A eterna superação coral no tri-supercampeonato

Santa Cruz tri-supercampeão pernambucano em 1983. Crédito: Rede Globo NE/Youtube/reprodução

Confiante, Gomes partiu para a cobrança.

Apinhado, o Arruda aguardava o lance quase em silêncio.

O zagueiro encheu o pé. Chute seco, estufando as redes… Um gol para sempre.

O Santa Cruz era tri-supercampeão pernambucano. Um feito há exatamente três décadas, em 18 de dezembro de 1983.

Naquela tarde noite os corais conquistaram a maior taça de sua quase centenária história. Um título diante dos rivais alvirrubros, no jogo extra, mas também passando pelos rubro-negros, no triangular.

A campanha foi longa, com técnica e, sobretudo, raça da trupe de Ricardo Rocha, Zé do Carmo e Henágio, todos eles comandados por Carlos Alberto Silva.

Em três turnos – cada um vencido por um dos grandes clubes, provocando o supercampeonato final -, o Tricolor entrou em campo em 47 oportunidades, com 29 vitórias, 13 empates e apenas 5 derrotas.

Dono de uma defesa sólida, com apenas 22 gols sofridos, e um ataque arrasador, com 100 tentos marcados.

A presença coral no triangular veio somente no terceiro turno, em uma decisão contra o Sport. Campo neutro, em Caruaru. Vitória por 1 x 0.

A partir daí, mais três clássicos até a faixa de campeão.

Na finalíssima, o Clássico das Emoções atraiu nada menos que 76.636 pagantes, em um dos maiores públicos da história do Mundão.

Empate em 1 x 1 e triunfo nas penalidades por 6 x 5.

Completava-se o ciclo com 1957, 1976 e 1983.

Ainda hoje o tri-super é uma exclusividade nas bandas da Avenida Beberibe…

Está faltando só mais uma zebra no Rio

Zebra

No embarque para o Rio de Janeiro, um time reserva.

Ainda assim, o Náutico estará em campo de maneira oficial nesta quarta-feira, com o jogo de volta da Copa do Brasil. Muita gente nem lembrava mais.

Também pudera, a goleada por 3 x 0 sofrida nos Aflitos, na única derrota timbu em seu reduto na temporada, abalou a confiança naquela ocasião.

Com batalha final pelo hexa no domingo, o Alvirrubro preferiu escolher apenas uma meta.

Francamente, a diretoria do clube agiu de forma coerente.

De qualquer forma, apesar da disputa pra lá de inglória no Rio, o blog traz curiosidades sobre o Vasco, o adversário nesta noite em São Januário.

Para levar a disputa para os pênaltis, o time pernambucano, comandado pelo também suplente Zé do Carmo, precisa devolver o 3 x 0.

Vitória por quatro gols de diferença e o milagre estará garantido. Porém, o Vasco só foi derrotado cinco vezes em São Januário pela Copa do Brasil.

Vasco 1 x 2 Vitória (1989)
Vasco 0 x 1 CSA (1992)
Vasco 2 x 6 Cruzeiro (1996)
Vasco 0 x 3 XV de Campo Bom/RS (2004)
Vasco 0 x 3 Baraúnas/RN (2005)

As últimas duas zebraças levariam o confronto de 2011 para as penalidades…

Gol dedicado a Zé do Carmo

O Santa Cruz vencia o Confiança por 1 x 0 até os 27 minutos do segundo tempo, com um gol do atacante Joelson. Era mais uma vitória da reabilitação, e novamente fora de casa, agora em Aracaju. No sufoco.

Mas Vovô (isso mesmo) cobrou uma falta na área e o zagueiro Breno desviou, empatando o jogo em um momento de pressão do time sergipano.

O empate em 1 x 1 deixou o Tricolor em situação complicada na Série D, com os mesmos 5 pontos do adversário.

Santa Cruz campeão pernambucano de 1986 em plena Ilha do RetiroVão disputar uma vaga a duas rodadas do fim. O surpreendente CSA já está classificado.

Essa matemática foi recalculada por causa do gol de Breno… Atleta nascido no Recife, em 1º de novembro de 1986.

Quatro dias depois do nascimento do agora defensor, o volante Zé do Carmo jogou pelo Santa Cruz para homenagear o filho. Partida válida pela Série A do Brasileiro, contra o Guarani, em Campinas.

A felicidade já vinha desde o início do ano, quando foi confirmada a chegada do bebê, junto ao título pernambucano de 86, em plena Ilha do Retiro.

Numa dessas ironias que marcam o futebol, o gol que compliou a Cobra Coral foi assinalado justamente pelo filho de um dos maiores ídolos da história do Santa.

Profissional, Breno fez o que a torcida proletária – como é conhecida a galera do Confiança – espera dele. Mas esse presente balançou Zé do Carmo neste domingo.

Em pleno Dia dos Pais.

Do campo para o comando do Arruda

Sérgio China, mas um ex-jogador coral a assumir o comando técnico do time

Sérgio China é mais um ex-jogador de grande destaque no Santa Cruz a virar treinador do clube coral. Listei abaixo alguns casos – e todos ocorreram nesta década. Você lembra de mais algum? Comente! 😎

Zé do Carmo – O cabeça-de-área ganhou os Estaduais de 1983, 1986 e 1987. Além da técnica, Zé também era famoso pelas provocações, sempre com bom humor. Após deixar o Santa e ganhar o Brasileirão pelo Vasco, em 89, ele chegou a jogar na Seleção. Foi anunciado como treinador do Tricolor no início de 2008, na gestão de Edson Nogueira. Mas Zé do Carmo não resistiu nem 2 meses, e foi substituído por Fito Neves em 16 de fevereiro. 😯

Ricardo Rocha – Campeão mundial com o Brasil em 1994, o ex-zagueiro jogou em 1983 e 1984 pelo Santinha, sendo tri-supercampeão logo no primeiro ano. Naquele título, ele tinha 21 anos e ainda atuava como lateral direito. No Santa, trabalhou como técnico em 2001, no início do Estadual. Acabou saindo, dando lugar a Ferdinando Teixeira, que perdeu o título para o Náutico.

Sérgio China, ex-meia coral nos anos 80Sérgio China – Campeão pernambucano em 1986, 1987 e 1990. O meia foi o maestro do time nas três conquistas, e ainda ficou no clube até 1993, quando foi atuar no futebol português (veja mais AQUI). Como treinador, essa será apenas a 3ª chance, após breves passagens por Vera Cruz (2007) e Náutico, onde fez um bom trabalho no 2° turno do último Pernambucano.

Givanildo Oliveira – De todos eles, o mais bem sucedido no Santa foi Givanildo Oliveira. Com a camisa tricolor, anos anos 70, ele chegou a jogar na Seleção Brasileira (veja AQUI). Participou do pentacampeonato e das grandes campanhas na Série A (4° em 75). Comandando o time coral, levou o time para a Série A em 2005, na melhor temporada do Santa nesta década.

Post sugerido pelo repórter Márcio Cruz, do DP