Os 100 anos entre a Liga Sportiva e a Federação Pernambucana de Futebol

Logotipo oficial em homenagem aos 100 anos da FPF. Crédito: divulgação

A Federação Pernambucana de Futebol completou 100 anos de fundação. Há exatamente um século, em 16 de junho 1915, o Diario de Pernambucou publicou o seguinte texto sobre a organização da entidade:

“Hoje, às 18 horas, haverá reunião das comissões representativas dos clubes esportivos desta capital, a fim de discutirem o melhor de organização de uma Liga de Futebol. Pede-se o comparecimento das comissões de todos os clubes à dita reunião, que se efetuará na Estrada de João de Barros, número 19-A”.

A criação vinha se desenhando há alguns anos, após as frustradas tentativas da direção do João de Barros (atual América) com a Liga Pernambucana de Football e a Liga Recifense, em 1912 e 1913, respectivamente.

Aparando as arestas, a bola começou a rolar de forma organizada. Participaram da pioneira reunião os dirigentes do João de Barros, Peres, Flamengo, Santa Cruz e Agros de Socorro. O debate começou logo em relação à escolha do nome. Liga Pernambucana de Esportes e Liga Pernambucana de Esportes Atléticos foram os primeiros postos na mesa. Ambos rejeitados, terminando a noite com o nome “Liga Sportiva Pernambucana “, proposto não por acaso pelo primeiro presidente, Aristheu Accioly Lins. Em 1915, aliás, a presidência passou de mão quatro vezes, seguindo com Alcebíades Braga, Henrique Jacques e Melchior do Amaral. Aquele ano ainda ficaria marcado também pelo primeiro Campeonato Pernambucano, vencido pelo Flamengo do Recife, hoje extinto.

Evolução do logotipo da FPF. Arte: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Nesse tempo todo, a federação mudou de nome algumas vezes.

1915 – Liga Sportiva Pernambucana (LSP)
1918 – Liga Pernambucana de Desportos Terrestres (LPDT)
1931 – Federação Pernambucana de Desportos (FPD)
1955 – Federação Pernambucana de Futebol (FPF)

Com a nomenclatura atual, de 60 anos, o distintivo também foi repaginado.

Em relação ao endereço, a última mudança foi em 1952, no local onde seria erguido duas décadas depois o tradicional Palácio dos Esportes, de nº 871 da Rua Dom Bosco, na Boa Vista. Nos bastidores do prédio de vidraça azulada já circularam 93 filiados, entre clubes e ligas municipais. Gente demais fomentando o trabalho da federação, um verdadeiro cartório do futebol, tendo como resultado um patrimônio líquido de R$ 11,5 milhões. Sob o comando de seu 31º presidente, Evandro Carvalho, a FPF organiza a cada ano nove torneios: Pernambucano, Estaduais Sub 23, Sub 20, Sub 17, Sub 15 e Feminino, Campeonato Amador, Copa do Interior e Taça Recife de Comunidades.

Politicamente, a FPF mantém há tempos um diálogo polêmico com os grandes clubes, Náutico, Santa Cruz e Sport. Trata-se de um traço recorrente em outras federações estaduais. Seja por decisões unilaterais, regulamentos esdrúxulos ou o não cumprimento de regras básicas, como o Estatuto do Torcedor, a entidade acabou sendo vista de relance pelos torcedores no estado.

Isso dificilmente mudará a curto prazo, ainda mais com a vigente a luta entre Estadual x Nordestão, na qual o melhor modelo aos times de massa parece em segundo plano para a direção. De toda forma, a FPF, que se confunde com os nomes de Rubem Moreira (1954-1982) e Carlos Alberto Oliveira (1995-2011), se mantém de pé como uma das mais ricas federações do Brasil. Que no segundo século de existência esse poder seja equivalente ao de seus filiados.

Sede da Federação Pernambucana de Futebol. Foto: FPF/divulgação

Patrimônio líquido da FPF chega a R$ 11 milhões

Assembleia na FPF, em 12/03/2015, analisando as contas da federação em 2014. Foto: FPF/site oficial

Pela quinta vez em seis anos, a Federação Pernambucana de Futebol terminou a temporada com superávit no exercício. Entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2014, a entidade registrou um saldo positivo de R$ 1,3 milhão.

Além disso, há um detalhe interessante no balanço apresentado pelo presidente Evandro Carvalho e aprovado por “aclamação” pelos clubes durante a assembleia geral neste quinta. O relatório aponta um aumento substancial no patrimônio líquido da FPF. Há duas décadas a imponente sede, na Boa Vista, mantinha um valor congelado, por decisão da própria federação.

O ajuste do valor patrimonial, com a mutação presente no relatório produzido pela Ferreira & Associados Auditores, subiu o dado de 5,1 milhões de reais, em 2013, para R$ 11.532.063 no ultimo ano. Condiz com uma organização cuja receita operacional anual é de R$ 6 milhões.

O balanço completo foi divulgado no Diario Oficial do Estado (veja aqui).

Superávit/Défict da FPF
2009: R$ 675.234
2010: R$ 297.742
2011: R$ 898.500
2012: (R$ -89.573)
2013: R$ 1.834.817
2014: R$ 1.306.002

Além do balanço financeiro, durante a assembleia geral houve a apresentação administrativa, com um relatório sobre os torneios promovidos pela FPF: Pernambucano, Estaduais Sub 23, Sub 20, Sub 17, Sub 15 e Feminino, Campeonato Amador, Copa do Interior e Taça Recife de Comunidades.

Talvez essas competições expliquem o fato de 68% da despesa da FPF ser apenas com o departamento administrativo.

Balanço financeiro da FPF em 2014. Crédito: Diario Oficial do Estado/reprodução

Evandro Carvalho: “O Pernambucano é mais rentável que o Nordestão”. Será?

Troféus do Campeonato Pernambucano e da Copa do Nordeste de 2014. Fotos: divulgação

No imbróglio por mais datas para o campeonato estadual, o presidente da FPF, Evandro Carvalho, garante que o Pernambucano é mais rentável que a Copa do Nordeste. Tanto em premiação/cotas quanto em renda dos jogos.

As cotas das campanhas no Nordestão de 2015 foram informadas ao blog pela organização do regional. O campeão receberá R$ 2,74 milhões, com um total de R$ 11,14 milhões distribuídos entre os vinte participantes. Alegando um contrato de confidencialidade entre os doze clubes locais, a federação pernambucana de futebol e a Rede Globo, a detentora dos direitos de transmissão, o mandatário não revelou a cota de paticipação do Estadual desta temporada.

“Não posso dizer os valores, por força do contrato, mas garanto a você que o Pernambucano dá mais dinheiro. Tanto no valor dos patrocínios e da televisão quanto na bilheteria. Pode comparar, o Pernambucano é mais rentável”.

Sem a quantia detalhada, nem mesmo nos balanços financeiros divulgados pelos clubes, a comparação fica difícil, ainda que seja a palavra do presidente.

Insistindo no assunto, vamos aos dados de 2014, com a renda apurada nos borderôs oficiais e a premiação pelo título do Estadual, revelada no twitter por Arnaldo Barros, vice-presidente do Sport, o vencedor dos dois torneios. Contudo, não se sabe o total de cotas do campeão da 100ª edição do Pernambucano.

Cota de participação ao campeão*
Estadual: R$ 400 mil
Nordestão: R$ 700 mil
* Apenas o valor recebido na final, descontando as cotas das fases anteriores.

Bilheteria do campeão
Estadual (7 jogos)
Renda: R$ 1.809.957
Média: R$ 258.565

Nordestão (5 jogos*)
Renda: R$ 1.275.000
Média: R$ 255.000
* Seriam 6 partidas, mas um jogo, nas quartas de final, foi de portões fechados.

Obs. O Ceará, vice-campeão regional, arrecadou R$ 2,4 milhões em bilheteria nos seis jogos. E além disso, o Nordestão dá vaga na Sul-Americana…

Presidente da FPF encara metrô até o clássico na Arena Pernambuco

Evandro Carvalho, presidente da FPF, indo de metrô para o Clássico dos Clássicos, em 08/02/2015. Foto: Davidson Santana (@davidson_vil)/twitter

Evandro Carvalho, o presidente da FPF, foi de metrô ao Clássico dos Clássicos.

Insatisfeito com a paralisação da categoria metroviária dias antes, no jogo entre Náutico e Salgueiro, o dirigente revelou a existência de um plano de segurança para a rede sob os trilhos na capital pernambucana durante os jogos de futebol.

A polícia militar destacou 120 homens para atuar no metrô no domingo, na linha Centro-Camaragibe. O objetivo era conter confrontos entre torcidas organizadas, presentes apesar da proibição da justiça. Para “testar” o plano, Evandro foi de metrô, no transporte utilizado diariamente por 350 mil recifenses.

O dirigente foi reconhecido nos vagões por torcedores de Sport e Náutico. Alguns tiraram fotos e as compartilharam nas redes sociais. Ao blog, ele confirmou a veracidade da foto. Questionado se estava escoltado, Evandro disse que circulou acompanhado apenas de uma pessoa, o seu motorista.

“Fui para circular. Troquei de vagão várias vezes, para verificar a segurança, se encontrava algo errado. Mas vi famílias, idosos, jovens e até gente voltando da praia. Na Santa Luiza (estação a oito paradas de Cosme e Damião), ainda entraram uns 300 torcedores com uma camisa amarela com a palavra Paz”.

Esse grupo era a Torcida Jovem disfarçada. De toda forma, Evandro desceu justamente na Santa Luzia. Em relação à segurança, na ida e na volta, o esquema contou com policiais à paisana, do serviço de inteligência.

Perguntado se faria de novo o percurso num clássico na arena, já que o público no domingo foi de apenas 13.519 pessoas, Evandro foi direto:

“Eu vou no próximo clássico da mesma forma. Temos que prestigiar o serviço.”

Mapa do Metrorec

Um conselho arbitral extraordinário, raro e decisivo no futebol. Em 1987 e 2015

Conselho arbitral extraordinário do Pernambucano de 2015. Foto: João de Andrade Net/DP/D.A Press

Um conselho arbitral extraordinário, como o próprio nome deixa implícito, só pode ser convocado para debater casos ‘omissos’ em um campeonato de futebol. Um ajuste na fórmula, a interpretação definitiva de um texto confuso no regulamento etc. É algo raro, mas sempre decisivo, na base do voto.

Vamos a dois exemplos locais e suas semelhanças. Em ambos foi marcado um segundo arbitral com os torneios em andamento. No Brasileiro de 1987, 22 x 7 a favor da exclusão do quadrangular envolvendo os melhores dos módulos amarelo e verde. No Estadual de 2015, 11 x 1 a favor a realização de clássicos na Arena Pernambuco com o Náutico sendo visitante diante de Santa e Sport.

No entanto, a minoria saiu vencedora nas duas votações. É a lei. O quadrangular do Brasileirão foi mantido e os clássicos vetados com timbu visitante.

Explicação: somente a unanimidade aprovaria as mudanças..

No primeiro caso, a votação extraordinária só ocorreu em 15 de janeiro de 1988, na antiga sede da CBF, no Rio. Apenas Sport, Guarani, Náutico, Criciúma, Joinville, CSA e Treze votaram contra. O Santa, suspenso, se absteve. Já na versão estadual, na sede da FPF, na Boa Vista, só o Alvirrubro foi contra. Exerceu o seu direito. Na prática, só o seu voto estava em dúvida. Os intermediários estavam juntos à federação, enquanto tricolores e rubro-negros votariam em benefício próprio. Portanto, cabia a Glauber Vasconcelos a decisão.

Os dois fatos extraordinários tiveram validade efêmera, de um ano.

Em 1988, os módulos foram fundidos em um campeonato onde todos os times se enfrentaram. Assim como em 2016 o presidente da FPF já adiantou que o mando de campo nos clássicos será da própria federação.

Nas decisões dos conselhos arbitrais ordinários, a maioria vence. É a lei.

Conselho arbitral extraordinário do Pernambucano de 2015. Foto: João de Andrade Net/DP/D.A Press

FPF aprova a proposta do Estadual 2015 e todos os grandes escapam do descenso

Conselho Arbitral do Pernambucano de 2015, em 7 de outubro de 2014, na Arena Pernambuco. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Não houve surpresa no conselho arbitral. Mais uma vez, o modelo proposto pela Federação Pernambucana de Futebol foi aprovado sem contestação, apesar das reclamações na véspera. Realizado pela primeira vez na Arena Pernambuco, nesta terça, o evento que definiu as diretrizes da competição de 2015 reuniu representantes dos doze clubes participantes.

A queixa maior era sobre a presença do Santa Cruz no turno principal. Mesmo fora do Nordestão – a premissa básica -, o Tricolor acabou escapando da fase preliminar, e assim não corre risco de descenso. A explicação da FPF é que os times das Séries A e B não podem jogar no mês de janeiro.

O evento aconteceu sem a presença de Evandro Carvalho, em viagem à China, onde chefia a Seleção Brasileira para o confronto a Argentina. Assim, a palavra ficou com Murilo Falcão, diretor técnico da federação.

Desta forma, o regulamento oficial do Estadual de 2015 é o seguinte:

Turno preliminar (Taça Eduardo Campos) – 07/12/14 a 29/01/15
Oito clubes (América, Atlético, Central, Pesqueira, Porto, Serra Talhada, Vera Cruz e Ypiranga) disputarão a fase em jogos de ida e volta, totalizando 14 rodadas. Os dois primeiros avançam ao turno principal – e também garantem vaga na Série D. Os demais disputarão o hexagonal do rebaixamento, no qual os últimos dois colocados serão relegados à Série A2 de 2016.

Turno principal – 01/02/15 a 06/05/15
Os dois melhores do primeiro turno irão se juntar a Náutico, Salgueiro, Santa Cruz e Sport. Outra fase em turno e returno. Após 10 rodadas, os quatro melhores se classificarão às semifinais. Posteriormente, os dois melhores irão à decisão. Os mata-matas serão em jogos de ida e volta, tendo como critério de desempate o saldo de gols. Em caso de igualdade, pênaltis.

Como ocorre desde 2007, o regulamento será diferente, indo de encontro ao Estatuto do Torcedor (relembre as fórmulas aqui).

Conselho Arbitral do Pernambucano de 2015, em 7 de outubro de 2014, na Arena Pernambuco. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

20 perguntas a Evandro Carvalho sobre o Todos com a Nota

O presidente da FPF, Evandro Carvalho. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press

Após garantir um novo mandato como presidente da FPF, de 2015 a 2018, Evandro Carvalho recebeu em seu gabinete na sede da entidade, na Boa Vista, a equipe do Superesportes para a entrevista. Ao lado de João de Andrade Neto, participei dos questionamentos. A conversa teve 1h30. Um dos principais pontos foi a série de perguntas (quase um debate) sobre o Todos com a Nota e os públicos fantasmas que há pelo menos três anos mancham o Estadual.

Confira as 20 perguntas e as respostas do dirigente.

Pelo visto, o cenário continuará em 2015…

Em 2015 haverá uma maior fiscalização do programa Todos com a Nota para impedir os públicos “fantasmas” no Estadual, quando o anunciado no borderô não corresponde ao real presente aos estádio?

“A fiscalização é da própria Secretaria da Fazenda. O Governo só paga o que foi trocado. A lei é clara. Se foi trocado 10 mil não importa se no estádio tem 10 mil ou uma pessoa.”

Isso não desvirtua o programa?

“O programa é exatamente por isso. Para fazer a troca.”

Não se discute a troca e sim a presença de público nos estádios…

“Está lá borderô, o total de ingressos adquiridos e o total de ingressos do Todos com a Nota.”

No borderô não aparecem quantas pessoas de fato estiveram no jogo.

“Como eu pago o INSS? A lei determina que eu sou obrigado a pagar em cima do valor recebido.”

Mas já foi feito um questionamento à Secretaria da Fazenda e não teria problema de se colocar no borderô também o público presente

“Todos com a Nota é troca de ingressos. Todo jogo se anuncia o público (sistema de som).”

Não anuncia. Na estatística de público da Série D, por exemplo, o Central tem pouco mais de 7 mil torcedores por jogo, quando os públicos reais não foram esses.

“O que dá média de público não é quem está no estádio. É quem pagou, quem comprou. Eu tenho que recolher INSS.”

Não seria mais fácil o Estado patrocinar o Estadual?

“Perderia a essência do programa.”

Mas o senhor não concorda que a essência do programa já está perdida, já que ela não é apenas ajudar os clubes do interior, mas principalmente levar o torcedor ao estádio?

“Objetivo não é esse. O objetivo é gerar uma série de opções de lazer à população mais pobre. Além disso há a contrapartida do percentual do governo que vai para ajudar instituições de caridades, creches e hospitais, que recebem em torno de 20% da receita do TCN. Se o governo faz o patrocínio acaba todo esse apoio social. O dinheiro vai direto para o clube, livre de imposto. Não gera nenhuma contrapartida social.”

Se em todo jogo se anuncia o público real no estádio, qual é a dificuldade de colocar isso também no borderô?

“Público presente para criterio técnico é quem comprou o ingresso.”

Então para que anunciar?

“Para atender um pedido da imprensa.”

Então aqui vai um novo pedido. Coloque isso no borderô.

“Se eu colocar no borderô, o que vai ser computado para média de público e para os encargos será o público presente. E isso vai gerar uma sonegação fiscal. É crime. É o que a lei diz. Eu, inclusive, sou obrigado a recolher o seguro sobre publico presente.”

Inclusive uma seguradora está ganhando dinheiro para segurar gente que não está no estádio.

“Sabe quanto era o valor da seguradora quando assumi? Pagava R$ 0,25 (por ingresso). Sabe quanto pago hoje? R$ 0,05. Como existe uma defasagem eu fiz uma equação. Tanto que o valor do seguro é irrisório. Não existe seguro nenhum no mundo por esse valor. Exatamente para projetar efetivamente quem está em campo. Antigamente existia essa distorção. Antes ela segurava uma coisa que não existia. Estava ganhando dinheiro que não precisa. Fiz uma equação. Eu tenho em média 2 mil ingressos trocados e em média 400 pessoas no estádio. O valor que era para 2 mil não podia ser o mesmo para 400. Então fizemos uma regra de três e esse valor caiu até chegar ao valor real de 400 pessoas.”

Desde que houve a implantação do cartão eletrônico na capital, dificilmente aconteceu todas as reservas de ingressos por jogo. Ao contrário do interior…

“Já estamos propondo o cartão magnético no interior. O problema é o custo. Até o final de 2015 vamos implantar em todo interior.”

O senhor não acha no mínimo estranho um estádio estar vazio, como os dos Sub 23, e no borderô constar 2 mil pessoas?

“Vamos tomar por exemplo a Europa. Em Portugal os clubes vendem os ingressos antecipados por carnê e declaram para a Fazenda de Portugal todos os ingressos vendidos. A Fazenda recebe como público 100% dos ingressos vendidos e alguns clubes no final do campeonato dão público zero, mas tudo já foi computado. Legalmente tem que ser assim. Se não for assim é sonegação, é crime. Não tem outra maneira.”

Mas isso não é com dinheiro público…

“Mas a lei é a mesma.”

Mas o dinheiro é publico. Não seria mais justo pagar apenas pelos ingressos que de fato foram usados?

“Ai perde o objetivo da Fazenda que é o aumento da arrecadação de receita.”

Isso não é uma forma de burlar para se ter uma maior receita?

“Não tem como o governo fazer nada diferente. O governo é engessado. A única maneira é ele terminar o programa e resolver patrocinar os clubes. Se ele fizer isso ele tira toda a contrapartida social. A gente já pensou nisso. Seria mais cômodo.”

Em resumo. No ano que vem teremos públicos fantasmas de novo?

“Qual o conceito de fantasmas de vocês? Em Goiás, o governo paga antecipado e dá o direito do clube de apresentar no final do ano ‘x’ notas.”

O senhor está justificando uma falha com outra.

“Não é falha. É que não tem como fugir disso. Se eu lançar no borderô mil pessoas em campo estou sonegando o INSS porque houve troca de 5 mil ingressos.”

Mas na prática isso já está acontecendo, o senhor está apenas documentando para não ter o perigo de ter o problema.

“Como gestor tenho que prestar contas com o INSS e o Tribunal de Contas. Ou é assim ou acaba. Não tem jeito.”

Liberação da cerveja na pauta da Alepe em 2015

Cervejas oficiais de Sport, Náutico e Santa Cruz (Ambev/Brahma)

Já está sendo articulada a volta da cerveja ao futebol pernambucano. A médio prazo.

Como se sabe, a cerveja está proibida (venda e consumo) desde a publicação da lei estadual em 24 de março de 2009, de autoria do deputado Alberto Feitosa. Cinco anos depois, uma alteração na redação deverá ser discutida na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

A informação é do presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho.

Segundo o dirigente, o projeto de autoria do deputado Antônio Moraes não irá revogar a lei vigente, mas derrogá-la. Ou seja, mudará apenas um artigo.

Assim, continuará o veto ao uísque, vodca, vinho e outras bebidas. Menos uma.

Somente a cerveja seria liberada. Basta para incrementar a receita no futebol. Na Copa do Mundo de 2014 a oferta nos 64 jogos foi de 3 milhões de latinhas.

Duas audiências públicas já foram realizadas sobre o tema.

A articulação está de tal forma que uma cervejaria já mostrou interesse em adquirir o naming rights do Estadual pelos próximos quatro anos. O acordo está condicionado à liberação da cerva.

O mesmo aconteceu em 2009, com a Ambev, quando a empresa acabou voltando atrás no contrato R$ 800 mil por causa da proibição.

Sobre a reviravolta na lei – o próprio Juizado do Torcedor (Jetep) já admitiu que a lei em vigor não diminuiu a violência -, há uma particularidade…

No site oficial da Alepe, o projeto de lei ordinária nº 584/2011, de Antônio Moraes, encontra-se parado desde 22 de maio de 2012, quando o próprio parlamentar solicitou a retirada de tramitação.

Por sinal, o presidente da assembleia, Guilherme Uchôa, diz que ainda não há movimento na casa sobre essa pauta, que não passou sequer nas comissões.

Mesmo assim, a FPF mostra-se animada com a votação. Resta aguardar para ver se não foi mais empolgação do que fato concreto. Veremos em 2015.

Por aclamação, Evandro Carvalho garante mais quatro anos no comando da FPF, a 5ª federação mais rica do país

Evandro Carvalho no discurso após a eleição para presidente da FPF, em 22 de setembro de 2014. Foto: FPF/Assessoria

Por aclamação – ou seja, com os votos de todos os clubes e ligas municipais -, Evandro Carvalho foi eleito para mais um mandato na presidência da Federação Pernambucana de Futebol. Serão quatro anos, de 2015 a 2018.

O dirigente já vinha no comando da entidade desde 29 agosto de 2011, após a morte do então mandatário, Carlo Alberto Oliveira. A eleição nesta segunda-feira foi apenas protocolar, atendendo aos requisitos da Assembleia Eletiva.

Depois, ao lado dos seus vice-presidentes, do conselho fiscal da entidade e dos membros do TJD, discursou para os representantes das agremiações presentes, inclusive dos grandes clubes, que tanto se queixavam. Caso não volte atrás na palavra, este deverá ser o último mandato de Evandro frente à federação – até porque já vislumbra a vice-presidência da CBF.

Para os próximos anos, além de contar com uma oposição mais viva – diluída nesta eleição pela brusca mudança de data do pleito -, o presidente deve focar na organização do Pernambucano, que há alguns anos vem passando por transformações devido ao calendário nacional, quase nunca para melhor.

O primeiro ponto deve ser conseguir uma liberação junto à CBF para poder organizar jogos em dezembro e janeiro, onde quer, mais uma vez, realizar a fase preliminar do Estadual, apenas com os clubes intermediários.

Em relação às finanças, a FPF já é a 5ª federação mais rica do país. Em 2013 a receita foi de R$ 6,6 milhões. Hoje, o seu patrimônio líquido é de R$ 5,6 milhões.

Além do subsídio estatal do Todos com a Nota, a federação pernambucana se notabiliza pela cobrança de 8% da renda bruta de cada partida no estado, numa “taxa administrativa”. Até fevereiro de 2013 o valor era de 6%, já acima da média. Na maior parte do país as entidades cobram 5% da bilheteria.

A captação de recursos é grande. Agora, Evandro tem quatro anos pela frente, tempo suficiente para também fomentar os clubes com essa saúde financeira.

Até mesmo porque o apoio recebido foi claro. Foi aclamado.

Evandro Carvalho no discurso após a eleição para presidente da FPF, em 22 de setembro de 2014. Foto: FPF/Assessoria

Antes à revelia, Estatuto do Torcedor vira arma da FPF para manter o seu calendário

Pernambuco

A FPF já tem um plano traçado para conseguir organizar o Campeonato Pernambucano de 2015 nos moldes da edição centenária, que começou a ser realizada ainda em dezembro do ano anterior. O mote, claro, é movimentar por mais tempo as equipes intermediárias e evitar que esses times atuem por apenas dois meses no novo calendário do futebol brasileiro, elaborado pela CBF junto às ideias lançadas pelo movimento Bom Senso.

A estratégia é totalmente legal, mas historicamente contraditória.

O presidente da federação pernambucana, Evandro Carvalho, quer que o Estatuto do Torcedor seja respeitado, obrigando a realização do Estadual com a mesma fórmula – o que não aconteceu de 2013 para 2014 – e será explicado posteriormente. Antes, o texto original do Estatuto do Torcedor.

Capítulo III, do regulamento da competição.

Art. 9º É direito do torcedor que o regulamento, as tabelas da competição e o nome do Ouvidor da Competição sejam divulgados até 60 dias antes de seu início, na forma do §1º do art. 5º. (Redação dada pela Lei nº 12.299, de 2010).

§5º É vedado proceder alterações no regulamento da competição desde sua divulgação definitiva, salvo nas hipóteses de:

I – apresentação de novo calendário anual de eventos oficiais para o ano subseqüente, desde que aprovado pelo Conselho Nacional do Esporte – CNE; 

II – após dois anos de vigência do mesmo regulamento, observado o procedimento de que trata este artigo.

Em tese, a divulgação do calendário da CBF só precisa da aprovação do CNE para inviabilizar o pleito pernambucano. Por outro lado, o inciso dois preenche o argumento local. Ao blog, Evandro disse o seguinte.

“Outros estados podem querer fazer um campeonato de um mês. Aqui eu não posso. Aqui existe receita e os clubes têm apoio. Nos bastidores, já sabíamos que haveria um novo calendário no país há mais de um ano. Foi por isso que fizemos essa mudança no Estadual, para que em 2015 o regulamento não pudesse ser modificado. Vamos exigir o cumprimento disso.”

De fato, o regulamento foi adotado em 2014, o que não deveria ter ocorrido, pois a fórmula de 2013 foi utilizada somente uma vez. Na visão do dirigente, os regulamentos tiveram a mesma “base”, com turno classificatório. Abaixo, um resumo para mostrar que não foi bem assim. Aliás, a última vez que um regulamento repetiu todas as linhas no ano seguinte foi entre 2005 e 2007.

2014 – Fase classificatória com 9 times intermediários, com 3 equipes avançando ao hexagonal do título (ida e volta). Os quatro melhores vão à fase final, com semifinal e final.

2013 – Turno único com 9 times (incluindo o Náutico), e todos passando ao turno decisivo, com 12 clubes em jogos só de ida. Os quatro melhores vão à fase final, com semifinal e final.

2012 – Os 12 clubes disputaram 22 rodadas. Os quatro melhores avançaram à fase final, com semi e final. Um decisão em até três jogos, sendo preciso somar de cinco a sete pontos para ficar com a taça.

2011 – Os 12 clubes disputaram 22 rodadas. Os quatro melhores avançaram à fase final, com semi e final. No mata-mata, valia apenas o saldo de gols (em caso de igualdade na pontuação).

2010 – Os 12 clubes disputaram 22 rodadas. Os quatro melhores avançaram à fase final, com semi e final. Mata-mata estilo ‘Copa do Brasil’.

2009 – Torneio dividido em dois turnos idênticos, com 11 rodadas cada. Os ganhadores de cada turno disputam a final.

2008 – A edição mais confusa, devido à ampliação para 12 times, com dois turnos. No primeiro, três grupos de quatro, com os times das de cada chave enfrentando os adversários em jogos de ida e volta, sem confronto direto com outros grupos. No segundo, um hexagonal em ida e volta. Os ganhadores de cada turno disputam a final.

2007, 2006 e 2005 – Foram as últimas edições com dez equipes e com o mesmo formato, com turno e returno, tendo os vencedores de cada fase o direito de disputar o título em jogos de ida e volta. Caso um clube conquistase ambos, o título seria automático.

Nota do blog: Além da pendenga de 2013 para 2014, também houve mudanças à parte do Estatuto do Torcedor de 2009 para 2010 e de 2008 para 2009. Em todos os casos o sistema não foi repetido. De 2010 a 2012 o texto também foi alterado, mas nessas edições foi tudo dentro da lei, como “termo de ajustamento”, mudando somente o critério de desempate nas decisões.