Eduardo Campos e o seu legado com o futebol subsidiado. À frente da trincheira

Eduardo Campos assina o documento com a criação do Todos com a Nota, em 1998. Foto: Ricardo Borba/DP/D.A Press

Eduardo Campos faleceu em 13 de agosto de 2014, aos 49 anos, como candidato a presidente da república.

Como secretário da fazenda, em 1998, Eduardo Campos articulou a criação de um subsídio para o futebol pernambucano. Na gestão de seu avô, Miguel Arraes, implantou o programa Todos com a Nota. No ano anterior, o campeonato estadual havia tido a sua pior média de público desde que a FPF passou a computar o índice. Apenas 2.080 pessoas a cada jogo, número inviável. Porém, com o a troca de R$ 50 em notas fiscais por um vale lazer, dando direito a um ingresso, as arquibancadas encheram como nunca. Literalmente.

A média foi de 10.895 espectadores, a maior da história, a maior do país naquela temporada. Desde então, a fórmula passou a imperar no futebol local. Durante boa parte do tempo, o programa foi o grande catalizador do esporte, mas também tornou-se uma muleta para os dirigentes locais. Controverso em sua execução no interior nos últimos anos – com mais trocas de bilhetes do que torcedores presentes nas partidas -, o TCN ficou em xeque. Mas apenas a sua execução, e não a sua necessidade, com mais de 70 milhões de reais investidos nesse tempo todo. Ajudando não só os clubes do interior, mas sobretudo Náutico, Santa Cruz e Sport.

O subsídio voltou no segundo semestre de 2007, após a mudança no governo estadual, de Jarbas Vasconcelos para o próprio Eduardo Campos, alvirrubro e sem arestas com as cores rivais. O projeto acabou abrangendo mais competições, como as duas divisões estaduais, as quatro séries nacionais, o futebol de base e o feminino. Também entrou na era digital, com quase 400 mil pessoas portando cartões magnéticos, num sistema já observado por outros estados. Cresceu. No último ano a verba distribuída foi de R$ 13 milhões. Um avanço paralelo à criação de uma contrapartida bem controversa, com a obrigação de mandar alguns jogos na Arena Pernambuco para seguir fazendo parte.

Ao novos gestores, que devem dar continuidade ao subsídio no futebol de Pernambuco, a missão é equilibrar a distribuição da receita com a presença da torcida, outrora nosso maior orgulho. Esse estímulo ainda é plenamente possível, numa história iniciada em uma assinatura em 19 de janeiro de 1998.

“A campanha do Todos com a Nota traz o torcedor mais pobre para o estádio. Sabemos que o futebol é um lazer importante. No interior, isso significa a presença de todas as nossas torcidas. Precisamos massificar isso, pois é algo que mexe com a nossa autoestima. Em todo o Nordeste, só Pernambuco continua forte nessa resistência. Estamos em uma trincheira e precisamos ser o exemplo, com o crescimento e valorização das torcidas locais”. (Eduardo Campos, em 13 de janeiro de 2011)

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