Em 12 jogos oficiais na temporada, o Náutico já disputou 5 clássicos. Nos últimos dois domingos, vitórias alvirrubras sobre Sport e Santa Cruz, ambas na Arena Pernambuco. No triunfo mas recente, válido pelo Nordestão, o timbu foi superior ao rival a tarde inteira. O 45 minutos analisou o terceiro Clássico das Emoções de 2017 destacando os pontos positivos e problemas dos dois times (individuais e coletivos), além da briga pela classificação, agora polarizada no grupo A. Estou neste podcast com Celso Ishigami e Fred Figueiroa. Ouça!
Animado pela vitória sobre o Sport há uma semana, pelo Estadual, o Náutico partiu para o tudo ou nada em outro clássico, desta vez contra o Santa, onde jogaria suas últimas fichas na Lampions. A conta era bem complicada. Precisava vencer os dois jogos restantes e secar adversários dentro do próprio grupo, para terminar em 2º lugar, e nas outras chaves, para ser um dos três melhores vice-líderes. Mas, como fica claro, o primeiro passo cabia ao próprio time. Já os corais foram à Arena com a tranquilidade que a campanha permitia, em busca da classificação antecipada (em caso de vitória). Só não mostraram organização.
Sem a pegada de outras partidas, o tricolor foi inoperante no ataque, mesmo tendo um controle maior da bola (55%). No primeiro tempo, sequer assustou o ex-goleiro Tiago Cardoso. Para ser justo, o Náutico também pouco fez, com Erick bem marcado. Para completar, Milton Cruz – que havia tido problemas para escalar a cabeça de área – foi obrigado a mudar duas vezes no primeiro tempo, com jogadores pedindo para sair, Tiago Alves e Marco Antônio.
Na primeira troca, aos 18 minutos, um cenário incrível. Nirley foi acionado, para finalmente estrear pelo timbu. Lá do meio-campo, acenou para Dudu, pedindo para o meia esperar na cobrança de escanteio. O zagueiro, então, correu para área e, livrinho, cabeceou para as redes. Um toque e apenas 14 segundos em ação pelo clube até o primeiro gol. Àquela altura, o Campinense já vencia com folga o Uniclinic (terminaria goleando por 4 x 0), mantendo o Náutico numa situação delicada em termos de classificação às quartas de final.
Na etapa final, os primeiros dez minutos foram de pleno domínio timbu, marcando a saída de bola e chegando bastante à meta de Júlio César, que evitou o pior. Sem mudar a postura do visitante, Eutrópio promoveu a estreia do atacante argentino Parra, após dez meses inativo. E, basicamente, passou mais um dia assim. Satisfeito nos quinze minutos finais, o Náutico segurou o 1 x 0 e ganhou sobrevida no Nordestão. Para isso, torce por outro revés do Santa dentro de dez dias. Resta saber se o tricolor voltará a jogar tão mal…
Troféu Gena* 4 pontos – Santa (1v, 1e, 1d) 4 pontos – Náutico (1v, 1e, 1d) * Título em homenagem ao centenário do clássico, somando os duelos em 2017
Vindo de Usina Trapiche, na zona rural de Sirinhaém, Ramón chegou ao Arruda ainda na adolescência. Já mostrando o faro de gols que o eternizaria no clube. Nos idos de 1967, com 17 anos e ainda no time juvenil, ele ganhou a primeira chance para treinar contra a equipe profissional do Santa Cruz. Com apenas cinco minutos de movimentação, segundo a própria memória, aproveitou uma sobra na marca do pênalti e mandou de bico, estufando as redes. Não demoraria a ser integrado no time principal, onde brilharia intensamente.
Pelo tricolor, marcou 148 gols, sendo 21 deles no Brasileirão de 1973, onde tornou-se o primeiro artilheiro atuando em um clube nordestino. De fato, viveu a era de ouro do clube nos gramados. É o 3º maior goleador da história coral, só abaixo de Tará e Luciano Veloso. Este, aliás, tornou-se um amigo, companhia constante nas cadeiras pretas do Mundão, onde ainda acompanha o Santa, 50 anos depois e já como conselheiro. No aniversário de 67 anos de Ramón, o Santa disponibilizou uma entrevista com o ídolo e suas histórias. Tem bastante.
Maiores artilheiros do Santa Cruz* 207 gols- Tará (1931-1948) 174 gols – Luciano Veloso (1968-1975) 148 gols – Ramón (1967-1983) 143 gols – Betinho (1971-1980) 123 gols – Fernando Santana (1967-1976)
* Segundo o acervo de Carlos Celso Cordeiro