Junta mais essa vitória

Série D-2010: CSA 1 x 2 Santa Cruz. Tricolor se classifica para a segunda fase. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Estádio Rei Pelé, último minuto de jogo.

Brasão, ele mesmo, acerta a cobrança de pênalti.

Gol que acaba com os 100% de aproveitamento do CSA na Série D. Gol que deu a vitória do Santa Cruz em Maceió.

Gol que cravou o 2 x 1 da classificação coral, neste domingo.

Gol que levou o Tricolor ao mata-mata da 4ª divisão nacional.

Mais de três mil torcedores corais invadiram a capital alagoana, como em 2009. Há um ano, o início da campanha. Desta fez, no desfecho da primeira fase.

Festa e tempo. O time treinado por Givanildo Oliveira terá duas semanas de descanso, planejamento, alívio, expectativa e sonhos…

Depois, a odisseia dos jogos de 180 minutos. Serão três etapas.

O primeiro passo será no Arruda, no dia 5, contra o Guarany de Sobral, que, apesar da liderança do grupo 3, fez 9 pontos, dois a menos que os triclores, que acabaram em segundo lugar da chave 4.

Menos de 40 mil torcedores…?! Duvido.

“Um abraço para aqueles 14 torcedores que passaram mal o Arruda. Dessa vez eu acertei o pênalti. Quero é ver o meu clube de coração na Série C.”

Brasão, mito.

Nova enquete do blog:

Após a classificação para o mata-mata, você acha que o Santa Cruz vai conseguir o acesso à Série C de 2011?

Gol dedicado a Zé do Carmo

O Santa Cruz vencia o Confiança por 1 x 0 até os 27 minutos do segundo tempo, com um gol do atacante Joelson. Era mais uma vitória da reabilitação, e novamente fora de casa, agora em Aracaju. No sufoco.

Mas Vovô (isso mesmo) cobrou uma falta na área e o zagueiro Breno desviou, empatando o jogo em um momento de pressão do time sergipano.

O empate em 1 x 1 deixou o Tricolor em situação complicada na Série D, com os mesmos 5 pontos do adversário.

Santa Cruz campeão pernambucano de 1986 em plena Ilha do RetiroVão disputar uma vaga a duas rodadas do fim. O surpreendente CSA já está classificado.

Essa matemática foi recalculada por causa do gol de Breno… Atleta nascido no Recife, em 1º de novembro de 1986.

Quatro dias depois do nascimento do agora defensor, o volante Zé do Carmo jogou pelo Santa Cruz para homenagear o filho. Partida válida pela Série A do Brasileiro, contra o Guarani, em Campinas.

A felicidade já vinha desde o início do ano, quando foi confirmada a chegada do bebê, junto ao título pernambucano de 86, em plena Ilha do Retiro.

Numa dessas ironias que marcam o futebol, o gol que compliou a Cobra Coral foi assinalado justamente pelo filho de um dos maiores ídolos da história do Santa.

Profissional, Breno fez o que a torcida proletária – como é conhecida a galera do Confiança – espera dele. Mas esse presente balançou Zé do Carmo neste domingo.

Em pleno Dia dos Pais.

Nem Freud explica

Torcida do Santa Cruz no ArrudaDuas vitórias seguidas. O desempenho tricolor nesta semana acordou a torcida do Santa Cruz. Ou, no mínimo, sacudiu a diretoria coral, que liberou uma carga incrível de 60 mil ingressos para o jogo contra o Confiança, neste domingo.

São 23 mil bilhetes do Todos com a Nota e 37 mil para a arquibancada (com preço único de R$ 10). Esse número de ingressos corresponde à carga máxima do estádio do Arruda.

Na estreia da Série D, contra o CSA, o público foi acima de 19 mil pessoas. A derrota foi frustrante, mas a recuperação em Mossoró e a vitória sobre o Treze (essa pelo Nordestão) reanimaram um povo que realmente sabe dar a volta por cima. Há anos.

Colocar 60 mil ingressos na 2ª rodada da Série D: exagero, confiança ou paixão?

Acho que nem a psicanálise de Sigmund Freud vai desvendar essa…

O que você faria na Ilha?

Toninho Cerezo, durante a partida Sport 1 x 2 Duque de Caxias, pela Série B de 2010. Foto: Juliana Leitão/Diario de Pernambuco

22/05  – O Sport perde de forma vergonhosa para o ASA, em Arapiraca. Não foi uma derrota qualquer, mas um fumo de 4 x 1. Um vexame histórico.

No fim, o técnico Givanildo Oliveira – que já sofria uma pressão incrível da torcida – entregou o cargo. O presidente Silvio Guimarães bancou a permanência.

25/05 – Jogando na Ilha do Retiro, um Sport pra lá de apático perdeu para um estreante no Brasileiro da Série B. O modesto Icasa saiu da terra de Padre Cícero e ganhou por 2 x 1. Depois, não teve jeito. Givanildo caiu.

27/07 – O Leão perde de virada com um a mais durante parte do 2º tempo para o fraco Duque de Caxias. Jogo em plena Ilha. No fim, Toninho Cerezo escuta as primeiras vaias e gritos de “burro” e entrega o cargo durante a longa entrevista coletiva.

“Eu sou guerreiro. Saí de uma Copa (1982) com todo mundo me massacrando e 15 dias depois eu fui o melhor da partida. Isso é futebol. O Sport precisa de alguém para dar um choque no grupo. Deixo o presidente à vontade para decidir.”

O blog entrou em contato por telefone com o presidente do Sport, Silvio Guimarães. Apesar do nervosimo pelo resultado, ele afirmou que a resposta sai na quarta.

“Não atendo a imprensa. Não é hora de falar. Essa decisão será repassada pela assessoria de imprensa amanhã.”

28/07 – Silvio Guimarães deve dar a resposta sobre a permanência do técnico. O que fazer? Segurar o técnico e repetir a aposta feita em maio ou cair em campo para contratar o terceiro treinador para a Segundona com apenas 11 jogos? De fato, podia mesmo piorar (veja AQUI).

Na minha opinião, o treinador que renuncia ao cargo já mostra uma certa distância do clube. Não tem como bancar… Ao mesmo tempo, o que Cerezo deve estar pensando sobre um grupo que não reage em campo? É difícil ficar lutando com uma equipe que não condiz com o pesado investimento. Sem desculpa de salários atrasados ou falta de tempo para a preparação física e tática.

E Silvio Guimarães, que já vem numa gestão conturbada desde 2009, acaba tendo mais uma prova de pressão ao dirigir um clube com cerca de 3,3 milhões de torcedores. Isolado ou não, a missão de subir para a elite em 2011 começa a virar desespero.

Pegar um clube na Libertadores e deixá-lo com apenas 25% da receita do Clube dos 13 (por causa dos dois anos longe da elite) seria surreal. O caldeirão ferve.

Você concorda com a análise? Comente!

Atualização às 10h30: Toninho Cerezo fica. Assim como Givanildo, ele também teve o apoio da diretoria. Quanto ao time, este está de folga nesta quarta…

Qual caminho…

O Pensador

A colocação é bem modesta. Um 9º lugar após nove partidas. Doze pontos.

Nesta quarta-feira, um confronto contra o líder e a chance de tentar encostar no G4.

Jogo em casa, às 20h30.

“Que raio de campeonato é esse…?!”

Trata-se do Campeonato do Nordeste, com as suas rodadas intermitentes. A última delas, por exemplo, foi há 18 dias, sempre numa brechinha do calendário.

O jogo descrito acima é o do Santa Cruz, contra o Treze, no Arruda.

Logo após a dramática vitória sobre o Potiguar, no domingo, o técnico Givanildo Oliveira mandou o recado, ainda em Mossoró:

“O próximo passo é o Confiança no domingo que vem. Eu sei que tem um jogo no meio da semana contra o Treze (pelo Nordestão). Mas hoje estamos falando de Série D.”

Decisão correta? Sem dúvida alguma. Sair do buraco da 4ª divisão é questão de sobrevivênvia. Ainda mais com dois jogos seguidos contra o time sergipado pelo Brasileiro, que podem definir a classificação tricolor à segunda fase.

Quanto ao jogo desta quarta, cabe ao fiel torcedor coral decidir se ainda vale sonhar com o título regional neste ano. Faz ideia do time que vai jogar? Veja AQUI.

Veja a classificação atualizada do Nordestão AQUI.

Qual caminho…? Em direção à luz no fim do túnel, na Série D.

Cabalístico

Série D-2010: Potiguar 0x1 Santa Cruz. Brasão comanda a vitória coral em Mossoró. Foto: Eduardo Maia/Diário de Natal

O número 40 foi cabalístico em Mossoró.

E lá estava o Santa Cruz dando sequência à sua odisseia na 4ª divisão nacional, desta vez contra o Potiguar. E olhe que a noite deste domingo poderia ter sido o último capítulo coral em caso de novo revés na Série D.

Mas o técnico Givanildo Oliveira apagou mais um incêndio.  Antes disso, a luz chegou a ir embora. Aos 28 minutos de jogo, acabou a energia do estádio.

Acredite se quiser, mas o jogo foi paralisado porque roubaram 40 metros de fio de uma das torres de refletores do estádio Nogueirão.

Foram 40 minutos com a bola parada, no “breu”, logo no momento em que o Tricolor era melhor. Como o torcedor não ficaria nervoso? Mas logo quando a Cobra Coral joga uma bolinha decente acontece isso?!

Mas a partida voltou. Deram um jeito na fiação, nesse surreal episódio. O Santa jogou o segundo tempo inteiro com um a mais em campo. No últimos minutos a situação ficou ainda mais favorável, após a segunda expulsão no Potiguar.  Mas nada de sair gol…

Até que, aos 40 minutos da etapa final, Jadilson levantou a bola para Brasão, que matou no peito e mandou para as redes. Santa Cruz 1 x 0. Aleluia!

Orla olindense vazia

Givanildo Oliveira em Olinda: Foto: Ricardo Fernandes/DPEle estava curtindo um bom e merecido descanso em Casa Caiada, na sua amada Olinda, onde encontra o seu cantinho a cada trabalho realizado Brasil afora.

Aos 61 anos, ele sabe que a saúde vem em primeiro lugar. Pensamento de quem tem uma vida inteira dedicada ao esporte.

Por isso, caminhadas diárias pela manhã, no calçadão da orla da Cidade Patrimônio. E até costumava dizer, em tom desafiador:

“Vamos lá correr um dia para ver se você acompanha o meu ritmo…”

Frase dita ao blogueiro quando ainda comandava o time rubro-negro, num raro momento de descontração após o treino. Eu não encarei a parada. Sei que não conseguiria mesmo!

E assim, na base da tranquilidade, foram dois meses com a família, sem o aperreio da famigerada área técnica. Sem os xingamentos eternos para a profissão.

Mas o telefone tocou na noite de domingo. Inicialmente, o convite não era dos melhores. A missão seria ultraindigesta. Mas o dever de recuperar a bandeira encarnada, branca e preta foi superior a qualquer outro desejo…

Foram inúmeros títulos como volante, dos bons. Franzino e gigante. Cansou de levantar taças na Avenida Beberibe.

Depois, passou a ser treinador. Com ele, o último sorriso do povo mais sofrido do Brasil.

Foi há cinco anos. Felicidade no ano inteiro. Primeiro, com o título pernambucano em pleno centenário do maior rival. Depois, o acesso à Série A do Brasileiro. Algo surreal para quem convive atualmente nas repúblicas independentes.

Mas ele está de volta. Pendurou as “sandálias” na ventilada varanda do seu apartamento. Já deve estar calçando as chuteiras e colocando aquele calção de número muito maior que o necessário.

Se era para tentar a salvação, pelo menos o último tiro foi respeitando a história.

Boa sorte, Givanildo Oliveira. Boa sorte, Santa Cruz.

Olinda fica para depois. Qualquer dia ele volta para o calçadão.

Elementar, meu caro Watson

Filme: Sherlock HolmesJornais, rádios e TVs já pensavam em ampliar as suas coberturas nesta terça-feira. Último treino para rubro-negros e alvirrubros.

Véspera da decisão mais imprevisível de Pernambuco nos últimos anos.

Mas não será possível.  😯

O (quase) sempre pragmático Givanildo mudou o script. Nada de campo auxiliar ou Ilha. O treino do Sport será no isolado Centro de Treinamento de Paratibe, com clima de interior.

Tática que já vinha sendo adotada pelo alvirrubro Gallo. Mas que falhou na sexta-feira, já que o treinamento ocorreu nos Aflitos. Os jornalistas, então, acabaram subindo nos prédios vizinhos (o mesmo ocorreria no Sport).

Para não correr risco, o técnico do Náutico agendou o seu derradeiro trabalho tático para o cada vez mais organizado CT da Guabiraba.

Ambos serão à tarde. A imprensa só terá acesso às 17h, no fim, quando não tiver muito o que mostrar. As entrevistas serão mastigadas, repletas de mistério. No máximo, declarações de confiança. Plano tático? Esqueça.

Por isso, o blog entra na “investigação” das escalações para a decisão do Estadual.

Rubro-negro: Ricardinho e André Luiz entram mesmo nas vagas dos suspensos meia Eduardo Ramos e ala-esquerdo Dutra, respectivamente? Nenhuma surpresa?

Alvirrubro: o jovem Eduardo Eré substituirá Derley no lado direito? Zé Carlos, expulso, terá a sua lateral esquerda ocupada por Tinga, reforçando a marcação?

E aí, Sherlock…?!

A educação estava do outro lado

Que o técnico Givanildo Oliveira é ranzinza, ninguém duvida. De vez em quando, até passa do ponto. Mas o treinador do Sport , de 61 anos, também tem os seus momentos de descontração. Na coletiva desta terça-feira, na Ilha, ele contou um “causo” do mundo da bola. Veja no vídeo abaixo.

O sofrimento de ser técnico. Na Ilha…

Praça 12

Aos 61 anos, o técnico Givanildo Oliveira tem uma imagem consolidada como um comandante sério, detalhista e exigente. Ou até “chato”, para alguns.

Já era assim em 1994, quando o técnico – que sempre gostou de morar em Olinda – comandava o Sport pela 3ª vez  – agora é a sexta. Uma das manias do treinador era ir várias vezes por semana até a banca de revistas localizada na Praça 12 de Março, em Bairro Novo, conhecida só como “Praça 12”. Colada à Sorveteria Bacana. Quem já foi uma vez em Olinda, sem ter sido no Alto do Sé, conhece…

Revista Placar de maio de 1994Ele sempre ia comprar jornais do dia, uma ou outra revista e bater um papo com um dos donos, os irmãos “quase gêmeos” Cid e Celso.

Numa dessas passagens, um menino de 12 anos, que morava a menos de 200 metros da banca, lia uma revista Placar que havia acabado de chegar. Era a edição de nº 1094, de maio, sobre os “80 anos da Seleção Brasileira” (capa ao lado).

Uma compilação de todas as partidas do Brasil desde 1914 até então. Com as fichas técnicas, naturalmente. Fanatismo puro.

Apesar de ter comprado a revista, a mania do menino era começar a ler a revista ali mesmo. Foi quando Givanildo viu o título da revista e se aproximou para dar uma olhadinha.

Começou a ler a mesma edição do moleque. Com menos de 2 minutos, ele resolveu matar a curiosidade. Ele = o técnico.

“Menino, tem todos os jogos da Seleção aí mesmo? Todos!?”

O menino olhou, reconheceu – surpreso, é claro – o então treinador do Sport (que já havia sido bicampeão em 91/92) e respondeu:

“Sim. São todas as partidas, com ficha e tudo. Público, data…” (100% metódico)

Givanildo, então, pediu para checar se a revista era mesmo tão completa assim.

“Veja se o Brasil enfrentou a Itália em 1976, por favor.”

“Está aqui, ó. Jogou sim. Ganhou por 4 x 1. Oxe… Esse não foi o placar da final de 70 também?”, disse o menino, querendo demonstrar um mínimo de conhecimento de futebol para o treinador.

“Interessante… Falcão jogou, né? Ele foi substituído?”, retrucou o técnico.

“Falcão entrou como titular sim. E foi substituído!”, respondeu o garoto, mais uma vez.

“Quem entrou no lugar dele?”, questionou pela última vez o treinador.

“Givanildo…”, disse o menino, de olhos arregalados.

No papel daquele menino há quase 16 anos, posso assegurar que o técnico não correspondeu à tal imagem consolidada no início do post. No fim daquele ano, Givanildo terminaria com os títulos de campeão estadual e da Copa do Nordeste. E o menino continuou comprando a Placar na mesma banca, para tentar aprender um pouco mais.