Copa Verde com apenas 6% da cota do Nordestão, uma disparidade de mercado

O troféu da Copa Verde 2016. Foto:  Rafael Ribeiro/CBF

Com três edições, a Copa Verde mantém com ponto alto a classificação à Copa Sul-Americana. Foi assim com os campeões Brasília, Cuiabá e Paysandu, assegurando participações internacionais nos anos seguintes. Financeiramente, porém, o mata-mata segue com um investimento bem modesto. Idealizado pela CBF em 2014, a partir do sucesso do Nordestão, cuja transmissão é feita pelo mesmo canal, o torneio tem uma cota de apenas 6% em comparação à matriz.

Em 2016, somando as cotas das oitavas, quartas, semi e título, o Papão ganhou R$ 275 mil. Isso corresponde a 11% da premiação do Santa Cruz, o campeão nordestino na mesma temporada. O valor repassado ao bicolor paraense é um pouco mais da metade da cota da primeira fase do Nordestão. A disparidade (técnica?) entre os torneios de integração se mantém em todas as etapas. Mais. Enquanto a premiação absoluta do Nordestão subiu 33% em um ano, na Copa Verde o valor foi congelado, devido ao painel de patrocínios mais enxuto.

À parte de Paysandu e Remo, o torneio carece de forças populares. A entrada do Vila Nova, na terceira edição, ajudou. Por outro lado, o Goiás, o único “cotista” da tevê nas regiões, não quis participar, preferindo seguir em busca de um lugar na própria Copa do Nordeste (possibilidade já rechaçada) ou na Primeira Liga.

Veja as cotas, somando as fases, das campanhas finais nas Copas Verde e do Nordeste. Entre parênteses, o percentual da Verde sobre a etapa no Nordestão.

Copa Verde 2016 (18 times)
Campeão – R$ 275 mil (11%), Paysandu
Vice – R$ 145 mil (7%), Gama
Semifinalista – R$ 95 mil (6%), Remo e Aparecidense
Quartas de final – R$ 45 mil (5%), Rio Branco, Nacional, Cuiabá e Vila Nova
Primeira fase (oitavas) – R$ 15 mil (3%)
Total: R$ 910.000* (6%)
* Exceto para os eliminados na fase preliminar

Copa do Nordeste 2016 (20 clubes)
Campeão – R$ 2,385 milhões, Santa Cruz
Vice – R$ 1,885 milhão, Campinense
Semifinalista – R$ 1,385 milhão, Bahia e Sport
Quartas de final – R$ 935 mil, Ceará, Fortaleza, CRB e Salgueiro
Primeira fase (grupos) – R$ 505 mil*
Total: R$ 14.820.000
* Exceto para os clubes do Piauí e do Maranhão 

Troféu da Copa do Nordeste 2016, na decisão em Campina Grande. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

6 Replies to “Copa Verde com apenas 6% da cota do Nordestão, uma disparidade de mercado”

  1. Empresas como albrás e vale do rio doce q exploram minérios no Pará e os reis da sojá do mato grosso, por exemplo, q recebem incentivos fiscais, poderiam financiar a copa verde.

  2. Os números não me surpreendem, enquanto no Norte/Centro Oeste só há um clube grande, com imensa torcida e de importância( Paysandu), na copa do nordeste há, pelo menos, uns 6(Ceará,Bahia, Sport, Santa Cruz, Vitória,Fortaleza).

  3. Cássio, não daria para fazer a mesma comparação da copa do nordeste com as demais? (paulistão e primeira liga)

    Nota do blog

    Marco, certamente – sobretudo em comparação ao Paulistão -, o Nordestão poderia ficar atrás. Contudo, o objetivo foi justamente comparar um torneio que foi inspirado na Copa do Nordeste, e que atende a regiões menos favorecidas no futebol brasileiro (Norte e Centro-Oeste), como também ocorre com o Nordeste. Abraço.

  4. É uma micharia em termos de premiação, mas realmente o que interessa é a vaga na sul-americana e quem sabe numa futura copa dos campeões. Infelizmente somente o Paysandu e o Remo trazem emoção ao torneio, diferentemente no tempo da copa Norte ao qual o São Raimundo e Nacional de Manaus, Rio Branco ainda tinham força e habitavam as séries B do brasileiro.
    Quesito logística nem se fala. Enquanto o nordeste pode se viajar de ônibus de uma capital a outra em menos de 24 horas, no Norte não existe essa possibilidade. São sempre viagens cansativas e que prejudica tecnicamente o torneiro e onera a competição.
    Uma das soluções que vem se tentando é tornar a competição internacional e colocar times de toda Amazônia. É ter vaga numa Pre libertadores, claro que teria a fase nacional antes mas é uma possibilidade entre a CBF comebol e EI.

  5. Caramba q mixaria. Eu já acho pouco essa premiação do Nordestão, essa da Copa Verde então só vale pela vaga da Sul Americana.
    Mas tbm não há atração pra investimento nessa Copa, pois o único clube q realmente atrai um pouco eh o Paysandu. Remo há anos sumiu do mapa, assim como o Vila Nova. O Goiás q poderia engrandecer um pouco não participa pq sabe q eh muito deficitário, pois essa premiação não paga nem metade da folha salarial de 1 mês do clube.

  6. O que falta a copa Verde na minha opinião é uma boa fase de grupos, Cássio. Como fazer futebol sem calendário? A maioria dos clubes da Copa Verde só jogam os dois jogos da Copa Verde no período, os estaduais no Norte começam mais tarde que a Copa Verde e os clubes não jogam brasileirão, ao menos a imensa maioria.
    Se ao invés das quartas de final fosse dois grupos de quatro, a competição seria muito mais emocionante. Por exemplo, esse ano, poderia ser dividido os 8 quadrifinalistas por regiões, no grupo 1: Paysandu, Remo, Rio Branco/AC e Nacional/AM. Na outra chave, Vila Nova, Gama, Aparecidense e Cuiabá. É outra projeção se clubes tipo o Nacional/AM, que joga numa arena de copa, numa metrópole e que mal tem jogos grandes ou visados, saber que jogará 3 jogos em Manaus e 6 jogos ao todo com visibilidade e projeção, provavelmente eles investiriam na formação de times decentes. O Cuiabá o mesmo jogando na Arena Pantanal, apesar do Cuiabá ter calendário anual (série C), o Gama que precisava dessa projeção que teve esse ano. Rio Branco/AC e Aparecidense seriam outros sortudos que teriam 6 jogos visados, o que eles não tem.

    Nota do blog

    Júnior, em 2002, creio, houve fase de grupos na Copa Norte. Pelo custo (de deslocamento), talvez ainda não seja possível. Para isso, é preciso de um maior investimento. E para o investimento, o torneio precisar dar mais retorno… É o gato correndo atrás do rabo.

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