Apagão do Santa Cruz na Segundona chega em Belém e Ricardinho balança

Série B 2-15, 5ª rodada: Paysandu 2x1 Santa Cruz. Foto: THIAGO GOMES/FUTURA PRESS

Os circuitos de um transformador explodiram, deixando a Curuzu na penumbra. A energia só foi restabelecida 54 minutos depois, não para o Santa. O título estadual foi comemorado com justiça, mas a limitação era evidente. Desde então, contra adversários de nível técnico um pouco melhor (do que Serra, Central e Salgueiro), o time se apagou. Quatro derrotas em cinco jogos e um início preocupante na Série B. Hoje, dez pontos separam alvirrubros (13) e tricolores (3). O revés para o Paysandu por 2 x 1, num jogo ruim, aumentou o questionamento sobre o trabalho de Ricardinho, num senso comum.

Uma visão mais periférica alcança a reposição ruim e a queda de rendimento de alguns atletas, como o meia João Paulo, eleito o melhor do Estadual. Mas há também uma parcela de culpa do treinador, que mesmo mudando cinco peças não abre mão de um sistema extremamente precavido – mas vazado dez vezes em cinco rodadas. Ao ensaiar um pouco mais de ofensividade, vem a carência máxima do atual campeão pernambucano. Bruno Mineiro, que em janeiro parecia uma ótima contratação, simplesmente não cumpre um papel decente. E depender só de Anderson Aquino, autor do gol de pênalti no Pará, não é o ideal.

A isso tudo, adicione um problema crônico no desempenho de qualquer time: salário. É simplesmente uma regra não escrita no futebol, a de que o um grupo com os ordenados atrasados (de forma recorrente) cai vertiginosamente. A bronca, claro, foi ver esse cenário estourar na competição mais importante do ano para o Santa Cruz. O texto soou pessimista demais? Para alguns torcedores, sem dúvida. Seguem com a visão turva em relação à conquista local. Enxergam a saída de Ricardinho como solução. Talvez a mais barata, só.

Série B 2-15, 5ª rodada: Paysandu x Santa Cruz

Com chuva e sem transporte público, Santa Cruz encerra a sexta com derrota

Série B 2015, 4ª rodada: Santa Cruz x ABC. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

O campo de jogo estava pesado. A forte chuva que caiu sobre o Recife, à noite, deixou o gramado irregular, com a bola parando em alguns pontos e deslizando bastante em outros. Esse foi mais um dos problemas enfrentados pelo Santa Cruz diante do ABC. A partida parecia fadada a não terminar bem. Logo cedo, o clube tentou formalmente adiar o jogo, por causa da paralisação nacional do sistema de transporte público, mas o pedido foi negado pela CBF, por causa da transmissão na tevê. Sem ônibus e metrô, a mobilidade até o Arruda ficou bastante comprometida, com o vazio na arquibancada refletindo o óbvio.

Os fiéis presentes viram um time esforçado, mas esbarrando em suas limitações. O setor ofensivo se mostra um problema desde o Estadual, título à parte. As chances até apareceram, mas faltou qualidade na definição. Quando o time potiguar marcou com Kayke, aos 26, o mandante já havia finalizado quatro vezes, sem perigo real. Aliás, o gol abecedista também contou com uma farrapada na defesa, com Danny Morais vendo o adversário passar por trás.

A derrota por 1 x 0, a terceira em quatro partidas, acende o sinal de alerta, mesmo ainda no início de Série B. Do banco, Ricardinho vai fazendo o que pode para aprimorar o time à frente. Nem que seja no abafa, como ocorreu na reta final do segundo tempo, quando aproveitou a vantagem numérica em campo (11 x 10) para deixar o Tricolor com Bruno Mineiro, Anderson Aquino, Nathan e Waldison (sim, ele ainda faz parte do elenco). No gol, Saulo, emprestado pelo Sport, fez apenas uma defesa efetiva no período. Diz muito.

Série B 2015, 4ª rodada: Santa Cruz x ABC. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

América Mineiro atropela o Santa Cruz no primeiro tempo e breca reação coral

Série B 2015, 3ª rodada: América-MG 4x1 Santa Cruz. Foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press

“Não marcamos o adversário e não construímos as jogadas. Daí, o resultado. Ainda não conseguimos jogar.”

A chateação de Ricardinho era visível (e justa) no intervalo no Horto. No sábado em que completou 39 anos, o técnico assistia à pior atuação do Santa Cruz neste ano. Com apenas 8 minutos, já perdia por 2 x 0. Com 15, o placar já apontava 3 x 0. No intervalo, 4 x 1, isso por causa das duas chances claras desperdiçadas pelo Coelho, até então em crise, mas àquela altura já arrancando um sorriso do carrancudo Givanildo Oliveira, ídolo nos dois clubes.

A leitura do técnico coral foi correta. Então, por que não mexeu? Porque podia fazer apenas três mudanças. E o time como um todo falhou. Fred inseguro, Danny Moraes lento e desatento, Sacoman marcando gol contra, Renatinho falhando bisonhamente na marcação, Sitta sem dizer a que veio, João Paulo isolado, Bruno Mineiro inoperante etc. Logo, era preciso ter calma para mudar. E ainda havia mais 45 minutos. Seja pelo relaxamento natural do América ou pela pressão (e reorganização) necessária do visitante, o Tricolor melhorou e teve boas chances, com duas bolas na trave e um gol mal anulado de Aquino.

Insuficiente para modificar o resultado, numa derrota certa desde as 16h28. Conforme escrito pelo blog no jogo passado, na vitória sobre o Paraná, cabia ao Santa quebrar o paradigma do perde/ganha na Série B. Ou seja, voltou ao ponto básico, o de vencer no Arruda (ABC, sexta) e só depois tentar algo fora de casa. A aspa de Ricardinho é um resumo do que não fazer na próxima vez.

Série B 2015, 3ª rodada: América-MG 4x1 Santa Cruz. Foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press

Santa Cruz goleia o Paraná e se recupera rápido no Brasileiro, com autoridade

Série B 2015, 2ª rodada: Santa Cruz x Paraná. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

O Santa Cruz voltou ao palco do título estadual para se recuperar no Brasileiro. Na Série B, com equipes niveladas, o perde/ganha é bem comum. Porém, é preciso sempre fazer a sua parte em casa, podendo, assim, aproveitar as brechas como visitante. Derrotado no Rio de Janeiro, na estreia, os corais precisavam vencer no Arruda para manter o time nos eixos na competição.

E o resultado foi construído com autoridade, goleando o Paraná por 4 x 1, com destaques individuais (fato preponderante na Segundona), de João Paulo e Anderson Aquino. O time paranaense expôs a sua fragilidade logo cedo, num gol contra de Rodrigo, aos dois minutos. Acaso, claro, mas emblemático em um time com muita dificuldade para sair jogando. Na bola parada, assustou empatando ainda no primeiro tempo, na redenção de Rodrigo.

As vaias no intervalo, justas, acordaram o time – assim como as broncas de Ricardinho, vazadas durante a transmissão na tevê. Com um gol de Nathan (que entrou no lugar do ainda apagado Bruno Mineiro) e dois de Aquino, os corais somaram seus primeiros pontos. Ainda houve tempo para uma substituição “moral”, com João Paulo saindo só para ser aplaudido, fazendo jus ao status de jogador mais técnico da equipe. Nesta sexta, misturou raça e categoria.

Os 8.172 torcedores – na sequência dos públicos reduzidos na capital este ano, finais à parte – deixaram o Mundão satisfeitos. A expectativa agora é quebrar o paradigma do perde/ganha e pontuar fora, contra o América em BH.

Série B 2015, 2ª rodada: Santa Cruz x Paraná. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press

Manchetes do campeão estadual de 2015

As capas do Diario de Pernambuco e do caderno Superesportes do dia 4 de maio e 2015, com o título estadual do Santa Cruz nas manchtes

Ao campeão, a festa, as manchetes e a versão da história.

No Santa Cruz, tem sido rotina nas últimas temporadas estampar as capas do Diario de Pernambuco com o troféu na mão. Foram quatro títulos pernambucanos em cinco anos. Daí, a manchete “O papão da década”, com a maioria dos títulos do futebol local na década vigente.

A conquista de 2015 valeu a capa do jornal e, claro, do caderno Superesportes. Nas bancas desta segunda-feira, mais um exemplar para guardar. Confira as capas numa resolução maior aqui e aqui.

Relembre as capas do tricampeonato, entre 2011 e 2013.