Há alguns anos, o Estadual virou uma espécie de “rito de passagem”.
Uma competição tradicional, quase centenária.
É bem disputada, tendo como molho a acirrada rivalidade local, mas o campeonato sempre foca a preparação dos clubes para o que há de mais importante na temporada, o Brasileirão. Para 2011, tudo convergiu ao contrário. Com o apoio da tecnologia.
Só se fala na briga pelo título pernambucano. Nas redes sociais a ansiedade é grande entre as torcidas, em total interação num campo vasto como é o da internet.
Blogs, sites, Facebook, Orkut etc. Uma profussão de posts/scraps monotemáticos.
No fenômeno Twitter, a hastag #PE2011 ganha a força a cada minuto. São pessoas debatendo o tema sempre com o #PE2011 deixando claro sobre o que se trata.
E se trata de muita coisa… Virou questão de honra. Manter ou ganhar o hexa, renascer.
Objetivos distintos entre os grandes clubes, todos eles numa esquina do destino, prontos para um passo definitivo na história. E ainda com os guerreiros do interior. Certames regionais com esse grau de expectativa não acontecem todos os dias. É preciso valorizar esse aspecto numa era descendente dos campeonatos estaduais.
O governador Eduardo Campos foi feliz na sua colocação. Para a torcida pernambucana, isso “mexe com a autoestima” (veja AQUI).
Quinta-feira, 13 de janeiro. Começa a edição do Pernambucano mais aguardada dos últimos tempos. Nenhum clube local está na Série A do Brasileiro? Infelizmente, não. Desta vez isso fica pra depois…
Novidades no #PE2011? Na web, claro.
Confira os estádios da competição numa imersão em 360º, clicando AQUI.
O anúncio da continuidade da campanha Todos com a Nota no Campeonato Pernambucano de 2011 foi uma mera formalidade na tarde desta quarta-feira.
Faltavam apenas os detalhes, como o investimento de R$ 5,5 milhões para este ano. Porém, o blog havia antecipado o acordo há dez dias (veja AQUI).
O que chamou a atenção mesmo no discurso no Palácio foi a palavra do governador Eduardo Campos sobre a resistência das torcidas dos clubes pernambucanos.
O socialista foi duro ao apontar a fraqueza dos times locais no interior.
“A campanha do Todos com a Nota traz o torcedor mais pobre para o estádio. Sabemos que o futebol é um lazer importante. No interior, isso significa a presença de todas as nossas torcidas. Precisamos massificar isso, pois é algo que mexe com a nossa autoestima. Em todo o Nordeste, só Pernambuco continua forte nessa resistência. Estamos em uma trincheira e precisamos ser o exemplo, com o crescimento e valorização das torcidas locais”.
A queixa do governador é algo visto há anos no estado, mas nunca disseminada de forma tão visceral. Trata-se de um fenômeno explicado de várias formas.
Desde a Rádio Nacional, sediada no Rio de Janeiro, ainda na década de 1940, às transmissões nacionais de jogos do Sudeste pelas grandes emissoras de TV a partir da década de 1980, entre outros pontos. A antena parabólica virou o símbolo maior.
Analisando os dados das duas últimas pesquisas (Ibope/2010 e Opine/2008), nota-se que o número de pessoas que não torcem por clube algum em Pernambuco chega a 30% – nem cá nem lá. Somando com os torcedores de times de outros estados, porém, o número alcança a metade da população.
O trio composto por Sport, Santa Cruz e Náutico se esforça nesta “luta”, chegando a 54,8% segundo o Ibope (4,82 milhões de torcedores). De acordo com os dados da Opine, a situação é pior, com 46,1% (4,05 milhões de pessoas).
São Paulo e Corinthians aparecem como as maiores torcidas “forasteiras”. Agregadas, elas chegam a 12,7% (1,11 milhão, Ibope) e 10,5% (923 mil, Opine).
Grande parte dessas torcidas estão a partir do Agreste, seguindo pela BR-232.
Ou seja… A trincheira é longe, governador. Passa, sim, pela fidelização das torcidas, fato que ganhou força a partir de 1998, com o crescimento da média de público.
A massificação, cujo caminho inverso demorou décadas, só será possível a longo prazo, indo além das arquibancadas subsidiadas do Estadual, que dura apenas 4 meses. Será, sobretudo, com bons resultados além das nossas trincheiras. Digo, fronteiras…
Seja bem-vindo a esta luta, governador. Você já está no front.
O aguardado Campeonato Pernambucano de 2011 começa na noite desta quinta-feira. Será a 97ª edição do Estadual, disputado pela primeira vez em 1915.
Nesse tempo todo, muitos recordes, como o hexa. Confira abaixo 10 marcas a serem quebradas ou igualadas. Em itálico, a opinião do blog sobre a chance para 2011…
Melhor campanha
Em 1932, ainda na era amadora, o Santa Cruz venceu todos os 12 jogos que disputou, com 100% de aproveitamento.
Quase impossível… Para ser campeão este ano, o clube o jogará 26 vezes, contra 11 adversários diferentes. Em 1932, o Santa jogou contra 6, todos do Recife.
Maior público
Na primeira versão da campanha Todos com a Nota, 80.203 pessoas assistiram ao clássico Náutico 0 x 2 Sport, no Arruda, em 1998.
Oficialmente, é impossível. O recorde só poderia ser superado no Arruda, claro. Porém, a carga máxima de ingressos para o Mundão hoje em dia é de 60.044 pessoas.
Maior artilheiroabsoluto
Com 203 gols, o meia-atacante Baiano brilhou na década de 1980, pelo Náutico (137 gols), Santa Cruz (53) e Central (13).
Essa marca vai durar um bom tempo ainda. O maior artilheiro do Estadual em atividade é Leonardo (ex-Sport, Santa e Salgueiro), com 86 gols e hoje com 37 anos.
Maior artilheiro em uma edição
Empate triplo. Baiano marcou 40 gols tanto em 1982 quanto em 1983, ambos pelo Náutico. No ano seguinte, Luís Carlos, do Sport, igualou a marca.
Para pelo menos empatar com os recordistas, o jogador teria que registrar uma média altíssima de gols (1,53), além de deixar a sua marca em todos os jogos.
Melhor ataque
Santa Cruz, em 1979, com 134 gols em 39 partidas. Poder de fogo com média de 3,4.
Para ser campeão no ano passado, o Sport fez 54 gols. Boa média de 2,07 por partida. Para superar o Santinha (135 gols), esse índice teria que subir para 5,19!
Maior série invicta
O Leão ficou 49 jogos sem perder entre 1997 e 1999, com 38 vitórias e 11 empates.
A marca esteve perto de ser superada em 2010. O Leão chegou a 48 jogos, mas perdeu do Timbu na última rodada da fase classificatória. Estaca zero.
Maior goleada
Acredite, mas o resultado foi esse mesmo: 21 x 3! Jogo realizado em 1º de julho de 1945, nos Aflitos. Massacre do Náutico sobre o Flamengo do Recife.
A última goleada com pelo menos 10 gols foi em 11/05/1995: Sport 10 x 0 América. Se há 15 anos ninguém faz nem 10, imagine 22…
Maior goleador em um jogo
O folclórico Dadá Maravilha balançou as redes 10 vezes na vitória do Sport sobre o Santo Amaro por 14 x 0, em 6 de abril de 1976, na Ilha.
Para ser o artilheiro de 2010 o atacante Ciro fez 13 gols. Só isso já mostra a distância. Mais: o recorde de Dadá não é só pernambucano, mas nacional.
Invencibilidade de um goleiro
Foram incríveis 1.636 minutos sem tomar gol, ou 18 jogos. Marca do camisa 1 do Naútico em 1974, Neneca.
Com novos goleiros no Estadual, apenas Magrão começa com um bônus. Como não levou gol na final do ano passado, ele larga com 90 minutos. Faltam 1.547.
Supercampeão invicto
No estado, 5 edições foram decididas em um triangular, o “Supercampeonato”. O Tricolor é tri. Porém, apenas o Flamengo conseguiu isso invicto, já na estreia, em 1915.
Neste ano, com o formato de semifinal e final, o feito não será repetido, logicamente. O último supercampeonato foi realizado em1983.
Finalmente, os detalhes da transmissão em pay-per-view do Campeonato Pernambucano de 2011. O canal de TV por assinatura Premiere Futebol Clube (PFC) divulgou a lista dos Estaduais que serão exbidos nesta temporada.
Para Pernambuco, um horário reservado, exclusivo.
Sábado, 20h30. Partidas envolvendo Náutico, Sport e Santa Cruz.
Pacote extra para o “Sócio PFC”, o assinante do canal. Será um joguinho no meio de uma programação com 50 partidas por semana…
No pacote mais simples (Série B + outro Estadual), R$ 47,90 por mês.
De antemão, a tabela do Estadual deve ser modificada, pois o primeiro jogo num sábado está marcado para 19 de fevereiro, com Náutico x Araripina (veja AQUI).
Vale lembrar que os grandes não terão acréscimo na cota (de R$ 370 mil). Por outro lado, os três clubes vão ter direito a inserções na TV para campanha de sócios.
Estaduais no PFC: Paulista, Carioca, Gaúcho, Mineiro, Paranaense, Pernambucano, Baiano, Catarinense e Goiano. Saiba mais clicando AQUI.
Na prática, então, serão até três jogos do Pernambucano na TV por semana, pois a Rede Globo tem os direito de transmissão de partidas na quarta-feira e no domingo.
Confira a história das transmissões do Pernambucano na televisão clicando AQUI.
Foi ou não foi pênalti? O time de Fulano foi prejudicado, enquanto o de Cicrado foi beneficiado? Haja confusão na hora da penalidade. Por isso, desde 2009 o blog acompanha rodada a rodada todos os pênaltis marcados no Pernambucano.
Com o formato de turno e returno, em 2011 será mantido o modelo de 22 rodadas e 132 jogos na primeira fase. Em 2009 foram 48 pênaltis marcados (2,18 por rodada). O número subiu para 70 no ano passado (3,18). Nas duas edições do Estadual, o Náutico teve mais penalidades a favor, com 7 em 2009 e 11 em 2010.
O ranking também contabiliza quem mais cometeu infrações na grande área. Em 2009, o Ypiranga fez 11! A marca foi superada na temporada passada pelo Porto, com 12.
Confira todos os dados dos rankings dos campeonatos de 2009 e 2010.
Como bônus, o ranking também mostra quantos cartões vermelhos foram aplicados nos jogos de Sport, Náutico e Santa Cruz. Quem terá mais adversários expulsos?
Em 2009, o Sport viu 13 jogadores adversários com cartão vermelho. Ano passado, Santa e Náutico ficaram em vantagem, com 11 expulsões dos rivais.
Na foto, Lecheva desperdiça a sua cobrança na disputa de pênaltis na final de 2006. Essa cobrança não conta. Porém, o desfecho resultou no início do penta do Sport.
Entre 1998 e 2010, nada menos que 12 edições do campeonato pernambucano foram subsidiadas pelo governo do estado, sempre com a compra de ingressos.
Apenas o torneio de 2007 ficou de fora, por causa da transição do Futebol Solidário para o Todos com a Nota. Saiba mais sobre a questão política dos programas AQUI.
Agora, os números de toda essa ajuda estatal apenas no Pernambucano da 1ª divisão. De acordo com o levantamento feito pelo blog, já foram repassados para os cofres dos nossos clubes desde então a bagatela de R$ 30.475.000.
A resposta na arquibancada, é verdade, sempre foi forte, visível. Desde 1990, quando a Federação Pernambucana de Futebol passou a listar as médias de público do Estadual, 12.781.680 torcedores passaram pelas catracas em 2.538 jogos.
O público subsidiado corresponde a 66,1% de todos os bilhetes nos últimos 21 anos, com quase 8,5 milhões de torcedores e média de 6.186. Bem superior às 3.695 pessoas por jogo nas edições sem promoção, incluindo o torneio de 2007.
Para 2011, o governo deverá investir R$ 5.830.000 no Pernambucano. A verba etatal corresponde a 55% de toda a receita dos clubes. Algo considerável. Só resta saber até quando o estado vai incluir o futebol em seu orçamento anual.
Leia a reportagem do Diario de Pernambuco sobre a dependência dos clubes em relação aos programas governamentais clicando AQUI.
O chargista Samuca, do Diario de Pernambuco, mandou essa para o blog.
A presença de Viviane Araújo com a camisa de três times intermediários do estado nesta semana deixou os grandes do Recife no chinelo em relação ao marketing.
Em breve, Sport, Náutico e Santa vão lançar os uniformes oficiais de 2011, de fato. Que preparem uma festa pelo menos no mesmo nível…
O Santa Cruz disputou o seu primeiro jogo em 2011 na noite de quinta-feira, no acanhado estádio de Chã Grande, ainda na Zona da Mata do estado.
No amistoso contra a seleção local, um insosso empate em 1 x 1.
De qualquer forma, eis a primeira foto oficial do Tricolor nesta temporada.
Será que agora vai, Santinha?
Com uma equipe ainda desconhecida pela torcida coral, quem sabe identificar a ordem dos jogadores acima?
Time que iniciou a partida: Tiago Cardoso, Bruno Leite, Thiago Matias, Leandro Souza e Alexandre Silva; Jeovanio, Memo, Weslley e Mário Lúcio; Laécio e Landu.
Um dos blogs mais conhecidos do estado chegou ao fim.
O Blog do Santinha, com uma audiência impressionante, anunciou o seu fim nesta quinta-feira, em um post assinado por toda a redação (veja AQUI).
O motivo é surreal, mas é verdadeiro.
Criado em 2005, o blog acompanhou a derrocada do Santa Cruz. É claro que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Para os supersticiosos, tem tudo a ver.
Trecho do post derradeiro:
Desde que criamos este Blog, em 2005, a audiência só aumenta, o número de comentários só triplica, mas o clube, o nosso amado Santa Cruz, só apanha. Encontramos o clube campeão estadual, subimos para a Série A, mas agora amargamos a Série D.
Temos dado azar ao clube, dentro e fora das quatro linhas. Se tivéssemos indicado Fernando Bezerra Coelho para o Ministério da Integração, ele estaria em Suape até hoje. Quando nos derramamos em louvores a um jovem craque como Léo, a quizila se abate sobre o jovem, que vive contundido.
O blog vai sair do ar no dia da abertura do Estadual, em 13 de janeiro de 2011.
Será que a Cobra Coral vai provar que eles estavam certos…?
Quanto vale a transmissão ao vivo na televisão do Campeonato Pernambucano?
Antes da resposta, um pouco de história. Antigamente, apenas jogos esporádicos do Estadual eram exibidos na TV. Negociações rápidas, valores enxutos.
Em 1995, por exemplo, apenas o segundo jogo da final entre alvirrubros e tricolores foi transmitido para o Recife, na Rede Globo. O anúncio da partida foi no mesmo dia.
Em 1996, a rodada dupla de abertura da competição na Ilha do Retiro, com Santa Cruz x Central e Sport x Náutico, passou ao vivo para todo o país pela Band.
Em 1997, nenhum joguinho sequer… De fato, o torneio não foi atrativo. Aquele ano marcou a pior média de público do Pernambucano desde 1990, quando a FPF passou a contar os dados, com apenas 2.080 pessoas por jogo.
A guinada começou em 1998, com a primeira venda do Estadual. A Globo pagou R$ 225 mil e repassou os direitos de transmissão ao Sportv, seu canal de TV a cabo.
Muito se fala das cotas do Brasileirão, “injustas”. Eu discordo. Acredito que cada clube tem um potencial de mercado bem distinto. Assim como aconteceu em Pernambuco…
As verbas em 1998 foram divididas em 5 cotas. E olhe que eram apenas 12 clubes!
Grupo 1 – Sport, Santa Cruz e Náutico: R$ 45 mil
Grupo 2 – Central: R$ 20 mil
Grupo 3 – Vitória: R$ 15 mil
Grupo 4 – Porto, Recife, Cabense e Flamengo de Arcoverde: R$ 10 mil
Grupo 5 – Ferroviário de Serra Talhada, 1º de Maio e Petrolândia: R$ 5 mil
Em 1999, o Pernambucano entrou numa nova (velha) era: a TV aberta. O locutor Luciano do Valle comprou os direitos de transmissão por R$ 500 mil, sendo R$ 90 mil para os grandes. Os jogos passavam ao vivo nas noites de segunda-feira, às 20h30, na TV Pernambuco. Os clássicos foram exclusivos no pay-per-view, pelo Sportv.
Com índices de audiência impressionantes, a Globo entrou na parada e comprou o pacote completo (TV aberta e fechada) em 2000, por R$ 850 mil.
A emissora, aliás, acabou negociando os direitos de todas as edições seguintes. Em 2001, com o horário no sábado à tarde, a cifra chegou a R$ 1 milhão.
Em 2010, com dois jogos transmitidos por semana, a cota do trio de ferro saltou para R$ 370 mil, num orçamento total de R$ 1,32 milhão – além de bônus para campeão (R$ 150 mil) e vice (R$ 100 mil). O valor em 2011, com a volta do pay-per-view, será o mesmo, apesar da reclamação dos clubes, com Gustavo Dubeux à frente.
Nota-se que a valorização do certame local sofreu uma freada brusca.
Como estamos em um blog, a divagação é liberada. Portanto, vamos comparar a cota da TV do Pernambucano com a do Brasileirão. Em 1998, o valor do Estadual foi 83 vezes menor que o do Nacional, orçado em R$ 18,67 milhões. Em 2000, ficou 105 vezes menor que a Série A, que já valia R$ 90 milhões. Em 2010, o abismo, com o nosso certame sendo 353 vezes menor que o Brasileiro, já na casa dos R$ 466 milhões…
Será que o nosso produto realmente não tem capacidade de se valorizar?