Era o primeiro clássico do argentino Mancuso com a camisa do Santa Cruz.
O seu rival seria o atacante Leonardo, em grande fase no Sport.
O palco? O gigante de concreto da Avenida Beberibe, sob enorme expectativa.
Nada de Todos com a Nota ou Futebol Solidário.
Ingresso à disposição na bilheteria para todos os setores. Arquibancada a R$ 6 e geral a R$ 3. Hoje em dia, os valores corrigidos seriam de R$ 28 e R$ 14, respectivamente.
Sem surpresa, uma multidão tomou conta do Arruda. Tricolores em grande maioria, mas com os rubro-negros apinhados na arquibancada do lado da Rua das Moças.
O jogo começaria às 16h. Desde as 14h já havia empurra-empurra na entrada.
Resultado de uma desorganização histórica, quase mortal.
A Polícia Militar chegou atrasada, acredite. Paralelamente a isso, o clube tricolor não conseguiu conter a avalanche de bilhetes “iô-iô”.
Torcedor sufocado, passando aperto nas catracas. Muita gente pulou as catracas…
Cálculo da PM com o público fora do estádio com a partida em andamento: 15 mil.
Dentro, um recorde infeliz. O maior número de pessoas atendidas nas ambulâncias dentro de um estádio em Pernambuco. Foram 93 torcedores socorridos…
Se você não lembra deste episódio, o jogo ocorreu em 21 de fevereiro de 1999, 1 x 1.
No borderô oficial, 71.197 pagantes. Público total: 78.391. Mais fotos aqui e aqui.
No papel, a capacidade do estádio na época era de 85 mil pessoas. Cabia mais alguém?
Esta pergunta pautou a imprensa durante uma semana após a partida. O Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) foi acionado pela FPF para reavaliar a capacidade do Arruda.
Em vez da medida antiga, de 30 centímetros por pessoa, a projeção utilizou o novo dado da Fifa, de 50 centímetros. A capacidade, portanto, caiu para 60.044 pessoas.
O blog mergulhou no acervo do Diario de Pernambuco para trazer à tona fatos sobre aquela multidão. Em 28 de fevereiro de 1999, um off jornalístico intrigante…
“Há quem ache, inclusive dirigentes corais, que havia mais de 90 mil espectadores no clássico.”
Há quem ainda ache, na verdade. Esse Clássico das Multidões acabou relegado pelos números, não por quem viveu aquela tarde de domingo…
O recorde entre clubes seria o da final do Supercampeonato de 1983, entre tricolores e alvirrubros, com 76.636 pagantes e relatos de até 83 mil presentes. Naquele dia, 60 pessoas foram socorridas. Nos pênaltis, os corais ficaram com a taça.
Considerando o público através do borderô oficial, Náutico 0 x 2 Sport, em 1998, fica à frente, com 80.203 pessoas, todas elas inseridas na campanha Todos com a Nota.
Se até hoje não existe um recorde definitivo para o Mundão, a culpa disso é da quase eterna falta de organização dos jogos no Recife. Estamos falando de 13 anos atrás…
GOOOOOOLLLLLLLLLLLLL DO SANTOS!