De Puskas a Riquelme, os sonhos internacionais dos recifenses

Craques estrangeiros especulados no futebol pernambucano: Salenko (1996), Petkovic (2005), Verón (2008), Puskas (1957), Riquelme (2014), Ortega (2008), Davis (2009) e Luca Toni (2012)

Uma contratação de peso, internacional.

Pense em algo bem raro no futebol pernambucano, até que alguém noticie a negociação de um astro veterano com um dos grandes clubes da capital.

Durante dias especulações do tipo ganham corpo, envolvendo a torcida. Artilheiro da Copa, meia da seleção holandesa, craque argentino etc. Perfis variados entre os gringos. Em alguns casos, a sondagem é até concreta, com proposta salarial. Obviamente, bem acima da realidade, travando o desfecho.

Quase sempre, o fim da história é frustrante, diga-se.

O primeiro caso emblemático aconteceu há bastante tempo, em 1957, quando o Sport tentou contratar Ferenc Puskas. Isso mesmo, o craque húngaro que hoje dá nome ao prêmio da Fifa para o gol mais bonito da temporada.

No registro do extinto Diario da Noite, o diretor Leopoldo Casado chegou a oferecer 100 contos de réis por mês ao craque, que estava parado.

Diário da Noite em 1957

No ano anterior, Puskas liderou um movimento para que os compatriotas não voltassem à Hungria, após a revolução comunista do país. Acabou suspenso pela Fifa. Ele não acertou com o Rubro-negro. No ano seguinte, o major galopante assinou com o Real Madrid, e conquistou a Copa dos Campeões.

Confira a histórica edição do jornal em alta resolução aqui.

Relembre alguns casos curiosos de especulações internacionais no Recife.

Sport
1996 – Salenko, 27, Rússia (Valencia) – O artilheiro da Copa do Mundo de 1994, que alcançou a marca com cinco gols em um jogo, já sem chances de classificação, teria sido oferecido no Brasileirão. Não estava bem fisicamente.

2005 – Petkovic, 33, Sérvia (Fluminense) – Havia um rumor nos bastidores, mas foi uma “pegadinha”. Em vez da chegada de um helicóptero com o meia, passou na Ilha um avião monomotor com a frase “hexa é luxo”.

2008 – Verón, 33, Argentina (Estudiantes) – O nome do meia surgiu em novembro, mirando a Taça Libertadores do ano seguinte. Juan Sebastián disputou a Liberta, mas pelo Estudiantes. E foi campeão…

2012 – Luca Toni, 35, Itália (Juventus) – Curiosamente, a informação surgiu na própria Itália, através do TuttoSport, que cravou a sua saída com destino ao Leão. A direção do Sport jamais admitiu sequer o contato com o empresário.

2014 – Riquelme, 35, Argentina (Boca Juniors) – A surreal bola da vez. O veterano ídolo da Bombonera vê o seu contrato perto do fim. A renovação parece natural, no Recife foi divulgada a possibilidade de um acerto para a Série A (!).

Náutico
1998 – Piekarski, 23, Polônia (Flamengo) – O jogador surgiu no país no Atlético Paranaense. As tratativas chegaram a ficar na “reta final”, inclusive com apoio financeiro da FPF, mas o Alvirrubro acabou não chegado a um acordo.

2009 – Edgar Davids, 36, Holanda (Ajax) – Já experiente, o ex-meia da Juventus e Ajax teria sido oferecido ao Timbu. Sua “vontade” era atuar no Brasil. A novela durou duas semanas, sem ter tido ao menos o primeiro capítulo.

Santa Cruz
2008 – Ariel Ortega, 34, Argentina (River Plate) – O talentoso jogador sofria de alcoolismo, que o tirou do futebol. A passagem no Santa seria um recomeço na carreira. Trocou o Arruda pelo pequeno Independiente Rivadavia.

Lembra de mais algum “sonho” internacional no futebol pernambucano?

Novo filme do Rambo

Filme: O Gringo

De origem sérvia, o meia Petkovic já vive há quase 15 anos Brasil.

Fala português fluentemente e já rodou bastante no país, passando por sete clubes desde Vitória/BA, em 1997. Mas a sua passagem marcante foi mesmo no Flamengo.

No rubro-negro carioca ele escreveu a sua história no futebol, com gols antológicos no Maracanã. Um deles, o do título carioca de 2001, em uma cobrança de falta no último minuto, contra o Vasco, completa uma década exatamente nesta sexta-feira.

Com tanto tempo de “casa”, acabou sendo designado como cônsul honorário de seu país no Brasil. Com tanta história, virou filme: “O Gringo mais querido do Brasil”.

Assista ao trailer do filme, que será lançado no Brasil este ano, clicando AQUI.

Quanto ao “Rambo” do título, este era o seu apelido na extinta Iugoslávia…

Importando talento

Série A-2010: Grêmio 2 x 2 Flamengo. Petkovic empata o jogo no Olímpico. Foto: Flamengo/divulgação

De acordo com o site da CBF, existem 57 estrangeiros em atividade nas quatro divisões do Campeonato Brasileiro. Abaixo, a lista agregada, que tem 15 países (veja AQUI).

13 – Argentina
9 – Colômbia
8 – Uruguai
7 – Paraguai
5 – Equador e Chile
2 – Angola
1 – Bolívia, Camarões, Congo, Nigéria, Portugal, Sérvia, África do Sul e Estados Unidos

A única divisão sem representantes de fora do Brasil é a Série D.

A mão de obra estrangeira é apontada como mais barata no futebol do Brasil. Os melhores salários no Uruguai, semifinalista do Mundial, não passam de R$ 34 mil.

Além do valor,  é posível encontrar jogadores de qualidade nos países vizinhos.

A Argentina, por exemplo, é uma fonte inesgotável de talento, como os meias argentinos Montillo (Cruzeiro), Conca (Fluminense) e D’Alessandro (Internacional).

Porém, outros países também geram bons atletas. Somados, os representantes de Colômbia, Uruguai e Paraguai correspondem a 42% dos gringos em gramados brasileiros.

Agora, uma constatação:

Nenhum jogador estrangeiro atua no futebol pernambucano…

Alguns até apareceram por aqui. Mas praticamente na base do DVD.

É o Pet! É o Pet! E o Timbu

Início de 2010, Fla-Flu na Taça Guanabara. Após ser substituído no intervalo, o sérvio Petkovic deixou o Maracanã, contrariando a comissão técnica e a direção do rubro-negro carioca. Com isso, o jogador de 37 anos ficou sem clima no Flamengo.

Telefonema timbuO episódio foi a senha para um telefonema. Para um interurbano. O famoso DDD!

Do Recife, o superintendente de futebol do Náutico, Gustavo Mendes, teve uma ideia e ligou para o meia, com quem trabalhou em 2005, quando ambos estavam no Fluminense. Ali começou a amizade.

O remunerado dirigente timbu viu naquela crise do Mengão a oportunidade de sondar um reforço de peso para o Alvirrubro. Por que não tentar?

“Alô… Pet? A situação está difícil aí no Rio, né? Quer tentar melhorar aqui no Náutico?”

O campeão brasileiro de 2009 abriu um sorriso daqueles e deu uma resposta enigmática.

” Deeeixa…” 😎

Uma ligação rápida, uma sondagem ousada, uma resposta curiosa e um futuro incerto.

Para o Pet. Para o Timbu, as portas ainda estão abertas… Gustavo Mendes revelou ao blog que não custava nada tentar. De qualquer forma, ficou a base de um interesse. Quem sabe, então, mais um telefonema em breve?

País dos gringos

Série A-2009: Flamengo 2 x 1 Grêmio

O Flamengo de 2009 foi o campeão brasileiro com mais estrangeiros no grupo desde 1971, quando a Série A foi criada. O ponto alto de uma tendência no futebol brasileiro.

O Fla contou com 4 gringos na Gávea.

O sérvio Petkovic, os chilenos Maldonado e Fierro e o argentino Maxi Biancucchi.

O dado está no site da Fifa, que fez um interessante levantamento sobre os jogadores estrangeiros no futebol brasileiro. Do 20 times da última Série A, 18 contaram com pelo menos um gringo no time. As exceções foram Goiás e Avaí.

119, o número de jogadores estrangeiros registrados no Brasil. Abaixo os três países com mais “representantes” no nosso solo.

32 argentinos
21 colombianos
17 paraguaios

Abaixo, um trecho da matéria da Fifa:

Os casos de Petkovic e Conca são os mais notáveis, mas em diversos clubes é possível atestar a popularidade dos que vêm de fora. A impressão é de que, pela curiosidade que despertam, os estrangeiros têm um tremendo potencial para se tornarem xodós dos torcedores caso correspondam dentro de campo: é o que aconteceu, por exemplo, com os argentinos Ariel Nahuelpán, do Coritiba; Maxi López, do Grêmio, e principalmente Pablo Guiñazú – eleito melhor volante do Campeonato Brasileiro e que é provavelmente o jogador com mais identificação com a torcida do Internacional de Porto Alegre dentro do atual grupo.

Em Pernambuco, tivemos neste ano o meia chileno Daniel González e o atacante uruguaio Acosta, ambos no Náutico, e o atacante boliviano Arce, no Sport. E olhe que  Timbu já está tentando contratar outro boliviano para a temporada 2010, o também atacante Joselito Vaca. Todos estão na onda, definitivamente.

Foto: Vipcom

Os melhores do Brasil

Super-heróis

Na entrega do prêmio Craque do Brasileirão de 2009, nem Adriano nem Ronaldo apareceram. O segundo, seria quase um “figurante”. Já o primeiro – que ainda deve estar festejando o título brasileiro do Flamengo – teria sido um dos donos da festa. De qualquer forma, a eleição apontou um time pra lá de justo. Confira.

Seleção Brasileirão de 2009: Victor (Grêmio); Jonathan (Cruzeiro), André Dias (São Paulo), Miranda (São Paulo) e Júlio César (Goiás); Guiñazu (Inter), Hernanes (São Paulo), Diego Souza (Palmeiras) e Petkovic (Flamengo); Tardelli (Atlético-MG) e Adriano (Flamengo). Técnico: Adriano (Flamengo). Revelação: Fernandinho (Barueri)

Em tempo: Diego Souza foi escolhido o craque do campeonato, batendo, de forma surpreendente, Adriano e Pet. A regularidade superou a arrancada final. Os flamenguistas mereciam mais…

Abaixo, a seleção do Diario de Pernambuco, votada em 24 de novembro, quando a CBF divulgou os nomes dos 33 finalistas do prêmio.

Seleção do Diario: Marcos (Palmeiras); Léo Moura (Flamengo), André Dias (São Paulo), Miranda (São Paulo) e Júlio César (Goiás); Guiñazu (Inter), Hernanes (São Paulo), Diego Souza (Palmeiras) e Petkovic (Flamengo); Tardelli (Atlético-MG) /Fred (Flu) e Adriano (Flamengo). Técnico: Silas (Avaí). Revelação: Fernandinho (Barueri)

Dos 11 titulares, apenas dois atletas diferentes na votação do DP, que contou com 12 jornalistas entre editores, colunista e repórteres de Esportes do Diario de Pernambuco e do portal do jornal. Lembrando que no ataque, Tardelli teria “empatado” com Fred (ambos com 6 votos).

Outra mudança, justíssima, aconteceu no comando técnico. Andrade mereceu mesmo a conquista. Veja as seleções de todos os repórteres do DP AQUI.

Tango e gol olímpico

Carlos GardelJá que o sérvio Petkovic, do Flamengo, marcou o seu segundo gol direto de uma cobrança de escanteio no Brasileirão de 2009 e decidiu homenagear o Rio de Janeiro, sede dos Jogos de 2016, esse post vai explicar a origem da expressão “gol olímpico”. Que, assim como outras no futebol, teria “duas” histórias. 😯

O chute direto do escanteio para a meta só passou a ser válido em 1924, com algumas mudanças na regra do futebol. E o primeiro gol olímpico saiu no mesmo ano, em 2 de outubro, num amistoso entre Argentina e Uruguai, em Buenos Aires.

A honra foi do argentino Cesáreo Onzari, que ajudou o seu país a vencer a Celeste por 2 x 1. Como o Uruguai havia conquistado a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris em 1924, o argentinos ironizaram o lance e batizaram de “gol olímpico”. Até Carlos Gardel, o mais famoso cantor de tango do país, esteve presente.

Os vacaínos dizem que o a expressão teria surgido 4 anos depois, na inauguração do sistema de iluminação do estádio de São Januário, em 30 de abril de 1928, num amistoso contra o Wanderers, do Uruguai. Vitória do Vasco por 1 x 0, gol olímpico de Santana. E naquele ano o Uruguai também ganhou a medalha de ouro nas Olimpíadas…

De todo jeito, o Uruguai está na história. Fato.