“Aquele que apitar mal, nós eliminamos”
“As lágrimas vieram porque o futebol estava morrendo um pouco….”
No embalo da primeira incursão do futebol pernambucano na Colômbia, através do Santa Cruz, nas oitavas da Copa Sul-Americana, vamos a um relato histórico do esporte no país, envolvido com o narcotráfico. Inclusive o adversário coral, o Independiente de Medellín, com ninguém menos que o “El Patrón”, Pablo Escobar. O texto a seguir é uma tradução da reportagem do jornal Marca, publicada em 9 de setembro de 2015 (entre parênteses, observações do blog).
O futebol colombiano ainda vive hoje um pouco à sombra de um passado obscuro, quando, nos anos 80, os narcotraficantes tomaram conta do esporte, dirigindo clubes e contratando grandes jogadores, até então impensáveis para o futebol local. Pablo Escobar e companhia usaram o esporte das massas para ganhar popularidade entre o povo colombiano, lavar dinheiro do tráfico e também com o fim mórbido de levar a guerra do narco aos campos de jogos.
Unión Magdalena
O Unión Magdalena foi o primeiro clube colombiano a contar com dinheiro ilícito da droga. No fim da década de 1970, os irmãos Dávila Armenta, suspeitos de traficar maconha na época, salvaram o clube do rebaixamento e ainda o levaram à disputa do título em 1979 (após uma ótima primeira fase, o clube acabaria na 4ª posição geral, com o jejum de títulos em vigor desde 1968).
Atlético Nacional
O Nacional de Medellín foi o “time de excelência” de Pablo de Escobar, considerado o narcotraficante mais poderoso da história da Colômbia. Em 1989, o clube ganhou uma Libertadores (a primeira do país) envolta em polêmica devido à alegação de manipulação do torneio por parte de Escobar. Tal era o descaramento na relação com Escobar que vários jogadores visitavam o traficante em sua prisão domiciliar para jogar uma pelada com ele (o clube voltou a conquistar a Libertadores em 2016, já sem a sombra do Patrón).
Independiente Santa Fé
Em 1989, Fernando Carrillo Vallejo, acusado nos Estados Unidos de narcotráfico e dono de uma cadeia de farmácias que funcionavam na verdade como refinamento de cocaína, comprou a maioria das ações do Santa Fé. Em 1991, tornou-se propriedade de Phanor Arizabaleta, o 5º homem mais importante do cartel de Cali. Também se meteram no clube Daniel ‘El Loco’ Barrera e Efraín Hernández ‘Don Efra’.
Millionarios
Em 1983, Hermos Tamayo presidiu o clube. Também foi proprietário de um carregamento de duas toneladas de cloridrato de cocaína em Barranquilla. Em 1986 os advogados Germán e Guillermo Gomez tiveram cargos no clubes, até que Guillermo fosse assassinado por Gonzalo Rodríguez Gacha ‘El Mexicano’, que investiria no clube até fazê-lo novamente campeão nacional. (o que ocorreria em 1987 e 1988, após iniciar um hiato de taças até 2012). ‘El Mexicano’ foi um dos narcotraficantes mais sanguinários e poderosos da Colômbia.
América de Cali
Este clube foi dirigido nos anos 80 e 90 por Miguel Rodríguez Orejuela, líder do cartel de Cali e arqui-inimigo de Pablo Escobar. A partir de 1995, começaram os julgamentos contra Rodríguez e o clube foi acumulando dívidas, despedindo-se de uma gloriosa época (foi pentacampeão colombiano, de 1982 a 1986, um recorde histórico, e também alcançou a final da Libertadores em quatro oportunidades, todas como vice).
Deportivo Independiente Medellin
Héctor Mesa, narcotraficante do cartel de Medellín, foi acionista majoritário do DIM nos anos 80. Mais tarde também teve influência no clube Pablo Escobar, apesar de ser torcedor do Atlético Nacional (ao contrário do que diz o filho do traficante, que aponta Escobar como “hincha” do DIM).
Deportivo Pereira
O Pereira foi controlado nos anos 80 por Octavio Piedrahíta, um narcotraficante que os Estados Unidos tentou extraditar, mas antes foi assassinado em Medellín em 1998 (a melhor campanha do clube – jamais campeão – no período de Octavio foi um 4º lugar em 1982).