Teresópolis – É o cara da Copa do Mundo? Aos 22 anos, Neymar irá disputar o seu primeiro Mundial, com quatro anos de atraso. Na Seleção Brasileira, já protagonista, ostenta um currículo invejável, ao menos nas estatísticas.
São 4.063 minutos em campo com a camisa da Canarinha, num tempo distribuído em 48 partidas. Já oficializado como o camisa 10 da Copa de 2014, o craque marcou o seu 31º gol pelo Brasil no amistoso contra o Panamá, numa cobrança de de falta. Na fácil vitória por 4 x 0 no Serra Dourada, nesta quarta, o jogador foi mais uma vez o destaque, driblando, chutando, deixando os companheiros na cara do gol. Além do gol, claro.
Com o tento, Neymar ficou a apenas um de entrar no top ten dos maiores artilheiros da Seleção. Se marcar mais um, irá igualar dois monstros na história do futebol nacional, Ademir Menezes e Tostão, ambos em 9º na seleta lista. Com média de 0,64 gol por partida, Neymar está abaixo, neste critério, somente de Pelé, Romário, Zico e Ademir Menezes.
A título de curiosidade, ele teria que balançar as redes mais 48 vezes para se tornar o maior artilheiro da história. Vale relembrar que Neymar tem apenas 22 anos. No futebol, o auge é projetado aos 28 anos. Difícil prever se ele chegará ao topo. Bem perto, provavelmente.
Teresópolis – A Granja Comary de 2014 é a nova Weggis? Eis uma questão corriqueira no dia a dia da Seleção Brasileira.
A paralisação de um treino no campo principal para a entrada do apresentador Luciano Huck, a presença de um comediante do programa Esquenta na restrita sala de musculação da equipe, entrevistas em programas de variedades todos os dias, convidados de patrocinadores, amigos de jogadores, cantores… Clima de oba-oba, sem dúvida.
Tudo na primeira semana de preparação da Canarinha para a Copa do Mundo.
Surpreende sobretudo pelos nomes que encabeçam a Seleção: Luiz Felipe Scolari, campeão em 2002 e conhecido pelos limites impostos, e Carlos Alberto Parreira, campeão em 1994 e que reconheceu a falha em 2006, na sua segunda passagem.
Na ocasião, a CBF escolheu – após um bom acordo financeiro, como de praxe – a pacata cidadezinha suíça de Weegis, de apenas quatro mil moradores.
Durante a preparação para o Mundial da Alemanha, a zorra tomou conta dos treinos do Brasil, com venda de ingressos, samba e seguidas invasões de campo, com mulheres atrás de Ronaldinho. Fora as noitadas dos jogadores no vilarejo, com relatos sobre a volta aos alojamentos às 5h da manhã.
A cobertura na época também foi grande, com 900 profissionais – são 1,6 mil agora. Diante de todo mundo, já tendo a internet como forte vetor, o circo foi armado.
Agora, de fato, ainda não chega a tanto. Contudo, há a volta da liberdade a um determinado segmento da mídia – sobretudo à emissora que pagou bem caro pelos direitos e quer expor o “produto” Seleção em toda a sua grade. O que não aconteceu na clausura na África, há quatro anos.
Controlar essa superexposição é a missão da comissão técnica, desde já. Manter o foco da equipe, dosar o clima amplamente otimista… A lição já existe.
A capital do estado foi sintetizada pela Fifa em um vídeo de 1 minuto e 42 segundos para a Copa do Mundo de 2014.
O vídeo será reproduzido antes da transmissão mundial na televisão de todos os jogos na Arena Pernambuco.
O filme faz um passeio no Grande Recife, focando, sem surpresa, as áreas mais desenvolvidas da metrópole de quase quatro milhões de habitantes. O vídeo ficou bonito, atrativo, mas sem qualquer resquício dos nosso problemas, o que tornando a peça em um ensaio da realidade. Se bem que o seu papel é claro, publicitário.
O blog registrou uma seleção com 11 imagens do “World Cup Host City: Recife”.
Vale lembrar que são esperados 119 mil turistas estrangeiros no estado durante o Mundial, com cinco jogos agendados em São Lourenço.
Teresópolis – São 1.632 profissionais da imprensa trabalhando na cobertura da Seleção Brasileira na Granja Comary. Acompanhar a preparação da equipe de Felipão para o Mundial de 2014 vem sendo bem corrido, com uma carga horária acima do normal e a consciência de que trata-se de um trabalho especial.
Numa interação com torcedores no twitter, algo que procuro (e gosto) fazer bastante, alguns me pediram algo específico. Sugeriram uma postagem sobre essa experiência (massa), justamente pela proximidade do relato, quase um canal direto com com o centro de treinamento da Seleção.
Realmente, fazia sentido. Afinal, no treino do mesmo dia, um domingo, postei várias mensagens e fotos sobre o desempenho dos jogadores no campo principal, mas sem deixar de conversar com a galera. Era tudo inédito para mim na Granja Comary.
Como jornalista esportivo – a área que sempre quis -, escrever sobre a Seleção é um objetivo que você projeta naturalmente. A minha primeira grande oportunidade do tipo (e inesquecível, diga-se) foi em 2011, na Copa América, durante 26 dias na Argentina. Agora, um cenário semelhante, mas com uma estrutura ainda maior, mais moderna. O mesmo espaço é dividido com jornalistas de renome nacional, como Juca Kfouri, PVC e Tino Marcos. É impossível ficar parado, pela agenda (treino às 9h30, coletiva com dois jogadores às 12h30 e treino às 15h30). Texto, texto, foto, texto, Superesportes, blog, correção…
O ritmo é diferente, sem dúvida. Ou seja, como profissional, só tenho a aprender aqui.
Em relação ao contato com os jogadores, há hoje uma barreira. Há 15 anos era possível entrevistar atletas pessoalmente, independentemente do seu veículo – e aqui, sem dúvida, isso faz diferença. Hoje, o contato é restrito às coletivas, em jogadores indicados pela própria comissão técnica/assessoria. Os principais, Neymar e Fred, por exemplo, demoram a entrar na pauta. A blindagem é clara.
No momento em que tudo isso é transmitido ao vivo em sites e canais de tevê, como ser diferente no conteúdo? Como justificar o investimento? E é óbvio que o Diario de Pernambuco fez isso para que eu estivesse no Rio. O caminho parece ser o de contextualizar depoimentos, histórias, treinamentos, regulamentos etc. Cada um procurando o seu viés. Ao jornal Estado de S. Paulo, a lesão de Paulinho, ex-Corinthians, ganhou um destaque maior. No Diario, a entrada do pernambucano Hernanes na vaga foi o direcionamento adotado. Leituras diferentes de um mesmo episódio.
Existem momentos complicados, desde uma apuração, uma pergunta não efetuada nas concorridas coletivas e problemas logísticos. No meu caso, o crachá ainda não estava no sistema no primeiro dia. Ou seja, não havia liberação para entrar na granja. Telefonemas, e-mails, respostas e, muito tempo depois, chegou.
Cada crachá de acesso, aliás, tem a sua limitação. Estou liberado para o centro de imprensa, para um palco provisório armado pela CBF atrás do gol do campo principal e na área de circulação da granja. Os alojamentos, claro, ficam do lado oposto.
Resumindo, é terminando um texto e seguindo para outra demanda. Tudo num frio considerável – ainda mais para quem vem do Recife. Tempo variando de 10 a 15 graus e bastante vento, o que só piora a sensação térmica.
Nos intervalos – acredite, é preciso se alimentar -, surge uma resenha diferente, no contato com jornalistas de outros estados. Cada um com seu time – e que certamente escutam as mesmas coisas que eu -, sua visão da profissão, suas histórias. Em uma dessas, já na noite de domingo, estava terminando o texto para o jornal numa sala de imprensa com três televisões. Duas passando jogos ao vivo e uma com a reprise de Corinthians x Botafogo. Pedi para que mudassem de canal, para a TV Brasil. Sim, Salgueiro x ASA. “Pode colocar aí, vá por mim. Canal 166 da Sky”.
Não me levaram a sério na hora. No fim, a turma – formada por cariocas, paulistas e mineiros – estava torcendo pelo Carcará, que venceu por 1 x 0. Até ali, na prática, mal sabiam que o Salgueiro existia. Mudou. E tudo por causa da ampla cobertura da Seleção na Granja Comary, por causa da presença de 1.632 profissionais. E porque tive o prazer, como jornalista formado, de ser um deles…
Teresópolis – O Comitê Organizador Local da Copa do Mundo recebe no dia 2 de junho as listas definitivas das 32 seleções. Nos formulários, cada país indicará 23 atletas. Apesar do caráter oficial, na prática será possível modificar os nomes dos convocados em um prazo até 24 horas antes da estreia. Tal formato acaba gerando uma apreensão constante entre os jogadores. Alguns sofreram lesões em amistosos a menos de um mês do Mundial, outros chegaram desgastados após o fim da temporada regular nos clubes e outros (a maioria?) vêm se poupando.
Esse cenário foi bem comum na primeira semana de preparação da Seleção Brasileira. O trabalho foi marcado por jogadores poupados. Na sexta, seis atletas sequer participaram das atividades. No dia seguinte, Bernard foi a baixa. No domingo, Paulinho sentiu um desconforto. Nos três dias, o capitão Thiago Silva não figurou entre os titulares.
Na entrelinhas, há mesmo uma precaução com o prazo de inscrição. Atletas até então titulares de Itália, Holanda e Bélgica se machucaram e não virão ao Brasil. Outros estão chegando no limite, como o português Cristiano Ronaldo e o uruguaio Luís Suárez. Com a hora definitiva chegando, torna-se natural uma atuação “cadenciada”, tanto nas seleções quanto nos clubes. Por mais complicado que seja admitir, o lateral-esquerdo Maxwell – reserva imediato de Marcelo na Canarinha – saiu do lugar-comum e revelou a existência de um trabalho de prevenção na Granja Comary.
“Desde que saiu a convocação (em 7 de maio), é difícil jogar 100% em todos os jogos, pois existe a preocupação de perder uma competição como essa, que é o sonho de todo mundo. É difícil ver um companheiro de trabalho perder isso (se referindo ao italiano Montolivo, cortado após fratura na tíbia). Agora é fazer uma boa preparação física, com trabalho de prevenção (atividades mais leves, na academia instalada no CT da CBF). Temos que jogar e esquecer os acidentes, mas o que pudermos fazer de prevenção, estamos fazendo.”
A partir da declaração do lateral de 32 anos, dá para imaginar o rendimento dos atletas nos amistosos contra Panamá (terça) e Sérvia (sexta)…
Teresópolis – Segurança total na Granja Comary, A aparato para preservar a tranquilidade dos 23 jogadores brasileiros impressiona.
Na apresentação na região serrana do Rio, o esquema já era considerável, com polícia federal, polícia rodoviária federal, corpo de bombeiros, ruas isoladas, agentes dia e noite e 30 seguranças particulares dentro do centro de treinamento da CBF.
Neste domingo, a estrutura foi reforçada.
Chegou o exército… Caminhões dentro da granja e na entrada, tropas em pontos estratégicos e um clima de “Teresópolis sitiada”.
Este formato de segurança deve se manter nas outras 31 seleções no país, sob coordenação do Comitê Organizador Local da Copa 2014. Isso mesmo. No deslocamento das seleções, a liberação parte do COL. Tudo com o braço forte do exército.
Teresópolis – Conforme imaginado, Neymar vai roubando a cena neste início de preparação da Seleção.
No coletivo do sábado, marcou um golaço. Quase sem ângulo, na linha de fundo, o atacante ficou cara a cara com Jefferson. Tocou rasteiro, quase força, mas entre as pernas do goleiro.
No domingo, logo no início do segundo treino coletivo comandado por Felipão, mandou no ângulo direito. Jefferson foi a vítima novamente.
Teresópolis – Em uma partida oficial, é proibido o uso de qualquer componente eletrônico por parte dos jogadores, seja um chipe de GPS ou equipamento de monitoramento. Nos treinos, a cargo dos clubes ou seleções, o uso é liberado. Mais do que isso. É necessário.
A princípio, até parece que os jogadores da Seleção Brasileira vêm treinando na Granja Comary com “relógios” nos pulsos. Todos eles. No entanto, trata-se de um equipamento de monitoramento de frequência cardíaca, que conta ainda com uma cinta, embaixo da camisa.
A partir disso, a equipe médica do Brasil vai medindo o nível de desgaste do grupo de convocados, cansados após a dura temporada internacional – até porque 19 dos 23 atuam fora.
Teresópolis – Itália, campeã mundial em 1934 e semifinalista em 1990. Foi a sede nas duas edições. Alemanha, campeã em 1974 e semi em 2006. Também anfitriã nos dois torneios. Brasil, vice em 1950… E mais uma vez país-sede em 2014.
A partir deste breve histórico, vamos à declaração de David Luiz, que trouxe este contexto ao ser indagado sobre o fantasma do Maracanazo, algo recorrente na cobertura da Seleção para este Mundial – e com respostas devidamente orientadas pelas três psicólogas a serviço do time brasileiro.
“Grandes seleções ganharam e perderam Copas em casa, como Itália e Alemanha. O Brasil só perdeu. Então, chegou a hora de ganhar.”
A frase foi dita durante a entrevista coletiva ao lado do meia Willian, com 51 minutos de duração. Na maior parte do tempo, respostas esbanjando confiança no hexa. Os questionamentos variaram de Paris até corte de cabelo. No fim, quebrando o script, David Luiz e Willian, companheiros no Chelsea na última temporada, posaram para fotos, num cenário de irreverência.
E assim se mantém um ambiente de confiança elevada. Pela lógica do novo jogador do PSG – foi negociado por R$ 188 milhões, tornando-se o zagueiro mais caro da história -, uma hora ganha.
Apesar de não citada, a França seria o exemplo perfeito à Canarinha. Sede 1938 e 1998. Só ganhou na segunda oportunidade.
Já México foi sede 1970 e 1986… Melhor nem lembrar mesmo.
Aberta a primeira loja oficial da Copa do Mundo no estado. O empreendimento, de aproximadamente 50 metros quadrados, está localizado no Aeroporto Internacional dos Guararapes, no primeiro piso, em frente aos portões de embarque.
Não são poucos o produtos licenciados pela entidade para o Mundial de 2014. São mais de 1.500, fabricados por 34 empresas. A venda foi iniciada ainda na Copa das Confederações, mas já com a marca do Mundial, diga-se.
Uma novidade este ano é a venda das miniaturas dos 12 estádios. No ano passado, apenas os seis do evento-teste foram às prateleiras. Além disso, as camisas das seleções também estão no pacote.
Curiosamente, o aeroporto também recebeu a loja oficial da Copa das Confederações no Recife. A localização, contudo, foi diferente – hoje, a loja de 2013 ainda encontra-se decorada, mas fechada. Outra loja oficial da Copa do Mundo no estado será inaugurada ao lado da Arena Pernambuco, mas com funcionamento esporádico, mais focado nos cinco jogos marcados para o estádio, em junho.
A ideia é abrir, também, alguns quiosques nos shoppings da cidade. Contudo, até pelo espaço reduzido, a oferta de produtos tende a ser menor, contando basicamente com camisas, brinquedos, bolas, fuleco e quinquilharias.
O mesmo cenário será repetido as doze subsedes, fora o comércio online. Não por acaso, o faturamento com produtos oficiais é um vetor que costuma encorpar a receita da Fifa a cada quatro anos.