Mapeamento de torcidas: Grande Recife (Exatta/2014)

Pesquisa de torcidas no Grande Recife, em 2014, através do Instituto Exatta

O Instituto Exatta foi mais um a aproveitar o ano eleitoral para produzir no embalo uma pesquisa de torcidas em Pernambuco, como o blog havia alertado. Neste levantamento, a área pesquisada foi o Grande Recife.

Considerando os 14 municípios que integram a Região Metropolitana do Recife, a estimativa populacional é de 3,85 milhões de habitantes. Mensurando isso com os dados obtidos entre os 600 participantes, o Rubro-negro e o Tricolor teriam mais de um milhão de torcedores na RMR, cada. O Leão, na verdade, se aproximaria da metade da população. Enquanto isso, o Alvirrubro manteve um índice próximo ao da amostragem apenas na capital.

Somados, os três tradicionais rivais abocanham 79% do público, segundo o estudo, o que corresponde a três milhões de pessoas. Os demais entrevistados responderam não torcer pelos clubes ou que sequer gostam de futebol.  A pesquisa teve como premissa a preferência por Sport, Santa ou Náutico, o que levou as demais respostas a “nenhum”.

Instituto Exatta / Grande Recife 2014
Período: janeiro de 2014
Público: 600
Margem de erro: não divulgada
População estimada (IBGE/2013): 3.859.339

1º) Sport – 42% (1.620.922)
2º) Santa Cruz – 27% (1.042.021)
3º) Náutico – 10% (385.933)

Sem clube/outros times – 21% (810.461)

Aos clubes, mais dados para serem avaliados ao pé da letra e utilizados em planos de gestão, em busca de novos sócios, no aumento da venda de produtos etc.

Timbu sobrevive em Jampa e vai pela vaga em Sobral

Copa do Nordeste 2014, 3ª rodada: Botafogo-PB x Náutico. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A press

Se na Arena Pernambuco o Náutico não vem fazendo um bom papel, no Nordestão, fora de casa o time alvirrubro vai somando pontos preciosos.

Nesta terça-feira, segurou o Botafogo na Paraíba e se manteve vivíssimo na luta por um lugar nas quartas de final do regional.

No empate em 1 x 1, à noite, o Belo abriu o placar no comecinho da etapa complementar, com Doda, numa falha da defesa pernambucana. O Timbu empatou com Hugo, escorando um cruzamento rasteiro, cirúrgico.

O jogo não foi dos melhores, mas o visitante voltou a impor um sistema mais fechado, limitado. Até porque a pressão em João Pessoa foi considerável. O estádio Almeidão contou a presença de 8.480 torcedores. Nenhum deles do Náutico, por força de uma decisão exagerada do Ministério Público, vetando as torcidas visitantes no local.

Assim, a torcida alvirrubra acompanhou apenas do Recife. Respiraram aliviados. Com o empate, o clube de Rosa e Silva conseguirá a classificação em caso de vitória por dois gols de diferença sobre o Guarany, em Sobral, ou com uma vitória simples desde que o Sport tropece diante do Botafogo.

A sexta e decisiva rodada do grupo D será na quinta-feira. E o Timbu está vivo…

Copa do Nordeste 2014, 3ª rodada: Botafogo-PB x Náutico. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A press

A banalização do Clássico dos Clássicos

Pernambucano 2014, 1ª rodada: Náutico x Sport. Arte: Fred Figueiroa/DP/D.A Press

O apertado calendário do futebol brasileiro, com todas as datas preenchidas aos domingos e quartas, provocou uma situação inusitada no Recife. Nada menos que três clássicos entre Náutico e Sport em apenas 19 dias.

23/01 – Sport 0 x 1 Náutico (Ilha do Retiro, Nordestão)
02/02 – Náutico 0x 3 Sport (Arena Pernambuco, Nordestão)
10/02 – Náutico x Sport (Arena Pernambuco, Estadual)

Nenhum jogo foi agendado no horário nobre do futebol, na tarde de domingo.

As três partidas foram marcadas à noite e somente uma no domingo.

Nas duas primeiras edições do Clássico dos Clássicos, os públicos registrados foram de 16.001 e 13.062 torcedores, respectivamente.

Um clássico é um jogo de grande apelo, desde que não seja banalizado.

A resposta da Arena aos ingressos diferenciados entre as torcidas e o contexto geral aplicado no Recife

Clássicos no Arruda, Ilha do Retiro e Aflitos. Fotos: Rede Globo/reprodução e Julio Russo/Panoramio

A denúncia do blog sobre os valores distintos nos ingressos na Arena Pernambuco entre as torcidas mandante e visitante, ao contrário do que diz o Regulamento Geral de Competições da CBF, rendeu uma resposta oficial do consórcio.

Eis a íntegra da nota:

“A Itaipava Arena Pernambuco esclarece que toda setorização e tabela de preços praticados no estádio, ambos definidos em acordo com a Diretoria do Náutico, seguem a legislação e as demais normas aplicáveis. O artigo 84, parágrafo segundo, do Regulamento Geral das Competições da CBF, estabelece que o mesmo valor deve ser aplicado para as torcidas localizadas em um mesmo setor ou equivalente. Na primeira setorização divulgada, os setores de mandantes e visitantes eram diferentes, sem equivalência (Anel Inferior e Anel Superior). Já na setorização final, aplicada no jogo do dia 02/02/14, a área equivalente à torcida visitante estava reservada ao programa Todos com a Nota, cujos ingressos não são comercializados.”

(as partidas em questão foram Náutico x Guarany, Náutico x Botafogo e Náutico x Sport, todas pela Copa do Nordeste de 2014)

Agora, vamos à ressalva do blog…

Primeiramente, a lembrança do artigo regulador.

Capítulo VII – Disposições financeiras

Artigo 84/2º
“Os preços dos ingressos para a torcida visitante deverão ter necessariamente os mesmo valores dos ingressos para a torcida local, quando referidos aos mesmos setores do estádio ou equivalente”

Causa discordância de interpretação, entre o blog e o consórcio, a palavra “equivalente” no texto. Ao não encontrar (ou produzir) um setor equivalente na arena, os organizadores da partida acabam penalizando a torcida visitante, com bilhetes mais caros.

Porém, a explicação se torna rasa ao analisar os clássicos no Arruda, na Ilha do Retiro e nos Aflitos – este também, claro, sob o comando do Náutico.

Em todos os palcos, as torcidas visitantes ficaram atrás dos gols. Contudo, pagaram os menores valores de ingressos “inteiros” aplicados no dia – curiosamente, os mandantes ficaram em setores diferentes nos três estádios, nas arquibancadas frontais.

E assim, no estado, apenas a Arena segue aplicando valores diferentes.

Diferença de R$ 295 mil entre o Santa no Arruda e o Santa no Lacerdão no Nordestão

Copa do Nordeste 2014: Santa Cruz 0x1 CSA. Foto: SCFC_Oficial/twitter

A renda líquida acumulada nos três jogos do Santa Cruz em Caruaru, pela primeira fase da Copa do Nordeste de 2014, foi R$ 295.893 a menos que o lucro obtido nas partidas no Arruda no regional passado. A análise foi feita após a divulgação do borderô oficial de todas as apresentações do Tricolor, via CBF, sem levar em conta o enorme peso que o centenário poderia ter este ano.

Além da distância, 130 quilômetros, foi determinante a ausência coral do programa Todos com a Nota. Em 2013 os bilhetes subsidiados pelo estado representaram 47% da renda bruta, R$ 326.050 de R$ 692.995. Na ocasião, foram 32.605 entradas do TCN. Nenhum este ano.

Já em relação à despesa é preciso explicar o quesito “aluguel de campo”, presente nos seis borderôs. Ao todo, o aluguel do Luiz Lacerda custou R$ 45.332, com valores distintos a cada jogo.

Esse custo é calculado de acordo com o público presente. Por esta mesma questão logística – luz, limpeza, funcionários etc -, o Santa Cruz “cobra” aluguel a si mesmo no estádio José do Rego Maciel – no regional, por exemplo, a despesa acumulada foi de 51.151 reais.

Vale lembrar que a mudança no mando de campo ocorreu devido à pena do STJD após a baderna de integrantes de uma uniformizada coral, no último Nordestão.

Nordestão 2013
20/01 – Santa Cruz 1 x 0 CRB
24.287 pessoas, R$ 281.210
Renda líquida: R$ 197.961

26/01 – Santa Cruz 2 x 0 Feirense
17.355 pessoas, R$ 187.170
Renda líquida: R$ 133.706

02/02 – Santa Cruz 2 x 0 Campinense
20.029 pessoas, R$ 224.615
Renda líquida: R$ 162.335

Público total: 61.671 torcedores (média de 20.557)
Renda bruta: R$ 692.995 (média de R$ 230.998)
Renda líquida: R$ 494.002 (média de R$ 164.667)

Nordestão 2014
18/01 – Santa Cruz 3 x 2 Vitória da Conquista
3.673 pessoas, R$ 113.745
Renda líquida: 70.785

25/01 – Santa Cruz 0 x 1 CSA
3.325 pessoas, R$ 88.320
Renda líquida: 53.393

02/03 – Santa Cruz 2 x 1 Bahia
7.390 pessoas, R$ 120.070
Renda: líquida: 73.931

Público total: 14.388 torcedores (média de 4.796)
Renda bruta: R$ 322.135 (média de R$ 107.378)
Renda líquida: R$ 198.109 (média de R$ 66.036)

Em tempo: a verba jogada no ralo não foi cobrada a ninguém.

Copa do Nordeste 2013: Santa Cruz 1x0 CRB. Foto: Alexandre Henrique (ToicAlexandre)/twitter

A cordialidade centenária de alvirrubros e rubro-negros ao Tricolor

Parabéns do Sport ao Santa Cruz pelos 100 anos. Crédito: Sport (Lino Sultanum e Elton Leite)/Instagram

O aniversário de 100 anos do Santa Cruz foi reconhecido pelos maiores rivais.

Futebol à parte, entrou em campo a desportividade.

Em suas redes sociais, compostas por milhares de torcedores, Náutico e Sport mandaram mensagens oficiais de parabéns ao Tricolor.

No twitter, o Timbu celebrou os 100 anos de existência da Cobra Coral, com uma centena de compartilhamentos.

No instagram, o Leão lançou uma bela imagem com dois garotos na comunidade do Caranguejo, cada um com o seu uniforme e que nem por isso deixaram de ser amigos.

“Adversários sempre, inimigos jamais”.

Louvável a atitude de alvirrubros e rubro-negros.

O que parece ser um pequeno gesto pode repercutir de forma imensurável.

Parabéns do Náutico ao Santa Cruz pelos 100 anos. Crédito: Náutico/Twitter

Os gigantes centenários do Recife

Náutico, Santa Cruz e Sport

A partir de agora, o futebol pernambucano passa a contar com três grandes clubes com mais de um século de história.

Os dias 7 de abril de 2001, 13 de maio de 2005 e 3 de fevereiro de 2014 completaram um importante ciclo sobre a tradição do esporte no estado.

Algo que vai muito além dos Aflitos, da Ilha do Retiro ou do Arruda.

Antes, apenas a cidade do Rio de Janeiro, com Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo, contava com tantos grandes times centenários.

Com tanto tempo nos gramados, independentemente dos resultados, as camisas de Náutico, Sport e Santa Cruz fomentam hoje a paixão de muita gente.

Entre outros importantes fatores, o Leão e o Timbu são o que são pelos acirrados duelos contra a Cobra Coral, e vice-versa.

E neste primeiro século de existência do trio foram 1.571 clássicos.

A tradicional rivalidade é salutar para o crescimento. O respeito ainda mais…

Santa em campo 4.730 vezes em 100 anos

Santa Cruz em ação em 1969, 1970, 1983, 1986 e 1987. Fotos: Arquivo/DP

Em quantos jogos você já vibrou pelo Santa Cruz?

No estádio, no rádio, na televisão, na internet ou mesmo só em pensamento.

Comemorando ou sofreno com o Tricolor, chorando de alegria ou tristeza pela Cobra Coral. Dezenas? Centenas? Dificilmente alguém lembrará da conta.

Até mesmo pela quantidade de vezes que o Mais Querido pisou no gramado.

Nada menos que 4.730 vezes, segundo os dados do pesquisador Carlos Celso Cordeiro. Somente nos clássicos contra os dois tradicionais rivais foram 1.035.

Curiosamente, pela falta de registros no passado mais remoto, 21 partidas seguem até hoje com resultados indefinidos.

4.730 jogos
2.399 vitórias
1.088 empates
1.222 derrotas

9.239 gols marcados
5.500 gols sofridos

Eis o retrospecto geral no Clássico das Emoções e no Clássico das Multidões.

Retrospetco do Santa Cruz nos clássicos de 1914 a 03/02/2014

Torcedor tricolor, relembre os seus jogos favoritos…

Da pioneira apresentação, em 8 de março de 1914, com Santa Cruz 7 x 0 Rio Negro, no Campo do Derby, ao último jogo no primeiro século de vida, em 2 de fevereiro de 2014, Santa Cruz 2 x 1 Bahia, em Caruaru.

Jogos do Santa Cruz entre 2011 e 2014. Fotos: Ricardo Fernandes, Edvaldo Rodrigues e Paulo Paiva/DP/D.A Press

De onze a milhões, da Igreja ao Colosso

Pelada na frente da Igreja de Santa Cruz. Foto: Bernardo Dantas/ DP/D.A Press.

Pátio da Igreja de Santa Cruz, Boa Vista.

3 de fevereiro de 1914.

Carroças passando, carolas observando, comércio vivo, gritaria.

E onze meninos soltos na rua, correndo atrás de uma bola.

Os dribles iam surgindo com a mesma rapidez com o que o esporte inglês se espalhava na capital pernambucana.

Das elites aos subúrbios, à pluridade, à popularidade. Ao povo.

A pelada, termo sequer existente na época, diria muito do que o Recife é hoje.

A vontade se fazer ouvir, de criar, de se espalhar, de amar. De crescer.

Da igreja, os meninos se reuniram.

Sem qualquer aresta social, abriram as portas para as três cores.

A partir dali, o futebol seria para todos.

A prova maior é a história estendida daquela manhã de futebol há um século.

Da Igreja ao Colosso, de onze a milhões.

Que nasceram e viverão eternamente.

Na Boa Vista, no Arruda, em qualquer lugar.

Todos sob o nome de Santa Cruz.

Serie C 2013, 2013: Santa Cruz 2x1 Betim-MG. Foto: Bernardo Dantas/DP/DA. Press

Leão ressuscita na Arena com goleada sobre o Timbu

Copa do Nordeste 2014, 5ª rodada: Náutico 0x3 Sport. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

A torcida rubro-negra estava impaciente neste início de temporada, que marca a volta à elite. O ataque não funcionava, as vitórias não surgiam…

Ao perder em Sobral, em sua quarta apresentação no Nordestão, o time deixou o Junco praticamente fora da disputa. Nenhum cálculo de classificação de eliminação foi elaborado, mas menos de 99% seria até otimismo.

Incrivelmente, o resultados alheios vieram. Nesta tarde, por exemplo, a vitória do Botafogo sobre o Guarany deixou o Clássico dos Clássicos instigadíssimo.

O lado vencedor daria um grande passo na classificação. O Timbu e a provavável vaga ou o Leão, até então morto, vivíssimo. Na superação de um time merecidamente criticado, o Sport bem foi além e goleou por 3 x 0.

Em uma arena sem tanta gente, o Alvirrubro teve mais posse de bola, mas assustou pouco. A sua principal chance foi logo a primeira da noite, aos 13 minutos, com a bola passando rente à linha de Magrão, após falha enorme de Renê – a surpresa no 3-5-2 do interino Eduardo Batista.

No minuto seguinte, o primeiro gol de uma partida cirúrgica dos visitantes. Cruzamento de Ailton e cabeçada de Ananias, apesar da notória estatuta.

Tecnicamente, o jogo foi fraco, mas o Rubro-negro se mostrava mais produtivo, girando mais. Com a bola – mais tempo -, o Timbu esteve desorganizado.

Copa do Nordeste 2014, 5ª rodada: Náutico 0x3 Sport. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press

O grande pecado da noite foi na parte disciplinar da arbitragem, com as duas equipes reclamando bastante de Emerson Sobral.

Voltando ao futebol, o meia Ailton, apagado nas rodadas anteriores, conduziu bem o Sport, se aproveitando do mau futebol da equipe de Lisca – aplicada como no primeiro clássico, mas nada além disso.

Colabora para a análise a pegada do Leão. Segundo o Footstats, somente no primeiro tempo, o time desarmou 17 bolas, contra apenas 4 do Náutico.

E assim, roubando bolas, os leoninos praticamente definiram o jogo no início do segundo tempo. Aos 2 minutos, João Ananias saiu mal, Neto Baiano recuperou e arriscou de longe. Gideão bateu roupa e Érico Júnior concluiu, ampliando.

A partir daí, o Sport passou a controlar o jogo, saindo apenas na “boa”. Mesmo assim, perdeu duas ótimas chances. No finzinho, ainda teve um pênalti a favor.

Neto Baiano, numa seca duradoura neste ano, encheu o pé mais uma vez, mas desta vez acertou as redes. Definiu a goleada.

O resultado na Arena Pernambuco criou uma situação até então improvável, com os dois pernambucanos com boas chances de classificação às quartas.

O sorriso, contudo, foi apenas dos rubro-negros…

Copa do Nordeste 2014, 5ª rodada: Náutico 0x3 Sport. Foto: Edvaldo Rodrigues/DP/D.A Press