A um empate da verdadeira Série D

Série D 2011: Santa Cruz 1 x 0 Porto. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Cada vez mais afunilado, o grupo 3 da Série D chegou à reta final.

No Arruda, diante do Porto, apenas a vitória neste domingo deixaria o Santa Cruz numa situação mais tranquila, após os tropeços nesta etapa inicial do Brasileiro.

Com uma campanha recheada de empates, ficou um clima de chuva e desconfiança entre os 27 mil tricolores no Mundão.

O ar de apreensão parecia tomar conta da arquibancada, refletindo diretamente no campo, com o time jogando a primeira partida sem o capitão do título pernambucano.

Após meia hora de jogo, parte da torcida perdeu de vez a paciência. O Santa não conseguia articular jogadas em profundidade.

Diante do Porto, os comandados de Zé Teodoro não conseguiu sequer propor o jogo, aceitando de forma passiva a marcação do adversário caruaruense.

No intervalo, os atacantes Thiago Cunha e Flávio Caça-Rato até discutiram no gramado, sendo acalmados pelo volante Jeovânio. O papo se estendeu no vestiário.

No ataque, entrou o jovem Jefferson Maranhão, de apenas 18 anos. Com personalidade, o jogador marcou o gol do alívio coral, aos 14 minutos do segundo tempo.

Destaque também para Bismarck, surpreendendo no toque de bola. Superior tecnicamente, o Santa Cruz segurou a vitória por 1 x 0 e eliminou o Porto. Foi difícil!

É pouco para quem parecia pronto para passear no Brasileiro. No entanto, essa fase truncada certamente está servindo de aprendizado para o grupo, visivelmente tenso.

Ainda assim, o Santa é agora o único invicto entre os 100 clubes das quatro divisões.

No próximo domingo, em sua segunda “casa”, em João Pessoa, o Santinha irá enfrentar o Guarani necessitando de apenas um empate para avançar para o mata-mata.

Aí, sim, começará de vez a 4ª divisão nacional, sem espaço algum para os erros…

Série D 2011: Santa Cruz 1 x 0 Porto. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Quando uma negociação vira ressentimento

Macaco

Mais que o epílogo sobre a saída do capitão do Santa Cruz, Thiago Matias, vale uma observação na condução do processo, um tanto quanto apressado de todos os lados.

Zagueiro de 1,90m, artilheiro, líder e campeão estadual.

Seria natural esperar uma valorização em atleta assim, ainda com 28 anos.

Pois foi o que ocorreu de forma natural com o então xerife coral, após o Estadual. Ele acabou negociando uma vantajosa renovação de contrato até 2014.

Mas isso se estendeu a outros clubes, de divisões superiores. Não pode ser visto como algo do outro mundo uma proposta melhor do Ceará, com 100% de aumento, chegando a R$ 50 mil. O time alencarino está três séries nacionais acima do Tricolor.

Mas o que surpreendeu mesmo foi o rastro de decisões dentro do Arruda.

Jogador – Recebe uma proposta – longe de uma assinatura de fato – e já se nega a treinar com o grupo. Repensa a decisão e sai para dar uma volta no gramado, só para ouvir xingamentos. Depois, é revelado o pedido de novo aumento, o segundo este ano.

Diretor – Declara para a imprensa logo depois que mesmo que a negociação com  Ceará não seja concretizada, vejam só, o atleta não jogará mais no clube. Fechou as portas.

Técnico – Argumenta que o zagueiro está sem clima no elenco e que ele também recebera propostas (9), mas ficou – o que não significa que não tenha reajustado.

Tudo isso em uma tarde… Nada mais. Bastidores fervendo.

A proposta alheia pode não vingar, o aumento pode não ocorrer, nem lá nem cá, uma vez que há um contrato em vigor e o jogador pode recuar.

Nota-se que o presidente tricolor Antônio Luiz Neto ainda não se pronunciou de forma oficial. Conciliador, o mandatário pode costurar um acordo envolvendo as partes.

Se não for possível, que ocorra uma transação natural no futebol.

Que se pague a multa rescisória. Estranho mesmo é tanto ressentimento em um dia.

Sem multidão, sem futebol e só com um ponto

Série D 2011: Santa Cruz/RN x Santa Cruz/PE. Foto: Alessandro Assunção/ON/D.A Press

João Pessoa mais uma vez na rota dos recifenses corais.

Em vez de 16 mil torcedores, tomando conta do estádio Almeidão, um público mais modesto atravessou a BR-101, com 4.129 pessoas.

Ainda assim, foi uma assistência razoável no estado vizinho.

Os 12 mil torcedores a menos em relação à estreia na Série D são proporcionais ao futebol apresentado neste domingo, diante do xará do Rio Grande do Norte.

Partida fraquíssima, digna da Série D em seu contexto absoluto.

Os tricolores do Arruda podem até apontar o gramado como vilão, mas o time esteve preso em campo, sem criatividade alguma.

E olhe que os comandados de Zé Teodoro jogaram mais de 30 minutos com um a mais.

O empate em 0 x 0 entre as duas versões do Santa Cruz deixou o grupo 3 da 4ª divisão ainda mais embolado, uma vez que o Porto surpreendeu e venceu o líder Alecrim.

Faltam três partidas, duas delas no Arruda, certamente lotado.

A 1ª fase parecia fácil para o atual campeão pernambucano, mas o desempenho até aqui serve de alerta para um torneio cuja vaga está longe de ser “garantida”.

A Cobral Coral deverá avançar, mas é preciso uma multidão, bom futebol e três pontos.

Série D 2011: Santa Cruz/RN x Santa Cruz/PE. Foto: Alessandro Assunção/ON/D.A Press

Tem gente mexendo no placar

Placar eletrônico do Arruda. Foto: Coralnet/divulgação

Odisseia por um placar, a sina do Arruda.

Após a construção do anel superior, em 1982, foi colocado um placar eletrônico.

Inicialmente, o paniel (com lâmpadas amarelas) ficava na sacada da arquibancada superior, no centro do campo. Depois, o placar foi colocado na meta da Rua das Moças.

Em 1999, um salto na grande casa do Santa Cruz.

Foi instalado um telão colorido, o primeiro do Nordeste. Porém, o equipamento foi danificado e o conserto de R$ 50 mil inviabilizou a retomada.

Assim, o Arruda ficou quase dez anos sem um placar… Nem mesmo manual.

O José do Rego Maciel, é bom lembrar, é o segundo maior estádio particular do país. Portanto, essa lacuna era um verdadeiro vexame para o clube.

Em um acordo com quatro empresas, foram colocados dois expositores eletrônicos no gramado. A estreia do equipamento – que alterna o resultado e comerciais – foi no domingo, contra o xará potiguar, diante de 35 mil pessoas.

A localização ainda não é das melhores. O próprio presidente coral, Antônio Luiz Neto reconheceu isso. Caso a negociação seja definitiva, o placar ficará no anel superior.

Como nos velhos tempos…

Título do post em homenagem ao saudoso narrador Adilson Couto

Ode ao Santa Cruz

Série D 2011: Santa Cruz 1x0 Santa Cruz/RN. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

No Mundão, a multidão de sempre neste domingo, com 35.020 torcedores.

Em campo, 22 jogadores defendendo o Santa Cruz.

Versões de Pernambuco e do Rio Grande do Norte.

As semelhanças ficaram apenas no nome e na divisão nacional, a Série D.

Tirando isso, o representante do Arruda era muito maior, superior.

Para simbolizar isso no gramado, somente a vitória, garantindo a recuperação da liderança da chave.

E a vitória começou a ser construída logo aos 3 minutos, alegrando os pais tricolores.

O meia Weslley “Sneijder” cobrou uma falta na área e o grandalhão Kyros escorou.

Caminho para uma goleada?

Não exatamente… O povão viu um jogo com nível técnico preocupante, no qual foi difícil acertar uma sequência de passes.

Para todos os lados, o Santa Cruz parecia confuso… Original e genérico.

Apesar dos cinco minutos de acréscimo e do sufoco, o triunfo ficou nisso, 1 x 0.

O favoritismo coral vai sendo cumprido.

Invicto, lotando estádio e liderando. Falta algo nessa ode ao Santa Cruz?

Sim… Um pouco mais de futebol, o mesmo praticado no Estadual, com a taça na galeria.

É quase um consenso, o de que o Tricolor ainda não repetiu as mesmas atuações seguras do Campeonato Pernambucano de 2011.

Para o acesso, é preciso completar o script: estádio cheio, vitórias e consistência.

O resultado dessa mistura é o sonho coral. Sonho antigo…

Série D 2011: Santa Cruz 1x0 Santa Cruz/RN. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Fortalecendo a torcida das próximas décadas

Curumins corais no Arruda, com Thiago Mathias. Foto: Santa Cruz/divulgação

Com o título pernambucano de 2011, o Santa Cruz revitalizou a luta pela renovação de sua torcida. Foi uma conquista de peso, contra rivais que investiram bastante.

A diretoria do clube aproveitou a oportunidade para entregar a faixa de campeão a crianças de até 12 anos, a nova geração de fiéis tricolores, os curumins corais.

O evento simbólico teve o objetivo de fortalecer essa base de um futuro próximo, até então contaminada por sucessivos fiascos no Arruda. Na estreia, 167 crianças.

O presidente coral, Antônio Luiz Neto, chegou a gravar um vídeo para o site oficial sobre a iniciativa realizada neste sábado, com a presença dos jogadores campeões.

Ação simples e eficaz.

Como curiosidade, a presença do lateral-esquerdo Dutra, agora coral, mas que no Estadual defendeu as cores do Sport, justamente o rival vencido na decisão…

Dutra e Igor.

Como nascem os craques da camisa de três cores

Centro de Treinamento

Eis um esboço clássico do projeto para um centro de treinamento como tantos outros.

Vários campos de futebol com dimensões oficiais, 105m x 68m, como na Copa do Mundo, além de um alojamento compacto, bem equipado para a concentração.

Há pelo menos 15 anos isso se tornou algo vital para um clube de tradição, estruturado.

Em março de 2001, quando acabou a Lei do Passe, muitos dirigentes enxergaram a mudança da pior forma. No Sport, um exemplo claro, com o fim das categorias de base.

Para muitos, os clubes haviam perdido o benefício de revelar um atleta, dando suporte desde o infantil, o que, convenhamos, não é barato, se analisado em grande escala.

Pois não foi o que aconteceu. Contratos mais longos, com multas rescisórias, além de vantagens para a agremiação formadora, deixaram claro que esse ainda era o caminho…

Os anos foram passando e os principais clubes do país modernizaram os seus centros. Alguns tão grandes que ganharam o apelido de “cidade”, no caso do Atlético-MG.

Outros passaram a ter mais de um CT, separando o profissional da base. Mais à frente, a evolução, com o CFA, o Centro de Formação de Atletas, com direito a acompanhamento pedagógico, médico e odontológico. Mérito do São Paulo.

Em Pernambuco, uma marcha lenta, primeiro pela supracitada falta de interesse e depois devido aos recursos escassos. Verba originada da venda. Ou seja, era um ciclo.

No Náutico, na Guabiraba, o Centro de Treinamento Wilson Campos caminha desde 1999, aos poucos, com muito esforço, sempre evoluindo.

No Sport, em Paratibe, o Centro de Treinamento José de Andrade Médicis, comprado por R$ 2 milhões em 2008, só agora começa a registrar a construção do alojamento.

Mas e o Santa Cruz? Tantos recordes no Arruda e nenhuma esperança de revelação?

A base deste ano, campeã pernambucana, pode ser apontada como um golpe de sorte. Não por causa da competência dos olheiros e técnicos da base, mas por causa da falta de estrutura oferecida para a geração que luta para tirar o time da Série D.

Ocorreu o mesmo com um tal de Rivaldo… Não dá pra viver esperando cair um raio.

Então, neste 10 de agosto de 2011, o Santa inicia a recuperação do tempo perdido.

O anúncio feito pelo presidente coral, Antônio Luiz Neto, de que um terreno de 10,5 hectares foi adquirido em Paratibe, a 18 quilômetros do Arruda, foi realmente animador.

Ainda sem maiores detalhes, o projeto terá cinco campos e alojamento (projeto clássico, como dito no início do post), em 60% da área do terreno, plano.

Certamente, o investimento do clube do povo não será barato.

Tomando por base os projetos de Sport e Náutico, de R$ 6 milhões e R$ 5 milhões, respectivamente, é de se esperar no mínimo a metade desses valores. Parcerias deverão ser articuladas para bancar parte disso, como ocorreu com o rival da Ilha.

CT, cidade, CFA… Pode chamar como quiser. Inclusive de Ninho das Cobras. É real.

Objetos de desejo em território brasileiro

Troféus oficiais da CBF

Agora sim, a atualização da história no campo virtual.

Em fevereiro o blog havia alertado sobre um erro daqueles no site oficial da CBF, com a exibição de troféus errados para os torneios nacionais organizados pela entidade.

Na Copa do Brasil, por exemplo, a taça em questão era a de um modelo antigo, extinto em 2007. E olhe que a peça era repetida na versão feminina do mata-mata.

Na Série D estava ainda pior, pois sequer havia uma peça para simbolizar a competição.

Finalmente, então, o departamento de comunicação da Confederação Brasileira de Futebol percebeu o equívoco e corrigiu o portal.

Portanto, eis os seis troféus nacionais em disputa na atualidade…

Considerando as versões atuais, apenas um deles está em Pernambuco.

Confira uma postagem com as taças dos dez torneios organizados pela Fifa aqui.

Santa Cruz Football Club

Blog I See A Darkness, sobre o Santa Cruz, em inglês

Futebol pernambucano escrito em inglês, inteiramente em inglês.

O post anterior trouxe a citação do Santa Cruz no jornal britânico The Guardian, assinada por James Armour Young, colaborador do periódico.

Mas não no Brasil de uma forma geral, mas sim encravado no Recife.

Ele vive na capital pernambucana desde 2005. Além do site The Dirty Tackle, sobre futebol, James acabou criando também um blog inteiramente dedicado ao Santinha!

As multidões nas arquibancadas e as profundas divisões nacionais do Tricolor criaram uma atmosfera incomum bem além de nossas fronteiras, sob o olhar de James.

Por isso, ele escreve sobre o Santa Cruz no I See A Darkness, com postagens sobre o desenvolvimento coral na atualidade, sobre o passado glorioso – sobretudo nos anos 70 – e o lado cultural de torcer pelo time do povão.

Eis a descrição do inédito blog em língua inglesa sobre a Cobra Coral:

A quixotesca história da noite sombria na alma do Santa Cruz Futebol Clube.

The Guardian of Santa Cruz

Série D: Alecrim 1x3 Santa Cruz. Foto: Ovidio Carvalho/DA Press

Postagem para manter a justiça!

Durante boa parte do mês de julho, com cobertura voltada exclusivamente para a Copa América da Argentina – até porque o blog foi para Buenos Aires -, um dado acabou passando batido. Mas ainda em tempo de corrigir, até porque trata-se de um recorde.

Sob um toró, os 16 mil tricolores que foram até João Pessoa estabeleceram o recorde pernambucano de invasão de uma torcida de futebol local em outro estado.

O levantamento havia sido feito pelo blog há um bom tempo, diga-se (veja aqui e aqui).

O jogo foi em 17 de julho, contra o Alecrim, que mudou o seu mando de campo para outro estado por causa da confiança na força do povão coral, em busca de cash.

A notícia, agora, repercutiu até na Inglaterra! No tradicional jornal The Guardian.

Imagine uma torcida assim, fazendo a festa na Série A? Quem sabe no centenário…

Novo ranking com as maiores invasões de Pernambuco em outros estados:

Observação: torcedores do Sport abordaram o blog sobre o recorde coral no borderô, que foi de 13.126, ao contrário do público oficial anunciado durante a partida, de 16.022. Por que o Alecrim anunciaria um público maior durante o jogo, divulgando para toda a imprensa? Por que depois o Alecrim reduziria o público no borderô? Polêmico.

1º) Alecrim-RN 1 x 3 Santa Cruz
Estádio: Almeidão, em João Pessoa/PB
Distância do Recife: 120 km
Data: 17/07/2011
Torcida tricolor: 16 mil pessoas
Competição: estreia na Série D do Brasileiro, pela terceira vez

2º) Palmeiras 2 x 1 Sport
Estádio: Rei Pelé, em Maceió/AL
Distância do Recife: 265 km
Data: 25/07/2000
Torcida rubro-negra: 15 mil pessoas
Competição: final da Copa dos Campeões, valendo vaga na Libertadores

3º) Sport 1 x 2 Juventude
Estádio: Almeidão, em João Pessoa/PB
Distância do Recife: 120 km
Data: 12/10/1997
Torcida rubro-negra: 10 mil pessoas
Competição: Série A, uma vez que o Leão cumpria perda de mano de campo

4º) Campinense 2 x 1 Santa Cruz
Estádio:  Amigão, em Campina Grande/PB
Distância do Recife: 191 km
Data: 06/07/2008
Torcida tricolor: 7 mil pessoas
Competição: estreia coral na Série C, após duplo rebaixamento no Brasileiro