Clássico às moscas numa soma de erros, cuja conta na arena será paga por nós

Pernambucano 2014, turno: Náutico 2 x 1 Sport. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

O primeiro Clássico dos Clássicos no estádio em São Lourenço da Mata válido pelo campeonato estadual teve um horário indigesto. O duelo entre Náutico e Sport foi iniciado às 20h de uma quinta-feira. Segundo os dirigentes, era a última data possível antes do colapso no Estadual.

Numa partida agendada nas coxas – sem levar em conta o potencial e os custos do jogo -, tudo pesou contra, pois a cidade fervilhando com o carnaval. Neste contexto, o torcedor, um aventureiro, teria que encarar a hora do rush na capital.

Justo entre 18h e 20h, na volta pra casa de grande parte dos trabalhadores. A falta de mobilidade, incentivo e informação prejudicaria o público, óbvio. Muitos desistiram de ir e outros tantos chegaram atrasados na arena.

O blog registrou uma visão panorâmica da Arena Pernambuco no início dos dois tempos. Houve um leve crescimento na etapa final. Insuficiente para registrar o bom público no clássico vencido pelo Alvirrubro.

O borderô oficial ainda apontou 8.784 torcedores presentes, num número bem superior ao visual. De toda forma, o público foi ruim. Vale lembrar que qualquer prejuízo na arena, e consequentemente do consórcio, é repassado ao governo do estado. Logo, todos nós pagamos a conta das cadeiras vazias…

Pernambucano 2014, turno: Náutico 2 x 1 Sport. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

Após quase cem jogos, o Estadual enfim alcança a média de 5 mil torcedores

Pernambucano 2014, 5ª rodada: Sport 1x1 Central, Salgueiro x Santa Cruz e Náutico x Porto. Fotos: Emanuel Leite Jr. (Ilha), Anderson Malagutti (Cornélio) e Celso Ishigami (Arena Pernambuco), todos do DP/D.A Press

Só agora, após a realização de 95 partidas em três meses de disputas, o Campeonato Pernambucano de 2014 conseguiu superar a média de cinco mil torcedores presentes em campo, ao menos no borderô. Nos últimos dez anos, apenas a edição de 2007 ficou abaixo disso.

O índice de 5.043 torcedores proporcionou uma renda bruta de R$ 3 milhões. Grande parte desta receita veio através dos ingressos subsidiados pelo governo do estado – que correspondem a 87% do público registrado pela FPF. O blog vem acompanhando as médias de todas as fases e do hexagonal do título.

Após a 4ª rodada do segundo turno, nota-se uma diferença enorme nos dados, com o dobro de público e o triplo de renda na fase com os grandes clubes do Recife.  O último fim de semana marcou o primeiro jogo em casa do Timbu. Porém, a largada não foi boa, com o clube em último na corrida das multidões. Já a liderança segue com os corais, em busca do hexa nas arquibancadas.

1º) Santa Cruz (2 jogos como mandante)
Total: 36.721
Média: 18.360
Taxa de ocupação: 30,57%
Contra intermediários (1) – T: 8.009 / M: 8.009

2º) Sport (2 jogos como mandante)
Total: 25.013
Média: 12.506
Taxa de ocupação: 37,91%
Contra intermediários (2) – T: 25.013 / M: 12.506

3º) Salgueiro (11 jogos como mandante)
Total: 87.149
Média: 7.922
Taxa de ocupação: 79,89%

4º) Central (9 jogos como mandante)
Total: 66.363
Média: 7.373
Taxa de ocupação: 37,85%

5º) Porto (10 jogos como mandante)
Total: 55.310
Média: 5.531
Taxa de ocupação: 28,39%

6º) Náutico (1 jogo como mandante)
Total: 5.253
Média: 5.253
Taxa de ocupação: 11,36%
Contra intermediários (1) – T: 5.253 / M: 5.253

Capacidade oficial dos estádios: Arruda (60.044), Arena Pernambuco (46.214), Ilha do Retiro (32.983), Lacerdão (19.478) e Cornélio de Barros (9.916).

Geral – 95 jogos (1ª fase, hexagonal do título e hexagonal da permanência)
Público total: 479.145
Média: 5.043 pessoas
TCN: 420.597 (87,78% da torcida)
Média: 4.427 bilhetes
Arrecadação: R$ 3.233.371
Média: R$ 34.035

Fase principal – 11 jogos (hexagonal do título e mata-mata)
Público total: 116.912
Média: 10.628 pessoas
TCN: 74.371 (63,61% da torcida)
Média: 6.761 bilhetes
Arrecadação: R$ 1.166.683
Média: R$ 106.062

Confira todas as médias desde 1990 clicando aqui.

Veja também as médias de Náutico, Santa e Sport desde 2005 aqui.

Pernambucano em 2 linhas – 3ª/2014

Pernambucano 2014, 3ª rodada: Santa Cruz 0x0 Náutico, Porto 0x2 Sport, Salgueiro 0x0 Central. Fotos: Roberto Ramos (Arruda) e Paulo Paiva (Lacerdão), ambos do DP/D.A Press e Héliton/salgueiroac.com

O centésimo campeonato estadual segue equilibrado após a disputa de três das dez rodadas. À parte do Leão, o único com 100% de aproveitamento até aqui, a diferença entre o segundo colocado e o sexto lugar é de apenas dois pontos.

Assim, a briga pelas quatro vagas na semifinal deve ser mesmo boa. Hoje, as semifinais seriam Sport x Porto e Santa Cruz x Salgueiro. Até segunda ordem, o único jogo em falta na tabela, o Clássico dos Clássicos da primeira rodada, foi remarcado para 27 de fevereiro, na beira do carnaval.

Em 8 jogos na fase principal do #PE2014 foram anotados 18 gols, com média de 2,25. Em relação à artilharia, que oficialmente considera apenas os dados deste hexagonal e o mata-mata, Neto Baiano assumiu a ponta com três tentos.

Santa Cruz 0 x 0 Náutico – Um jogo pobre. No segundo tempo, os times tentaram um pouco mais, mas os lances não valeram o preço do ingresso.

Porto 0 x 2 Sport – Sem forçar, o Leão venceu mais uma e se isolou na ponta, dando mais tranquilidade para disputar o Nordestão paralelamente.

Salgueiro 0 x 0 Central – No Cornélio de Barros, a Patativa suou bastante para segurar um adversário direto pela possível quarta vaga na semifinal.

Confira a tabela da competição clicando aqui.

Destaque da rodada: Neto Baiano. O centroavante marcou um golaço, de pé direito, e assumiu a artilharia do turno. Fim da zica na “camisa 9”?

Carcaça da rodada: O 500º Clássico das Emoções. O apelo da partida era histórico, mas não correspondeu ao respeitável número.

Classificação do hexagonal do título do Pernambucano 2014 após a 3ª rodada. Crédito: Superesportes

Coruja de Afogados, a caçula do futebol pernambucano. Por pouco tempo

Afogados da Ingazeira Futebol Clube. Crédito: divulgação

O futebol pernambucano teve 27 clubes profissionais em atividade em 2013, divididos em duas divisões. Neste ano, mais um time foi inserido na lista.

O caçula do estado chama-se Afogados da Ingazeira Futebol Clube, fundado em 18 de dezembro do ano passado e profissionalizado na FPF nesta quinta.

O clube é o primeiro filiado de uma leva de 26 municípios que já demonstraram interesse em contar com equipes profissionais no Estadual. O dado foi revelado ao blog pelo próprio mandatário da federação, Evandro Carvalho, no embalo do seu mega e utópico projeto de um Pernambucano com 60 times.

Localizado a 386 quilômetros da capital, o Afogados terá um uniforme semelhante ao do Bahia, mas inspirado nas cores da bandeira da cidade, a terra da medalhista olímpica Yane Marques, de apenas 36.379 moradores.

O mascote será uma coruja, simbolizando a “inteligência e sabedoria”.

A estreia da Coruja de Afogados será na segunda divisão local de 2014. Em seu último ano no amadorismo, foi vice-campeã da Copa do Interior.

No entanto, o status de caçula não deve demorar muito…

Outras agremiações com os nomes das respectivas cidades, e apoio das prefeituras, já estão a caminho.

Afogados da Ingazeira Futebol Clube. Crédito: divulgação

Pernambucano em 2 linhas – 2ª/2014

Pernambucano 2014, 2ª rodada: Sport 4 x 0 Salgueiro, Porto 1 x 0 Santa Cruz e Central 1 x 1 Náutico. Fotos: Paulo Paiva (Ilha do Retiro) e Ricardo Fernandes (Caruaru), ambos do DP/D.A Press

Após o imbróglio na rodada de abertura, oficializada faltando apenas 20 horas para o início das partidas, somente agora, na 2ª rodada, ocorreram os três jogos programados. Eis o resumo do blog, lembrando que o clássico entre Náutico e Sport, o da estreia, segue indefinido. Com quatro vagas para seis times, somente uma largada ruim deverá resultar em eliminação. Até aqui, equilíbrio.

Como a própria FPF fez questão de “separar” as fases na composição da artilharia – numa decisão no mínimo curiosa -, aqui os dados também serão apenas do hexagonal principal, os oficiais. Em 5 jogos no #PE2014 foram marcados 16 gols, com média de 3,2. Nesta fase, a artilharia está dividida entre Léo Gamalho (Santa) e Neto Baiano (Sport), ambos com dois gols.

Sport 4 x 0 Salgueiro – O Leão foi superior, tática e tecnicamente. Construiu uma vitória fácil, apesar da necessidade de contar com um “camisa 10” melhor.

Porto 1 x 0 Santa Cruz – Desfalcado de peças importantes, o tricampeão quis evitar o desgaste em Caruaru. Contudo, acabou voltando sem ponto algum.

Central 1 x 1 Náutico –  A vitória era timbu até os 47 do segundo tempo, quando cedeu o empate. O resultado também manteve a Patativa na luta pela semi.

Confira a tabela da competição clicando aqui.

Destaque da rodada: Neto Baiano, pelo oportunismo, apesar do vacilo em levar cartão amarelo por mostrar a camisa da organizada.

Carcaça da rodada: Defesa timbu. Ainda há o crédito sobre o início do trabalho, mas levou outro gol de bola aérea sem marcação, agora no último lance.

Classificação do hexagonal do título do Pernambucano 2014 após a 2ª rodada. Crédito: Superesportes

Clássico em busca de uma Lua Cheia

Calendário lunar de fevereiro de 2014. Crédito: www.calendario-365.com.br

Se há um calendário que não muda sob hipótese alguma, é o calendário lunar.

As fases são cíclicas, com a lua nova, lua crescente, lua cheia e lua minguante.

Claro, ninguém usa esse calendário para produzir a tabela de um campeonato de futebol. Entre os principais pontos para esta composição estão os dias e horários com viabilidade para gerar bons públicos, a grade de transmissão na televisão, os intervalos mínimos entre as partidas de acordo com a lei etc.

Com tudo isso, ao adiar um jogo, considerando o apertado calendário brasileiro, a agenda fica asfixiada. É o caso do clássico entre Náutico e Sport na Arena Pernambuco, válido pela primeira rodada do haxagonal do Estadual.

Ainda mais ao relembrar a quantidade de tabelas lançadas.

Portanto, o jogo não será na Lua e nem marcado através do calendário lunar.

Na prática, seria difícil encontrar uma “Lua Cheia” para o clássico. A de fevereiro, no dia 14, até está vaga, mas não atende às exigências supracitadas…

É preciso ocorrer antes da 10ª rodada, em 30 de março. Qual data está livre?

O descrédito do centésimo Estadual se estende aos patrocinadores

Evandro Carvalho, presidente da FPF. Foto: FPF/assessoria

O campeonato estadual de 2014 tem quatro patrocinadores de alcance geral.

Além dos dois principais, a emissora detentora dos direitos de transmissão, a Rede Globo, e o governo do estado, através dos ingressos subsidiados do Todos com a Nota, estão na lista a empresa que adquiriu o naming rights da competição, a Coca-Cola, e a fabricante Garra, que bancou duas cotas, a de publicidade estática nos estádios e os uniformes dos trios de arbitragem.

Nos bastidores, a Megasports também comercializa outros contratos menores.

Todos os investidores apostaram no valor de mercado da edição deste ano, elevado muito antes do início pelo simples fato de representar o 100º torneio. A desorganização da competição, contudo, arranhou a imagem do Estadual.

Sobretudo junto ao torcedor, aumentando o descrédito. Não há uma conta para mensurar essa perda, mas os investidores não estão satisfeitos com a situação.

As queixas já chegaram aos ouvidos do presidente da FPF, Evandro Carvalho, com a incerteza sobre a grade da tevê, o nome da companhia de refrigerantes atrelada a um torneio iniciado de forma parcial, reservas dos ingressos do TCN abaixo da média e a falta de visibilidade das placas já pagas.

Vencimentos dos contratos no Pernambucano:

Rede Globo – 2018 (recém-renovado, por quatro anos)
Garra – 2015 (dois anos)
Coca-Cola – 2014 (quatro anos)
Governo do estado – 2014 (a renegociação é anual)

O mandatário da federação vem tentando contemporizar a situação, emulando um contexto irreal. Em off, a situação é completamente diferente…

Quando a democracia atrapalha uma tabela, segundo Evandro Carvalho

Exposição "Brasil, um País, um Mundo", no Recife em fevereiro de 2014. Fotos: FPF/assessoria

O presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Evandro Carvalho, acredita que a “democracia” atrapalhou a composição da tabela do Estadual.

Por mais surpreendente que seja a afirmação, não é a primeira vez que o dirigente alega isso após uma confusão administrativa na FPF.

Segundo ele, o fato de ouvir todos os clubes na formatação da tabela oficial, sobretudo as principais camisas do Recife, acaba gerando inúmeros conflitos.

Tal clube quer estrear em casa, um não aceita disputar clássicos à noite e o outro não quer disputar as últimas partidas como visitante.

Tira aqui, encaixa ali, num verdadeiro quebra-cabeças… Nem sempre possível.

De forma inacreditável, a tabela de 2014 saiu somente às 20h do sábado, com a primeira rodada marcada para as 16h de domingo. Na próxima edição, Evandro promete fazer uma tabela sem consulta alguma às equipes.

Na verdade, Evandro, você até pode consultar os clubes, desde que o calendário seja revelado faltando no máximo 60 dias para o início da competição.

A partir daí, ouvir qualquer time e modificar a estrutura vira um problema.

E nem é uma questão democrática, mas sim o que preza o Estatuto do Torcedor.

Bandeira branca a meio mastro após quebra da primeira diretriz do Futebol de Paz

Futebol de Paz. Crédito: facebook.com/fpfpe

No início de 2014, o presidente do Sport, João Humberto Martorelli, teve a boa e necessária ideia de estimular uma campanha para a paz no futebol local.

O projeto Futebol de Paz foi lançado em 22 de janeiro, na sede da FPF, com a presença do dirigente e dos mandatários de Náutico, Glauber Vasconcelos, e Santa Cruz, Antônio Luiz Neto. O discurso, enfim, parecia afinado.

A ideia foi composta por seis diretrizes, todas elas com o objetivo de evitar o aumento do clima hostil no futebol pernambucano, com material de divulgação nos clubes, nos jogos e nas redes sociais. A primeira delas é a seguinte:

“As entrevistas dos três presidentes e dos diretores dos três clubes serão sempre exaltando a paz, nunca de uma rivalidade que gere promoção da rivalidade e da violência.”

Menos de um mês após a bandeira branca tremulada, logo o próprio Martorelli feriu o primeiro ponto do acordo, destinado aos gestores do esporte.

No calor da confusão sobre a tabela do Estadual, que foi parar no STJD e resultou no adiamento do clássico entre Náutico e Sport na primeira rodada – a uma data a ser definida -, o presidente rubro-negro declarou o seguinte à Rádio Jornal.

“É evidente que o Náutico está com medo de enfrentar o Sport. Isso é o que me parece mais óbvio.”

O dirigente é um advogado conceituadíssimo na região, mas à frente do futebol do clube parece ter faltado um pouco de traquejo nesta confusão.

A bandeira branca a meio mastro no Recife, mais uma vez.

A involução do Campeonato Pernambucano, cem anos depois

Federação Pernambucana de Futebol (FPF)

O Campeonato Pernambucano de 2014 é o centésimo da história.

A dois dias do início do turno, com as estreias de Náutico, Santa e Sport, a competição viveu um de seus dias mais constrangedores em todos os tempos.

A enrolada diretoria de competições da Federação Pernambucana de Futebol conseguiu a proeza de sequer produzir uma tabela decente para a fase principal.

Após três modelos divulgados, dois deles ultrapassando o limite legal segundo o Estatuto do Torcedor, a FPF viu a sua tabela ir para o ralo numa decisão do TJD.

Vale lembrar que a tabela teria apenas seis clubes. Seis…

Curiosamente, o pioneiro Estadual, realizado no distante ano de 1915, ainda sob a chancela da Liga Sportiva Pernambucana, também teve seis clubes.

No entanto, aquele turno aconteceu normalmente, apesar das derrotas por WO da Colligação. No fim, título histórico para o Flamengo do Recife.

Acredite, há um século a tabela foi elaborada de forma melhor…

Campeonato Pernambucano de 1915. Crédito: http://www.rsssfbrasil.com/