Empate, de direito. Derrota, de fato

Série B-2010: Sport 0 x 0 Vila Nova. Foto: Ricardo Fernandes/Diario de Pernambuco

Em 15 jogos, o Vila Nova tinha apenas 2 vitórias e 1 empate.

E 12 derrotas!

Lanterna disparado da Série B.

Para o Sport, em ascensão na competição, parecia o adversário ideal.

Mas não tem jeito…

O complexo de Lázaro do Sport, há um bom tempo, falou mais forte. É aquela sina de levantar defuntos. No fundo, a torcida já parecia saber. O temor era verdadeiro.

Foi um 0 x 0 frustrante na Ilha, com mais de 23 mil pessoas na noite desta terça-feira.

O sonho rubro-negro do acesso à elite do futebol brasileiro ficou muito distante.

Nos primeiros 45 minutos, o Leão até pressionou, na base da pressão da Ilha do Retiro. Fechadinho, o Vila segurou a bronca.

No segundo tempo, o Sport ficou com um ataque ainda mais qualificado, com Marcelinho Paraíba, Ciro e Wilson. Mas não resultou em gol.

O setor de criação já havia ficado comprometido naquele momento pela expulsão do zagueiro César. Fora o fato da péssima atuação de Da Silva, substituído, e da lentidão irritante de Igor. Que os reforços da defesa se recuperem logo!

Mas a zaga não levou gol, é verdade. Mas “pediu”, pois o fraco time goiano teve pelo menos três grandes chances de marcar o gol da vitória.

No fim, empate. Um ponto. Um passo curto.

Muito pouco. Empatar em casa com o 20º lugar é quase uma derrota.

Para muitos torcedores, até foi…

Caminhos da Ilha

Floresta

O temor existe.

De forma curiosa, os torcedores do Sport estão transformando o jogo contra o Vila Nova, nesta terça-feira, em uma “final” de Série B.

Para muitos, o jogo marca qual caminho o Leão vai seguir na competição.

Em busca do acesso ou do ostracismo?

O prognóstico até conspira a favor do Sport: o time deverá jogar na Ilha do Retiro diante de um grande público e contra o lanterna da Segundona.

O clube goiano abraçou a última colocação na 7ª rodada e não largou mais. Esta noite será a 16ª… Apesar disso, veio o temor da velha tradição de levantar “defuntos”.

O Leão vem numa arrancada bem tímida e ainda está a 8 pontos do G4.

Ganhou uma colocação por rodada nas últimas quatro partidas. Saiu do 16º para o 13º lugar (veja AQUI). Foram dois empates como visitante e duas vitórias como mandante.

Um triunfo diante do Vila Nova, e os pernambucanos têm futebol para isso, poderá colocar a equipe entre as 10 primeiras da Série B pela primeira vez em 2010.

Até o momento, a melhor colocação foi um 12º lugar na 8ª e 9ª rodadas. Muito pouco para o dito “carro-chefe” da competição. Talvez isso comece a mudar diante do Vila.

A esperança de ver dias melhores na Ilha caminha ao lado do temor de não haver solução nesta Série B. Com a resposta, a trupe de Marcelinho Paraíba.

Saberemos a escolha logo mais, entre 21h e 23h.

Frágil?

Icasa 3 x 1 Náutico.

“O adversário era tecnicamente muito frágil. Tínhamos condições de vencer e não vencemos. Perdemos em duas falhas individuais.”

IcasaDe fato, o técnico Alexandre Gallo foi contundente no comentário sobre a derrota do Náutico neste sábado, em Juazeiro do Norte, no Cariri cearense.

O time deixa o G4 da Série B do Brasileiro. Caiu para o 5º lugar na competição.

Com 27 pontos até o momento, o próprio comandante timbu já fez os cálculos: 33 pontos até o fim do primeiro turno da Segundona.

Portanto, faltam seis pontos em quatro jogos. O Alvirrubro segue nos trilhos.

Só não me parece muito prudente chamar o time do Icasa de frágil, Gallo.

O time estava na 2ª divisão do seu estado? Fato. Mas já subiu, ganhando a Segundona de 2010.

Mesmo sem tanto cartaz, o Icasa vem “mandando” no futebol pernambucano. Nos últimos três anos, enfrentou os grandes do Recife em quatro oportunidades.

2008 – Santa Cruz 0 x 1 Icasa (Série C)
2008 – Icasa 1 x 0 Santa Cruz (Série C)
2010 – Sport 1 x 2 Icasa (Série B)
2010 – Icasa 3 x 1 Náutico (Série B)

O Icasa pode até ser frágil… Mas não estamos longe disso. Infelizmente.

Veja a reportagem sobre o revés alvirrubro neste sábado AQUI.

Finalmente, o CT do Sport

Novo CT do Sport, em Paratibe. Imagem: Sport/divulgação

O centro de treinamento do Sport, em Paratibe, segue com uma infraestrutura bem precária. O local conta, basicamente, com campos de futebol. Agora, o CT – comprado junto ao Intercontinental por R$ 2 milhões – deverá passar por uma modernização.

O repórter André Albuquerque, do Diario, teve acesso ao projeto. Aqui no blog, algumas imagens do ousado plano de transformar o CT leonino, de oito hectares e a 30 quilômetros do Marco Zero, em um “CT” de fato. É uma lacuna antiga no clube.

Acima, uma uma imagem aérea do centro, que deverá fazer com que o elenco profissional tenha condições de realizar um treino completo sem ter que voltar para a Ilha. Abaixo, detalhes, como a futura sala de imprensa (muito superior à atual, na Ilha) e o vestiário, com padrão europeu.

O projeto, que vem sendo articulado por Gustavo Dubeux, deverá custar cerca de R$5 milhões ao todo. Saiba mais na reportagem do Diario, neste domingo.

Em tempo: essa é a saída tanto para Sport, quanto para Náutico – o mais adiantado, com um crescimento gradativo desde, na Guabiraba – e Santa Cruz.

Novo CT do Sport, em Paratibe. Imagem: Sport/divulgação

Dez anos do Nordestão à Libertadores, por Celso Roth

Celso Roth, campeão da Libertadores de 2010 com o Internacional

Foram mais de 3.600 dias de espera…

O técnico Celso Roth tinha apenas 40 anos quando conquistou o seu primeiro título profissional. Ganhou o Gauchão de 1997 treinado o Internacional.

Depois, assumiu o rival Grêmio. Em 1999, comandando o Tricolor, ganhou duas taças : outro Gauchão e a extinta Copa Sul.

Sempre o mesmo estilo linha-dura. Chamado algumas vezes de retranqueiro.

A peso de ouro, foi contratado pelo Sport em 2000. Era jovem, apontado como o sucessor de Luiz Felipe Scolari, mas o Leão abriu o cofre de forma quase desnecessária.

Eram R$ 120 mil mensais para um técnico em ascensão.

Ele veio para o Recife com uma boa dose de mau humor e teimosia tática.

Pegou um plantel com atletas em grande fase, como Leonardo, Bosco, Adriano, Sangaletti, Nildo e Leomar. Roth taxou o grupo de “mediano”. O clima turbulento.

Mas não é que mesmo assim ele ganhou mais um campeonato?

Com muito esforço, conquistou a Copa do Nordeste (veja AQUI).

Mas o time seguia travado, tropeçando e irritando a torcida (época do “Burroth”). Acabou caindo depois de uma derrota diante do Náutico, por 2 x 1. Em plena Ilha.

O Leão não perdia em casa para o Timbu havia cinco anos! Demissão consumada em 7 de maio de 2000, com uma trajetória de 20 vitórias, 7 empates e 4 derrotas.

E uma taça! A última… Depois, foram 10 anos sem uma medalha de ouro sequer.

E olhe que Roth treinou mais de dez clubes da Série A. Se adaptou aos pontos corridos, realizou boas campanhas e manteve o seu nome na lista de sondagens dos grandes.

Neste ano, estava no Vasco, ajustando o time, mas recebeu um convite da direção colorada, que estava sem paciência com o uruguaio Jorge Fossati.

E como não aceitar? Trocar um time irregular por outro já na semifinal da Libertadores?

Roth topou a aposta. E ganhou a mega-sena. Celso Roth, campeão da Libertadores. De fato, o time do Inter de fato melhorou bastante com a sua chegada…

O treinador pegou um time engessado e conseguiu tornar o Internacional em uma equipe veloz e competitiva, utilizando bem as peças de altíssimo nível como Tinga, D’Alessandro, Giuliano, Giuliano, Rafael Sóbis e Bolívar.

Deixou o 3-5-2 do time na Libertadores e encarou o 4-4-2. Deu certo.

Da Copa do Nordeste para a Copa Libertadores, uma década de aprendizado.

Profissionalizando a motivação

Essa história de vídeos motivacionais para os clubes está virando coisa séria… Cada vez mais os torcedores estão dominando as técnicas de edição, com boas produções. Abaixo, um vídeo feito para o Sport pela Azougue Vídeo Produções, com locução de Tony Araújo, texto de Rafael Pontes e edição de Cristiano Lima. Ficou bacana. Confira.

Você já fez algum vídeo assim? Envie para o blog.

Pode ser tricolor, rubro-negro, alvirrubro…

10 ou 9.5? Tanto faz, Marcelinho…

Série B-2010: Sport 4 x 1 São Caetano. Marcelinho Paraíba marcou um gol e deu três assistências. Foto: Edvaldo Rodrigues/Diario de Pernambuco

Era o primeiro jogo de Marcelinho Paraíba na Ilha do Retiro.

A estreia havia sido no sábado, em Bragança Paulista. Discreta. 

Em casa, uma expectativa enorme sobre a contratação mais cara do Sport na temporada. Entre luvas e salários, um custo mensal de R$ 110 mil.

Meia-atacante. Qualidade no passe, velocidade, bom finalizador. Era a prova dos 9 do jogador. Na verdade, a prova do camisa 10.

O adversário não era qualquer um não. Enfrentar o São Caetano, 3º lugar no Brasileiro da Série B, tinha deixado a torcida bem desconfiada. Vai ou não vai? Uma dúvida que já se arrasta há várias rodadas no clube.

Mas ele correspondeu.

Pode até ser exagero das letras de alguém que estava no estádio, mas a verdade é que Marcelinho Paraíba teve uma das melhores estreias no Leão considerando os jogadores renomados dos últimos anos.

A vitória foi convincente. Uma goleada, aliás: 4 x 1.

Um scout rápido de Marcelinho: um golaço de falta e três assistências, sendo duas delas para o artilheiro Ciro, agora como 11 gols. Esse, por sinal, arrumou um bom companheiro no ataque.

Os números de Marcelinho realmente foram de um “meia-atacante”, que buscou a bola a todo instante, tabelou e mostrou uma visão de jogo diferenciada.  Fim da partida, e os repórteres que o cercaram perguntaram qual nota ele daria para si mesmo.

“Dez”.

Com as devidas proporções que a Segundona exige, o craque teve uma atuação digna desta nota. Se foi 10, 9 ou 8,5… De fato, é bem subjetivo. Tanto faz a nota publicada nos jornais ou num blog. A grande atuação de Marcelinho foi percebida pela torcida.

No fim, ele ainda mandou o recado… Quer pintar o cabelo de vermelho e preto.  Aí, só vai faltar mesmo o acesso à Série A. O mais importante, diga-se…

Números e mais números

Pesquisa de torcidas Ibope/Lance de 2010 sobre Pernambuco

Os números absolutos da 4ª pesquisa Lance!/Ibope foram divulgados em 31 de maio de deste ano (veja AQUI). Depois, o instuto foi mostrando outros dados do estudo, como torcidas mais jovens, mais velhas, mais ricas, mais pobres, por região…

Nesta terça-feira, chegou a vez de Pernambuco, como mostra o print screen acima. O Sport tem 33% da torcida do estado, seguido pelo Santa Cruz (12,8%) e Náutico (9%). Só depois do Trio de Ferro é que aparece algum “forasteiro”. O clube de fora mais bem colocado é o Corinthians, com 8,1%. É a segunda vez que o Timão aparece com um bom índice em pesquisa de torcidas por aqui…

Fora do Nordeste, o Náutico é o clube pernambucano com mais torcida, com 79.091. Depois, vem o Sport, com 50.156, e em 3º lugar, o Santa Cruz, com 40.510.

Leia a reportagem completa do Lance! AQUI.

A noite superou a pressão

Eduardo Ramos

Talentoso e dono de arrancadas que conduziam o time às vitórias. O meia Eduardo Ramos rapidamente foi apontado como a “melhor contratação do Sport em 2010″.

E era verdade. Uma grata surpresa.

Começou jogou como segundo volante. Marcava e municiava Ricardinho, que havia sido o escolhido em janeiro para armar o time.

O tempo mostrou que Eduardo Ramos jogava bem mais que a posição que ocupava e que Ricardinho estava “cansado”, longe de ser um camisa 10 da Ilha do Retiro.

Mesmo atuando um pouco mais atrás, Eduardo Ramos foi mostrando a sua qualidade no passe e, sobretudo, nas passadas largas com a bola dominada.

Em 24 de janeiro, fui até Caruaru para fazer a cobertura do jogo Central x Sport para o jornal. O editor do Diario, Fred Figueiroa, também foi. Ainda no primeiro tempo, Fred comentou, lá do alto da cabine do Lacerdão:

“Esse cara joga bola. Sai para o jogo, é forte e chega no ataque. Pode jogar mais.”

Olhei para o lado e falei: “Tá bom, velho… Vai virar auxiliar de Givanildo Oliveira, é?”.

Brincadeira à parte, o jogador teve a segunda nota mais alta da vitória leonina por 2 x 1, com um 7,5. Abaixo apenas de Wilson, autor dos gols, com 9 (veja AQUI).

De fato, Eduardo Ramos rapidamente se transformou no principal articulador da equipe. Armou, deu assistências e marcou gols.

Foram muitos. Dez ao todo. O próprio meia chegou a dizer que nunca tinha tido uma fase “ofensiva” tão boa na carreira. Acabou como vice-artilheiro do time no Estadual.

Campeão e eleito o melhor jogador do Pernambucano, diga-se.

O status de ídolo já estava bem encaminhado.

Sucesso paralelo aos problemas particulares, um extracampo que comprometeu a sua passagem no clube. Goiano de Caçu, Eduardo passou a morar no Recife. Um jovem de 24 anos que conheceu a generosa noite da cidade. Em sua essência.

Em campo, uma displicência irritante para a torcida. Finalizações longe do padrão de outrora. O nível dos adversários havia melhorado? Sim. Mas não a ponto de fazer com que o jogador se tornasse opaco. As críticas foram inevitáveis.

Eis que na véspera do jogo contra o São Caetano, na Ilha, onde as vaias já eram algo comum para o camisa 8, o jogador pediu dispensa do clube. Problemas pessoais.

A pressão superou o talento. A noite superou a pressão. E não será fácil acordar.

A montagem que ilustra o post já circula há alguns dias na web. Marcou o jogador, segundo ele mesmo em entrevista ao repórter Celso Ishigami (veja AQUI).

Estamos a 2.977 km do sucesso

Mapa, com a distância entre Recife e Porto Alegre: 2.977 quilômetros

Internacional, o clube de maior transformação do país nesta década. Um time que, apesar da tradição, estava à margem do Grêmio. O Colorado cansou de ver o maior rival conquistar títulos nacionais e internacionais na década de 90. O campeonato estadual era o único consolo. Então, como sair daquela mesmice e voltar a ser rolo compressor dos anos 70, quando o Inter conquistou nada menos que três edições do Brasileirão?

Começou com uma gestão voltada à fidelidade do seu torcedor. Acima de tudo, com a fidelidade do seu sócio. Finalmente um programa de sócio-torcedores saía do papel de forma sustentável, com medidas comuns em nossa economia. Como o uso do cartão de crédito para pagar mensalidades. Débito automático. Medidas simples que estenderam o número de sócios para o interior gaúcho.

Não é por acaso que o número de sócios do Internacional ultrapassou a barreira dos 100 mil cadastrados, em dia. Gente suficiente para proporcionar uma renda mensal de R$ 3,5 milhões. Dinheiro reinvestido no time profissional e nas categorias de base. Uma engrenagem que rendeu ainda mais dinheiro.

De acordo com a consultora financeira Crowe Horwath, o Inter foi o clube brasileiro que mais arrecadou com a negociação de atletas para o exterior entre 2003 e 2008. O clube ganhou R$ 250 milhões no período – R$ 33 mi a mais que o segundo colocado, o São Paulo. Com um futebol se fortalecendo como bola de neve, chegaram os títulos.

O apelido de “Interregional”, por causa da falta de títulos além da fronteira, sumiu do mapa. Libertadores e Mundial em 2006, Recopa em 2007 e Copa Sul-americana em 2008. Nesta quarta, o time vermelho entrará num Beira-Rio com lotação esgotada precisando de um simples empate para conquistar o bi da Libertadores. Em cinco anos, o clube saiu do ostracismo para se tornar uma potência.

Há quem considere tudo isso coincidência. Eu considero consequência. Fica a dica para que este modelo implantado em Porto Alegre seja trazido para o Recife. Estamos a 2.977 quilômetros do sucesso. Não é tão longe quanto parece.