Montevidéu – A 300 quilômetros de Buenos Aires, separada apenas pelo Río de la Plata, está a capital da República Oriental do Uruguai. Com 1,8 milhão de habitantes na metrópole, Montevidéu tem um tom mais envelhecido que a “rival” argentina, acompanhando a economia do país, que não anda bem das pernas, apesar do IDH aceitável da população.
O futebol do país da Celeste, semifinalista da Copa do Mundo de 2010, seguiu o ritmo de queda, com um campeonato nacional decadente, formado por times com folhas menores que as da Série C do Brasil. O Uruguai é polarizado entre os clubes Peñarol e Nacional, ambos tricampeões mundiais e de muita tradição.
Estive na cidade nesta quarta-feira e deu para perceber de perto a rivalidade local (flâmulas, bandeiras etc, mesmo sem jogos agendados). Esta parece ser a única coisa que sustenta o futebol do país – em relação à estrutura de clubes, e não à seleção.
O Peñarol, ou Manya, leva vantagem em outros aspectos sobre o Nacional, o Bolso, tanto em Libertadores (5 x 3) quanto nacionais (48 x 42) e vitórias (180 x 162, em 501 jogos).
Nas ruas, a rivalidade é aquecida pelas casas pintadas. Muitas delas são utilizadas como sedes das peñas, torcidas realmente organizadas dos clubes uruguaios. As pixações também têm espaços nos lugares mais nobres.
Apesar do acanhado estádio Parque Central, do Nacional, é mesmo no mítico Centenário onde as duas hinchadas se encontram. Lá, as pixações (nada muito diferente do Brasil, é verdade) também dominam os espaços reservados para os gigantes locais, atrás das duas barras. Os setores têm nomes oficiais, inclusive. Sempre com uma referência ao distante passado de glórias da seleção nacional.
A torcida do Albo (Nacional) fica reunida na Colombes, ao lado direito (na foto). Já os hinchas do Carbonero (Peñarol) ficam no setor Amsterdã, à esquerda. As duas arquibancadas são homenagens aos títulos olímpicos de 1928 e 1924, respectivamente.
Inaugurado em 1930, o oitentão Centenário passou por uma levíssima modernização com a colocação de assentos no estádio. Quase todos sem encosto – a torcida “gosta” mesmo é de ver em pé, de toda forma.
Na visita ao estádio, que custou 80 pesos uruguaios (R$ 7,40), o que valeu mesmo foi a história de um dos gigantes de concreto do futebol do planeta.
Se no ano de sua inauguração o local recebeu 90 mil pessoas na decisão da Copa do Mundo vencida pela Celeste, agora a capacidade é de 60 mil pessoas. Custou 1 milhão de dólares na época. Hoje em dia, a cifra para virar um palco de primeiro nível é muito maior. E esse dinheiro está longe do futebol do Uruguai atualmente.
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