edição do Estadual.

Qual é a sua opinião sobre a fórmula? Simples de entender…?

As torcidas divididas pelo Todos com a Nota

Utilização do programa Todos com a Nota em 2012, com Sport, Santa e Náutico. Crédito: Todos com a Nota/Facebook

Certamente, vai começar a velha discussão… Mas vale uma análise.

A direção do programa Todos com a Nota divulgou um gráfico sobre a quantidade de cartões da promoção governamental solicitados nesta temporada. Só a partir do cartão é possível reservar ingressos nas mais variadas competições.

Ao todo, mais 100 mil cartões magnéticos foram cadastrados no sistema pelos torcedores. Nos percentuais, Sport 49%, Santa Cruz 30% e Náutico 21%.

No fim do ano passado, na última atualização desses dados, o programa TCN havia chegado à marca de 200 mil cartões digitais (veja aqui).

Na ocasião, Sport 49,5%, Santa Cruz 29% e Náutico 21,5%. Índices parecidíssimos, num universo de 100 mil e 200 mil cartões, respectivamente.

Na soma geral, seriam 148 mil cartões rubro-negros, 88 mil tricolores e 64 mil alvirrubros.

Na prática, a projeção se manteve, mas aí entra o questionamento. Este cenário é o reflexo geral das três maiores torcidas de Pernambuco?

Talvez, o mais correto seja dizer o óbvio, que este quadro mostra de forma direta uma camada da população, de menor poder aquisitivo.

Aquela que consome o futebol local via Todos com a Nota, até porque no último campeonato estadual a torcida do Santa Cruz, por exemplo, comprou mais ingressos no formato tradicional, entrando em choque com os dados apresentados aqui.

Considerando apenas os ingressos promocionais, foram 1,8 milhão de torcedores nos estádios este ano, proporcionando um acréscimo de 39% em relação a 2011.

Não por acaso, o contexto do Todos com a Nota está longe de ser desprezível, uma vez que estamos considerando nada menos que 300 mil pessoas…

Cartão da campanha Todos com a Nota

Santa Cruz domina a Copa Pernambuco, interesse à parte

Copa Pernambuco 2012, final: Santa Cruz 0x0 Porto. Cobra Cobral faturou o tetra. Foto: Jamil Gomes/Santa Cruz

Ao Santa Cruz, o tetra da Copa Pernambuco pontuado por uma diferença abissal de interesse na torcida. No período recente de vacas magras, até houve a atenção…

Em 2008, rebaixado à quarta divisão nacional, os tricolores tentaram diminuir um pouco a dor com o inédito título da copinha, com 8.015 torcedores no Arruda. Recorde.

No ano seguinte, a eliminação ainda na primeira fase da Série D causou uma comoção na torcida, que abraçou o clube tricolor. A finalíssima da Copa Pernambuco, transmitida na televisão aberta, registrou 17.571 pagantes, no maior público da história do torneio.

Em 2010, o tri. O terceiro insucesso consecutivo em âmbito nacional refletiu no jogo que deu o terceiro título da Copa, com 5.820 pessoas no Mundão. No entanto, dessas três primeiras conquistas saíram nomes como Gilberto, Memo e Everton Sena, atletas que ajudaram bastante na reconquista do Estadual, com o bicampeonato pernambucano.

Neste sábado, o tetra da copinha. No Arruda, como todas as outras voltas olímpicas.

Desta vez às moscas, no empate em 0 x 0 com o Porto de Caruaru, em um duelo com equipes Sub 23. A própria expectativa da diretoria não era das melhores, uma vez que apenas 3.500 bilhetes foram confeccionados, Todos com a Nota à parte (entenda aqui).

Isso porque além do desinteresse da torcida coral, mesmo com a “dobradinha” no futebol local, o torneio da FPF foi o mais rápido da história, com apenas vinte partidas, dificultando até mesmo a ideia base para esta edição, visando revelar talentos.

Mas taça é taça e essa vitória deixou o Tricolor como o maior campeão do torneio, ao lado do Recife. Em 2013, se ainda tiver fôlego e consideração, que venha o penta…

Tetracampeonato coral na Copa Pernambuco, no Arruda

2008 – 8.015 torcedores (Santa Cruz 4 x 0 Atlético Pernambucano)
2009 – 17.571 torcedores (Santa Cruz 4 x 3 Central)
2010 – 5.820 torcedores (Santa Cruz 3 x 3 Sport)
2012 – 1.419 torcedores (Santa Cruz 0 x 0 Porto)

Confira a lista de campeões e vices da competição desde 1994 clicando aqui.

Casa cheia na Copa Pernambuco, pero no mucho

Público e renda da Copa Pernambuco 2012. Crédito: FPF

Enxuta, a Copa Pernambuco desta temporada teve apenas seis clubes. Ao todo, vinte partidas programadas para a 18ª edição.

Pouca exposição, quase nenhuma transmissão e interesse da torcida à revelia. Mas, acredite, a competição vem atraindo um bom público nas arquibancadas…

Pelo menos para a Federação Pernambucana de Futebol, que contabiliza 30.027 torcedores nos 17 jogos realizados até o momento (veja aqui).

Quase todos com o mesmo público e a mesma renda, 2.000 torcedores e R$ 7.000.

Trata-se de uma receita concebida pelo programa Todos com a Nota, num acordo firmado pelo governo do estado para cinco torneios organizados pela FPF, as Séries A1 e A2, Copa Pernambuco, Taça Sub 20 e estadual de juniores.

No total, investimento de R$ 7,433 milhões por 1.354.000 ingressos promocionais.

No papel, esse público da Copa Pernambuco está lá, de forma oficial…

Nos jogos em si, não é tão simples comprovar a média de 1.766 pessoas, que deixaria o torneio em 13º lugar entre os estaduais com as maiores médias de público do ano.

Vale ressaltar que não é a primeira vez que o público no borderô não corresponde ao dado visível nos estádios desde que o futebol local passou a ser subsidiado.