Há exatamente uma semana, o Diario de Pernambuco estampava em sua manchete: “Justiça não aceitará divisão de título”. Ousadia em um assunto tão polêmico, marcado por meandros judiciais há mais de duas décadas.
Porém, havia o embasamento para a produção da reportagem.
Nada menos que a opinião dos juízes federais que atuaram no caso sobre o Brasileiro de 1987 (veja AQUI).
Agora, em 1º de março, a mesma Justiça Federal acaba de deferir o pedido de anulação leonino para a resolução nº 02/2011 da presidência da CBF, que dividiu o título nacional entre Sport e Flamengo.
É claro que este não será o último capítulo desta polêmica do futebol, onipresente no blog.
Assim como aquela ação administrativa tomada pela CBF, na surdina, também não havia sido desfecho.
Passar por cima da Justiça? Tem limite…
A ação cautelar de interpelação judicial é preparatória. O 1º passo para provocar a anulação da ação da CBF, mas o Leão precisa entrar com outra ação.
Atualmente, as conquistas no futebol são eternizadas com a produção de DVDs.
Títulos internacionais, nacionais e até estaduais. Mas a mania não é nova.
No passado, o jeito era o saudoso LP (long play). Discos enormes, com lado A e lado B.
Acima, a histórica capa celebrando o título brasileiro do Sport em 1987 e a conquista do Estadual no ano seguinte. O LP conta com quatro músicas do clube alusivas à competição nacional, além de narrações de gols da campanha no Brasileirão, com Roberto Queiroz, Ivan Lima, Helimar Santiago e Jaime Cisneiros.
Na contracapa, o recado de Homero Lacerda:
“Este é um registro muito importante na vida do nosso glorioso Sport Club do Recife. Guarde-o com carinho e orgulho. Você vai ter em sua casa, para ouvir com os seus familiares e amigos, parte da nossa história de lutas e vitórias. E futuramente, os seus filhos, netos e bisnetos reviverão estes dois anos de glórias. Pelo Sport Tudo!”
Para que esse discurso do ex-presidente seja verdade, é preciso converter em MP3…
O mais perto que o Brasil chegou disso foi em 1987, quando os critérios técnicos adotados pelo recém-criado Clube dos 13 colocaram em xeque para sempre aquele ano.
Para se ter uma ideia do que representaria aquela ação, basta dizer que a Premier League da Inglaterra, a mais rica do mundo, só foi criada cinco anos depois…
Negociações em bloco, captação de recursos, organização profissional, agilidade em reformas… Tudo para transformar o esporte (futebol) em entretenimento.
Agora, com o racha C-13/CBF/Globo/etc, o tema voltou com força. Como “solução”.
É impressionante a quantidade de gente que apura nos bastidores a criação desta liga já para 2012, mas que é incapaz de sequer questionar a sua validade…
Partindo de uma premissa: critérios técnicos. Difere de receita, torcida… Vale o campo!
Na composição da sua “Copa União” em 1987, o Clube dos 13 tentou enxugar uma competição de 48 clubes no ano anterior para apenas 16 competidores.
Entre eles não estavam, por exemplo, o Guarani, vice-campeão de 1986, e o América/RJ, semifinalista. Sabemos o desfecho deste episódio…
Então, vale o questionamento sobre o direito adquirido. Está no Estatuto do Torcedor.
Capítulo III (Regulamento da competição), artigo 10. Confira AQUI.
Liga com 16, 18, 20 clubes… Ok. Mas é a ferramenta de acessos e descenso em 2011?
Nesta temporada, vão cair quatro para a Segundona e de lá subirão outros quatro.
Se a tal liga tão citada nos bastidores surgir, ela passará por cima disso?
Se for, é melhor avisar logo aos 20 times da Série B, pois um campeonato nacional sem possibilidade de acesso à elite não demanda investimento algum. Neste ponto, Sport e Náutico estão entre as maiores folhas, diga-se, com R$ 1,2 milhão e R$ 800 mil.
O choque de informações chega a apontar uma competição com vagas por mercado, indicando, inclusive, uma “vaga” para Pernambuco. Ainda que ninguém suba.
Não faz sentido. Creio que torcedor algum quer seu clube entrando pela “janela”.
A favor da liga, mas desde que sejam respeitados todos os critérios de classificação.
A frase do título do post é emblemática na história do Sport.
Foi dita pelo então presidente Homero Lacerda em 19 de novembro de 1987. A notícia repercutiu nacionalmente. A página acima faz parte do acervo da Folha de S.Paulo.
Como apareceu no blog? Simples: a torcida do Leão está cada vez mais engajada em documentar todos os fatos do Brasileirão de 1987. Crédito para Mayvon Alves.
O motivo da insatisfação rubro-negra foi o patrocínio da marca ao Santa Cruz e também a quase todos os clubes do Módulo Verde do Campeonato Brasileiro.
A medida, surreal, foi vetar a venda na Ilha e autorizar a apenas a rival, a Pepsi.
Segundo o Sport, eram cerca de 50 mil garrafas de refrigerante consumidas por mês nas dependências do clube. A torcida encampou a ideia do dirigente.
A diretoria do Sport só fez as pazes com a cúpula pernambucana da Coca-Cola em 1994, quando a empresa se tornou a patrocinadora master do clube. O tempo foi passando…
Agora, a gigante dos refrigerantes é o nome oficial do Campeonato Pernambucano de 2011, através de um contrato de naming rights.
Polêmico ou não, o Nacional daquele ano é uma grande fonte de histórias curiosas.
O ano de 2006 foi o primeiro no Brasil em que a receita dos clubes com origem das verbas de televisão se tornou a maior fatia do orçamento no futebol.
Com 29%, a verba chegou a R$ 987 milhões, somando todas as cotas de todos os times. Um dado que deixa claro o quanto o futebol atual é dependente das cifras da TV.
Acima, um gráfico com a evolução com as seis formas de receitas dos times do país. O estudo foi produzido pela consultoria Parker Randall.
A empresa realiza a pesquisa desde 2003, quase nunca com a colaboração de Pernambuco. Durante todo esse tempo, os times locais só cederam os seus dados de faturamento uma vez, com o Náutico, em 2007.
Qual é o grande mistério para manter a receita no Recife guardada a sete chaves?
Confira a reportagem completa, assinada por Lucas Fitipaldi, clicando AQUI.