Como um raio, tal qual Usain Bolt já se faz presente na história olímpica, Neymar escreveu o seu nome na antologia do futebol brasileiro. O atacante passou em branco na primeira fase do torneio olímpico do Rio. Vaias da torcida no Mané Garrincha, ansiedade em campo e a pressão de ser a maior estrela em busca de um título inédito para a Seleção Brasileira. Reservado desde então, longe de entrevistas atravessadas (até colocar a medalha no pescoço) e mais consciente de seu papel, inclusive o de capitão, o craque passou a ser o que dele se espera. Foi decisivo. Contra a Colômbia, contra Honduras, contra a Alemanha.
Foram quatro gols no mata-mata e o último pênalti na agônica decisão contra os germânicos. O jogador de 24 anos, em sua segunda Olimpíada, comandou o Brasil numa reviravolta celebrada em um Maracanã totalmente amarelo, como se imaginou para a Copa 2014. No primeiro tempo, o camisa 10 marcou um golaço de falta. A partir dali o jogo ficaria bem complicado, com a Alemanha mandando três bolas no travessão. Trabalhando bem as jogadas, mostrando a organização de sempre, chegaram ao empate na segunda etapa, com Meyer finalizando.
Na prorrogação, faltou gás. Mas não coração, de ambos os lados. O Brasil errava mais, talvez pelo peso dos maus resultados do time principal nos últimos anos. Nos rápidos intervalos, Micale tentou incutir na equipe a necessidade de ocupar os espaços, tudo ou nada. Nada mudou, e a definição se estendeu às penalidade. Após oito cobranças perfeitas, quatro de cada lado, brilhou Weverton, convocado de última hora, justamente pelo histórico nos pênaltis. Deixou o caminho aberto para Neymar confirmar o ouro, 5 x 4. Aquele mesmo time que passou em branco contra África do Sul e Iraque explodiu o Maraca.
Acabou! É campeão! #bra #ouro pic.twitter.com/YlYkdZcSpj
— Diario de Pernambuco (@DiarioPE) 20 de agosto de 2016
Após três vices olímpicos no futebol, enfim o ouro, o sexto do Time Brasil nos Jogos de 2016, quebrando o recorde de Atenas. Mais emblemático, impossível.
Campanhas brasileiras nos Jogos
1952 – quartas de final (2v, 0e, 1d)
1956 – não disputou
1960 – 1ª fase (2v, 0e, 1d)
1964 – 1ª fase (1v, 1e, 1d)
1968 – 1ª fase (0v, 2e, 1d)
1972 – 1ª fase (0v, 1e, 2d)
1976 – semifinal (2v, 1e, 2d)
1980 – não disputou
1984 – Prata (4v, 1e, 1d)
1988 – Prata (4v, 1e, 1d)
1992 – não disputou
1996 – Bronze (4v, 0e, 2d)
2000 – quartas de final (2v, 0e, 2d)
2004 – não disputou
2008 – Bronze (5v, 0e, 1d)
2012 – Prata (5v, 0e, 1d)
2016 – Ouro (3v, 3e, 0d)
Em 13 participações olímpicas, o Brasil disputou 60 jogos, com 34 vitórias, 10 empates, 16 derrotas. Considerando três pontos por vitória, um aproveitamento de 62,2%. No Mundial, com força máxima, exceto em 1930 (base carioca), são 104 jogos, com 70 vitórias, 17 empates e 17 derrotas. Índice de 72,7%.