Céu de brigadeiro. Ilusão?

Série B-2010: Sport 2 x 1 Figueirense, na estreia do técnico Geninho. Foto: Heitor Cunha/Diario de Pernambuco

A chuva caía na Ilha… Tudo a ver com o momento. Depois de ótimas notícias nas últimas 24 horas, com as contratações do atacante Marcelinho Paraíba e do técnico Geninho, perder em casa no dia seguinte seria o anticlímax. Pois estava acontecendo.

E não era para qualquer equipe, mas para o bem organizado time do Figueirense. Tanto que a vitória parcial por 1 x 0 levava o Figueira para a liderança da Série B.

No segundo tempo, Geninho, já na beira do gramado, começou a implantar mudanças no Sport… Uma delas era quase uma exigência da torcida. A displicência do talentoso meia Eduardo Ramos havia chegado (ou ultrapassado) ao limite.

Houve a troca. Houve a melhora. E veio a consequente virada no placar. Primeiro com um oportunista Ciro, que aproveitou uma bobeira do goleiro adversário e sofreu o pênalti. Bateu com raiva e empatou. Chegou a 9 na Segundona e é o artilheiro.

Depois, veio o atacante Dairo, outro contestado. Bateu com ainda mais violência, de fora da área. Golaço, Sport 2 x 1. A nove pontos do G4.

O céu ainda está longe. Mas é de lá que vem o principal reforço para a temporada. Nesta quarta, o voo de Marcelinho Paraíba chegará às 11h40 no Aeroporto Internacional dos Guararapes. Novos ares na Ilha. Já era hora.

O bonde

Bonde

Foi um duro golpe para os alvirrubros.

A vitória foi algo bem possível no jogo contra o Guaratinguetá na noite desta terça, mesmo atuando no interior paulista. O adversário teve as suas chances, ok. Mas o Timbu encaixou pelo menos dois bons contragolpes. Mas não definiu…

No fim, o pior cenário possível para o Náutico.

O jogo caminhava para um empate sem gols até os 46 minutos de jogo.

Um pontinho seria suficiente para manter o clube no G-4, a zona de acesso à elite do futevol brasileiro em 2011.

Mas Vágner Carioca marcou de cabeça. Para o Guaratinguetá, 1 x 0.

Nos últimos três jogos, o Alvirrubro somou apenas um ponto.

Com essa queda no desempenho da equipe, que havia vencido as quatro partidas antes dessa sequência, o Náutico saiu do G-4. Acabou sendo ultrapassado por Portuguesa e São Caetano.

A situação não é preocupante. O time de Rosa e Silva segue vivo na briga por uma vaga na Segundona. Porém, não é bom perder o famoso bonde…

73 minutos de ventania

A segunda-feira é considerada como um dia morto para o futebol.

O dia é, tradicionalmente, o único sem jogos oficiais na semana.

Domingo é o dia mais nobre, da elite nacional. A Série B comanda nas terças e sextas. Quartas e quintas são da Série A. E tanto A quanto B dividem o sábado.

Diario de Pernambuco: 10/08/2010. Capa do caderno de esportesMenos a segunda… Dia para pautas mais  “frias”, num jargão para reportagens que podem ser utilizadas em dias não específicos, sem perder o teor da notícia.

Ocasionalmente, acontece um furacão.

Este 9 de agosto assolou as redações pernambucanas. Papéis voaram.

Após fulminar uma ilha, é claro.

Enquanto eu terminava a minha matéria sobre a Arena da Copa, o repórter Alexandre Barbosa, setorista do Náutico, ia se virando no computador do lado, ligando e recebendo telefonemas do Sport.

O setorista do Rubro-negro, André Albuquerque já havia ido para casa.

Era o começo da ventania na Ilha do Retiro.

Primeira rajada de vento: 21h23.

Marcelinho Paraíba, experiente atacante de 35 anos. Contratado a peso de ouro, com salário de R$ 110 mil, dos quais R$ 60 mil devem sair do bolso do Leão.

Para mim, o dia já tinha a sua grande notícia. Fui para o cinema, pegar a velha última sessão: Meu malvado favorito. Às 21h20, no Shopping Recife. Um 3D de ótima qualidade.

Começa o filme, pra lá de divertido. O celular toca uma vez. Era Fred Figueiroa, amigo e editor da primeira página do Diario. Podia ser qualquer resenha. Deixei pra lá.

Não atendi, mas mandei uma mensagem simples: “cine”.

Poucos minutos depois, tocou novamente. Fred de novo. Preocupante… Saí rapidamente para retornar a ligação.

A voz apressada disse logo:  “Cerezo caiu”.

“Como é que é…? Por que…?!”

Porque Geninho está chegando. Já quer comandar o time contra o Figueirense.”

Cerezo havia caído às 22h05, pelo Twitter, e Geninho havia sido confirmado às 22h36, por telefone. Voltei para o filme. Continuei rindo bastante (assistam). Mas já curioso.

Saindo de lá, na volta para casa liguei para a Redação do jornal. Lá estava Fred, cuidando da capa do jornal. E também André Albuquerque, aquele mesmo que havia ido embora à tarde… O vento o levou de volta, voando, para o Diario.

Já passava de meia-noite quando comecei a me atualizar dos fatos. Após uma leitura no site Superesportes (veja AQUI), a compreensão do furacão de 73 minutos.

Furacão que mudou o Sport, que deixou o time com um atacante de qualidade para atuar ao lado de Ciro e com um técnico renomado e de grande aceitação da torcida.

A ventania só não trouxe os pontos para a tabela da Série B. Ainda.

Definindo as torcidas

Torcidas de Santa Cruz, Sport e Náutico

Deixando a rivalidade de lado, se é que é possível, comos as três maiores torcidas do Recife seriam definidas? É complicado…

E bem discutível, mas possível de ser feito, teoricamente.

Pois a consultoria inglesa Comperio Research o fez. A serviço do governo do estado, visando o projeto da arena da Cidade da Copa, a empresa fez um relatório com os três perfis. Ao todo, foram 288 entrevistados. Abaixo, o trecho original de cada clube. Leia a reportagem completa do Diario de Pernambuco AQUI.

Santa Cruz

“Os fãs de Santa Cruz são dedicados – independentemente do desempenho, eles tendem a comparecer aos jogos e apoiar o time. Veem o Sport Recife como sendo seu principal rivais e também e seus torcedores vândalos e causadores de confusão.”

Sport

“Os fãs do Sport Recife são leais e tendem a acompanhar o time em todas as competições. Ser fã do Sport Recife os torna exclusivos. Os fãs do Sport Recife veem o Náutico como o principal rival.”

Náutico

“A maioria dos fãs do Náutico vem das elites sociais. Eles vão aos jogos principalmente com suas famílias, para encontrar amigos e relaxar. Eles são muito sensíveis em relação ao desempenho do time e, quando este perde, tendem a ir à jogos com menor frequência. Os fãs do Náutico consideram o Sport Recife o seu maior rival.”

O Brasil viu. Será que gostou?

Série B-2010: Náutico 1 x 1 Sport. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Foi um Clássico dos Clássicos de ataque contra defesa, só de um lado. Jogo pra lá de disputado em um gramado encharcado nos Aflitos, num sábado chuvoso no Recife.

Com o Náutico pressionando o Sport durante quase toda a partida.

Mas isso não quer dizer que o setor ofensivo do Timbu foi eficiente.

Longe disso. Os atacantes alvirrubros finalizaram muito mal. Foi um festival de passes errados, de jogadas mal articuladas. E de algumas boas chances perdidas também.

E, acima de tudo, com um paredão chamado Magrão na meta do rival.

Apesar disso, ainda veio o gol de Elton, que foi, na verdade, o tento de empate.

Logo no início, o Sport já havia inaugurado o placar com o atacante Ciro, em seu primeiro gol contra o Timbu. Lance aos 4 minutos. Foi o seu 8º na Série B.

Depois, foram praticamente 11 rubro-negros atrás da linha bola.

Durante 54 minutos. Depois, com a expulsão do estreante Da Silva, foram mais 36 minutos com apenas dez. Uma pressão quase insuportável.

Mas a bola não entrou mais. Por uma boa dose de sorte (dos leoninos). E por causa do goleiro Magrão, já citado, em sua 269ª partida pelo Sport.

No instante final, foi a vez de Glédson salvar o Náutico em um contra-ataque.

E o clássico centenário terminou em 1 x 1. Partida que foi transmitida ao vivo pela TV para todo o Brasil, em sinal aberto. Inclusive para o Recife, com dois canais.

Nos Aflitos, 12 mil torcedores. Misto de vaias e aplausos nos dois lados. Mas e fora dali, nas milhares de televisões espalhadas pelo Brasil que sintonizaram no clássico…?

Será que a audiência foi boa? Será que os telespectadores ficaram satisfeitos?

Emoção, não faltou. Qualidade, sim. Que não tenha sido “traço” na audiência…

Salários em dia, por favor

Cash no futebol

O salário no futebol é uma questão delicada.

Não só no futebol como em qualquer função profissional, diga-se.

E o assunto não é o valor do contracheque mensal, pois isso cabe a cada trabalhador, independentemente de sua função.

De R$ 510 a R$ 1,3 milhão por mês, como ocorre no futebol brasileiro.

O post é centrado, na verdade, sobre o pagamento em dia, que é algo necessário (e obrigatório) em cada empresa/empregador. E em cada clube.

No esporte, um atraso de salário pode ser atrelado ao desempenho do time em campo. Uma suspeita antiga, muitas vezes infundada.

Outras, não. Como, por exemplo, mostra a célebre frase do ex-volante Vampeta, durante a sua passagem no Flamengo:

“Eles fingem que me pagam, e eu finjo que jogo.”

Se o time vence com salários atrasados, o resultado é tido como “superação” da equipe. Mas se a equipe sai derrotada na partida com os vencimentos atrasados, o grupo fica sob a suspeita de corpo mole, desatenção, descaso…

Foi o que aconteceu com o Náutico, na última semana, em Curitiba.

Se o clube vai jogar sob essa condição de atraso, aí a situação fica ainda pior, com a expectativa sobre o desempenho de cada atleta.

De fato, jogar com qualquer preocupação deve atrapalhar.

É nesse cenário que está o Santa Cruz, na Série D.

E há também o outro lado da moeda. Com salários rigorosamete em dia e um desempenho muito além do que espera qualquer torcida.

Aí, entra o Sport. Há anos com a folha quitada, mas irregular na tabela.

Dinheiro e futebol. Equação difícil… Mas a primeira soma é clara: tem que pagar.

Confira os 50 maiores salários do mundo do futebol AQUI.

O Brasil vai assistir

Estádio dos Aflitos

Pela primeira vez na história, o Clássico dos Clássicos será transmitido ao vivo pela TV aberta para todo o Brasil, exceto para o Recife.

O acirrado confronto entre Náutico e Sport já passou antes na televisão, obviamente. Em nível local, pelas emissoras pernambucanas, e também nacional, mas apenas na TV por assinatura, e ainda por cima com sistema pay-per-view, com um gasto extra.

Jogo com sinal aberto? Inédito. Quase surreal.

É uma responsabilidade a mais para o clássico centenário de Pernambuco, que terá o seu 497º capítulo válido pelo Campeonato Brasileiro da Série B.

Sábado, às 16h10, nos Aflitos. Transmissão da Rede TV (veja AQUI).

Fica a expectativa por um bom futebol das duas equipes, uma partida bem disputada, comportamento ordeiro das torcidas, organização da Polícia Militar e casa cheia.

Durante 90 minutos, neste sábado, o futebol pernambucao ficará em evidência. Ciro valorizado? O Brasil vai poder ver como está o atacante. Alexandre Gallo promovendo nó tático mais uma vez? Eis a chance.

É uma oportunidade rara de mostrar a nossa qualidade em 100% do campo.

Alvirrubros e rubro-negros, o Brasil está de olho!

Prata da casa

Vitória, vice-campeão de tudo...O Vitória foi um representante digno do Nordeste na final da Copa do Brasil.

A torcida rubro-negra fez uma festa bonita em Salvador. Em campo, o time lutou demais. Até virou o placar e venceu.

Um mísero gol sofrido em casa em toda a campanha foi o suficiente para derrubar o sonho do 1º título nacional do Vitória. A Copa do Brasil é do Santos (veja AQUI).

Agora, o Leão da Barra vai ter que aguentar a gréia do Bahia… Do bicampeão nacional, Bahia. O Vitória somou mais um vice para a sua galeria. Sobram medalhadas de prata.

O clube já foi vice da Série A (1993), da Série B (1992), da Série C (2006) e agora da Copa do Brasil (2010).

Mal acabou a decisão e as primeiras montagens começaram a circular na web, como essa aí ao lado. E vem mais por aí, não duvide. A torcida do Bahia já prepara até camisa especial com um slogan sacana: “Vice de tudo.”

Alta tensão

Fios de alta tensão

Semana pré-clássico. O script não muda.

Os portões sempre fecham. Câmeras proibidas. Acesso mínimo.

Treinos táticos sob poucos olhares, com esquemas táticos indefinidos (ou não). Bola parada treinada a exaustão sem pista alguma do desfecho do lance.

Jogadores orientados a não falar. E aqueles que falam acabam arcando com as consequência. Bronca garantida. Mesmo que seja após frases batidas como “Vamos buscar a vitória”, “Queremos a liderança” etc.

Os treinadores, no topo dessa organização secreta antes de um clássico, também mudam o perfil. Colocam em prática as táticas de “guerrilha”.

Alguns, adotam o silêncio absoluto, com sorrisos misteriosos a cada pergunta em entrevistas coletivas pasteurizadas durante este período.

Outros, não controlam os nervos. O discurso vai para o choque, pressionado e pressionando (veja AQUI).

Acontece isso em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Campina Grande, Maceió, Natal… E, sobretudo, no Recife.

A bola da vez é o centenário clássico entre Náutico e Sport.

Nos bastidores dos rivais, o discurso é inflamado. A vitória parece valer muito mais do que três pontos. Na prática, vale mesmo. Para muitos, vale o emprego.

Essa tensão pré-clássico (TPC) acaba sábado. A cura está nos Aflitos.

Até lá, tem gente que precisa de água com açúcar…

Canal clube/torcida

Torcidas de Santa Cruz, Sport e Náutico

Um canal direto entre clube e torcida. Ainda estamos na era jurássica nesse campo de integração, de uma massa que precisa ser ouvida pela minoria que dirige um clube. A ouvidoria já foi um avanço. Mas está longe do ideal. A Uefa, porém, acaba de dar um grande passo, com a criação de uma lei representativa para os seus 53 países filiados.

A entidade europeia vai exigir de seus clubes, a partir da temporada 2012/2013, a presença de um agente de contato com os torcedores. Mais de 600 times já requereram. Abaixo, um trecho das atribuições dos novos agentes, segundo a Uefa.

Os agentes têm como missão informar os torcedores das decisões mais importantes tomadas pela direção do clube e, no sentido inverso, comunicar à direção as necessidades expressas pelos torcedores, para ir além da construção de uma relação sólida – não apenas com a realização de iniciativas dirigidas aos grupos de torcedores, mas também com ações de segurança junto à polícia.

Os agentes deverão, também, estabelecer contato com os responsáveis pelo contato com os torcedores de outros clubes, de forma a assegurar que os torcedores de ambos os lados se comportam segundo as normas de segurança.

Veja a matéria completa no site da Uefa (em português) clicando AQUI.

O segundo trecho, com a troca de informações entre torcidas mandante e visitante aparece como algo essencial para combater a violência nos estádios.

No Recife, esse debate é feito antes dos clássicos, em reuniões na sala do comando da Polícia Militar. Mas podemos ir além, com um contato contínuo, como se propõe na Europa para um futuro próximo. Até porque em breve vamos assistir aos jogos em uma arena de primeiro mundo. Está na hora de se comportar de maneiro civilizada também…

Qual é a importância de um contato direto entre diretoria e torcida? Você tem alguma sugestão para modernizar a comunicação do seu clube? Comente!