Análise da semifinal pernambucana de 2016 – Náutico

Pernambucano 2016, hexagonal: Náutico 5x0 América. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Financeiramente, o Náutico começou o ano muito atrás dos rivais. Do Sport, a distância já era grande. Só que também acabou superado pelo Santa, devido ao acesso do rival à elite nacional. E estamos falando de mais de R$ 20 milhões de diferença no orçamento anual dos clubes. Uma pressão enorme, uma vez que resulta em nível técnico distinto para um time já obrigado a findar um jejum de títulos estaduais desde 2004. Ainda assim o Alvirrubro se fez competitivo, encerrando o hexagonal na liderança.

A essa campanha superior a dos rivais, contrariando a lógica inicial, deve-se a manutenção da base da última Série B, quando não subiu por apenas dois pontos. Uma base trabalhada por Gilmar Dal Pozzo, nome importante neste contexto. Com reforços pontuais, como Rodrigo Souza e Renan Oliveira, o time ganhou uma cara, já projetando para a nova edição da Segundona. Antes, claro, terá uma boa chance de finalmente voltar a ser campeão.

É verdade que a eliminação na Copa do Brasil, na primeira fase, foi um baque – inclusive na receita, de R$ 300 mil -, com o volume de jogo sendo colocado em xeque àquela altura. Talvez pelo baixo número de jogos, ok. Contudo, a partir de agora os dois principais rivais terão que dividir as atenções entre Estadual e Nordestão – começando pelo Santa, na semifinal -, enquanto o Timbu terá um intervalo completo de treinamento entre as fases. Pode ser o diferencial, físico.

Desempenho na semifinal (2010/2015)
5 participações e 2 classificações

O esquema tático timbu talvez seja o mais suscetível a mudanças no mata-mata, devido ao DM. A posição de Rafael Coelho é a interrogação.

Formação básica do Náutico no Estadual 2016. Crédito: this11.com com arte de Cassio Zirpoli/DP

Destaque
Ronaldo Alves. Além de compor uma defesa segura na maior parte do hexagonal, o zagueiro acabou fazendo a diferença lá na frente. De forma incrível, terminou a fase como o artilheiro, com 5 gols marcados.

Aposta
Rafael Coelho. O atacante chegou na reta final e demorou a estrear justamente pelo condicionamento físico. A sua presença na formação básica deve-se à expectativa de Dal Pozzo para contar com jogar, sobretudo pela ponta esquerda.

Ponto fraco
Um goleador. O “9” vem sofrendo testes, numa rotatividade tão grande que o quase descartado Thiago Santana ganhou chance na última rodada. Daniel Morais passou pelo mesmo. O fato de um zagueiro ser o artilheiro diz muito.

Campanha no hexagonal (10 jogos)
23 pontos (1º lugar)
7 vitórias (1º que mais venceu)
2 empates (2º que mais empatou)
1 derrotas (1º que menos perdeu)
18 gols marcados (melhor ataque)
4 gols sofridos (melhor defesa)

Melhor apresentação: Náutico 5 x 0 América, em 14 de março, no Arruda.

Análise da semifinal pernambucana de 2016 – Salgueiro

Pernambucano 2016, hexagonal: Salgueiro 3x0 Santa Cruz. Foto: Vandinho Dias/SG10

O Salgueiro virou figurinha carimbada no mata-mata estadual. Esta é a quarta vez, desde 2010, que o Carcará chega à fase decisiva, um recorde absoluto no interior. Vice-campeão pernambucano em 2015, o clube mantém a base, já conhecida do torcedor pernambucano, com nomes como Tamandaré, Rodolfo Potiguar, Moreilândia… Falta a glória máxima. Por mais simpatia que tenha dos torcedores rivais para alcançar o objetivo, desde que não enfrente o time de cada um, claro, o time precisará passar por uma prova de fogo, tendo que eliminar dois grandes da capital em sequência.

Com a vantagem de decidir em casa, após a segunda colocação no hexagonal, o Salgueiro terá a seu favor o forte calor no Sertão, onde tornou-se um adversário duríssimo para o Trio de Ferro. Neste ano, goleou o Santa e venceu o Sport – novamente adversário na fase semifinal, de boas lembranças no último ano e com duas vitórias no hexagonal desta temporada.

Comandado por Sérgio China, o mesmo técnico na último campanha, o time usa bastante as laterais, com um meio-campo povoado, de muita pegada e buscando Jhon, de porte semelhante a Fabrício Ceará, outrora dono da “9” no Cornélio. Começou liderando a artilharia, mas já enfrenta uma seca de gols.

Desempenho na semifinal (2010/2015)
3 participações e 1 classificação

Formação básica do Salgueiro no Estadual 2016. Crédito: this11.com com arte de Cassio Zirpoli/DP

Destaque
Rodolgo Potiguar. O volante chegou a ser especulado como o melhor jogador do Estadual 2015, perdendo para o tricolor João Paulo. Neste ano, segue dando consistência ao meio-campo sertanejo, com marcação forte e arremates de longa distância.

Aposta
Cássio Ortega. O camisa 10, de 25 anos, soma três gols no torneio e vem tendo cada vez mais liberdade para armar as jogadas do Carcará, tamanha a confiança depositada pelo técnico Sérgio China. Até porque a sua cobertura é feita por dois volantes.

Ponto fraco
Jefferson Berger. O ponta-direita ainda não balançou as redes na competição, se limitando às assistências para Jhon. Precisa ter um papel mais abrangente no setor ofensivo.

Campanha no hexagonal (10 jogos)
20 pontos (2º lugar)
6 vitórias (2º que mais venceu)
2 empates (2º que mais empatou)
2 derrotas (2º que menos perdeu)
13 gols marcados (3º melhor ataque)
5 gols sofridos (2ª melhor defesa)

Melhor apresentação: Salgueiro 3 x 0 Santa Cruz, em 13 de março, no Cornélio.

Análise da semifinal pernambucana de 2016 – Sport

Pernambucano 2016, hexagonal: Sport 2x0 Náutico. Foto: Rafael Martins/ Esp. DP

O Sport começou a temporada tendo que remontar o setor ofensivo, após as saídas de Diego Souza, André, Marlone e Elber, valorizados com a sexta colocação do time na Série A. O técnico Falcão precisou ter muita paciência. Primeiro porque o nível técnico da reposição dificilmente seria o mesmo, para o Estadual, e segundo porque o ciclo demorou, prejudicando a pré-temporada. Um cenário que talvez justifique o péssimo início, com duas derrotas, uma delas para o América, na Ilha, derrubando um jejum de 43 anos.

Como consequência, a formação inicial com três volantes foi mantida ao longo dao torneio, sem uma peça específica para municiar o ataque – Gabriel Xavier e Mark González, machucados, mal tiveram oportunidades de adaptação. Com o trabalho realizado à frente, num ataque inteiramente novo, os resultados vieram sobretudo nos clássicos (duas vitórias em casa e dois empates fora), dando lastro ao time, que busca a final após o fiasco do ano passado.

Em 2015, liderou o hexagonal de ponta a ponta e acabou despachado pelo Salgueiro na semi, quebrando uma rotina de nove anos seguidos disputando o título. Terá o Carcará pela frente outra vez. Uma missão clara no mata-mata será dividir (física, técnica e mentalmente) o foco entre as fases eliminatórias do Campeonato Pernambucano e da Copa do Nordeste. Ou seja, até oito partidas decisivas consecutivas. Em 2014 deu certo, nas duas frentes.

Desempenho na semifinal (2010/2015)
6 participações e 5 classificações

Uma possível formação tática do Leão. A princípio, a ponta esquerda é a dúvida, pois Gabriel ainda se recupera. De volta, o chileno Mark pode ganhar a vaga.

Formação básica do Sport no Estadual 2016. Crédito: this11.com com arte de Cassio Zirpoli/DP

Destaque
Rithely. O volante fez um ótimo Brasileirão e manteve a motivação nesta temporada, sendo o pulmão do equipe, com muitos desarmes e transição ofensiva. Com mais de 250 jogos pelo clube, enfim o status de ídolo.

Aposta
O colombiano Reinaldo Lenis chegou como a contratação mais cara do Sport, num investimento de R$ 3,16 milhões. O atacante teve atuações bem irregulares, mas se destacou nos clássicos, com 3 gols no hexagonal.

Ponto fraco
A ausência de Diego Souza, contratado após o prazo de inscrição da competição. Sem uma peça de criatividade, Falcão mantém a formação com três volantes no Estadual, enquanto no Nordestão o camisa 87 é titular absoluto.

Campanha no hexagonal (10 jogos)
16 pontos (3º lugar)
5 vitórias (3º que mais venceu)
2 empate (2º que mais empatou)
3 derrotas (3º que menos perdeu)
16 gols marcados (2º melhor ataque)
7 gols sofridos (3ª melhor defesa)

Melhor apresentação: Sport 2 x 0 Náutico, em 28 de fevereiro, na Ilha.

Náutico x Santa e Salgueiro x Sport, as semifinais do Pernambucano de 2016

Náutico, Salgueiro, Sport e Santa Cruz, os semifinalistas do Pernambucano de 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

As semifinais do Campeonato Pernambucano de 2016 reúnem, sem surpresa, os clubes que mais disputaram essa fase da competição, cujo formato foi implantado em 2010. Santa e Sport chegam a sete aparições, tendo como consequência quatro títulos corais e dois leoninos, enquanto o Náutico, que acabou como líder do hexagonal, volta ao mata-mata após a sua única ausência, mas ainda em busca de um título neste formato – o jejum, na verdade, é bem maior, desde 2004. Já o Salgueiro se apresenta novamente como a força do interior na década, com a quarta participação e já com um vice no currículo.

Se o Náutico passou com 76% de aproveitamento em dez rodadas na fase classificatória, o Santa teve apenas 36%, o pior índice em um hexagonal, criado há três anos. Por outro lado, a rivalidade acaba equilibrando as ações na etapa final. Basta ver que o Alvirrubro foi líder no classificatório em 2011 e 2014, mas não foi campeão. Já o Tricolor, que nunca liderou, ganhou quatro vezes.

Esse tira-teima acaba ocorrendo na semifinal, no embalo das numerosas participações. Tanto que o Clássico das Emoções terá o seu terceiro capítulo. Em 2010, o Náutico se classificou com um gol de Carlinhos Bala. O Santa deu o troco em 2013, avançando devido ao gol fora após uma vitória para cada lado (0 x 1 e e 2 x 1). Já Salgueiro x Sport acontece pelo segundo ano seguido. Em 2015 o Carcará tornou-se o primeiro interiorano a eliminar um grande da capital, justamente o então líder, que buscava a disputa do título pela 10ª vez seguida.

Análise dos semifinalistas: Náutico, Salgueiro, Sport e Santa Cruz.

Qual será a final do Campeonato Pernambucano de 2016?

  • Náutico x Sport (37%, 706 Votes)
  • Santa Cruz x Sport (31%, 598 Votes)
  • Santa Cruz x Salgueiro (20%, 394 Votes)
  • Náutico x Salgueiro (12%, 229 Votes)

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Presenças na semifinal estadual de 2010 a 2016: Santa Cruz (7), Sport (7), Náutico (6), Salgueiro (4), Central (2), Porto (1) e Ypiranga (1).

Confira mais detalhes sobre a rodada final do hexagonal do título clicando aqui.

Ranking dos pênaltis e das expulsões (10)

Não houve marcações capitais na última rodada do hexagonal do título do Campeonato Pernambucano de 2016. Assim, o tradicional levantamento feito pelo blog termina com 9 penalidades e 11 expulsões na fase principal da competição, com o Náutico à frente nas duas listas a favor.

Rankings anteriores, completos: 200920102011201220132014 e 2015.

Confira a atualização do blog após a 10ª rodada do Estadual 2016:

Pênaltis a favor (9)
4 pênaltis – Náutico
3 pênaltis – Salgueiro
2 pênaltis – Santa Cruz

Sem penalidade – Sport, Central e América

Salgueiro desperdiçou um pênalti
Santa Cruz desperdiçou dois pênaltis

Náutico evitou duas penalidades e desperdiçou duas
América evitou duas penalidades
Central evitou uma penalidade

Pênaltis cometidos (9)
3 pênaltis – América
2 pênaltis – Santa Cruz e Náutico
1 pênalti – Sport e Central

Sem penalidade – Salgueiro

Cartões vermelhos (11)
1º) Náutico – 4 adversários expulsos, 1 vermelho
2º) Salgueiro – 2 adversários expulsos, 1 vermelho
3º) Sport – 1 adversário expulso, nenhum vermelho
4º) Santa Cruz – 2 adversários expulsos, 2 cartões vermelhos
5º) América – 1 adversário expulso, 3 vermelhos
6º) Central – 1 adversário expulo, 4 vermelhos

Resumo da 10ª rodada do Pernambucano

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Salgueiro 0x2 Náutico, Santa Cruz 1x1 Sport e Central 2x1 América. Fotos: George Fernandes/Esp. DP (Cornélio), Antônio Melcop/Santa (Arruda) e facebook.com/americafcpe (Lacerdão)

Semifinais definidas: Náutico x Santa Cruz e Salgueiro x Sport.

A classificação do hexagonal e o chaveamento do mata-mata não teve surpresa alguma na 10ª e última rodada, com três jogos simultâneos. No Arruda, com 16.377 pessoas, no maior público da competição (ainda baixo), o empate no Clássico das Multidões garantiu ao Tricolor a última vaga. O clube vai em busca do quinto título no atual formato do Pernambucano, sem jamais ter liderado a fase classificatória. No Cornélio de Barros, com 6.011 espectadores, o Náutico voltou a vencer o Salgueiro como visitante após dois anos. Garantiu a liderança, repetindo as campanhas de 2011 a 2014 – falta “mudar” a classificação final. Fechando a rodada, com 360 testemunhas no Lacerdão, o Mequinha até saiu na frente, pois dependia de uma vitória – fora o revés coral no Recife -, mas acabou superado pela Patativa, que conquistou a sua única vitória no hexagonal.

Em 30 jogos nesta fase do #PE2016 saíram 67 gols, com média de 2,23. Em relação à artilharia, que a FPF considera apenas os dados do hexagonal e o mata-mata, o zagueiro Ronaldo Alves, do Náutico, lidera com 5 gols.

Santa Cruz 1 x 1 Sport – Um jogo para o gasto. O Tricolor até saiu na frente, mas também ficou satisfeito, assim como o Sport, com apenas seis titulares.

Salgueiro 0 x 2 Náutico – Após a eliminação na Copa do Brasil, o Timbu deu uma resposta rápida à sua torcida, sendo o primeiro a vencer no Sertão.

Central 2 x 1 América – Odair marcou o primeiro gol da tarde, animando o Mequinha, mas faltou futebol para manter o placar contra um time esfacelado.

Destaque – Keno. O atacante coral foi o nome do 1º tempo no Arruda, com muita velocidade. Inclusive no lance do gol, ganhando de Samuel Xavier.

Carcaça – Vinícius Araújo. Escalando como titular, o centroavante leonino perdeu um gol inacreditável, que poderia ter empatado o jogo ainda no 1º tempo.

Tabela das semifinais:
Ida
20/04 (21h45) – Santa Cruz x Náutico (Arruda)
20/04 (16h00) – Sport x Salgueiro (Ilha do Retiro), no feriado de Tiradentes

Volta
24/04 (16h00) – Náutico x Santa Cruz (Arena Pernambuco)
24/04 (16h00) – Salgueiro x Sport  (Cornélio de Barros)

Obs. No mata-mata não há vantagem para a melhor campanha (a não ser o segundo jogo em casa). Logo, nada de resultados iguais ou gol qualificado.

A classificação final do hexagonal do título do Estadual de 2016.

A classificação do hexagonal do título do Pernambucano 2016 após 10 rodadas. Crédito: Superesportes

Náutico vence o Salgueiro no Sertão e termina como líder da fase classificatória

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Salgueiro 0x2 Náutico. Foto: Náutico/Comunicação CNC

O Náutico voltou a vencer o Salgueiro no Sertão após dois anos. Com o Carcará mostrando as garras para os grandes clubes nos últimos tempos, o resultado é expressivo. Ainda mais lembrando que no último ano o time havia eliminado o Timbu no Estadual e no Nordestão e que no solzão deste domingo ainda estava viva na memória a pancada da eliminação precoce na Copa do Brasil, moral e financeira. Restava juntar os caros e focar no Pernambucano, cuja taça tornou-se obsessão em Rosa e Silva. Um empate já era suficiente, mas o Timbu foi além de sua vantagem e fez 2 x 0, garantindo a liderança da fase classificatória (abaixo) pela terceira vez desde que o mata-mata foi implantado.

2010 – 2º
2011 – 1º

2012 – 4º
2013 – 2º
2014 – 1º
2015 – 6º
2016 – 1º

Os gols de Thiago Santana, um inoperante atacante até então, e de Esquerdinha, que justificou a sua entrada, impuseram ao time de Sérgio China a sua primeira derrota como mandante. Foi a sétima vitória alvirrubra na competição, tendo agora tempo de sobra para se preparar para o mata-mata, com os dois principais rivais dividindo as atenções com o regional. Ao Náutico no mês de abril, literalmente, só o Estadual. Para o bem e para o mal.

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Salgueiro 0x2 Náutico. Foto: George Fernandes/ Esp. DP

Em um Clássico das Multidões de pouca emoção, empate classifica o Santa Cruz

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

O Clássico das Multidões só teve emoção no primeiro tempo. Aliás, foi até instigado, com sete oportunidades claras de gol, sendo quatro dos corais e três dos rubro-negros. Entre boas defesas de Danilo Fernandes e Tiago Cardoso e vacilos cara a cara de Grafite e Vinícius Araújo, apenas um lance foi parar nas redes, com Keno. Se o empate já servia, a vitória parcial acabava a inhaca do Tricolor em clássicos na temporada. Na volta do intervalo, porém, o ritmo no Arruda caiu bastante, com apenas duas oportunidades efetivas, já considerando o gol contra de Grafa, desviando de cabeça um escanteio pela esquerda.

Com a igualdade no placar, restava mais de meia hora no confronto, que a partir dali ficou restrito a reclamações em dois lances capitais. Primeiro com uma mão na bola de Samuel Xavier dentro da área, após cobrança de falta de Daniel Costa, e no fim com o impedimento inexistente em Maicon, com o gol vazio para desempatar. Mas, para se ter uma ideia do clima ameno àquela altura, o grito nem foi tão alto após o 1 x 1, com algumas vaias e gás guardado para futuros embates. Afinal, o mandante, escalado de forma ofensiva, confirmou a vaga à semifinal estadual, mesmo com apenas duas vitórias, e o visitante, com testes pontuais, manteve o ânimo em alta para a semifinal do Nordestão.

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Ainda sobre o jogo, é possível destacar alguns pontos positivos, voltando novamente ao primeiro tempo. Keno, a melhor contratação coral no ano, ganhou muita liberdade com Milton Mendes. Tabelando e infiltrando pela esquerda, mostra que é o dono da posição. Já Grafite ainda não brilhou na competição, mas mostrou outra vez que aparece em grandes jogos. Armando, como pivô, finalizando – infelizmente, acabaria “penalizado” na segunda etapa. No Leão, que sequer teve Falcão na área técnica (suspenso), o destaque foi, acredite, Mark González. Não pelo nível técnico, mas pela inatividade.

Após 68 dias de molho, o chileno atuou 69 minutos, muito bem. E só saiu porque o resultado não tinha tanto peso ao Leão – o América não venceu o Central, o que já classificava o Santa. Se apresentou como uma peça interessante contra o Campinense. Ainda é digno de registro que o jogo também valeu pelo Troféu Givanildo Oliveira, em homenagem ao centenário do Clássico das Multidões. Com o regulamento simples, a soma dos confrontos oficiais em 2016, o Sport agora tem 4 pontos e o Santa tem 1. Mais dois jogos estão garantidos, na Série A. Quem sabe a lista não aumenta com as finais do Nordestão e Estadual? Aí, provavelmente, a cronometragem de emoção será bem mais extensa…

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Recorde de Dadá Maravilha, com 10 gols em um jogo do Sport, completa 40 anos

Dadá Maravilha no Sport em 1976

“Dario bateu o recorde nacional de gols numa única partida, ao assinalar 10 tentos na goleada do Esporte sobre o Santa Amaro, ontem à noite, na Ilha do Retiro, pelo campeonato pernambucano. Com os tentos assinalados, Dario reassumiu a artilharia do certame, tendo agora um total de 22 gols, contra 14 de Volnei, o vice-líder.” 

Assim começou a reportagem sobre o jogo Sport 14 x 0 Santo Amaro, pelo Estadual, em 6 de abril de 1976. No dia seguinte, o Diario de Pernambuco já destacava o feito, superando a marca que já era local, de Tará, com nove gols na goleada do Náutico sobre o Flamengo do Recife por 21 x 3, em 1945.

Há exatamente 40 anos, o Peito de Aço entrava para a história. Maior reforço leonino na época, o atacante revelou que bastou esperar o cansaço do frágil adversário para fazer a festa. Tanto que marcou duas vezes no primeiro tempo e oito na segunda etapa. Por sinal, dos 4 aos 18 foram cinco gols! O centroavante encerrou a conta aos 44 minutos. Àquela altura, todo o time rubro-negro seguia no ataque justamente para que Dadá alcançasse o recorde brasileiro, ainda em vigor, mas presenciado por apenas 2.921 torcedores. 

Não há vídeo do jogo, mas é possível conferir a descrição dos gols no DP:
1º tempo
25 – Escorou um cruzamento de Amilton, pela direita (2 x 0)
27 – Pegou um rebote do goleiro (3 x 0)

2º tempo
4 – Finalizou após troca de passes com Cláudio, Peres e Djalma (4 x 0)
11 – Ao receber o passe de Aranha, Dadá tocou na saída do goleiro (6 x 0)
13 – Peres cruzou e Dario marcou de primeira (7 x 0)
15 – Miltão lançou Dario, que ganhou do zagueiro na corrida e definiu (8 x 0)
18 – Cobrou uma penalidade (9 x 0)
24 – Dario escorou cruzamento de Lino (10 x 0)
31 – Outro passe de Lino para Dario, pela esquerda (11 x 0)
44 – Lino driblou três e tocou para Dario, cara a cara com o goleiro (14 x 0)

“Sinceramente, jamais pensava em marcar dez tentos. Pensei em fazer no máximo cinco. Mas, quando cheguei no sétimo, senti que dava para fazer dez”.

A afirmação foi publicada na edição o dia 8, na repercussão do jogo, em uma coletiva improvisada em sua casa na Imbiribeira, lotada de repórteres. Dadá, que costuma falar em terceira pessoa e não é conhecido pela modéstia, comentou até sobre o goleiro adversário, abatido após a noite inglória na Ilha.

“No final sabia que havia feito dez tentos, mas jamais imaginei que estava 14 x 0. Quando o jogo foi encerrado, fui consolar o goleiro Odair. Ele disse: ‘este jogo não queria acabar mais, rapaz?’. Sei que ele não teve culpa pelos tentos que sofreu porque se não fosse ele o negócio era para mais.”

Dadá sagrou-se artilheiro do Pernambucano em 1975 (32 gols) e 1976 (30 gols).

Dadá Maravilha no Sport em 1976

Após 88% dos jogos, média de público do Campeonato Pernambucano é de 1.965

Pernambucano 2016, 9ª rodada: América 0x0 Santa Cruz, com 1.158 pessoas. Foto: Rafael Brasileiro/DP

O Campeonato Pernambucano de 2016 segue com uma estatística indigesta. Após 81 dos 92 jogos programados, nenhum alcançou sequer 15 mil pessoas. Não por acaso a média de público se mantém abaixo de dois mil após 88% do torneio. A 9ª rodada do hexagonal não reuniu nem dez mil espectadores (foram 9.542, para ser mais exato). O mata-mata deverá melhorar um pouco o índice, mas parece inevitável que o público desta edição seja um dos menores da história, desde que a FPF passou a contabilizar, em 1990.

Sobre o ranking de público, finalmente uma mudança na liderança. Com mais um público fraco contra clubes intermediários (4.370 pessoas contra o Salgueiro), o Sport acabou reduzindo a sua média, agora abaixo do Santa (que sequer jogou em casa nesta rodada). Na última rodada haverá o Clássico das Multidões, que deve impulsionar o índice coral. Por outro lado, o rubro-negro arrecadou mais que o dobro dos tricolor, devido ao tíquete médio (R$ 20,95 x R$ 11,54). Já em relação à arrecadação, com R$ 2,4 milhões, a FPF já recolheu R$ 194.983, fazendo valer a taxa de 8% sobre todas as bilheterias.

Dados atualizados até 4 de abril, após a 9ª rodada do hexagonal do título.

1º) Santa Cruz (4 jogos como mandante, no Arruda)
Público: 32.751 torcedores
Média de 8.187
Taxa de ocupação: 16,18%
Renda: R$ 378.145
Média de R$ 94.536
Presença contra intermediários (3 jogos): T: 20.741 / M: 6.913

2º) Sport (5 jogos como mandante, na Ilha do Retiro)
Público: 39.498 torcedores
Média de 7.899
Taxa de ocupação: 28,79%
Renda: R$ 827.843
Média: R$ 165.568
Presença contra intermediários (3 jogos): T: 10.395 / M: 3.465 

Pernambucano 2016, 9ª rodada: Náutico 3x0 Central, com 4.014 torcedores. Foto: Daniel Leal/DP

3º) Náutico (5 jogos como mandante, sendo 4 na Arena e 1 no Arruda)
Público: 26.074 torcedores
Média de 5.214 
Taxa de ocupação: 11,14%
Renda: R$ 597.520 
Média de R$ 119.504
Presença contra intermediários (3 jogos): T: 9.737 / M: 3.245

4º) Salgueiro (4 jogos como mandante, no Cornélio de Barros)
Público: 14.932 torcedores
Média de 3.733
Taxa de ocupação: 30,92%
Renda: R$ 48.942
Média: R$ 12.235

5º) Central (7 jogos como mandante, no Lacerdão)
Público: 17.369 torcedores
Média de 2.481
Taxa de ocupação: 12,40%
Renda: R$ 336.725
Média de R$ 48.103

6º) América (7 jogos como mandante, sendo 3 no Ademir, 2 no Arruda e 2 na Ilha*)
Público: 7.236 torcedores
Média de 1.033 

Taxa de ocupação: 3,73%
Renda: R$ 123.130
Média de R$ 17.590
* Ainda houve mais um jogo de portões fechados

Geral – 80 jogos (1ª fase, hexagonais do título e da permanência e mata-mata)*
Público total: 157.239
Média: 1.965 pessoas
Arrecadação: R$ 2.437.295
Média: R$ 30.466
* Foram realizadas 81 partidas, mas 1 jogo ocorreu de portões fechados.

Fase principal – 27 jogos (hexagonal do título e mata-mata)
Público total: 130.379
Média: 4.828 pessoas
Arrecadação: R$ 2.213.815
Média: R$ 81.993

As médias das fases principais anteriores (hexagonal do título e mata-mata):
2015 – 10.122 pessoas (38 jogos)
2014 – 11.859 pessoas (38 jogos)

Pernambucano 2016, 9ª rodada: Sport 0x1 Salgueiro, com 4.370 espectadores. Foto: Rafael Brasileiro/DP