O primeiro grande torneio de tênis na temporada é o Australian Open.
É o primeiro dos quatro grand slams do circuito profissional.
Tradicionalmente disputada com sol forte, em janeiro, a competição em Melbourne alcançou índices alarmantes em 2014.
Alguns jogos chegaram a ser disputados com 44º C.
Foram dez desistências só na primeira rodada, devido ao calor. Outras partidas foram reagendadas para evitar o desgaste.
Para chamar a atenção dos organizadores, o francês Jo-Wilfried Tsong quebrou dois ovos numa panela no intervalo de uma disputa. Em seguida, o tenista postou a imagem no twitter.
Ainda mais curioso foi o desfecho da ideia do sérvio Novak Djokovic, também na rede social. Uma das estrelas do circuito e conhecido pelo bom humor, usou uma forma incrível para protestar sobre as condições de jogo.
Quebrou um ovo na quadra, com o piso numa temperatura ainda mais elevada.
São pelo menos duas centenas de torneios profissionais a cada temporada no tênis. A partir da categoria future, de 10 mil dólares, ao mítico Wimbledon, que na última edição distribuiu US$ 34 milhões em prêmios.
Todos essas competições são esmiuçadas pela ATP, a associação dos tenistas profissionais, que a semanalmente produz um ranking, atualmente formado por 2.092 tenistas e com os resultados de cada um nas últimas 52 semanas.
O tradicionalíssimo ranking acaba de completar 40 anos de história, desde a primeira atualização, em 23 de agosto de 1973, com o romeno Ilie Nastase.
Além de Nastase, apenas 24 nomes chegaram ao topo da lista.
Com o quadragésimo aniversário do ranking profissional, a ATP reuniu em Nova York boa parte dos atletas que já tiveram a honra de liderar a tabela do nobre esporte. Lá, bem no meio da foto, o brasileiro Gustavo Kuerten (veja aqui)
Guga liderou por 43 semanas é, também, o único sul-americana a encerrar um ano na liderança, em 2000. Esse levantamento é ainda mais exclusivo no tênis internacional, pois apenas 16 pessoas terminaram a temporada em 1º lugar.
Bem merecida a Taça Heritage, oferecida pela ATP aos craques…
Tetracampeão de 2005 a 2008, tetracampeão de 2010 a 2013.
Em nove campanhas no saibro parisiense foram 60 jogos disputados.
Arrasador, conquistou 59 vitórias e perdeu apenas 1 vez.
O cartel é impressionante, daqueles que você busca um defeito, mas parece não haver, num esquema de jogo detalhadíssimo, com afinco. Rafael Nadal, aos 27 anos, é, sim, o maior tenista da história no piso vermelho.
Indo mais além, até mesmo para dimensionar o que isso significa em um esporte tão técnico, o espanhol é o maior vencedor em um Grand Slam.
Amadorismo ou profissionalismo, tanto faz.
Considerando todas as taças desde 1877, quando Wimbledon, o primeiro dos quatro grandes torneios foi criado, Rafa alcançou uma marca uma inédita.
Venceu sem maiores dificuldades o compatriota David Ferrer por 3 sets a 0 e reafirmou a soberania na temporada do saibro (veja aqui).
Tornou-se oito vezes campeão em Roland Garros.
Deixou para trás mitos da era romântica como Richar Sears, Bill Larned e Bill Tilden, todos no US Open, e William Renshaw, o primeiro rei de Wimbledon. Além deles, os gigantes da era profissional Pete Sampras e Roger Federer, ambos heptacampeões na grama londrina.
Já foi dito há pouco, mas vale repetir. Nadal tem apenas 27 anos…
Nascidos em 1976, o brasileiro Gustavo Kuerten e a americana Jennifer Capriati dividem também três datas marcantes na história do tênis.
Em 2001, no tradicionalíssimo saibro de Roland Garros, ambos viveram dias inesquecíveis na quadra Philippe Chatrier, para deleite dos amantes do esporte.
Em 9 de junho, Capriati venceu a belga Kim Clijsters de virada por 2 sets 1. Arrasada no primeiro set por 6/1, a americana abusou da técnica e cravou 6/4 e um longo 12/10 para ficar com a sua única taça em Paris.
No dia seguinte ela conferiu no camarote da quadra central a apresentação de gala de Guga, que confirmaria de vez o seu reinado no Aberto da França. Tricampeão.
Também de virada, 3 sets a 1 no espanhol Alex Corretja. Parciais de 6/7, 7/5, 6/2 e o chamado “pneu” para fechar a conta, 6/0. Coração nas raquetadas e no barro.
Na noite daquele domingo, ambos ainda foram à festa de encerramento de Roland Garros, agenda de praxe no circuito. Um brinde ao triunfo.
Pois naquele mesmo ano, em 15 de outubro, Jennifer, profissional desde 1990 – sim, aos 13 anos e 11 meses -, finalmente alcançaria o topo do ranking feminino, a WTA.
Lá já estava o brasileiro, líder da ATP, soberano. Foram quatro semanas seguidas com os dois tenistas em primeiro lugar no circuito.
Sem uma relação direta, eles continuaram as respectivas carreiras.
Medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de 1992, Jennifer soma 14 títulos. Entre as taças, duas do Aberto da Austrália e uma de Roland Garros.Teve um histórico de 430 vitórias e 176 derrotas, acumulando US$ 10.206.639.
Já Guga, que trouxe ao circuito profissional um carisma há muito em falta, atravesssou as quadras como número 1 por 43 semanas.
Além do o tri em Paris, o título do Masters Cup e vitórias sobre Sampras, Agassi e Federer. Ganhou US$ 14.807.000 na carreira de 20 títulos, 358 vitórias e 185 derrotas.
Durante todo esse tempo, a figura paterna foi vital na história dos dois.
No caso de Jennifer, o comportamento abusivo do pai, com uma enorme pressão na cobrança por resultados, afetou a atleta fora das quadras. Guga, por sua vez, perdeu o pai muito cedo. O técnico Larri Passos praticamente assumiu essa identidade.
Passados onze anos, novo encontro nessas vidas dedicadas ao tênis.
Neste 14 de julho de 2012, Jennifer e Gustavo tornaram imortais para o esporte os sobrenomes Capriati e Kuerten, entrando no Hall da Fama do Tênis.
Lá estão homens e mulheres que conquistaram títulos no Grand Slam, que venceram jogos épicos e conquistaram feitos pra lá de relevantes no esporte.
O museu fica em Rhode Island, o menor estado dos EUA. Desde 1955, o Hall da Fama havia recebido 220 nomes. Agora, mas dois (veja aqui).
Acaso justo. Para o ídolo Kuerten e para a precoce Capriati.
Criado em agosto de 1973, o ranking de tenistas profissionais, cuja complexa atualização sempre foi semanal, já teve 24 atletas no topo.
Lendas como o romeno e pioneiro Ilie Nastase, o sueco Bjorn Borg, o norte-americano Andre Agassi e o brasileiro Gustavo Kuerten já ocuparam o number 1.
Até este domingo, ninguém havia ficado tantas semanas na primeira colocação como o americano Pete Sampras, com incríveis 286, distribuídas entre 12 de abril de 1993 e 19 de novembro de 2000. Insuperável? Parecia.
A próxima lista com mais de 1.500 nomes a ser divulgada pela associação de tenistas profissionais, a ATP, nesta segunda-feira, mudará a história.
Ao vencer o representante da casa em Wimbledon, Andy Murray, por 3 sets a 1, o suíço Roger Federer, há tempos alçado ao status de melhor de todos os tempos devido ao enorme cartel de raquetadas, conquistou o hepta na grama sagrada (veja aqui).
Não só igualou o número de semanas como número 1, com 2.002 dias na liderança, como atingiu o número de troféus conquistados por Sampras no All England Club, que já dividia o recorde com o britânico William Renshaw, ainda na era amadora.
William Renshaw: 1881, 1882, 1883, 1884, 1885, 1886 e 1889
Pete Sampras: 1993, 1994, 1995, 1997, 1998, 1999 e 2000
Roger Federer: 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2009 e 2012
Semanas na liderança à parte, o genial Federer, de 30 anos, ganhou o seu 17º título de grand slam, um recorde absoluto no tênis. Exclusivo.
Como em breve também deverá ser a marca em Wimbledon… Lenda viva e nas quadras.
Depois de fritar o brasileiro Thomaz Bellucci em sua estreia, o campeoníssimo tenista espanhol Rafael Nadal voltou a seu costume no torneio de Wimbledon. Sempre que disputa o grand slam britânico ele cozinha para a família, hospedada em Londres.
Musa do esporte, a russa Maria Sharapova cravou de vez o seu nome no tênis.
Ao conquistar o título de Roland Garros de 2012, a loura se tornou a 10ª mulher a completar o Grand Slam, com vitórias nos quatro maiores torneios da modalidade.
O triunfo em Paris era o que faltava desde 2008, quando conquistou o Aberto da Austrália. Ali, já havia vencido também Wimbledon (2004) e o US Open (2006).
A busca foi enorme. Desde que Sharapova entrou no circuto das grandes competições, em 2003, Roland Garros foi o único Grand Slam em que ele esteve sempre presente.
Neste sábado, de forma incontestável, Maria venceu a italiana Sara Errani por 2 sets a 0, com parciais de 6/3 e 6/2 (veja aqui).
Abaixo, a lista de mulheres que conquistaram o Grand Slam e as respectivas idades.
Com a 27ª taça em sua galeria, levando em consideração todos os torneios, a russa soma agora mais de 13 milhões de dólares apenas em premiação na WTA.
Confira mais detalhes da carreira da tenista clicando aqui.
Aos 25 anos, Sharapova se junta a nomes como Martina Navratilova, Steffi Graf. Esta última é, também, a única que ganhou a medalha de ouro na Olimpíada.
Eis a nova missão para Sharapova? Antes, vale a festa na capital francesa. E para completar o feito, a 448ª vitória da bela devolveu a liderança no ranking mundial.
Só existe uma forma de alguém vencer um jogo como o que Novak Djokoviv e Rafael Nadal protagonizaram ontem na final do Australian Open: dedicar a sua vida inteira ao esporte. Uma partida que atravessou a noite e entrou pela madrugada em Melbourne. Uma manhã inteira no Brasil. No relógio, o tempo exato de duração da partida: 5h53. A final de um Grand Slam mais longa de toda a história. Possivelmente, a melhor de todas. Um jogo que definiu o tênis nos dias de hoje. Um esporte que leva o atleta ao seu limite extremo de qualidade técnica, preparo físico, equilíbrio psicológico, inteligência, força de vontade e, sobretudo, dedicação incondicional. E, depois de horas e horas em quadra, o lado mais cruel e inevitável do esporte: o jogo teria que ter um vencedor. E este foi Djokovic. Seu terceiro título na Austrália. Seu quinto Grand Slam. Desta vez, mais do que nunca, precisou mostrar tudo o que tem para ser o tenista nº 1 do mundo.
Para contar a história desta final, é preciso ter consciência que o verbo “perder” não pode estar em nenhuma frase sobre Rafael Nadal. Ainda que a estatística dos confrontos entre os dois seja brutal: Sete vitórias do sérvio nas últimas sete partidas – incluindo as três últimas finais de Grand Slam: Wimbledon, US Open e agora o Australian Open. Impossível imaginar o que passa pela cabeça do espanhol em um momento como esse. Ontem, literalmente, ele fez o possível. E, em alguns momentos, o impossível. Foi um jogo marcado por intermináveis e agressivas trocas de bolas. Na maioria delas, prevaleceu o vigor físico e a raça de Nadal. Foi desta forma, transformando simples pontos em verdadeiras batalhas, que ele se impôs no momento crucial da final. Perdia por 2 sets a 1 e esteve duas vezes muito perto de perder o 4º set.
O primeiro “milagre” aconteceu no 9º game. O set estava 4 a 4, mas Djokovic tinha três bolas para quebrar o saque do espanhol e praticamente por a mão na taça. Mas Rafa demoliu a vantagem do adversário, reverteu o 0/40 e jogou a pressão para o outro lado da quadra. Por pouco tempo. No tiebreak, Nadal chegou a estar perdendo por 5 a 3, com o saque nas mãos do seu rival. Naquele momento nem Djokovic parecia acreditar no nível de tênis apresentado pelo espanhol para sair daquela situação e reverter o placar e, sobretudo, o psicológico da partida.
Passavam de 4 horas de jogo. Dali por diante, ficava claro que a final já entraria para a história. Revigorado, Nadal parecia imbatível no 5º set. Quebrou o saque e chegou a abrir 4 a 2. E seria mesmo imbatível se do outro lado estivesse qualquer outro tenista em atividade. Mas, entre tantas qualidades, talvez a que mais pese a favor de Djokovic seja a tranquilidade. Raramente sua expressão revela qualquer angústia. Sua postura em quadra nãu sucumbe a pressão. Perde um ponto que parecia ganho, beija o crucifixo, conversa consigo mesmo, dá um sorriso e volta para o jogo. Parece inabalável. Talvez, atualmente, seja mesmo. Aos 24 anos vive o auge da sua forma técnica e física. Domina o circuito desde o ano passado.
E isso tudo se transforma em confiança na hora dos pontos decisivos. Depois do que viu Nadal fazer no 4º set, o sérvio sabia que só havia uma forma de sair daquela quadra com a taça: atacar o tempo inteiro. As longas trocas de bola favoreceriam o adversário. Era preciso matar o jogo e ele assumiu o risco. Jogando o seu melhor tênis, devolveu a quebra, empatou o set e não deu mais chance para o espanhol. O empate persistiu até 5 a 5. Há quem diga que aquela final deveria ter acabado justamente neste momento. Era um jogo digno de dois vencedores. Seria até justo. Mas se fosse justo não seria tênis. Não seria esporte. Não prenderia atenção de milhões de pessoas ao redor do mundo. O jogo não termina sem o vencedor. O torneio não acaba sem o campeão. A imagem de Djokovic atacando e cravando último ponto do jogo será repetida incontáveis vezes nos próximos anos. Será vista e revista por milhões de pessoas na TV, na internet e, sobretudo, na lembrança. Afinal jogos como esse nunca terminam.
* Fred Figueiroa é editor da primeira página do Diario e colaborador do blog
O melhor resultado da carreira do tenista cipriota Marcos Baghdatis, de 26 anos, foi o vice-campeonato no Grand Slam da Austrália, em 2006.
Naquele ano, chegou a figurar em 8º lugar no ranking da ATP. Atualmente no top 50, Baghdatis tenta retomar o caminho das vitórias no circuito.
Nada como tentar isso na mesma Austrália, de boas lembranças, exceto a da decisão contra o suíço Roger Federer, disparado na liderança na ocasião.
Porém, diante de outro suíço, na mesma quadra, o cipriota proporciou uma cena grotesca este ano. Irritado com o desempenho ante Stanislas Wawrinka, e sem o menor constrangimento, Baghdatis quebrou quatro raquetes.
Sim, quatro raquetes. Acabou eliminado por 3 sets a 1. Quem deve ter gostado mesmo foi o patrocinador do material esportivo…