Obelisco de Montevidéu

Copa América 2011: Torcida do Uruguai festeja título no Obelisco, em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Foram aproximadamente 30 mil uruguaios no estádio Monumental de Nuñez, na final da Copa América, neste domingo. Depois da festa de praxe na cancha do River Plate, onde comemorar uma conquista assim em plena capital argentina?

No mesmo local onde os argentinos costumam festejar, é claro…

E, assim, uma multidão de charrúas tomou conta do Obelisco, cartão postal de Buenos Aires entre as avenidas 9 de Julio e Corrientes, bem no centro da metrópole…

O trabalho foi grande lá na decisão (post do jogo), mas ao chegar no hotel e ver tantas bandeiras indo naquela direção, acabei indo também. Valeu o registro.

A polícia ficou no entorno, para evitar qualquer tipo de confusão, até porque as garrafas de cerveja e vinho estavam indo embora rapidinho…

Curioso mesmo (civilidade?) foi a reação dos argentinos, tranquilos, sem provocação. Quem dera fosse sempre assim, em qualquer competição, em qualquer lugar.

Volta olímpica particular

Jogos Olímpicos de 1924: Uruguai 3 x 0 Suíça

Buenos Aires – O estádio do River Plate já estava vazio. Após a saída da massa em uma final contundente para os uruguaios, restava escrever textos para o Diario de Pernambuco e para o blog, além da edição de fotos e vídeos…

Eis que os jogadores da seleção celeste surpreenderam e voltaram para o campo, para iniciar uma volta olímpica, de uniforme e taça nas mãos, passando por todo mundo.

Comemoração particular do grupo? Nunca tinha visto nada parecido…

Vale lembrar que a volta olímpica foi criada pelo próprio time do Uruguai, após vencer o torneio olímpico de futebol em 1924, em Paris, no estádio Colombes. Na ocasião, os jogadores passaram a dar uma volta no gramado agradecendo o apoio da torcida após uma vitória sobre a Suíça. A Celeste se tornava “Celeste Olímpica”.

O placar foi mesmo nas duas finais separadas por 87 anos: 3 x 0.

Voltaram, como na primeira vez

Buenos Aires – Música que embalou o 15º título do Uruguai na Copa América.

“Volveremos, volveremos
volveremos otra vez
volveremos a ser campeones
como la primeira vez”

“Voltaremos, voltaremos
voltaremos outra vez
voltaremos a ser campeões
como na primeira vez”

A torcida celeste não parou de cantar nas arquibancadas do Monumental de Nuñez, em uma referência direta ao título da seleção na primeira Copa América, em 1916, quando empatou em 0 a 0 com a anfitriã Argentina e ergueu a taça em Buenos Aires, como agora. Já são três títulos da Celeste na capital argentina: 1916, 1987 e 2011.

América 26 – Os charrúas ganharam a guerra

Copa América 2011: Uruguai 3x0 Paraguai. Foto: AFA/divulgação

Buenos Aires – O povo charrúa dominava os flancos abaixo do território brasileiro até cinco séculos atrás. Os primeiros registros ocidentais desses ameríndios datam de 1535. A partir daí, o mesmo extermínio que marcaria todo o Novo Mundo.

Os charrúas acabaram banidos no processo de colonização espanhola na região, pontuado por diversas guerras em busca da posse daquela gama de terra no afluente norte do Rio da Prata. Conhecidos pela bravura, cuja palavra ‘desistência’ parece fora do vocabulário, eles marcaram a história, apesar de hoje a sua população ser de apenas cinco mil habitantes.

No entanto, esse espírito se estendeu ao novo povo uruguaio, que não negou o passado e adotou o “charrúa” como apelido, sobretudo à seleção, com estilo próprio desde 1916, no primeiro Sul-americano, já com o troféu máximo nas mãos.

Mesmo sendo uma nação pequena, o Uruguai se tornou uma fonte inesgotável de futebol com raça e técnica. Nem sempre agregadas. Exatamente por isso o país passou um bom tempo no ostracismo no futebol, até que uma nova geração voltasse a dominar a gênese da camisa azul, da República Oriental do Uruguai.

Copa América 2011: Uruguai 3x0 Paraguai. Foto: AFA/divulgação

Com Luís Suárez e Diego Forlán, a Celeste voltou a ser temida, voltou a impressionar. Voltou a ser campeã. Se os antigos charrúas lutaram para seguir a vida na fria planície, esses charrúas com as bolas nos pés foram além. Dominaram a América.

Ao Uruguai, o incontestável título da Copa América de 2011, destronando o irascível Paraguai e sua fortaleza de empates com um 3 x 0 no mais uruguaio dos domingos na capital alheia. Os bicampeões mundiais ratificaram o futebol da África do Sul, há um ano.

A então surpresa é agora uma dura realidade para os adversários mais tradicionais. Como sua torcida cansou de cantar num Monumental de Nuñez repleto, o Uruguai voltou a ser campeão, como na primeira vez. Os charrúas ganharam a guerra.

Hinchas por uma Copa

Copa América 2011: Uruguai x Paraguai. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – No meio da multidão, sem qualquer divisão de arquibancadas, uma vez que as torcidas vão ficar misturadas no Monumental de Nuñez, foi possível conversar com os rivais ao mesmo tempo…

Neste vídeo, o uruguaio Javier e o paraguaio Cristian. Ambos chegaram na capital argentina no sábado. Viajaram de avião de Montevidéu e Assunção, respectivamente.

No fim, ainda  mandaram uma mensagem para o futebol brasileiro, que ficou no meio do caminho nesta surpreendente Copa América de 2011.

Para a Copa América, otimismo total da dupla, apesar da cordialidade.

No Marco Zero do fracasso

Copa América 2011: Peru 4x1 Venezuela. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

La Plata – Aos 48 minutos do segundo tempo, a verdadeira despedida do Estádio Único.

Antes de deixar a moderna arena, o blog teve acesso a uma breve passagem no gramado onde o Brasil fez história da pior forma possível.

Já com a cancha vazia após a disputa pelo 3º lugar na Copa América, o blog conferiu in loco o surrado piso argentino por alguns minutos.

Então, nada como ir ao ponto exato onde a Seleção Brasileira perdeu quatro pênaltis nas quartas de final da Copa América de 2011, contra o Paraguai, no pior aproveitamento de uma equipe no futebol mundial numa disputa deste tipo…

O gramado é ruim, irregular, mas não serve como desculpa para chutar três das quatro bolas para fora da meta, então defendida pelo goleiro Justo Villar – que ainda pegou um.

Durante a apuração, alguns brasileiros que tiveram a coragem de encarar o jogo Peru x Venezuela também entraram no embalo e ainda se divertiram com a tragédia da Canarinha em solo argentino. De fato, vale como lembrança do torneio continental…

Os mineiros Victor Rabelo, 27 anos, e Felipe Ribeiro, 25, e a gaúcha Daiane Boff, 25, hospedados em um albergue em San Telmo, sequer haviam conseguido ingresso para o jogo, mas esperaram até o fim do jogo (“Só vimos o apito final”) e acabaram conseguindo entrar no gramado também.

O velho jeitinho brasileiro até na terra dos hermanos!

Na foto, o chute imaginário do blogueiro… Espero que tenha sido na meta.

América 25 – Cubillas já pode descansar

Copa América 2011: Peru 4x1 Venezuela. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

La Plata – A última grande geração de futebolistas peruanos acabou em 1975, no auge, em um time com Cubillas, Oblitas e Chumpitaz. Aquela seleção chegou ao topo do continente, conquistando a Copa América. Desde então, apenas campanhas medianas.

Várias delas vexatórias, inclusive. A hinchada sempre esperou pela redenção.

Neste sábado, o time alvirrubro voltou a dar alegria aos 30 milhões de peruanos, conquistando a medalha de bronze na maior competição das Américas, na sua melhor colocação em 36 anos, ou 13 edições depois daquela volta olímpica inesquecível.

Agora é a vez da geração de Vargas, Guerrero e Chiroque. Eles mostraram que o país irá brigar com força por uma vaga na Copa do Mundo do Brasil, em 2014, após a última colocação nas Eliminatórias para o Mundial da África do Sul.

Depois da eliminação diante do Uruguai, restava o consolo pela medalha de bronze no estádio Único. Time e torcida entraram motivados – mesmo com o clima de ressaca na partida -, justificando o empenho com uma goleada sobre a Venezuela por 4 x 1.

Destaque para os três gols de José Paolo Guerrero, agora o artilheiro disparado da Copa Amérdca, com cinco gols, se garantindo na seleção na última rodada…

Parabéns também aos venezuelanos, em sua melhor performance, com o “cobre”.

Um olhar sem segredos no Palácio

Estádio Tomás Ducó, do Huracán, em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Buenos Aires – Pausa no futebol, postagem sobre cinema. Ainda que com futebol…

O foco desta pauta estava no obscuro bairro de Parque Patrícios, localizado no início da periferia da capital argentina. Ruas pouco movimentadas, algumas praças (daí o nome), várias fábricas, poucos prédios e um clima não muito propício para o turismo.

Então, após sair do Centro e descer na última estação da linha B do metrô, no bonito terminal de Constitución, uma rápida corrida de táxi até o destino, por 15 pesos (R$ 6).

Lá, na Avenida Amancio Alcorta, na altura do nº 2570, encontra-se um prédio imponente, como o de um palácio. Ou, literalmente, El Palacio, inaugurado em 1949.

Os seus corredores, contudo, levam ao gramado de um dos clubes mais tradicionais da cidade, o Huracán, mergulhado em uma longa má fase técnica, de quase duas décadas.

Porém, o seu estádio, o Tomás Adolfo Ducó, com capacidade para 48.314 pessoas em um formato de caldeirão, passou a ser um novo ponto de visitação em Buenos Aires.

A localização não ajuda, mas a sua história, sobretudo a recente, atrai novos turistas.

Em 2009, durante três dias e três noites, a cancha do Huracán ficou sob os cuidados de Juan José Campanella, renomado diretor de cinema, produzindo o seu 8º filme.

Tudo para uma cena antológica da película argentina O segredo dos seus olhos, que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro no ano passado.

Estádio Tomás Ducó, do Huracán, em Buenos Aires. Foto: Cassio Zirpoli/Diario de Pernambuco

Na história, a cena ocorre em 1975, no clássico Huracán x Racing. Do helicóptero até a perseguição nos corredores, uma sequência sem cortes (veja o making of aqui).

Para a minha surpresa, o acesso ao “set” improvisado foi bem rápido, autorizado pela secretária do estádio, Myriam Santillan, presente nos créditos do filmes, aliás.

“Desde que saiu o filme, brasileiros começaram a aparecer aqui, sempre perguntando sobre o local exato da gravação (a arquibancada “popular visitante”, na foto abaixo). Quase todos vêm de La Boca (onde fica a Bombonera) e só nos visitam por causa do ‘Segredo’. Campanella deixou algo bom aqui.”

Cinema à parte, vale dizer que o Huracán, em grande fase, seria o vice-campeão argentino de 1975, dois anos após a sua única conquista na era profissional.

Por sinal, aquele time histórico de 1973 foi dirigido por César Luis Menotti , que cinco anos depois comandaria a Argentina em seu primeiro título da Copa do Mundo…

Esse fase vitoriosa do Huracán ficou mesmo para as telonas.

Zona mista, uma zona

La Plata – A popular “zona mista”, uma área reservada para entrevistas depois dos jogos, já havia sido tema de um post no blog nesta Copa América (relembre aqui).

Aqui vai, então, um vídeo gravado pelo blog na cobertura do primeiro finalista da competição, o Uruguai, deixando claro o desespero de alguns periodistas.

É ou não é uma zona?