Santa Cruz vence o Náutico outra vez e vai à 5ª final em 6 anos no Estadual

Pernambucano 2016, semifinal: Náutico 1x2 Santa Cruz. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

A vantagem era enorme, do tamanho do futebol apresentado num Arruda tomado de gente. Consciente sobre o 3 x 1 e apostando na incredulidade do rival, até então dono da melhor campanha, o Santa foi à arena e sacramentou mais uma vaga na final do Pernambucano, a quinta nos últimos seis anos. Como nas anteriores, vai pelo título, que pode garantir ao clube o status de campeão da década no cenário local, mesmo faltando bastando tempo. No domingo, havia um desfalque de peso, o meia João Paulo, o pulmão do time, mas a essa altura do alto rendimento em campo, com seguidos jogos decisivos, os companheiros acabam adotando a mesma intensidade, vital para qualquer grande conquista.

Um símbolo disso, talvez de todo esse momento vivido pelo Santa nas últimas semanas, é o atacante Grafite. Jogou de forma diferente, saindo bastante da área, para buscar e prender o jogo. E exerceu bem o papel. Contrariando a lógica, o Náutico buscou inspiração até na superstição, como jogar de vermelho, lembrando a reviravolta de 2004, quando goleou os corais em seu último título. Apoiado pela torcida, que mesmo abadalada se fez presente, o Timbu impôs uma pressão inicial. Algo esperado por todos, incluindo, claro, o adversário.

Pernambucano 2016, semifinal: Náutico 1x2 Santa Cruz. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

O Timbu até ficou perto do sonho, ao abrir o placar aos 33 minutos, com o zagueiro-artilheiro Ronaldo Alves pegando um rebote num escanteio. Chegou a seis tentos. E a desvantagem, que chegara a ser de três gols no Mundão, àquela altura era de apenas um. Dava pra buscar. Para isso, daria mais espaço. A bola na trave de Grafa, ainda no primeiro tempo, foi só o aviso do perigo.

Logo na retomada do jogo veio o lance fatal num clássico já encaminhado. Num belo lançamento de Leandrinho, Grafite recebeu no meio-campo, avançou sozinho, driblou Júlio César com calma e empatou. Foi o sétimo gol do camisa 23 na temporada, somando todas as competições, empatando com Keno. No último lance, Lelê mandou de fora da área e virou 2 x 1. Lá e lô do Santa, que luta não por um, mas por dois títulos, no Nordestão e no Estadual. As duas finais, nos dois próximos domingos, prometem muitas emoções para os corais.

Pernambucano 2016, semifinal: Náutico 1x2 Santa Cruz. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Santa quebra a invencibilidade do Bahia e vai à final do Nordestão pela primeira vez

Nordestão 2016, semifinal: Bahia 0x1 Santa Cruz. Foto: Santa Cruz/twitter (@scfc_oficial)

O Santa Cruz voltou a se agigantar na Fonte Nova. Repetindo o feito na Segundona, quando arrancou para o acesso, os corais conquistaram em Salvador a vaga na decisão do Nordestão. Uma campanha inédita na história coral, consolidando um momento vitorioso na história do clube, com quatro títulos estaduais em cinco anos. A vitória por 1 x 0 foi o resultado da confiança após o desempenho no Arruda, quando dominou o Bahia e só não saiu com o resultado positivo por uma infelicidade, num pênalti bobo nos minutos finais.

Aquele prêmio ao Baêa manteve uma invencibilidade que já capengava desde as quartas de final, quando se classificou com o adversário mandando três bolas na trave. Contra o Santa, não. Na décima apresentação baiana na Lampions, a primeira derrota, fatal. Foi o quarto clássico entre os dois times no torneio. Ao Santa, com duas derrotas e um empate até então, era preciso vencer. Na prática, as contas com empates eram inglórias.

Nordestão 2016, semifinal: Bahia 0x1 Santa Cruz. Foto: Bahia/site oficial

Daí, a formação coral, extremamente aberta no início da partida. Wallyson substituiu o suspenso Lelê no meio, ambos atacantes. Time exposto? Sim, mas focado no objetivo, consciente das apresentações irregulares do Bahia. O mandante até começou apertando a saída de bola, com os pernambucanos tendo dificuldades para passar da meio do meio-campo, mas a partir de uma sucessão de erros baianos a tarde de domingo virou.

Começou com um recuo sem força, seguiu com um domínio sem jeito e terminou numa saída errada do goleiro. Nos três lances, a atenção total de Grafite, que se aproveitou e mandou para as redes, obtendo a vantagem necessária aos onze minutos. Impôs ao rival um nervosismo visível – o Brocador escapou de ser expulso ainda na primeiro etapa. Em um segundo tempo mais nervoso, com chances claras dos dois lados, os corais mostraram o mesmo copeirismo visto no Castelão contra o Ceará, também com um triunfo. Algo mais que necessário para levantar a inédita orelhuda dourada. 

Nordestão 2016, semifinal: Bahia 0x1 Santa Cruz. Foto: Bahia/site oficial

Santa domina o Bahia, mas cede empate no fim e terá que se superar em Salvador

Nordestão 2016, semifinal: Santa Cruz 2x2 Bahia. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruza

O Santa jogou bem melhor que o Bahia, abrindo a semifinal do Nordestão. Levou um gol no começo, mas se impôs para virar, na velocidade e na técnica. Finalizou bastante, tentando ampliar, mas acabou penalizado, literalmente, no fim. Empate em 2 x 2 no Arruda, obrigando o time a se superar na Fonte Nova, diante do ainda invicto rival – nada que o povão não tinha visto na última Série B. A torcida, com a presença decepcionante de 12 mil espectadores, saiu encharcada pelo toró, mas condicionada a manter a confiança até domingo. No campo, o time deu essa esperança, com intensidade em jogadas pelas pontas, sobretudo com Keno, e uma marcação consistente, travando o adversário, que mal conseguia sair jogando, arriscando ligações diretas para Hernane Brocador.

A isso se deve a formação. Milton Mendes escalou o Santa sem surpresa, com Lelê no meio, com um trio ofensivo. Idem no lado baiano, mas sem toque de bola. Menos participativo, o ataque visitante teria que jogar no erro adversário, e do árbitro. Num contragolpe aos 19 minutos, com os corais reclamando uma falta não marcada em Allan Vieira, o lance seguiu num chute cruzado, defesa de Tiago Cardoso e rebote do Broca. Após 34 dias parado, o centroavante marcou duas vezes em dois jogos. No ano, são dez tentos em nove partidas. Tem faro.

Nordestão 2016, semifinal: Santa Cruz 2x2 Bahia. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruza

De cabeça erguida, o time coral permaneceu no campo adversário. Pouco depois, teve um gol (corretamente) anulado – sinal de que Lomba teria trabalho (e foi bem). Com 67% de posse, seguiu assim até os 44. Numa baita jogada, Keno passou por dois e bateu da quina da área, no cantinho, chegando a sete gols na temporada. Igualou sua melhor marca, de 2013. No intervalo, o recado foi claro: manter o ritmo, pois o Bahia não reagia. Após duas chances, a virada veio com Grafite, que tirou a inhaca de sete jogos, após uma rápida infiltração. 

Exausto, Keno seria substituído por Daniel Costa, que, sem surpresa, diminuiu a rotação. Porém, sem comprometer. Sem chegar com perigo uma vez sequer, o Baêa conseguiu o empate aos 37. Vacilo de Wellinton Cézar, com a mão na bola num bololô após o escanteio. Pênalti, cobrado e convertido pelo ex-coral Luisinho. A vantagem do empate praticamente sumiu. Pior, Milton terá que repor a vaga de Lelê, expulso. Opções? Leandrinho, Daniel e Léo Moura. Ou uma nova improvisação ou um novo esquema. Tem três dias para decidir, com a confiança depositada pela torcida para ir à final da Lampions…

Nordestão 2016, semifinal: Santa Cruz 2x2 Bahia. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruza

Semifinalistas do Nordestão no cinema

Promovendo as semifinais da Copa do Nordeste de 2016, o canal Esporte Interativo, detentor dos direitos de transmissão do torneio, tratou os clubes como filmes famosos, com direito a “trailers”. Foram lançados quatro vídeos (devidamente compartilhados nas redes sociais), com um minuto cada. Entre imagens e depoimentos, peças emulando os cenários cinematográficos.

No Santa, o ídolo Grafite assume o papel de Don Vito Corleone, O Poderoso Chefão da máfia italiana, na aclamada trilogia baseada na história escrita por Mario Puzo. Adversário dos corais, o Bahia, com uma campanha ainda invicta, teve um filme foi apropriado: Invictus. Em vez do presidente sul-africano Nelson Mandela (Morgan Freeman) e do capitão da seleção nacional de rúgbi François Pienaar (Matt Damon), o técnico Doriva e o goleiro Marcelo Lomba.

Já o Sport, cujo vídeo alcançou 430 mil visualizações em uma semana no facebook, o filme escolhido foi o último da trilogia O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Virou “O Senhor da Ilha”, na imagem de Diego Souza, substituindo Aragorn. E o Campinense? O campeão de 2013 quer, claro, repetir a história. Não por acaso, ganhou uma versão de De volta para o futuro.

Aprovou o filme escolhido para o seu time?

Para assistir aos vídeos, clique nos hiperlinks azuis nos nomes dos clubes.

Santa Cruz

Grafite como "O Poderoso Chefão". Crédito: Esporte Interativo/reprodução

Bahia

Doriva como "Invictus". Crédito: Esporte Interativo/reprodução

Sport

Diego Souza como Aragorn, em O Retorno do Rei. Crédito: Esporte Interativo/reprodução

Campinense

O Campinense querendo ir "De volta para o futuro". Crédito: Esporte Interativo/reprodução

Análise da semifinal pernambucana de 2016 – Santa Cruz

Pernambucano 2016, hexagonal: Santa Cruz 4x2 América. Foto: Ricardo Fernandes/DP

O Santa Cruz garantiu a sua vaga na semifinal estadual de 2016 somente na última rodada, numa disputa surreal com o Mequinha. Se classificou em 4º lugar, com apenas duas vitórias, nenhuma delas em clássicos. Um desempenho ainda pior que o de 2016, quando avançou com quatro vitórias, na 3ª posição. Na ocasião, cresceu no mata-mata e acabou faturando o título estadual, o quarto em cinco anos. É verdade é que não enfrentou clássicos – também por demérito dos rivais -, o que agora já muda logo na semi, contra o Náutico.

Para conquistar o bicampeonato, indo além da mística, o Santa precisa também melhorar o rendimento em campo, com mais imposição tática e competitividade – o que vem ocorrendo no atual formato, pois passou da semi quatro vezes, sendo posteriormente campeão todas as vezes.

Entre os semifinalistas, foi o único a trocar de treinador durante a campanha, com a chegada de Milton Mendes no lugar de Marcelo Martelotte, dispensado após perder dos reservas do Bahia no Nordestão, mesmo com a classificação ao fim do jogo. Milton deu um novo ânimo ao time e vem, sim, buscando um novo padrão tático, sobretudo no meio-campo, algo determinante a partir de agora. Assim como o rival rubro-negro, divide o foco com o Nordestão. No caso coral, até mais, uma vez que o título regional ainda é inédito no Arruda.

Desempenho na semifinal (2010/2015)
6 participações e 4 classificações

Eis um possível esquema tático para a fase decisiva, com a utilização de Léo Moura no meio (Leandrinho e Lelê também já foram testados na posição).

Formação básica do Santa Cruz no Estadual 2016. Crédito: this11.com com arte de Cassio Zirpoli/DP

Destaque
Grafite. O atacante tem experiência suficiente em mata-matas, em clássicos. Não teve uma grande atuação no hexagonal, apesar de ter ajudado, mas, condicionado, segue como a maior esperança do time para buscar o bi.

Aposta
Keno. O atacante foi contratado (mais uma vez) com menos cartaz que Wallyson, mas ganhou a posição rapidamente e mostrou um faro de gols mais apurado em relação à passagem anterior. Jogador de muita mobilidade.

Ponto fraco
Vítor. O lateral-direito de 33 anos já não aparenta ter mais gás para jogos grandes – sobretudo com uma Série A batendo à parte. A análise valeu tanto para o apoio quanto para a recomposição.

Campanha no hexagonal (10 jogos)
11 pontos (4º lugar)
2 vitórias (2º que menos venceu)
5 empates (1º que mais empatou)
3 derrotas (3º que menos perdeu)
9 gols marcados (3º pior ataque)
12 gols sofridos (3ª pior defesa)

Melhor apresentação: Santa Cruz 4 x 2 América, em 11 de fevereiro, na Arena.

Em um Clássico das Multidões de pouca emoção, empate classifica o Santa Cruz

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

O Clássico das Multidões só teve emoção no primeiro tempo. Aliás, foi até instigado, com sete oportunidades claras de gol, sendo quatro dos corais e três dos rubro-negros. Entre boas defesas de Danilo Fernandes e Tiago Cardoso e vacilos cara a cara de Grafite e Vinícius Araújo, apenas um lance foi parar nas redes, com Keno. Se o empate já servia, a vitória parcial acabava a inhaca do Tricolor em clássicos na temporada. Na volta do intervalo, porém, o ritmo no Arruda caiu bastante, com apenas duas oportunidades efetivas, já considerando o gol contra de Grafa, desviando de cabeça um escanteio pela esquerda.

Com a igualdade no placar, restava mais de meia hora no confronto, que a partir dali ficou restrito a reclamações em dois lances capitais. Primeiro com uma mão na bola de Samuel Xavier dentro da área, após cobrança de falta de Daniel Costa, e no fim com o impedimento inexistente em Maicon, com o gol vazio para desempatar. Mas, para se ter uma ideia do clima ameno àquela altura, o grito nem foi tão alto após o 1 x 1, com algumas vaias e gás guardado para futuros embates. Afinal, o mandante, escalado de forma ofensiva, confirmou a vaga à semifinal estadual, mesmo com apenas duas vitórias, e o visitante, com testes pontuais, manteve o ânimo em alta para a semifinal do Nordestão.

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Ainda sobre o jogo, é possível destacar alguns pontos positivos, voltando novamente ao primeiro tempo. Keno, a melhor contratação coral no ano, ganhou muita liberdade com Milton Mendes. Tabelando e infiltrando pela esquerda, mostra que é o dono da posição. Já Grafite ainda não brilhou na competição, mas mostrou outra vez que aparece em grandes jogos. Armando, como pivô, finalizando – infelizmente, acabaria “penalizado” na segunda etapa. No Leão, que sequer teve Falcão na área técnica (suspenso), o destaque foi, acredite, Mark González. Não pelo nível técnico, mas pela inatividade.

Após 68 dias de molho, o chileno atuou 69 minutos, muito bem. E só saiu porque o resultado não tinha tanto peso ao Leão – o América não venceu o Central, o que já classificava o Santa. Se apresentou como uma peça interessante contra o Campinense. Ainda é digno de registro que o jogo também valeu pelo Troféu Givanildo Oliveira, em homenagem ao centenário do Clássico das Multidões. Com o regulamento simples, a soma dos confrontos oficiais em 2016, o Sport agora tem 4 pontos e o Santa tem 1. Mais dois jogos estão garantidos, na Série A. Quem sabe a lista não aumenta com as finais do Nordestão e Estadual? Aí, provavelmente, a cronometragem de emoção será bem mais extensa…

Pernambucano 2016, 10ª rodada: Santa Cruz 1 x 1 Sport. Foto: Antônio Melcop/Santa Cruz

Podcast 45 (229º) – Análise da vitória do Santa e da derrota do Sport no Nordestão

O placar a favor dos mandantes foi o mesmo, mas com sentimentos bem distintos para os pernambucanos. No Arruda, nos descontos, o Santa virou sobre o Ceará e conquistou a vantagem para a volta das quartas do Nordestão, domingo, no Castelão. No 45 minutos, analisamos a postura tricolor, ainda sob comando interino – qual será a importância de Milton Mendes em Fortaleza? Na sequência, outro 2 x 1, com o CRB superando o Sport no Rei Pelé. Nem a estreia de DS87 foi suficiente, pois o time caiu bastante no segundo tempo. Quais os caminhos para reverter o quadro na Ilha, no sábado? Debate longo.

Neste podcast, com 1h13, estive ao lado de Celso Ishigami, João de Andrade Neto e Rafael Brasileiro. Ouça agora ou quando quiser!

Keno comanda a virada do Santa sobre o Ceará, agora com vantagem no Castelão

Copa do Nordeste 2016, quartas de final: Santa Cruz 2x1 Ceará. Foto: Ricardo Fernandes/DP

O gol de Rafael Costa, aos 23 minutos, deixou a já desconfiada torcida tricolor irritada além da conta. Se coletivamente o time já vinha tendo sérias restrições nesta temporada, imagine com uma falha individual clamorosa, como a do zagueiro Leonardo, que protegeu a bola na linha de fundo e acabou desarmado dentro da área. Dois segundos depois a bola já estava nas redes de Tiago Cardoso. Um lance capital para deixar o jogo perigoso quase dramático.

Ainda comandado de forma interina, por Adriano Teixeira, o time já estava sob os olhares do técnico Milton Mendes, instalado num camarote e atento à performance. Em campo, a formação era a mesma que empatara com o Mequinha. Apesar do tropeço, não havia sido uma má formação, que se justificou com o decorrer do jogo de ida das quartas do Nordestão, contra o Ceará, também em crise técnica e sem técnico. Os corais pressionaram ainda no primeiro tempo, com Grafite desperdiçando duas boas chances.

Copa do Nordeste 2016, quartas de final: Santa Cruz 2x1 Ceará. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Pois é, o time até estava se infiltrando na área cearense, mas no abafa. A reação de fato ficaria após o intervalo, numa faixa bem específica do campo: a ponta esquerda. Melhor jogador do Santa no ano, o atacante Keno foi o nome da virada no placar no clássico regional. Logo na retomada, ele aproveitou a boa jogada de Wallyson, que havia recebido de Grafite e driblado o goleiro. Antes do chute, Keno apareceu de surpresa e empurrou para as redes. Era o empate, com os 9.563 torcedores empurrando em busca da vantagem em Fortaleza.

Até porque o Vozão não abdicou do jogo, buscando o segundo gol. O resultado (ruim, devido ao critério de desempate) parecia definido, quando, aos 46, Keno driblou o zagueiro e bateu no ângulo, 2 x 1. Golaço, revertendo aquele ceticismo de uma hora antes. Um gol para pavimentar o trabalho de Milton Mendes, cuja estreia será no Castelão. Com um empate, o Tricolor estará na semifinal. Eis a hora para outra palavra voltar a fazer parte do vocabulário coral, confiança.

Copa do Nordeste 2016, quartas de final: Santa Cruz 2x1 Ceará. Foto: Ricardo Fernandes/DP

Santa não passa pelo América e vaga na semi passará no Clássico das Multidões

Pernambucano 2016, 9ª rodada: América 0x0 Santa Cruz. Foto: Rafael Martins/Esp. DP

O choque de realidade após o clássico entre Brasil e Uruguai na Arena Pernambuco foi duro, com América e Santa Cruz fazendo um jogo fraquíssimo tecnicamente. Na Ilha do Retiro, no dia seguinte ao duelo entre Neymar e Luis Suárez, uma partida de poucas emoções, ainda que estivesse em disputa a vaga à semifinal estadual. Mas não havia como mudar o contexto, com um time extremamente frágil de um lado e um adversário em crise do outro.

Ao Tricolor, mesmo com a má campanha, uma vitória simples diante do Mequinha (goleado nas rodadas anteriores por Náutico e Sport) seria suficiente para garantir a vaga. Foi incapaz. Único concorrente, o Alviverde até poderia ultrapassá-lo na classificação em caso de vitória, mas estava cristalino como o empate lhe agradava. Até porque, mesmo sem fazer muito em campo, o Santa criou algumas chances, parando no goleiro Delone, que empurrou para a última rodada do hexagonal a definição sobre a 4ª colocação da fase.

O empate em 0 x 0 deixou a situação da seguinte forma: com 10 pontos, o Santa precisa de um empate no Clássico das Multidões, em 10 de abril, para não depender de outro resultado. Já o América precisa ganhar do Central, em Caruaru, e torcer por uma derrota coral. Assim, os dois empatariam em 10 pontos, com o Mequinha à frente nas vitórias (3 x 2). Pois é, uma disputa pra lá de improvável se mantém no Estadual. Pra lá de aceitável, também, a vaia dos tricolores, maioria entre as 1.148 pessoas que encararam a peleja

Pernambucano 2016, 9ª rodada: América 0x0 Santa Cruz. Foto: Rafael Martins/Esp. DP

Santa perde dos reservas do Bahia, mas sai de Salvador classificado na Lampions

Copa do Nordeste 2016, 6ª rodada: Bahia x Santa Cruz. Foto: Bahia/site oficial

O Bahia se classificou com 100% de aproveitamento, a melhor campanha na fase de grupos do Nordestão de 2016. Venceu os seis jogos, até quando atuou com os reservas, como nas duas últimas rodadas, já classificado. Encerrando a campanha na chave C, o time enfrentou um Santa que ainda não se encontrou nesta temporada, mas que mesmo assim tinha o empate a seu favor. Visando o mata-mata do campeonato estadual, já em andamento, o técnico Doriva escalou oito reservas no Baêa. A Fonte Nova vazia deixava claro o desinteresse sobre o jogo. E mesmo assim o tricolor baiano venceu o clássico regional.

Enquanto o time de Martelotte seguia apático, com a marcação frouxa no meio-campo e desperdiçando as poucas chances efetivas – como a cabeçada de Grafite aos 7 do segundo tempo -, o adversário foi fatal, numa cabeçada de Zé Roberto no finzinho. Curiosamente, o lateral Allan Vieira marcava o jogador e nem pulou, emulando a cena de domingo, no Clássico das Emoções, no tento de Daniel Morais. Repetição do erro? Recorrente no Arruda. Preocupante.

A derrota coral por 1 x 0 foi o desfecho de uma noite lamentável em Salvador. Na entrevista no intervalo, na beira do campo, Grafa já havia sido sincero: “Nossa, tá muito feio! A gente precisa melhorar.” Não melhorou. Graças aos outros resultados da “superquarta”, o Santa acabou classificado. Vai à fase eliminatória, o que também deve acontecer no Pernambucano, mesmo sem agradar. Sem tanta competitividade, até onde pode chegar? Hoje, parece no limite.

Copa do Nordeste 2016, 6ª rodada: Bahia x Santa Cruz. Foto: Bahia/site oficial