Quatro campeonatos brasileiros e um Brasileirão

Quebra-cabeça da bandeira do Brasil

Uma pergunta teoricamente simples.

As quatro séries do Campeonato Brasileiro compõem uma só competição ou os diversos níveis do Nacional são torneios plenamente distintos?

O questionamento foi formulado a partir do imbróglio jurídico em que se meteu as Séries C e D, paralisadas há duas semanas. Na verdade, sequer foram iniciadas.

Os 60 clubes que estão sem jogar se articularam para buscar uma intervenção em uma esfera maior, o Superior Tribunal de Justiça.

Alegam que a paralisação pode se estender às Séries A e B, com mais 40 clubes. A explicação é fundamentada no sistema de acesso e descenso.

Quem caiu da segunda divisão no ano passado não está jogando agora.

Em qualquer série nacional, o rebaixamento tem a garantia de disputa no ano seguinte. Obviamente, não existe queda na 4ª divisão, e por isso a classificação é via estadual.

Para 2013, de fato seria um problema. Para onde iriam os últimos quatro colocados da vigente Série B? Seria inchada? Não há como desfazer o rebaixamento, pois isso está bem escrito no regulamento. Ou seja, viraria um efeito dominó, até a elite.

Na teoria, a justificativa é bem viável. Já na prática, na opinião do blog, foi apenas um movimento no tabuleiro deste jogo truncado para angariar força ao pleito, numa tentativa de chamar a atenção de grandes clubes e associações.

Considerando que a emissora que detém os direitos de transmissão da Série A da atual temporada pagou a bagatela de R$ 1 bilhão e que as quatro séries do Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil de 2011 geraram R$ 177 milhões em bilheteria, seria interessante chamar mais um integrante (o tal pagador) para a batalha.

Saindo um pouco da teoria, vamos citar um exemplo, o futebol da Inglaterra. Lá, existem 24 divisões. Sim, da Série A até a Série X (veja aqui).

A partir da 8ª divisão, o campeonato inglês fica semiamador. Se algum deles parar de forma semelhante, há como afetar a Premier League? Dificilmente.

Todos os contratos são focados na elite, considerada um torneio à parte. O mesmo ocorre, aliás, na segunda divisão. Tanto que o terceiro nível é chamado de “Liga Um”…

Voltando ao Brasil, o fato é que já passou da hora de alguma posição mais rígida.

Não foi por falta de aviso que essa chuva de liminares na justiça comum, se sobreponto à justiça dsportiva, seria um problema maior do que se pensava (veja aqui).

Confusão jurídica à parte, qual seria a resposta para a pergunta no início do post?

Especulando sobre o pior dos cenários nas Séries C e D

Capa do Superesportes: 01-06-2012

Tom alarmista…

E se as Séries C e D forem canceladas pela Confederação Brasileira de Futebol?

A entidade alega que economizaria até R$ 30 milhões com a decisão, baseada na interminável chuva de liminares na Justiça Comum.

Imbróglio que já adiou duas rodadas e que parece longe do fim, mesmo com a ameaçadora interferência da Fifa…

Assim, o entrave Justiça Comum x Justiça Desportiva se torna mais uma vez em um beco sem saída, como havia sido especulado pelo blog (veja aqui).

Como em 2000, há quem opte pelo caminho mais fácil, o de propor um novo campeonato. Há doze anos, o Brasileirão foi substituído pela Copa João Havelange.

Os 20 times da Série C e os 40 da Série D seriam agrupados em uma só competição. A ideia “genial” partiu da diretoria do Paysandu (veja aqui).

Folclore (ou não) à parte, vamos à pior de todas as opções…

Repetindo: E se as competições forem canceladas?

Partindo do viés pernambucano, com dois times na Terceirona, com investimentos de médio e longo prazo, e dois na 4ª divisão, com recursos injetados a curto prazo.

1) Os clubes não conseguirão as vagas para 2013. Sem campeonato, sem acesso.

2) Os times teriam que arcar com as folhas estipuladas com os contratos em vigor. Ir à justiça para buscar uma indenização até seria um caminho, bem longo.

3) Organizar torneios de última hora, apenas para movimentar os times, até poderia fazer parte do roteiro. O prejuízo, contudo, é quase certo, devido à motivação.

4) Contratos de patrocínio terão que ser renegociados, uma vez que as marcas estão atreladas, claro, à visibilidade. No caso, nenhuma.

Qual seria a sua ideia para acabar com esse impasse? Um novo torneio? Inchar a Série C e acatar todas as decisões da Justiça Comum? Congelar a estrutura até 2013?

As perguntas estão martelando a cúpula da CBF há dias…

Carreata coral simboliza a volta de um antigo costume

Domingo de sol, de comemoração, de greia…

Do Arruda até Boa Viagem, fechando o trânsito na Avenida Agamenon Magalhães, a torcida Santa Cruz festejou o bicampeonato pernambucano.

Veja uma galeria de imagens em slide show.

O percurso foi o mesmo do ano passado, trazendo à tona um antigo costume local.

As carreatas vinham caindo em desuso, mas tricolores, com os estaduais de 2011 e 2012, alvirrubros e rubro-negros, ambos pelo acesso à Série A, mudaram o cenário de um ano para cá. Confira a festa dos rivais aqui e aqui.

Em todos os casos, muita gente nas ruas…

No entanto, vale um cuidado especial da companhia de trânsito, para que as festa de toas das torcidas ocorram causando o menor transtorno possível às ruas da capital.

Queixa alagoana em amistoso coral expõe desorganização

Amistoso 2012: CSA 3x0 Santa Cruz. Foto: Jamil Gomes/Santa Cruz

No borderô, fiasco lá e lô.

No Recife, 6.021 torcedores no Arruda, com uma renda de R$ 115.820.

Em Maceió, apenas 751 pagantes no Rei Pelé, com uma bilheteria de R$ 7.835.

Nos dois jogos, duelos entre Santa Cruz e CSA, vencidos pelo tradicional time azul de Alagoas, por 1 x 0 e 3 x 0, respectivamente. Mas ficou uma mágoa por lá.

Inicialmente, seria apenas um amistoso, no estádio coral, para a entrega de faixas pelo bicampeonato estadual. Mas as duas diretorias se entenderam na ocasião.

O time alagoano aceitou a disputa caso também fosse realizada uma partida diante de sua torcida. Nas duas apresentações, os times principais em campo.

No primeiro jogo, sim. No segundo, não. A atitude tricolor de enviar uma comissão técnica adjunta e um elenco formado por integrantes do Sub 20 e alguns profissionais, reservas, frustrou a cúpula alviazulina, com direito a nota oficial (veja aqui).

De fato, amistoso já não atrai muita gente no futebol, descontando exceções com clubes de renome nacional ou internacional.

Com o time júnior…? Aí não tem como gerar renda. A queixa de Maceió procede.

Deveria existir algum regulamento mínimo para a realização de amistosos? Pois é.

Lições do Gama a Treze, Brasil e, sobretudo, Fifa

Davi e Golias

Sem exceção, a Fifa não aceita interferência da justiça comum nos torneios.

De acordo com a Constituição Federal do Brasil, entidades esportivas podem acionar a justiça comum após esgotadas todas as instâncias da justiça desportiva.

Uma resolução da Fifa, no entanto, veta esta atitude, sob risco de severa de punição, da eliminação de competições nacionais e internacionais à desfiliação sumária, através de ordem direta para as confederações nacionais.

Aí, começa uma antiga discussão, sobre o posicionamento da entidade que comanda o futebol. Se sobrepõe ou não à soberania brasileira?

A turma de Joseph Blatter alega que a Fifa é uma entidade internacional com regras próprias. De fato, é. Portanto, se porta à parte da legislação das 208 nações filiadas.

Assim, como encarar a suposta decisão de eliminar Treze/PB e Brasil/RS, que pleiteavam na justiça comum o direito de ingressar na Série C do Brasileiro deste ano?

É uma decisão definitiva. Pelo menos esta é a pressão orquestrada para que os dois times desistam das ações, evitando a punição gerada lá na Suíça (veja aqui).

Vale lembrar, então, um caso ocorrido há doze anos, que abalou a estrutura do país.

O modesto Gama foi rebaixado na Série A de 1999 por causa de uma decisão do STJD, que puniu o São Paulo após a escalação irregular de Sandro Hiroshi no jogo contra o Botafogo. Na ocasião, o Tricolor havia vencido por 6 x 1. Os pontos foram repassados para o time carioca, em uma leitura controversa da lei. O suficiente para salvar o Fogão.

Não foi o próprio Gama que entrou na justiça comum, mas entidades do Distrito Federal, terra do clube. Devidamente orientadas sobre o tema… A batalha foi mantida até o fim.

A primeira liminar a favor do time foi em 13 de novembro de 1999. A Fifa entrou na parada em 12 de junho de 2000, designando um dirigente da Conmebol para acompanhar o caso. Como agora, a Fifa ameaçou. Não só o Gama como a própria CBF.

Depois de muitas de idas e vindas – nas entranhas da justiça, comum e desportiva -, Clube dos 13 e CBF cederam e entraram em um acordo com o Gama em 20 de julho.

O clube candango disputou a elite nacional, encerrando um imbróglio de 251 dias.

No famoso “Caso Gama”, não houve desfiliação, nem do Gama nem da CBF.

No futebol, a soberania jurídica ainda é um mistério… No fundo, a própria Fifa concorda.

Uniforme nem sempre tricolor, rubro-negro ou alvirrubro

Uniformes alternativos de Santa Cruz, Sport e Náutico em 2012. Crédito: Penalty e Lotto

Padrão alternativo, terceiro uniforme, camisa especial. Tanto faz.

É uma fonte de receita quase inesgotável…

Os clubes de futebol passaram a desenvolver padrões especiais a cada ano, além dos dois modelos tradicionais, presentes no estatuto. Apoio total dos fabricantes.

Em algumas ações de marketing, diferenciadas, essas camisas só chegam depois às lojas. Assim, o torcedor acaba induzido a comprar o primeiro uniforme e a nova peça…

Muitos clubes já lançam a cada temporada até mesmo um quarto uniforme.

Nem sempre as cores têm uma relação direta com o distintivo, mas com algum fato histórico. No Recife, os três modelos mais recentes, acima, têm a sua explicação.

Náutico: os rios Capibaribe e Beberibe.

Santa Cruz: a Fita Azul pela invicta excursão internacional de 1979.

Sport: o amarelo simboliza o aniversário do clube, do ano passado.

Qual é a sua sugestão para os próximos uniformes alternativos do seu time? Comente!

No embalo, indique as camisas clássicas que você gostaria de ver novamete nas lojas do seu clube, em outro vetor da economia das marcas de material esportivo, o retrô.

Camisas retrô de Santa Cruz, Sport e Náutico

A matemática da bilheteria coral

Pernambucano 2012, final: Santa Cruz 0x0 Sport. Foto: Celso Ishigami/Diario de Pernambuco

Como era esperado, o Santa Cruz chegou a um acordo com o governo do estado e conseguiu um aumento no valor do ingresso para a campanha do Todos com a Nota.

No entanto, o número de ingressos promocionais diminuiu para a Série C.

Vamos às contas.

Anteriormente, seriam 20 mil entradas, ao custo de R$ 8. Agora, a carga passou para 10 mil bilhetes, com o poder público subsidiando R$ 11 por cada entrada.

A renda bruta com o TCN, que seria de R$ 160 mil, passou para R$ 110 mil por jogo.

Ao todo, o Santa Cruz poderia arrecadar R$ 1,44 milhão com as nove partidas da primeira fase do Brasileiro, ou até R$ 1,92 milhão em caso de classificação coral à decisão, com doze partidas realizadas no Arruda.

O faturamento mudou para R$ 990 mil e R$ 1,32 milhão, respectivamente.

Ou seja, o bicampeão pernambucano abriu mão de 31,25% da receita previamente informada. Para recuperar (e avançar), os corais querem tirar proveito dos bilhetes tradicionais, que serão comercializados por R$ 40 (arquibancada) e R$ 20 (geral).

Resta ver como será o comportamento da torcida coral com um ingresso mais caro e um torneio mais longo em relação ao último campeonato brasileiro. Muda um pouco.

O que você achou dessa decisão? Será melhor para o Santa Cruz? Comente.

Pernambucano 2012: Santa Cruz 2x0 Serra Talhada. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Paralisação das divisões menos favorecidas do Brasileiro

Tribunal

Suspenso o início das Séries C e D de 2012.

Com os torneios envoltos em um número enorme de ações na justiça comum, através dos clubes, o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Rubens Aprobatto, optou por adiar a abertura das competições, que começariam neste fim de semana.

Entraram na justiça: Araguaína (TO), Brasil de Pelotas (RS), Rio Branco (AC), Santo André (SP) e Treze (PB). As ações ocorreram nas respectivas cidades dos times.

Todos os juízes aprovaram os pedidos de inclusão, que se relacionam diretamente com o acesso e o descenso das duas séries (veja aqui).

Ou seja, se um clube ganhar a vaga, o outro perde, necessariamente. Bronca sem fim.

A chuva de liminares será informada à Fifa, que não curte muito a ideia…

De cara, a medida afeta os pernambucanos Santa Cruz e Salgueiro, na Terceirona, e Petrolina e Ypiranga, na última divisão nacional, que jogariam neste domingo.

A previsão para o início do Campeonato Brasileiro? Sem previsão…

Ao todo, 60 clubes ficarão sem ação alguma durante o período, com 1.500 jogadores sem atividade. Por mais que a folha de pagamento no fim do mês tenha que ser quitada.

Supondo que todos os atletas recebessem um salário mínimo, o que não é o caso, a despesa mensal seria de aproximadamente R$ 1 milhão…

Mais tempo de preparação para as agremiações ou desorganização pura? Pois é.

Poder público afina discurso com o Santa Cruz

Eduardo Campos recebe delegação do Santa Cruz, o campeão estadual de 2012. Foto: Andréa Rêgo Barros/SEI

No discurso aberto, o Santa Cruz segue fora do programa Todos com a Nota, o subsídio do governo estadual aos jogos de futebol em Pernambuco.

Dos seis representantes do estado no Campeonato Brasileiro, considerando todas as divisões, apenas o atual campeão estadual não assinou o contrato para a nova disputa.

Os corais querem que o bilhete pago pelo poder público aos jogos de Náutico e Sport, de R$ 13, na elite, seja o mesmo valor no Arruda, estipulado em R$ 8 (veja aqui).

Vale lembrar que a estreia tricolor na Série C está marcada para o dia 27 de maio, neste domingo. No Arruda. Em tese, seriam 20 mil bilhetes do TCN. Até agora, uma incógnita.

O Palácio do Campo das Princesas foi palco para a cerimônia oficial de entrega do troféu para o bicampeão pernambucano, nesta segunda-feira.

Com o governador Eduardo Campos e o mandatário coral Antônio Luiz Neto por lá, o evento logo se transformou em uma reunião para definir as diretrizes da campanha junto ao clube, que receberia até R$ 1,92 milhão no torneio, segundo a proposta inicial.

Certamente, o governo depende da torcida do Santa para manter a base de sucesso do Todos com a Nota. Assim como o Santa dependerá da verba subsidiada na Terceirona.

Um acordo deverá ser costurado. Ninguém está rindo à toa. Nem lá nem cá.

Mas será que falaram dos jogos do Santa na Arena Pernambuco? Fim do sorriso.

Eduardo Campos recebe delegação do Santa Cruz, o campeão estadual de 2012. Foto: Andréa Rêgo Barros/SEI

DM9 junto e misturado no Arruda, com ou sem amistoso

Amistoso 2012: Santa Cruz 0x1 CSA. Foto: Roberto Ramos/Diario de Pernambuco

Esperava-se uma arrecadação mínima de R$ 400 mil. O apelo era enorme.

Nada mais nada menos que manter o atacante Dênis Marques no elenco coral para a disputa da Série C, o grande objetivo do clube nesta temporada.

Com o título estadual acompanhado da artilharia isolada, mesmo estreando apenas na 8ª rodada da competição, o centroavante se credenciou no mercado.

Aquele atleta que havia ficado 600 dias sem atividade alguma cedia espaço para um jogador de renome e revigorado fisicamente.

Chegaram propostas da Série B. Sondagens até mesmo da elite nacional.

Afinal, o salário de R$ 15 mil, atrelado àquela incógnita, não cabia mais.

O esforço da diretoria do Santa Cruz, com direito a um amistoso festivo com o CSA apenas para segurar o ídolo DM9, se fez necessário.

No entanto, a renda neste domingo não correspondeu ao plano. Os 6.021 tricolores presentes no Arruda proporcionaram uma bilheteria de R$ 115.820.

Não seria suficiente para aumentar o contracheque do jogador de maneira “substancial”, como havia planejado o presidente coral, Antônio Luiz Neto.

Calejado, o dirigente não esperou o jogo para concluir a negociação.

Antes da partida, almoçou com Dênis Marques. Garantiu uma receita justa, incluindo luvas, e deverá contar com patrocinadores para equalizar o orçamento.

O salário deverá ficar próximo de R$ 40 mil, abaixo de outras propostas. Para o Santa, seria próximo ao recorde absoluto, de Iranildo, que recebeu este valor em 2004.

Assim, o mandatário recebeu o sinal positivo do atacante. Acordo selado.

O contrato, regularizado no Boletim Informativo Diário da CBF em 1º de fevereiro, valeria até 31 de outubro deste ano. Segue vigente. Até o fim da Terceirona…

E o amistoso? Pois é. Na insossa partida, o time alagoano venceu por 1 x 0, com um belo gol aos 43 minutos do segundo tempo, numa falta cobrada por Ronaldo.

Amistoso 2012: Santa Cruz 0x1 CSA. Foto: Antônio Carneiro/Especial para o Diario de Pernambuco