Nunca se viu tanta gente em um jogo de futebol no interior pernambucano quanto no dia 22 de outubro de 1986.
As arquibancadas do Pedro Vitor de Albuquerque, em Caruaru, balançaram com os 24.450 torcedores presentes em uma partida histórica.
Central 2 x 1 Flamengo, pela primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Com dois gols do atacante Ronaldo, o Alvinegro fez a alegria da maioria absoluta no estádio, apesar da numerosa torcida flamenguista na região.
Hoje chamado de Luiz Lacerda, o estádio pode receber no máximo 19.478 pessoas, ainda com o status de maior palco do interior.
Há quase três décadas o “PV” foi um caldeirão, que agora pode ser visto na íntegra, num resgate da TV Patativa sobre a transmissão daquela partida. Um vídeo de quase duas horas com todos os detalhes da peleja disputada à noite.
Central, Flamengo e Série A na mesma frase… um dia foi realidade.
A pauta estava cheia nesta 109ª edição do 45 minutos. O podcast começou debatendo o ousado plano de metas do presidente do Santa Cruz, Alírio Moraes, prevendo cinco títulos (incluindo uma Copa do Brasil) nos próximos três anos. Em seguida, detalhamos o novo fato do Brasileirão de 1987, cuja disputa chegou ao Supremo Tribunal Federal, a instância máxima da justiça no país. Por fim, com o desfecho da 5ª rodada nos cinco grupos do Nordestão, fizemos as contas para a classificação de Náutico, Salgueiro e Sport às quartas de final.
O compartilhamento desta edição, no facebook, credencia o ouvinte ao sorteio de um fim de semana no Village Porto de Galinhas.
Na gravação de 1h28min, estou ao lado de Celso Ishigami, Fred Figueiroa, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!
Lanterna no hexagonal estadual e líder de seu grupo no regional? Sim, futebol.
A vitória por 1 x 0 sobre o Moto Club, com um belo gol de Renato no início do segundo tempo, deixou o time alvirrubro em uma condição bem favorável para chegar às quartas de final da Copa do Nordeste.
Líder do até então embolado grupo C, com oito pontos, o time de Lisca ficou a um empate da classificação. A missão é no âmbito local. Enfrentará o Salgueiro no Cornélio de Barros, e o sertanejo é o único com condições de liderar a chave, o que já garante uma equipe pernambucana na próxima fase do Nordestão.
O interessante é que o Carcará também será o adversário na última rodada do Campeonato Pernambucano, também no Sertão. Neste caso, o clube de Rosa e Silva precisa somar pontos nas duas rodadas que antecedem ao duelo.
E aí uma coisa leva a outra, tensionando as campanhas – semelhante ao rival Sport, também irregular, mas indo bem no estadual e capengando no regional. Entre o Nordestão e o status de principal torneio do primeiro semestre e o Estadual e a luta pelo fim do jejum e a classificação ao próprio regional, de 2016.
Os 1.447 torcedores presentes comemoram bastante o resultado diante do time maranhense, eliminado nesta noite. Deixaram a arquibancada vermelha desejando um pouco de regularidade ao time. Essencial nas duas frentes.
Alírio Moraes foi eleito presidente do Santa Cruz para um inédito triênio. Entre 2015 e 2017, ele comandará o Tricolor com um planejamento estratégico bem ousado. Mais do que isso. O dirigente fez questão de torná-lo público ao convocar uma entrevista coletiva para apresentar o plano, ponto a ponto.
Nos seus três anos de gestão, o dirigente estipulou como meta dois títulos estaduais, dois títulos da Copa do Nordeste (ainda inédito para o clube), acesso à Série A já em 2015 e permanência na elite até a o início da próxima gestão, conclusão do centro de treinamento em 2016, 45 mil sócios em dia em 2017…
O ponto alto, sem dúvida, é o objetivo de ganhar a Copa do Brasil em 2017. Até hoje, os corais nunca chegaram sequer às quartas de final. Conquistar tudo isso, francamente, é um pouco difícil. Para o torcedor coral, o que seria o mínimo aceitável, entre as metas, para a que a gestão de Alírio seja aprovada?
No documento – metas abaixo – há a seguinte frase: “Planejar é decidir de antemão qual é e como será a sua vitória”.
O dia 12 de março é uma das datas mais significativas para o povo pernambucano, com o aniversário das cidades-irmãs, Olinda e Recife. Da cidade patrimônio à metrópole cortada por rios e edifícios. Centenários, os grandes clubes do estado fazem parte desta história.
Em 2015, Olinda completa 480 anos, enquanto o Recife chegou a 478.
Parabéns às duas cidades. Abaixo, as homenagens de alvirrubros, tricolores e rubro-negros, através de seus perfis oficiais no facebook.
A decisão sobre o título brasileiro de 1987, tendo apenas um campeão (Sport) ou dois (Sport e Flamengo), chegou à mais alta instância do poder judiciário do país, o Supremo Tribunal Federal, que julga apenas matérias constitucionais.
Na pauta do STF já passaram casos de mensalão, ficha limpa, julgamento de Collor, legalidade do sistema de cotas em universidades, demarcação de reservas indígenas, entre outros processos notórios. A histórica disputa futebolística entre os rubro-negros se encaixa neste perfil? Agora, aos olhos da lei, sim, pois o recurso interposto pelo Mengo, após a decisão do Superior Tribunal de Justiça, favorável à exclusividade do Leão, foi aceito no “juízo de admissibilidade de prequestionamento e repercussão geral”, a normativa máxima para que um recurso extraordinário do STJ seja aceito no Supremo.
De acordo com o documento de duas páginas, o recurso carioca argumenta, além da repercussão geral (mesmo sendo uma questão esportiva, não dá para negar a sua existência), que o acórdão anterior sobre a disputa iniciada em 2011, após a decisão administrativa da CBF à parte do caso original, transitado em julgado em 1999, teria violado um artigo da Constituição Federal.
O texto da ministra termina assim: Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, admito o recurso extraordinário. Remetam-se os autos ao Supremo Tribunal Federal. Publique-se.
Agora, no passo a passo do juridiquês, o caso passará por um novo processo de admissibilidade, só que no STF, cuja decisão pode sair neste ano. Caso aceito, o julgamento no Supremo deverá ser transmitido ao vivo na televisão, direto do tribunal em Brasília, através da TV Justiça.
Eis a escalação para a final: Ricardo Lewandowski, Cármen Lucia, Celso de Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Teori Zavascki e Roberto Barroso. Ainda há uma cadeira vaga no time titular.
Entre os nomes, quatro cariocas (Marco Aurélio, Lewandowski, Fux e Barroso) e nenhum pernambucano. Teoricamente, não faz qualquer diferença.
Que o imbróglio chegue ao seu fim no STF… ao vivo, para todo o Brasil.
Sobrando no Campeonato Pernambucano, o Sport tem uma face totamente distinta no Nordestão. Se no âmbito local a classificação veio por antecipação, com larga folga, na disputa regional, num grupo teoricamente fácil, o atual campeão nordestino chega à última rodada obrigado a vencer para evitar um vexame daqueles. Uma campanha que condiz com o futebol apresentado.
Após a derrota para o Coruripe por 1 x 0, o Leão viu o grupo B ficar completamente embolado, com ou sem a punição de seis pontos ao Sampaio Corrêa – cujo recurso no STJD será julgado nesta quinta.
Sampaio sem punição: 1º) Sampaio (11 pontos), 2º) Sport (7), 3º) Coruripe (6), 4º) Socorrense (2)
Sampaio com punição: 1º) Sport (7 pontos), 2º) Coruripe (6), 3º) Sampaio (5), 4º) Socorrense (2)
Em qualquer situação, o time maranhense briga pela classificação às quartas de final. E o último jogo, na sexta rodada, será justamente Sport x Sampaio Corrêa, na Ilha. Só em caso de vitória os pernambucanos não dependeriam do resultado de Socorrense x Coruripe, com o mandante já eliminado.
Pois é. O jeito é fazer contas e isso, na prática, já é um vexame para um time com poder econômico muito, mas muito maior que o dos adversários. Mas que em campo não demonstra variação de jogadas, tem limitações claras (lateral-direita) e sente a falta de um matador mais experiente.
No interior alagoano, o gramado, regular, não foi desculpa. O desgaste físico também não, uma vez que foi decisão do técnico enviar o time principal à Serra Talhada. Com mais de 40 passes errados em 90 minutos, não há muito o que argumentar sobre o rendimento rubro-negro diante do Hulk alagoano.
Na verdade, há sim. A folga no Estadual acabará em caso de eliminação no Nordestão. Sobretudo numa circunstância que parecia tão favorável…
O acervo fotográfico de boa parte da história do futebol pernambucano é baseado em imagens em preto e branco. Somente a partir da década de 1990 as fotos coloridas começaram a ganhar destaque, com as primeiras páginas impressas desta forma nos maiores jornais do Recife. Antes disso, todas as imagens produzidas pelo Diario de Pernambuco eram P&B, entre fotos reveladas, filmes e slides, por mais que já existissem câmeras capacitadas para o outro formato. Por isso é raro encontrar as cores vivas de Náutico, Santa Cruz e Sport há quarenta anos ou mais. Nem mesmo a Rede Globo conta com isso, com poucos filmes locais na década de 1970, todos em preto e branco. Cores na telinha, só a partir dos anos 80.
Portanto, vale conferir as imagens históricas abaixo, entre 1968 e 1975, quase todas da revista Placar, que desde o seu início contava com algumas páginas coloridas. O Arruda com apenas um anel de arquibancada, antes do Colosso, a Ilha do Retiro sem os tobogãs das gerais, Ramón no Tricolor, Dario no Rubro-negro, o Náutico fazendo um sucesso em São Paulo…
Não por acaso, em 1975, o trio foi a manchete de uma edição da revista Placar. Os três avançaram à fase decisiva do Campeonato Brasileiro (quanta diferença, hein?), entre os 16 melhores. Confira a capa da reportagem aqui.
Náutico
O Tiimbu de Jorge Mendonça avançando à fase final do Campeonato Brasileiro de 1975. Os alvirrubros chegaram a golear o Santos por 3 x 0, na Vila Belmiro.
Entrada do Náutico no Arruda, para o clássico contra o Sport, no Estadual de 74. O time de Rosa e Silva venceria por 3 x 1, tirando o rival da briga pelo título.
O pôster oficial do Náutico campeão pernambucano de 1974, quando evitou o hexa do Santa Cruz, vencendo a decisão nos Aflitos por 1 x 0.
Foto ainda mais antiga, de 1968, com o técnico Duque e um garotinho com a faixa alvirrubra referente ao hexacampeonato pernambucano. Vale o registro.
Santa Cruz
Tricolores comemoram um dos gols do 3 x 2 sobre o Palmeiras de Ademir da Guia, em São Paulo, abrindo caminho à semifinal da Série A de 1975.
O artilheiro coral Ramón vibra no Maracanã, no triunfo do Santa sobre o Flamengo, por 3 x 1, na fase decisiva do Brasileirão de 1975.
Pôster do Santa Cruz, semifinalista do Brasileirão de 1975, a melhor campanha do clube no cenário nacional em todos os tempos. Ramón, Nunes, Givanildo…
O Arruda em 1972, no ano da inauguração, após a reforma que ampliou o estádio para 60 mil pessoas, visando a Copa da Independência.
Sport
Campeão pernambucano em 1975, após doze anos de jejum, o Sport montou um time conhecido como “Seleção do Nordeste”. No Brasileiro, Ilha lotada.
Dario, a maior contratação do Leão em 1975, marcou 32 gols, conquistando a artilharia do Estadual. Na foto, Luciano Veloso, contratado junto ao Santa.
Pôster do Rubro-negro no Brasileirão de 1975, logo após a conquista do título estadual daquela temporada. Dario, Luciano Veloso, Assis Paraíba…
A Ilha dos velhos tempos, sem tobogãs atrás das barras. Daquele formato, no fim da década de 1960, o estádio seria ampliado em 1984, 1997 e 2007.
O plano original de ampliação e modernização dos Aflitos previa uma capacidade de público de 34.050 espectadores.
Nos primeiros módulos da reforma, entre 1996 e 2002, o trabalho coordenado por Raphael Gazzaneo, com o apoio da própria torcida, remodelou o tradicional reduto timbu, que passou a receber oficialmente até 22.856 pessoas.
Porém, havia uma versão final do estádio, com dois enormes tobogãs cobertos, interligados por duas vigas metálicas. Ao todo, seriam 28.950 assentos no cimento, 4.500 cadeiras e 600 lugares nos camarotes, cuja venda dos espaços bancaria parte da obra. A expectativa era concluir o projeto até 2007.
Durante muito tempo a maquete ficou exposta na sede administrativa, em Rosa e Silva. Os esforços para a uma requalificação do estádio diminuíram, até sumir. E o sonho acabou se tornando uma vaga lembrança.
A tal casa moderna acabou sendo a arena a 20 quilômetros de distância.
Ao recordar a maquete, bate uma certa saudade dos Aflitos…
O tropeço do Náutico na Copa do Nordeste, cedendo o empate ao Piauí no finzinho, na Arena instalou a crise no clube, ainda sem técnico. A situação foi analisada no 45 minutos, que tratou também dos públicos baixíssimos no estádio, sobretudo quando o Timbu joga no meio de semana. Contrato exigente além da conta? No fim, pitacos sobre a 7ª rodada do hexagonal do título do Campeonato Pernambucano de 2015.
A gravação deste podcast teve 1h164min. No fim do áudio, o anúncio do vencedor do uniforme laranja do Sport, a promoção anterior. Estou neste podcast ao lado de Celso Ishigami, João de Andrade Neto, Rafael Brasileiro e Fred Figueiroa. Ouça agora ou quando quiser!