O recorrente cenário de guerra no metrô em dia de jogo na Arena Pernambuco

Violência no metrô, na Estação do Barro, antes do clássico Náutico x Santa, pela Série B de 2015. Crédito: youtube/reprodução

É uma cena recorrente no Recife, o embate entre membros de torcidas organizadas nas estações de metrô e até dentro dos trens em dia de jogo de futebol, sobretudo na Arena Pernambuco, cujo modal é o principal acesso via transporte público. Não é a primeira vez que o blog toca neste assunto, com textos, fotos e vídeos de outros episódios (basta clicar na tag “Violência”). Desta vez, porém, impressiona a gravação de um passageiro, através de um celular, registrando um verdadeiro cenário de guerra no Barro, com rojões atirados para todos os lados, por marginais vestidos com as camisas da Inferno Coral e da Fanáutico, com o trem parado, levando ao pânico o povo presente. Violência protagonizada antes da vitória do Náutico sobre o Santa pela Série B.

A gravidade resultou numa medida drástica (e aceitável) do sindicato dos metroviários, que decidiu paralisar as atividades, com os 600 profissionais do Metrorec cruzando os braços entre as 12h de domingo e as 5h de segunda-feira. A falha na segurança atingiu diretamente 78 mil passageiros, muitos deles com destino, novamente, até São Lourenço da Mata, para o jogo entre Sport e Palmeiras, válido pela Série A e com expectativa de 30 mil torcedores.

Desta vez os prejudicados foram os rubro-negros, muitos deles. Mas não é bom esquecer que supostos integrantes da Torcida Jovem e da Inferno Coral também fizeram baderna no metrô em um Clássico das Multidões no Estadual de 2015, com o jogo do Náutico, no dia seguinte, na Arena, sendo penalizado com a paralisação do sistema. E assim segue a rotina de violência no nosso futebol, sem uma medida definitiva do governo do estado…

Presidente da FPF encara metrô até o clássico na Arena Pernambuco

Evandro Carvalho, presidente da FPF, indo de metrô para o Clássico dos Clássicos, em 08/02/2015. Foto: Davidson Santana (@davidson_vil)/twitter

Evandro Carvalho, o presidente da FPF, foi de metrô ao Clássico dos Clássicos.

Insatisfeito com a paralisação da categoria metroviária dias antes, no jogo entre Náutico e Salgueiro, o dirigente revelou a existência de um plano de segurança para a rede sob os trilhos na capital pernambucana durante os jogos de futebol.

A polícia militar destacou 120 homens para atuar no metrô no domingo, na linha Centro-Camaragibe. O objetivo era conter confrontos entre torcidas organizadas, presentes apesar da proibição da justiça. Para “testar” o plano, Evandro foi de metrô, no transporte utilizado diariamente por 350 mil recifenses.

O dirigente foi reconhecido nos vagões por torcedores de Sport e Náutico. Alguns tiraram fotos e as compartilharam nas redes sociais. Ao blog, ele confirmou a veracidade da foto. Questionado se estava escoltado, Evandro disse que circulou acompanhado apenas de uma pessoa, o seu motorista.

“Fui para circular. Troquei de vagão várias vezes, para verificar a segurança, se encontrava algo errado. Mas vi famílias, idosos, jovens e até gente voltando da praia. Na Santa Luiza (estação a oito paradas de Cosme e Damião), ainda entraram uns 300 torcedores com uma camisa amarela com a palavra Paz”.

Esse grupo era a Torcida Jovem disfarçada. De toda forma, Evandro desceu justamente na Santa Luzia. Em relação à segurança, na ida e na volta, o esquema contou com policiais à paisana, do serviço de inteligência.

Perguntado se faria de novo o percurso num clássico na arena, já que o público no domingo foi de apenas 13.519 pessoas, Evandro foi direto:

“Eu vou no próximo clássico da mesma forma. Temos que prestigiar o serviço.”

Mapa do Metrorec

Paralisação dos metroviários aumenta a pressão sobre as torcidas organizadas

Estação de metô fechada. Foto: Guilherme Verissimo/DP/D.A Press

Os metroviários compraram a briga contra a violência no futebol pernambucano.

Sobretudo porque os funcionários vêm sofrendo, há tempos, com as ações dos vândalos nas estações de metrô que cortam a região metropolitana do Recife.

O estopim foi a chuva de pedras numa estação no sábado, 31 de janeiro de 2015, horas antes do Clássico das Multidões entre Santa e Sport, no Arruda.

O trem ficou parado, refém da violência entre supostos integrantes das torcidas organizadas, com vidros quebrados, agressão e ameaça de invasão. As cenas de terror, no Barro, foram registradas pelo próprio maquinista.

No dia seguinte, domingo, a categoria parou as ações na hora do confronto entre Náutico e Salgueiro, na Arena Pernambuco, pelo Estadual. Justamente num estádio construído para ter a rede de metrô como principal acesso.

A princípio, a ação parecia oportunista. Não foi… É, na verdade, um alerta.

Por mais que a paralisação atrapalhe a vida de 200 mil passageiros, por baixo, o ato visa chamar a atenção para algo sério, numa falha de segurança pública.

Veio o jogo seguinte, novamente entre Náutico e Salgueiro, desta vez pelo Nordestão, e nova paralisação dos metroviários. E o anúncio de outra parada já foi feito para o domingo, 8 de fevereiro, no Clássico dos Clássicos.

O estado pode até ignorar o caos, mas tem quem perca a paciência, com razão.

Os clássicos pernambucanos começarão no metrô, que fique claro

Metrô do Recife na Copa das Confederações. Foto: Cassio Zirpoli/DP/D.A Press

O balanço da Secopa apontou que 55% dos 104.241 torcedores que assistiram aos três jogos na Arena Pernambuco nas Confederações foram de metrô.

Trata-se de um índice considerável. Corresponde a 57.332 pessoas.

O transporte através dos trilhos irá seguir como o principal modal para o novo estádio em São Lourenço da Mata.

Tanto nos torneios da Fifa quanto na operação regular nos próximos anos.

Focando esta, vale acrescentar a inclusão do estacionamento do estádio, com 4.700 vagas, não utilizadas na Copa por imposição da Fifa.

Ainda assim, a rede do Metrorec será o vetor principal.

E desde já fica a preocupação com a falta de um plano para a locomoção de torcedores riviais nos trens.

Metrô do Recife na Copa das Confederações. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press

Sim, pois a arena receberá em breve os grandes clássicos pernambucanos.

Os órgãos de transporte da cidade ainda não definiram o esquema.

Cada trem comporta até 1.200 torcedores, com todos eles desembarcando juntos na acanhada Estação Cosme e Damião.

Os torcedores rivais irão juntos? Um vagão para cada torcida?

E as torcidas uniformizadas? Pela distância de dezenove quilômetros a partir do centro da capital, a escolta policial não terá espaço.

Assim, integrantes das principais organizadas também irão de metrô.

Trens lotados, camisas rivais, falta de monitoramento… Pois é.

Que a decisão não seja tomada em cima da hora. Vide Espanha x Uruguai. Os erros foram listados e ignorados. E o plano ficou para a segunda rodada…

Num clássico será preciso acertar logo na primeira chance.

Metrô do Recife na Copa das Confederações. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press

Todos os congestionados caminhos até a Arena

Metrô do Recife na noite da abertura da Arena Pernambuco, em 22 de maio de 2013. Foto: Brenno Costa/DP/D.A Press

Quando o metrô foi anunciado como a principal via de acesso à Arena Pernambuco foi imediata a dúvida sobre o sucesso do esquema.

Foram quase 27 mil torcedores, com 57% do público se deslocando pela rede metroviária e desembarcando na nova e pequena estação Cosme e Damião. Isso corresponde a 15.200 pessoas, num cálculo do próprio governo do estado.

O aperto na ida no amistoso Náutico x Sporting foi enorme. Na volta idem. O Diario de Pernambuco preparou um esquema especial de cobertura naquela noite, com repórteres saindo de pontos estratégicos, todos às 18h. Além do metrô, a reportagem saiu de carro do Marco Zero, Derby, Rosarinho, Iputinga e até de Caruaru. O resultado é o vídeo abaixo.

Para a Copa das Confederações são esperados públicos entre 30 mil e 44 mil pessoas nos jogos locais. A Secopa adianta que a frota de trens será ampliada e de que as vias arteriais da capital estarão desobstruídas.

Nota-se, porém, que a preocupação ainda não vai além dos torneios da Fifa, sem um planejamento para os grandes jogos do Náutico na Série A, sem feriado algum, e, sobretudo, os clássicos em 2014.

Questionado sobre como seria o percurso das torcidas no metrô (Um vagão para cada uma? Um trem para cada uma? Todos juntos?), o secretário admitiu que isso não foi discutido…

O primeiro e último teste do metrô na Copa das Confederações

Charge de Jarbas Domingos em 22 de maio de 2010 no Diario de Pernambuco

A Estação Cosme e Damião, a 29ª da rede metroviária da região metropolitana do Recife, será inaugurada nesta quarta-feira, com mais de dois anos de atraso. Integrante da linha Centro/Camaragibe, o novo equipamento da mobilidade urbana da cidade fica a dois quilômetros de distância da Arena Pernambuco.

De cara, a estação será o principal ponto de chegada de torcedores para o amistoso entre Náutico e Sporting, com cerca de 20 mil pessoas via metrô. O teste será o primeiro e último do sistema antes da Copa das Confederações. Por isso, a charge de Jarbas Domingos, no Diario de Pernambuco…

Dos trilhos para a Copa

Estação de metrô Cosme e Damião. Foto: Ap_Recife/divulgação

Arena Pernambuco, a 19 quilômetros do Marco Zero do Recife. Encravada na zona oeste da região metropolitana, ainda vazia.

Apesar das 6 mil vagas de estacionamento, os organizadores do futuro estádio pernambucano para a Copa do Mundo de 2014 projetam um acesso em massa via metrô.

Acima, fica claro que a Estação Cosme e Damião está próxima da conclusão.

Fica a 700 metros do estádio. De lá, um transporte rápido, integrado.

Atualmente, o percurso nos trilhos entre a estação do aeroporto e o ponto do estádio é de 1 hora e 15 minutos.  Muito alto.

A meta é tentar fixar o acesso em, no máximo, uma hora. O percurso passa por 17 das 28 estações da rede Metrorec com uma tarifa unificada (veja mais AQUI).

A partir de 2014, você irá de carro ou metrô para a arena…?