O Central de Larroque é um time de futebol de uma pequena cidade de mesmo nome, na província argentina de Entre Ríos. Representando os sete mil moradores, disputa as divisões inferiores do país vizinho. Nunca foi longe, ganhando no máximo a “Liga Departamental de fútbol de Gualeguaychú”, um torneio regional com status de sexta divisão na Argentina, semiamadora, como ocorre em outras províncias longe da capital. Mas, ainda assim, o alvirrubro tornou-se motivo de orgulho nacional. A partir de um gesto além dos gramados praticado por Alejandro “Lulo” Benítez, um atacante de 30 anos.
Ele era símbolo do pequeno Central, quando passou por um drama familiar. O seu sobrinho de 9 meses, Milo, precisava com urgência de um transplante de fígado. Após exames, só a mãe (irmã de Lulo) e o atleta eram compatíveis. Caso aceitasse ser o doador, precisaria encerrar a carreira, uma vez que o órgão não se regenera 100%, além da recuperação demorada. Com a irmã operada no coração, em janeiro de 2017, Alejandro não pensou duas vezes.
“Era uma questão de vida ou morte, e eu não podia falhar”, disse ao Olé.
Antes da estreia na “Federal C”, a quinta divisão, falou com o time e entrou na sala de cirurgia para uma operação de 12 horas, simultaneamente ao bebê. Hoje, já estão saudáveis e simbolizados na luta pela doação de órgãos, até no Brasil. Tanto que a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) criou uma campanha para levar o ‘gol’ de Lulo Benítez ao Prêmio Puskas, da Fifa, que elege anualmente o tento mais bonito. Na tag, #puskasparalulo.
Em Entre Ríos, não há dúvida sobre o merecimento…
Vencedores do Prêmio Puskas da Fifa 2009 – Cristiano Ronaldo (Portugal) 2010 – Altıntop (Turquia) 2011 – Neymar (Brasil) 2012 – Miroslav Stoch (Eslováquia) 2013 – Ibrahimovic (Suécia) 2014 – James Rodríguez (Colômbia) 2015 – Wendell Lira (Brasil) 2016 – Mohd Faiz Subri (Malásia)
Assista aos dez gols candidatos ao Prêmio Puskas de 2017 clicando aqui.
Pense em algo bem raro no futebol pernambucano, até que alguém noticie a negociação de um astro veterano com um dos grandes clubes da capital.
Durante dias especulações do tipo ganham corpo, envolvendo a torcida. Artilheiro da Copa, meia da seleção holandesa, craque argentino etc. Perfis variados entre os gringos. Em alguns casos, a sondagem é até concreta, com proposta salarial. Obviamente, bem acima da realidade, travando o desfecho.
Quase sempre, o fim da história é frustrante, diga-se.
O primeiro caso emblemático aconteceu há bastante tempo, em 1957, quando o Sport tentou contratar Ferenc Puskas. Isso mesmo, o craque húngaro que hoje dá nome ao prêmio da Fifa para o gol mais bonito da temporada.
No registro do extinto Diario da Noite, o diretor Leopoldo Casado chegou a oferecer 100 contos de réis por mês ao craque, que estava parado.
No ano anterior, Puskas liderou um movimento para que os compatriotas não voltassem à Hungria, após a revolução comunista do país. Acabou suspenso pela Fifa. Ele não acertou com o Rubro-negro. No ano seguinte, o major galopante assinou com o Real Madrid, e conquistou a Copa dos Campeões.
Confira a histórica edição do jornal em alta resolução aqui.
Relembre alguns casos curiosos de especulações internacionais no Recife.
Sport 1996 – Salenko, 27, Rússia (Valencia) – O artilheiro da Copa do Mundo de 1994, que alcançou a marca com cinco gols em um jogo, já sem chances de classificação, teria sido oferecido no Brasileirão. Não estava bem fisicamente.
2005 – Petkovic, 33, Sérvia (Fluminense) – Havia um rumor nos bastidores, mas foi uma “pegadinha”. Em vez da chegada de um helicóptero com o meia, passou na Ilha um avião monomotor com a frase “hexa é luxo”.
2008 – Verón, 33, Argentina (Estudiantes) – O nome do meia surgiu em novembro, mirando a Taça Libertadores do ano seguinte. Juan Sebastián disputou a Liberta, mas pelo Estudiantes. E foi campeão…
2012 – Luca Toni, 35, Itália (Juventus) – Curiosamente, a informação surgiu na própria Itália, através do TuttoSport, que cravou a sua saída com destino ao Leão. A direção do Sport jamais admitiu sequer o contato com o empresário.
2014 – Riquelme, 35, Argentina (Boca Juniors) – A surreal bola da vez. O veterano ídolo da Bombonera vê o seu contrato perto do fim. A renovação parece natural, no Recife foi divulgada a possibilidade de um acerto para a Série A (!).
Náutico
1998 – Piekarski, 23, Polônia (Flamengo) – O jogador surgiu no país no Atlético Paranaense. As tratativas chegaram a ficar na “reta final”, inclusive com apoio financeiro da FPF, mas o Alvirrubro acabou não chegado a um acordo.
2009 – Edgar Davids, 36, Holanda (Ajax) – Já experiente, o ex-meia da Juventus e Ajax teria sido oferecido ao Timbu. Sua “vontade” era atuar no Brasil. A novela durou duas semanas, sem ter tido ao menos o primeiro capítulo.
Santa Cruz
2008 – Ariel Ortega, 34, Argentina (River Plate) – O talentoso jogador sofria de alcoolismo, que o tirou do futebol. A passagem no Santa seria um recomeço na carreira. Trocou o Arruda pelo pequeno Independiente Rivadavia.
Lembra de mais algum “sonho” internacional no futebol pernambucano?
Neymar concorre pela terceira vez consecutiva ao Prêmio Puskas, na escolha do gol mais bonito da temporada futebolística. Vencedor em 2011, o craque brasileiro pode se tornar o primeiro a ganhar duas vezes o troféu.
O chutaço de primeira do craque brasileiro, na abertura da Copa das Confederações, está na disputa contra a bicicleta de fora da área do sueco Ibrahimovic e o chute forte de Matic no clássico português entre Benfica e Porto. O prêmio será entregue em 13 de janeiro. Já escolheu o seu favorito?
Assista aos três finalistas do prêmio, que entre os dez indicados chegou a ter o uruguaio Olivera no clássico entre Náutico e Sport pela Copa Sul-Americana.
A votação é aberta no site da Fifa, até 9 de janeiro. Para participar, clique aqui.
Zlatan Ibrahimovic – Suécia 4 x 2 Inglaterra (13 de novembro de 2012)
Nemanja Matić – Benfica 2 x 2 Porto (13 de janeiro de 2013)
Na teoria do caos, o bater de asas de uma borboleta poderia ser suficiente para influenciar o curso natural, provocando até um tufão em outro canto do mundo.
Assim é visto na cultura popular o efeito borboleta. Em 1963, o matemático americano Edward Lorenz analisou isso friamente, como uma “dependência sensível às condições iniciais dentro da teoria do caos”, tentando comprovar a tese com gráficos e diagramas. Por sinal, as marcações do estudo têm o formato de uma borboleta.
Após o breve o relato, a contextualização com o futebol, mas não com um pênalti perdido, uma bola na trave no último minuto ou a expulsão de um craque antes de uma partida decisiva. Indo além, o fato revisto através das contratações, daquelas que por pouco não aconteceram. Eis alguns gênios atrelados ao efeito borboleta…
Messi no PSV, 2005
Acaba de ser revelado que Lionel Messi quase foi emprestado para o PSV da Holanda, aos 19 anos. A negociação seria para a temporada 2005/2006. No Barcelona, o argentino ganhou naquele ano a sua primeira Liga dos Campeões da Uefa, marcando um golzinho. Se no ano passado o craque marcou 91 vezes, em 2005/2006 foram apenas oito. Números ainda modestos. E se tivesse ido para a cidade Eindhoven? Na Holanda, o PSV foi campeão nacional em 2006. Seu principal atacante, Jefferson Farfán, marcou 21 gols, doze a menos que o artilheiro da liga, Huntelaar do Heerenveen.
Lá nos Países Baixos Messi poderia brilhar como Romário (1989/1991) e Ronaldo (1995). Contudo, tendo os dois como exemplo, o estrelato só viria depois, justamente no Barcelona, mais maduro. De volta ao Camp Nou, caso o contrato fosse de apenas um ano, Messi não teria mais “aura barcelonista” desde as categorias de base, como Xavi e Iniesta – e quanto mais tempo ficasse emprestado, pior para a sua imagem, considerando a atual. A liderança técnica poderia vir depois, entrosamento à parte. Mas isso poderia atrasar um pouco a conquista da Bola de Ouro da Fifa. Seriam quatro?
Pelé no Sport, 1957
Seria exagero dizer que o dia 5 de novembro de 1957 mudou para sempre a história do futebol mundial? Vejamos. Neste dia, o Sport cometeu o maior erro de sua história. Tão surreal que acabou virando um “causo”. Foi quando o diretor de futebol leonino José Rosemblit agradeceu ao telegrama enviado pelo Santos, que havia oferecido dois jovens ao Rubro-negro: Pelé e Ciro. O dirigente recusou o empréstimo. A transação seria por apenas quatro meses, para dar mais experiência o futuro Rei e a Ciro, que era mais conhecido na época. Na carreira, quase sempre no Peixe, o Rei marcou 1.281 gols.
Atuando contra Santo Amaro e Ferroviário no Recife, Pelé até poderia ter ultrapassado essa marca, mas dificilmente teria o mesmo reconhecimento internacional. Até porque nenhum jogador do Nordeste era convocado para a Copa do Mundo na época. Assim, Pelé não teria ido à Suécia no ano seguinte. Em seu lugar, Dida do Flamengo, que chegara como titular no Mundial – perdendo lá a vaga no time para o Rei. Vale lembrar que Pelé marcou o gol da vitória da Seleção nas quartas de final, três na semifinal e mais dois na final, com a primeira Taça Jules Rimet do país. Imagine então a falta que o gênio faria à história da Canarinha. Sem contar no próprio Rubro-negro pernambucano…
Di Stéfano no Barcelona, 1953
Di Stéfano já tinha 27 anos quando teve a chance de mudar o curso da história de uma das maiores rivalidades do futebol. O argentino já havia sido elevado ao status de gênio no River Plate, Huracán e Millonarios da Colômbia, com 150 gols em oito anos de carreira. Foi quando embarcou para a Europa. Na Espanha, Barcelona e Real Madrid tentavam a todo custo contratá-lo. O River Plate, dono do passe, negociava em 1953 com o Barça quando o Real atravessou a empreitada. Apesar dos três amistosos de Di Stéfano pelo Barcelona, estava criada uma disputa turbulenta que só acabaria quatro meses depois com a intervenção do ministro espanhol dos esportes, General Moscardo.
A solução imbróglio? Di Stéfano jogaria uma temporada em cada clube, mas começando em Madri, na casa da realeza. Os dirigentes do clube blaugrana, que já haviam tentado firmar o acordo anterior na Fifa, não aceitaram a proposta. Eis que Di Stéfano vestiria então a camisa merengue por onze longos anos, marcando 307 gols. Lendário, tornaria-se o maior jogador da história do clube, ganhando cinco Copa dos Campeões da Europa. O mesmo clube que antes da chegada do argentino era apenas o quinto maior vencedor do país, bem atrás do Barcelona. Com uma máquina na época, com gente do quilate de Puskas e Gento, o Real até poderia alcançar a sequência, mas provavelmente o Barcelona teria sido um rival à altura, destruindo a era do ouro do agora superrival.
Puskas no Manchester United, em 1958 Um turbilhão de detalhes em 1958. O Major Galopante, como o húngaro Puskas era conhecido, assinou com o Real Madrid aos 31 anos. Antes, só havia jogado no Kispest e Honved, em sua terra natal. Já era campeão olímpico, vice mundial e tinha 85 gols em 84 jogos pela seleção. Mas o canhoto gordinho quase tomou outro rumo. O Manchester United tentou contratá-lo. Isso porque oito jogadores ingleses morreram em um acidente aéreo naquele ano, em Munique. O United voltava de uma viagem de Belgrado, onde enfrentara o Estrela Vermelha pelas quartas de final da Copa dos Campeões. A parada na Alemanha seria para reabastecimento. Após problemas na decolagem, o voo atrasou. Na terceira tentativa, começou a nevar e o piloto perdeu o controle no fim da pista.
Com a tragédia, o Manchester passou por uma profunda transformação. Para voltar a ter ícone, o foco foi direcionado em Ferenc Puskas. Eis o entrave surreal que evitou a assinatura. Com um regulamento rígido, a Football Association, que comanda o futebol britânico, exigia de estrangeiros o domínio da língua inglesa. O que não era o caso de Puskas, desde os 16 anos no mundo da bola e com pouco estudo. Na Espanha, campo livre para voltar a jogar profissionalmente após um ano parado. Chegou no Real com dezoito quilos a mais. O então presidente Santiago Bernabéu falou de forma dura sobre o peso do reforço. “”Este não é problema meu, é seu”. Puskas controlou a balança, ganhou cinco ligas espanholas, três copas europeias e marcou 156 gols. Enquanto isso, o United só voltaria a ser campeão em 1965. Thank you, dizem os madridistas.
Maradona na Juventus, 1984
Antes mesmo de 1986, Maradona já era idolatrado pelos hermanos. O craque argentino mostrava a genialidade com a bola no pé esquerdo desde os 15 anos no campeonato nacional. Numa breve passagem pelo Barcelona, no início dos anos oitenta, acabou não vivendo a sua melhor fase, apesar da enorme expectativa. Apressado, o clube catalão resolveu se desfazer o grande investimento. Procurando interessados, viu no mercado italiano o destino certo. No país do calcio El Diez se consagraria com a camisa do Nápoli, transformando em potência um time que em 60 anos de história não havia conquistado um campeonato italiano. Ganhou dois scudettos. Mas poderia ter vencido ainda mais…
Em 1984, a Juventus, clube mais popular da Itália, iniciou a negociação com direção do Barça. Segundo lendas italianas, o presidente do Nápoli, Corrado Ferlaini, entregou um contrato à federação italiana para registrar o jogador. Porém, o envelope estaria vazio. Foi uma manobra para ganhar tempo e levantar fundos para a compra do passe. Ousadia pura, pois a transação de 5 milhões de libras esterlinas seria a maior até então. Na Velha Sinhora, Maradona poderia ter vencido a Copa dos Campeões e o Mundial Interclubes de 1985 ao lado do francês Platini – que dupla. Talvez pudesse ter evitado o jejum da Juve, que depois disso só voltaria a ser campeã em 1995. O efeito borboleta teria representado algo no México em 1986, na Copa do Mundo? Difícil mensurar.
Madri – Quem foi o maior artilheiro do futebol profissional no século XX?
Qualquer resposta que não seja “Pelé” deve ser considerada um absurdo.
O que dizer, então, do painel acima, estampado logo na entrada do estádio Santiago Bernabéu? Trata-se do húngaro Puskas, um dos maiores ídolos do Real Madrid.
O canhoto jogou no clube merengue entre as décadas de 1950 e 1960.
Em toda a sua carreira, contabilizando as suas participações na seleção nacional e no Honved, clube anterior ao Real, Puskas marcou 512 gols.
Pelé, é bom lembrar, anotou 1.283 tentos.
No entanto, vamos à fonte da agremiação espanhola para criação do painel, o International Federation of Football History & Statistics, ou simplesmente IFFHS, uma organização alemã criada em 1984 e reconhecida pela Fifa.
Para ela, amistosos não entram na conta, e nem mesmo os campeonatos estaduais, disputados basicamente no Brasil. Desta forma, os números do Rei cairiam para… 541!
E olhe que entre Puskas e Pelé ainda há espaço para o austríaco Josef Bican, com incríveis 518 gols em 341 partidas, com uma média de 1,51 gol por jogo.
Nota-se que o IFFHS, que passou a contar recentemente os gols da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, corrigiu o seu ranking. O Real ainda não…
Ao todo, o baixinho e gordinho atacante da Hungria marcou 728 gols, entre 1943 e 1966.
Deste total, foram 511 gols em 533 partidas em campeonatos nacionais (Húngaro, numa era de ouro, e Espanhol). É o 3º maior goleador em torneios nacionais (Veja mais AQUI).
Pela seleção da Hungria, campeã olímpica em 1952 e vice-campeã do mundo em 1954, foram 85 gols em 84 partidas. Isso mesmo. Média superior a 1 tento por jogo. 😯
Canhoto e com um chute potente, além de habilidoso, ele foi o condutor de 3 dos maiores times das décadas de 40 e 50: Hungria, Honved (de seu país) e Real Madrid.
Na mesma Budapest onde Puskas nasceu em 1927, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, anunciou nesta semana a criação do prêmio com o nome da lenda.
Abaixo, um vídeo com inúmeros gols do craque de um país que um dia foi uma potência no futebol. Se a Hungria um dia encantou o mundo, isso só aconteceu por causa do Major Galopante, cuja caminhada acabou em 2006, aos 79 anos.
Tem alguma sugestão para o gol mais bonito de 2009? Opine!