FPF marca Central x Náutico na Ilha do Retiro. Um jogo no Recife é inversão?

Central x Náutico na Ilha do Retiro, pela 2ª rodada do hexagonal estadual de 2017. Arte: Cassio Zirpoli sobre reprodução do google maps

A péssima situação dos gramados no interior, em 2017, resultou em mudanças drásticas na fase principal do Campeonato Pernambucano. Dos três interioranos no hexagonal, dois vão começar jogando fora de seus domínios. Sem condições no Mendonção, o Belo Jardim precisa viajar 49 km para mandar seus jogos no Antônio Inácio. E o Central, com o Lacerdão vetado pela FPF, terá que viajar 133 km até o Recife. Para receber o Náutico na Ilha do Retiro (01/02). Receber?

Confira o documento de informação de modificação de tabela clicando aqui.

Como se não bastasse o fato de o Antônio Inácio também ter sido vetado (contra os grandes) por questão de segurança, o alvinegro irá atuar como mandante na cidade do rival. Abaixo, o artigo 12 do Regulamento Geral de Competições da FPF de 2017 sobre as possibilidades de mudanças na tabela, longe de ser claro.

Regulamento Geral de Competições da FPF em 2017

Nem no regulamento geral nem no regulamento do Estadual há um detalhamento sobre o que seria “inversão de mando de campo”. Cidade, estádio, posse etc. O que chama a atenção é que o mesmo artigo 12 da versão anterior do RGC, válido em 2015-2016 (a seguir), dizia que só não seria considerado inversão na Arena Pernambuco, por ser um “estádio público sob concessão”.

Aquele texto só foi criado para que os clássicos pudessem ocorrer em São Lourenço da Mata, evitando o problema visto num Sport x Náutico em janeiro de 2015. Hoje, não há mais concessão, e nem o parágrafo de observação.

Regulamento Geral de Competições da CBF, para 2015, sobre a função do "árbitro de vídeo". Crédito: reprodução

Voltando um pouco mais no tempo, ao RGC de 2013-2014 (abaixo), agora no artigo 13, o texto era claro, evitando mudanças de tabela caso houvesse inversão já na origem dos participantes. Não só o estádio inscrito, mas a cidade. No caso da inversão, só havia uma exceção, em caso de reciprocidade. Fica a dúvida sobre o motivo deste texto ter sido alterado nos documentos seguintes. Para dar pleno poder de escolha à federação em casos do tipo?

Regulamento Geral de Competições da CBF, para 2014, sobre a função do "árbitro de vídeo". Crédito: reprodução

Moralmente, já na versão 2015-2016 um jogo de um clube do interior no Recife seria polêmico. Na ocasião, o Central até negociou com o (extinto) consórcio para receber o Santa na Arena, pela semi. Acabou demovido pela torcida. No hexagonal, o América atuou na Ilha contra Náutico e Santa e no Arruda contra o Sport. Porém, o clube é sediado capital, alugando campos locais há décadas.

Sobre o caso da Patativa em 2017, lendo o regulamento atual, a reprovação do Lacerdão (“passa por reparos em seu gramado”) parece justa – através do artigo 13, nos itens 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. O que não justifica a partida na cidade do adversário, num cenário possível também com tricolores (08/02) e rubro-negros (09/04). Ainda mais com outro palco em Caruaru. Menor (7.307 lugares), mas autorizado no mesmo hexagonal. Respondendo à pergunta: considero inversão.

Por fim, a clara desvalorização do torneio, no qual 4 dos 6 clubes avançam à semifinal. Com dois deles fora de suas cidades, só um esforço enorme, no mau sentido, para a desclassificação do Trio de Ferro. Não haveria outra praça para abrigar o jogo? Então, nota-se que é hora de repensar a competição…

Até 30% de torcida visitante nos clássicos do Campeonato Pernambucano de 2017

Arruda, Arena Pernambuco e Ilha do Retiro. Crédito: Google Maps/2017

Em competições nacionais, a presença da torcida visitante é restrita a 10% da capacidade do estádio, segundo o regulamento geral de competições da CBF. A controversa medida, válida até nos clássicos, foi tomada por questão de segurança, sempre em caráter reducionista. No Recife, de forma excepcional no Estadual, a federação pernambucana elevou o dado para 20%, em 2009, apenas nos confrontos entre Náutico, Santa Cruz e Sport. Em 2017, até 30%, numa releitura do último regulamento geral da FPF. Em 2016, o texto dizia que o visitante poderia reservar até 49% dos ingressos, mas ressalvando sobre o requerimento com cinco dias de antecedência e a garantia a compra antecipada. Ninguém deu conta nos dez clássicos realizados. Agora, há mais tempo para a solicitação, segundo o artigo 82 do RGC 2017 (em itálico). Alguém dá conta?

Art. 82 O clube visitante, salvo disposição diversa do REC, terá o direito de adquirir, com pagamento prévio, a quantidade máxima de ingressos correspondente a 30% (trinta por cento) da capacidade do estádio ou da capacidade permitida pelos órgãos de segurança, desde que se manifeste em até 03 (três) dias úteis antes da realização da partida através de ofício dirigido ao clube mandante, obrigatoriamente com cópia à DCO-FPF. 

§ 1º Caso os órgãos de segurança informem, após inspeção, quantidade diferente da prevista no caput, esta prevalecerá, cabendo ao clube mandante repassar o relatório da referida inspeção à FPF no prazo de 10 (dez) dias de antecedência para a partida ou, em caso de partida eliminatória (mata-mata), antes da partida de ida do confronto.

§ 2º Em cumprimento à disposição do REC ou ao acordo assinado entre os clubes, inclusive para situações de reciprocidade, a disponibilidade de ingressos para o visitante poderá ser superior aos 30% da capacidade do estádio.

Abaixo, as cargas de ingressos dos maiores estádios locais. Regra à parte, vale lembrar que na decisão de 2016, por exemplo, os corais só tiveram 2.235 ingressos, ou 8,12% da capacidade da Ilha, devido ao veto dos bombeiros. Foi criado um parágrafo, o 1º, para evitar uma nova polêmica. A conferir.

Arruda*
Capacidade: 50.582 lugares
Mandante: 45.523 ingressos no Brasileiro (90%) e 35.407 no Estadual (70%)
Visitante: 5.058 ingressos no Brasileiro (10%) e 
15.174 no Estadual (30%)

Arena Pernambuco*
Capacidade: 45.845 lugares
Mandante: 41.260 ingressos no Brasileiro (90%) e 32.091 no Estadual (70%)
Visitante: 4.584 ingressos no Brasileiro (10%) e 13.753 no Estadual (30%)

Ilha do Retiro*
Capacidade: 27.435 lugares
Mandante: 24.691 ingressos no Brasileiro (90%) e 19.204 no Estadual (70%)
Visitante: 2.743 ingressos no Brasileiro (10%) e 
8.230 no Estadual (30%)

* Os limites autorizados pelo Corpo de Bombeiros, por questão de segurança

Náutico goleia o Uniclinic na Arena, sem dificuldades, e larga bem no Nordestão

Nordestão 2017, fase de grupos: Náutico 4x0 Uniclinic. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Em jogo isolado, o Náutico venceu o Uniclinic por 4 x 0, na abertura oficial da Copa do Nordeste de 2017. De volta ao torneio regional após breve ausência, o alvirrubro não encontrou dificuldades para superar o vice-campeão cearense. O estreante, que ocupa o 7º lugar no estadual após três rodadas, se mostrou bem limitado tecnicamente. Basicamente, assistiu à troca de passes do time pernambucano, que até então havia disputado apenas jogos-treinos.

Na primeira apresentação oficial nesta segunda passagem de Dado Cavalcanti, o time jogou desfalcado de Marco Antônio e Maylson no meio-campo e de Anselmo no ataque. Ainda assim, manteve o ritmo treinado na pré-temporada, com a valorização da posse de bola, desde a saída com os zagueiros Éwerton Pascoa e Tiago Alves. Buscando espaço e contando com alguma paciência dos 2.410 espectadores – bem ressabiados da última partida na arena, pela Série B -, o Náutico marcou dois gols no primeiro tempo, com Giva (cabeçada) e Jefferson Nem. O mesmo Nem ampliou logo aos três da segunda etapa, num chute cruzado. Depois, 40 minutos de passeio, evitando desgaste para a pesada agenda pela frente, com um Clássico das Emoções já no domingo, pelo Pernambucano. Nos descontos, Juninho pegou um rebote e definiu a goleada.

Sem dúvida, foi um resultado importante em um grupo tido como parelho, com Santa e Campinense. Como apenas três vice-líderes avançam às quartas, o que não aconteceu nas participações anteriores do timbu, em 2014 e 2015, o cálculo (mesmo cedo) passa por seis pontos diante do Uniclinic. Três já foram.

Nordestão 2017, fase de grupos: Náutico 4x0 Uniclinic. Foto: Ricardo Fernandes/DP

O balanço dos clássicos na Arena PE de 2013 a 2016, com média de 11 mil pessoas

Clássicos pernambucanos na Arena Pernambuco. Fotos: Arquivo/DP

Desde abertura oficial da Arena Pernambuco, em junho de 2013, já foram realizados 16 clássicos pernambucanos no local, considerando o período até 2016. Os duelos ocorreram em quatro competições distintas: Pernambucano, Nordestão, Série B e Copa Sul-Americana, com públicos entre 4 mil (ou 10% de ocupação da capacidade) e 30 mil (65%). Precisamente, o borderô registrou a entrada de 181.884 torcedores. Em quatro temporadas de clássicos, portanto, a média é de 11.367. Em relação à arrecadação, números melhores (por causa do preço aplicado no estádio), com R$ 4.382.275, com um índice de R$ 273.892.

Para 2017, ao menos quatro clássicos estão garantidos, todos com mando do Náutico. Dois pelo Estadual, contra tricolores (29/01) e rubro-negros (05/03), com o primeiro já na abertura da fase principal, um Clássico das Emoções na Lampions (12/03) e outro pela Segundona, em data a definir. Como nos anos anteriores, negociações entre o governo estadual e Santa e Sport podem resultar em mais duelos – além de fases mata-matas com o Náutico presente.

A seguir, um resumo de cada clássico no local entre 2013 e 2016.

Náutico x Sport
O primeiro clássico da história da Arena foi logo um duelo internacional, pela Sula. Apesar da derrota, os leoninos avançaram nos pênaltis. Embora tenha sido mandante só uma vez, o rubro-negro venceu a maioria dos jogos. Sobre os públicos, quatro foram abaixo de 10 mil, com a média se mantendo acima disso graças à decisão do Estadual 2014, com 30 mil, ainda recorde em clássicos.

7 jogos (6 mandos alvirrubros e 1 rubro-negro)
2 vitórias do Náutico (28%)
1 empate (14%)
4 vitórias do Sport (57%)

86.850 torcedores, média de 12.407
R$ 2.248.625 de renda absoluta, média de R$ 321.232

Os clássicos dos Clássicos na Arena Pernambuco entre 2013 e 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Santa Cruz x Náutico
Com oito gols, o primeiro duelo, vencido pelos corais, é o recorde de tentos na arena, considerando os clássicos. Apesar da média menor em comparação a Náutico x Sport, o Clássico das Emoções apresenta mais regularidade nos públicos, com cinco acima de 10 mil espectadores. Destoa o jogo pela primeira fase do Estadual 2015, com 4,6 mil espectadores, a menor assistência até hoje.

7 jogos (6 mandos alvirrubros e 1 tricolor)
3 vitórias do Santa Cruz (43%)
2 empates (28%)
2 vitórias do Náutico (28%)

82.947 torcedores, média de 11.849
R$ 1.959.725 de renda absoluta, média de R$ 279.960

Os clássicos das Emoções na Arena Pernambuco entre 2013 e 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Sport x Santa Cruz
O inédito Clássico das Multidões pela Sula, no centenário do confronto, acabou ocorrendo integralmente na Arena depois que os dois rivais se acertaram com o governo do estado. Ou seriam os dois jogos ou nenhum. Se salvou apenas a festa tricolor, avançando às oitavas, pois a presença das torcidas foi frustrante nos dois jogos, com os menores públicos do clássico nesta década.

2 jogos (1 mando 1 rubro-negro e 1 tricolor)
0 vitória do Sport (0%)
1 empate (50%)
1 vitória do Santa Cruz (50%)

12.087 torcedores, média de 6.043
R$ 173.925 de renda bruta, média de R$ 86.962

Os clássicos das Multidões na Arena Pernambuco entre 2013 e 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Governo inicia lobby na CBF por outro jogo da Seleção na Arena Pernambuco

Eliminatórias da Copa 2018, em 25/03/2016: Brasil 2x2 Uruguai. Foto: João de Andrade Neto/DP

Em 2016, o clássico entre Brasil e Uruguai, realizado na Arena Pernambuco, proporcionou um recorde duplo. O maior público do empreendimento, com 45.010 espectadores, e a maior bilheteria do futebol local, com R$ 4.961.890 –  levando em conta os dados conhecidos, pois a Fifa não revelou a arrecadação no Mundial e na Copa das Confederações. Números que deixaram o governo do estado atento a uma nova oportunidade o quanto antes. Sim, já em 2017.

Em uma reunião na FPF, o secretário de Turismo e Esportes de Pernambuco, Felipe Carreras, ligou para o secretário-geral da CBF, Walter Feldman, para deixar o “estádio à disposição”. A chamada ainda teve a presença do presidente da FPF, Evandro Carvalho. O secretário, claro, tenta monetizar a arena, que na última temporada teve apenas 30 jogos envolvendo Náutico, Santa e Sport, com uma arrecadação bruta de R$ 4.726.054, inferior à registrada na apresentação da Canarinha. Naquela ocasião, o percentual local da renda coube ao consórcio, agora extinto – hoje, seria todo para o estado. Além disso, houve o incremento do turismo, com 16% do público pagante oriundo de estados vizinhos.

O lobby mira a agenda ainda aberta da Seleção em 2017, período confirmado pelo blog. Neste ano, apenas um jogo no país tem local definido, o amistoso beneficente contra a Colômbia, no Engenhão. Em relação às Eliminatórias da Copa 2018, restam três jogos. Nos seis jogos como mandante nesta disputa foram seis palcos distintos: Castelão, Fonte Nova, Arena PE, Arena Amazônia, Arena das Dunas e Mineirão. Ou seja, o time verde e amarelo ainda não passou nem no Rio de Janeiro nem em São Paulo. Concorrentes de peso.

Jogos confirmados no Brasil em 2017:
25/01 – Brasil x Colômbia (Engenhão, Rio)
28/03 – Brasil x Paraguai (local a definir)
31/08 – Brasil x Equador (local a definir)
10/10 – Brasil x Chile (local a definir)

Data Fifa:
09/11 – jogo a definir (adversário e local)
14/11 – jogo a definir (adversário e local)

Até hoje, considerando as partidas oficiais da Canarinha (país x país), foram dez em Pernambuco, sendo nove no Arruda e uma na Arena Pernambuco. Apenas duas não tiveram casa cheia, os amistosos contra Polônia e China. Entretanto, o índice geral é excelente, com 592.037 torcedores no borderô. Média de 59 mil.

Maiores rendas no Recife:
R$ 4.961.890 – Brasil 2 x 2 Uruguai (Arena PE, 2016)
R$ 4.322.555 – Brasil 2 x 1 Paraguai (Arruda, 2009)

Eis os dez jogos oficiais da Seleção Brasileira no Recife… Lobby para 2017?

Jogos oficiais da Seleção Brasileira no Recife. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Grito da República, em Olinda, torna-se o estádio mais demorado de Pernambuco

Estádio Grito da República, em Olinda. Foto: Diego Borges/DP

Em um vídeo institucional, em 11 de abril de 2014, o prefeito Renildo Calheiros estipulava para o Natal a inauguração do estádio Grito da República, em Olinda. Àquela altura, o prazo já estava esticado em dois anos. Chegou o Natal, de 2016, e a praça esportiva de R$ 10,4 milhões deve ser, enfim, aberta. É preciso frisar o ano da conclusão porque a ordem de serviço da (arrastada) obra foi assinada em 2008. Logo, nenhum estádio local com pelo menos 10.700 lugares (a capacidade de Rio Doce) precisou de tanto tempo para ser erguido.

Período gasto na construção de cada setor*:
Grito da República (construção, +10 mil): 2008-2016 (9 anos)
Arruda (anel inferior, +64 mil): 1965-1972 (8 anos)
Aflitos (ampliação, +10 mil): 1996-2002 (7 anos)
Arena Pernambuco (construção, +46 mil): 2010-2013 (4 anos)
Arruda (anel superior, +46 mil): 1980-1982 (3 anos)
Ademir Cunha (construção, +30 mil): 1980-1982 (3 anos)
Ilha do Retiro (ampliação, +15 mil): 1953-1955 (3 anos)
Ilha do Retiro (ampliação, +10 mil): 1982-1984 (3 anos)
Cornélio de Barros (remodelação, +10 mil): 2010-2012 (3 anos)
Ilha do Retiro (remodelação, +20 mil): 1949-1950 (2 anos)
Carneirão (construção, +10 mil): 1990-1991 (2 anos)
* Trata-se da capacidade original, pois vários dados acabaram reduzidos 

Como se sabe, o objetivo inicial do estádio olindense era se tornar um dos Centros de Treinamento de Seleções (CTS) da Copa 2014. Passou longe, com problemas de orçamento e falhas no projeto executivo, demandando mais tempo para ajustes – nesse tempo todo, o Diario de Pernambuco visitou o local várias vezes, comprovando o atraso. Claro, o empreendimento é uma aquisição da população, à parte do evento já no passado. Tanto que há a pretensão de virar a casa do Olinda Futebol Clube, que desde sua fundação, em 2007, manda seus jogos no Olindão, o acanhado palco em Jardim Brasil.

O problema é que, gramado à parte, as redes elétrica (ainda não há refletores) e hidráulica seguem inacabadas. As cadeiras azuis do projeto e a cobertura do setor também não foram instaladas. E assim deve seguir até o fim do mandato do atual gestor, à frente da cidade durante oito anos, sem a conclusão de fato.

Estádio Grito da República, em Olinda. Foto: Diego Borges/DP

Estádio Grito da República, em Olinda. Foto: Diego Borges/DP

Estádio Grito da República, em Olinda. Foto: Diego Borges/DP

Com 30 jogos de clubes em 2016, Arena Pernambuco registra 17% de ocupação

Arena Pernambuco. Crédito: Odebrecht/divulgação

A quarta temporada da Arena Pernambuco marcou a transição da operação, com o fim da parceria público-privada junto à Odebrecht, em rescisão tomada pelo governo. Agora, o empreendimento vem sendo administrado pela Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco (que organizou 20 dos 32 jogos em 2016), até que uma nova licitação seja realizada. Além disso, o ano também fica marcado pelos piores números do estádio, considerando os jogos oficiais do Trio de Ferro – como o blog apura desde a sua abertura, em 2013.

Baixa tanto em público quanto em bilheteria bruta. Neste caso, parece ter sido determinante a suspensão do programa Todos com a Nota, que subsidiava milhares de ingressos nos jogos com mando de campo de Náutico, Santa Cruz e Sport. Não por acaso, o número de jogos na arena caiu, com 11 partidas a menos – com forte ausência leonina, reduzindo de 10 para 3 apresentações. No total, foram 192 mil torcedores a menos nas cadeiras vermelhas do estádio, resultando numa taxa de ocupação foi de 17,7%, com média de 8 mil pessoas. Até então, nunca havia ficado abaixo de 20% e de 10 mil, respectivamente. Já em termos de arrecadação, o baque foi R$ 6,2 milhões em relação a 2015.

Como contraponto ao quadro desidratado, a primeira partida da Seleção Brasileira em São Lourenço estabeleceu um recorde duplo. O empate em 2 x 2 com o Uruguai foi assistido in loco por 45.010 torcedores (a capacidade máxima é de 46.214), com uma renda de R$ 4.961.890. Trata-e da maior bilheteria da história do futebol local, levando em conta os dados conhecidos – a Fifa não divulgou as bilheterias da Copa do Mundo e da Copa das Confederações.

Mesmo com o jogo das Eliminatórias da Copa 2018, o saldo do ano não deve ser bom no próximo relatório a financeiro, a ser divulgado em 2017. Lembrando que já são três anos seguidos com saldo negativo no balanço oficial: R$ 29,7 milhões em 2013, R$ 24,4 milhões em 2014 e R$ 19,0 milhões em 2015. Ao todo, R$ 73 milhões de déficit operacional do estádio, que ainda segue buscando o seu espaço entre tricolores e rubro-negros, essenciais para o negócio

Confira abaixo os quadros separados por cada clube e período.

Neste ano, a Arena Pernambuco registrou a pior média de público, pior taxa de ocupação, pior arrecadação, pior média de renda e pior tíquete médio. Apenas dois dados escaparam: número de jogos e público absoluto.

Balanço de público e renda do Trio de Ferro mandando seus jogos na Arena Pernambuco, de 2013 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Após a baixa em 2015, o Náutico melhorou um pouco os seus dados. Para isso, contou a flexibilização no preço dos ingressos – após a saída da Odebrecht. Com setores promocionais, chegou a registrar três jogos com 25 mil torcedores, no embalo da campanha de recuperação, que quase culminou com acesso.

Balanço de público e renda do Náutico mandando seus jogos na Arena Pernambuco, de 2013 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Após mandar dez jogos em 2015, com rendas milionárias, o Sport atuou apenas três vezes em 2016. A primeira delas, contra o Flamengo teve uma renda de R$ 802 mil, a maior do ano entre clubes na arena. Por outro lado, disputou lá o seu primeiro Clássico das Multidões como mandante com apenas 6.570 pessoas.

Balanço de público e renda do Sport mandando seus jogos na Arena Pernambuco, de 2013 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

O Santa Cruz segue como o grande clube pernambucano mais distante da arena. Foram apenas duas partidas, o mesmo dado de 2015. Mas o público presente foi menor, com 11.490 de diferença. Em seu primeiro Clássico das Multidões como mandante lá, pela Copa Sul-Americana, apenas 5.517 pessoas.

Balanço de público e renda do Santa Cruz mandando seus jogos na Arena Pernambuco, de 2013 a 2016. Arte: Cassio Zirpoli/DP

A quantidade jogos abaixo considera apenas os mandos do Trio de Ferro. Vale destacar que em 2013 houve o clássico carioca entre Botafogo e Fluminense, com 9.669 pessoas e R$ 368 mil de renda. Já em 2015 houve um jogo de portões fechados na Ilha, não computado. Em 2016, o América jogou na Ilha (2x) e no Arruda (1x), partidas também não consideradas no levantamento.

Número de jogos do Trio de Ferro no Recife. Arte: Cassio Zirpoli/DP

Relembre os balanços anteriores: 20132014 e 2015.

Tirolesa na Arena Pernambuco… Encara?

Nos domingos, em dias sem jogos, a Arena Pernambuco costuma contar com atividades no entorno do complexo, organizadas pela própria administração do estádio. Desta vez, no modelo “Arena Radical”, a primeira descida de tirolesa dentro de um estádio de futebol no país. Por R$ 10, uma descida num cabo aéreo do anel superior norte (60 metros!) até a barra no setor sul inferior, atravessando todo o gramado. Entre outras atividades, rapel, paintball, downhill, eurobungy, slackline e parede de escalada… Encara?

A próxima edição do tipo deve ocorrer em janeiro de 2017.

Rodada ajuda, mas Náutico perde na Arena e frustra outra vez em 26/11

Série B 2016, 38ª rodada: Náutico 0x2 Oeste. Foto: Léo Lemos/Náutico (site oficial)

O Náutico jogava na Arena Pernambuco esperando que o dia o ajudasse, com um tropeço de Vasco (empate ou derrota) ou Bahia (derrota). Ganhar do Oeste parecia praxe na rodada final da Série B. No Rio, o time carioca até ficou em desvantagem, mas virou. Em Goiânia, o oposto. O Baêa abriu o placar, mas viu o campeão Atlético confirmar o melhor futebol – visto em toda a competição -, com mais uma vitória como mandante. E diante da maior presença alvirrubra no ano (25.602 torcedores), o pior. O que não podia acontecer, o que não se esperava. Jogando muito mal, os pernambucanos acabaram derrotados, 2 x 0.

Perder é do jogo, obviamente. Mas o que fez o Oeste vencer este jogo? Não ganhava de ninguém desde 27 de agosto, há 17 rodadas. Para chegar à vitória, teve a seu favor a intranquilidade do Náutico. Escalado com jogadores rápidos à frente, o timbu não conseguiu infiltrar na área adversária, povoada o sábado inteiro. Afobado, abusou das tentativas de fora da área. Pior. Os gols sofridos não foram acaso, longe disso! O Oeste atuou melhor. Quando abriu o placar, aos 21 minutos, já havia chegado duas vezes com perigo à meta de Júlio César. Na primeira, o goleiro espalmou. Na segunda, a bola raspou a trave. Na terceira… o ex-alvirrubro Pedro Carmona bateu cruzado, acertando o cantinho. Nem assim o desorganizado Náutico acordou. Até o intervalo as melhores chances seguiram com o visitante, que ampliou com Mike, ex-Sport, completando após cobrança de escanteio. Naquele momento, com a parcial derrota vascaína, o retorno à elite começava a escapar exclusivamente pelo tropeço alvirrubro.

Série B 2016, 38ª rodada: Náutico 0x2 Oeste. Foto: Peu Ricardo/DP

No segundo tempo, com mudanças sem ousadia de Givanildo Oliveira (Léo Santos não mudaria a história…), o Timbu foi para o tudo ou nada, sem melhorar. Com a posse de bola, o Oeste nem se dava ao trabalho de contragolpear, gastando o tempo. No fim, com a invasão de torcedores (agredindo jogadores e fazendo gestos da principal torcida organizada), o jogo ficou paralisado por vários minutos. Quando recomeçou, o revés baiano já estava confirmado, o que aumentou a melancolia do resultado em São Lourenço – para Náutico, claro, pois o Oeste conseguiu escapar do rebaixamento com os três pontos somados.

Apito final aos 65 do segundo tempo. Onze anos depois, outro 26 de novembro para ser esquecido pelos alvirrubros, por mais que a frustração seja eterna…

Minuto a minuto do acesso à Série A
16h32 – Bahia (64), Vasco (63) e Náutico (61) – Todos os jogos iniciados, 0 x 0
16h51 – Bahia (64), Vasco (63) e Náutico (60) – Náutico 0 x 1 Oeste
16h57 – Bahia (64), Vasco (62) e Náutico (60) – Vasco 0 x 1 Ceará
17h06 – Bahia (66), Vasco (62) e Náutico (60) – Atlético-GO 0 x 1 Bahia
17h09 – Bahia (66), Vasco (62) e Náutico (60) – Náutico 0 x 2 Oeste
17h17 – Bahia (64), Vasco (62) e Náutico (60) – Atlético-GO 1 x 1 Bahia
17h39 – Bahia (64), Vasco (63) e Náutico (60) – Vasco 1 x 1 Ceará
17h41 – Vasco (65), Bahia (64) e Náutico (60) – Vasco 2 x 1 Ceará
18h02 – Vasco (65), Bahia (63) e Náutico (60) – Atlético-GO 2 x 1 Bahia
18h24 – Vasco (65), Bahia (63) e Náutico (60) – Fim de jogo em Goiânia
18h25 – Vasco (65), Bahia (63) e Náutico (60) – Fim de jogo no Rio de Janeiro
18h38 – Vasco (65), Bahia (63) e Náutico (60) – Fim de jogo em São Lourenço

Série B 2016, 38ª rodada: Náutico 0x2 Oeste. Foto: Peu Ricardo/DP

A campanha para que nenhum alvirrubro deixe de acreditar no acesso à Série A

O Náutico irá encerrar a sua campanha na Série B de 2016 contra o Oeste, na Arean Pernambuco, em 26 de novembro. O clube espera chegar na última rodada em condições de brigar pelo acesso, hoje restrito a uma chance de 17%, segundo o Infobola. Apesar do baque pela derrota sofrida na Ressacada, o Timbu mantém a fé na classificação. E para engajar a torcida, lançou vídeos em seus perfis oficiais nas redes sociais para convencer aqueles que “não acreditam” através de situações inusitadas. O ator em questão na verdade é um torcedor do clube, Paulo Araújo… Assista.

“Você pode até dizer que não acredita, mas no fundo você acredita.”