Passo a passo

Estádio dos Aflitos

8h de domingo – Hora de acordar.

Papo furado…

9h – Agora sim, hora de acordar.

10h30 – Praia, piscina? Feijoada na casa do tio? Tanto faz.

13h30 – A primeira “lembrança” de que haverá clássico.

14h – Contato com os amigos, para articular a ida ao jogo. Camisa do clube separada, ingresso na mão (melhor comprar antes…), chave do carro (ou o cartão VEM) etc.

15h/16h – Um dia todos os caminhos levaram até Roma. Na tarde deste domingo, no Recife, os caminhos levarão até o estádio dos Aflitos. Ou então para os bares da cidade, com telas de LCD de 40 polegadas. Ou quem sabe ainda para a casa de parentes e vizinhos. Há quem queira torcer sozinho, com as suas figas. O Clássico dos Clássicos vai passar ao vivo na TV…

Sport x Náutico15h50 – Saberemos, finalmente, as escalações de Sport e Náutico. Leandrão ou Ricardinho (3-5-2 ou 3-6-1)? O volante Nílson no lugar do meia Dinda, com marcação individual em Eduardo Ramos? A conferir.

Uma certeza: 11 x 11, devidamente escalados e numerados.

16h – Salvo alguma exceção, o árbitro carioca Marcelo de Lima Henrique (da Fifa) irá autorizar o início do jogão. Da primeira final.

16h47 – Final do primeiro tempo (já com os descontos). Festa de um lado. Silêncio do outro. Qual lado festeja? Não importa. As gozações já estão 50% garantidas.

18h – Seguindo a mesma regra da exceção, a partida acaba. Para evitar confusão, a Polícia Militar irá liberar primeiro a torcida derrotada.

18h15 – Buzinaço na cidade. Título estadual encaminhado? A vitória que importa.

(Mas se o clássico for empate? Se isso acontecer, marque um horário na sua agenda na próxima quarta-feira, na Ilha do Retiro)

900 metros

Sport x Náutico

No relógio, 00h00 de sábado.

Faltam exatamente 40 horas para começar o Clássico dos Clássicos.

Para começar a final do Campeonato Pernambucano…

Os elencos do Rubro-negro e do Alvirrubro já descansam nas suas respectivas concentrações. Últimos momentos antes do tão aguardado desfecho.

Mentalidades opostas. Rivalidade pura, já centenária. Planejamento, conversas, articulações, segredos… Tudo isso vem sendo conversado entre os 38 jogadores relacionados para a primeira decisão, no estádio dos Aflitos, no domingo.

Givanildo Oliveira e Alexandre Gallo dão as últimas explicações.

Tão perto um do outro. Se soubessem, falariam até mais baixinho.

Numa metrópole do tamanho do Grande Recife, com o seus 3,7 milhões de habitantes, e o Leão e o Timbu acabam ficando a menos de 1 quilômetro. Mais um pouco e acabariam antecipando a partida devido à próximidade!

No ponto A do gráfico, a concentração do Sport dentro da própria Ilha do Retiro. No ponto B, o Mercure Hotel, na Ilha do Leite, onde está hospedada toda a delegação do Náutico. Uma linha reta que resulta em exatamente 900 metros.

No contorno azul, o caminho traçado para o encontro surreal. Aí é preciso andar um pouco mais, cerca de 2 km. Nada que tire a energia desses times para a histórica final.

Se algum torcedor inventar de soltar fogos de artifício para acordar o rival, vai acabar comprometendo o sono do próprio time. Parece até combinado.

Dentro de 40 horas, esses 900 metros serão 105 metros.

A extensão do gramado de Rosa e Silva.

Aí o choque será inevitável.

Herói e anti-herói

Carlinhos Bala

O futebol é feito de super-heróis.

Daqueles que conseguem o desfecho (quase) impossível. Que salvam o mundo. O mundo em forma de estádio, sempre encorpado pela paixão vinda da arquibancada.

Heróis com o poder de assinalar um gol antológico no último minuto. Ou com a destreza (magia?) de uma defesa que nem o replay consegue provar como aconteceu.

Existem outros tipos de heróis no mundo da bola… E até os anti-heróis.

Esses aí, fadados ao duradouro papel de anular tudo previsto do outro lado do campo de batalha. Que seguem à sombra dos grandes duelos. Mas sempre presentes. Sempre participativos. Sempre aptos para desconstruir.

Mas podem mudar de lado. De bandeira. De anti-herói a herói, como nos quadrinhos. Essa sinopse já deixou de ser uma novidade há muito tempo. Porém, segue atual.

Junte tudo isso, some uma boa dose de ironia e chegaremos até Carlinhos Bala.

O atacante que realmente consegue mexer com o futebol pernambucano. Um cara que se autodenomina o “rei do futebol” do estado.

Se Pelé calado é um poeta, como disse Romário, Carlinhos Bala soltando o verbo é surreal. É a garantia de um clima quente no gramado. Sem marasmo algum.

Sobrou pra todo mundo após a enxurrada de frases de feito na comemoração da classificação no Clássico das Emoções. Naquele momento nos Aflitos, com a supremacia alvirrubra sobre os corais, Bala se multiplicou em todos os heróis possíveis.

Mas se hoje ele está no Timbu, num passado recente o atacante fez o “chororô” nos Aflitos. Na Ilha teve até “dedada” vestindo outra camisa. Viveu como anti-herói.

Em 2010, o baixinho formou a liga timbu, com colaboração maciça do restante do elenco, que o enxerga mesmo como o líder de Rosa e Silva.

Agora, o mais que imprevisível Carlinhos Bala vai de encontro à kriptonita.

E essa não é verde, Bala. É vermelha e preta, bem potente. Que missão!

A maior torcida… No Orkut

As maiores torcidas do Orkut: 29/04/2010Pesquisa sobre torcidas?

Vamos analisar mais uma! Online.

Após a polêmica publicação do Datafolha no dia 27 de abril (veja a análise do blog AQUI), agora é a vez do Orkut. A rede de relacionamentos na web possui um aplicativo para medir as torcidas do país.

É bem simples. Cada pessoa precisa cadastrar o seu perfil no Orkut no aplicativo “O meu time do coração”, inserido no próprio programa.

Criado em 2009, o aplicativo já foi acessado por mais de 23 milhões de usuários. Número considerável, mas encravado num segmento distinto da população, com acesso à internet.

Ao lado, os 15 primeiros colocados no Orkut. Destaques para a presença da Seleção Brasileira em 7º lugar, do Manchester United, da Inglaterra, em 14º, e para a briga entre Fla e Timão.

Um dado interessante é o levantamento semanal de novos torcedores. O show do Santos em 2010 vem coloborando bastante, tanto que o Peixe que vem crescendo numa média bem maior que os rivais mais próximos. Na última semana foram quase 9 mil novos adeptos. O Inter de Porto Alegre, uma posição acima, ganhou 4.600.

Paixão no futebol significa um bom resultado em campo…? Nem sempre. 😎

Abaixo, os dados dos rivais pernambucanos no ranking.

13º Sport – 215.836 (15º geral) – 1.332 novos torcedores em 1 semana

O Rubro-negro precisa tirar uma diferença de 60 mil torcedores em relação Manchester para subir na classificação. Na tabela nacional, precisa de mais 109.556 pessoas para ultrapassar o Flu. O Atlético-PR, logo atrás, tem 208.328 fanáticos.

21º Santa Cruz – 59.356 (27º geral) – 527 novos torcedores em 1 semana

O Tricolor briga com Ceará e Fortaleza para ter a 4ª maior torcida do Nordeste. Por enquanto, vantagem para os alencarinos. São 12 mil torcedores de diferença em relação ao Ceará, mas o Santinha vem crescendo numa média maior.

23º Náutico – 53.489 (30º geral) – 309 novos torcedores em 1 semana

O Timbu está a 875 pessoas do Figueirense, uma colocação acima. O Alvirrubro, no entanto, precisa obter mais adeptos por semana, pois o time catarinense conseguiu 340 na última atualização. Abaixo, outro catarinense, o Avaí, já ameaça, com 51.675.

Ao todo, 188 equipes já foram lembradas pelos brasileiros, entre clubes nacionais e internacionais e seleções. O Monte Azul/SP está na lanterna, com 1 torcedor!

Final da década

SportNáuticoSport x Náutico.

A rivalidade centenária do Recife.

Última final do Estadual entre rubro-negros e alvirrubros? No já distante ano de 1994.

Há 16 anos sem uma decisão de fato e de direito. Aflitos com a metade do tamanho, atacante Bizu em atividade e Sport fora do Clube dos 13. Ambos na Série A. Givanildo também treinava o Sport, aos 45 anos. Porém, já era ranzinza. E a internet ainda era um devaneio.

O tempo passou e o choque decisivo vai voltar a sacudir a cidade.

Neste Pernambucano, as melhores campanhas. Justiça em campo.

Leão: 17 vitórias, 6 empates e 1 derrota (51 GP e 18 GC)

Timbu: 14 vitórias, 4 empates e 6 derrotas (44 GP e 27 GC)

Na história, tabu para todos os lados. O Náutico não perde um Clássico dos Clássicos há 5 confrontos. O Rubro-negro, no entanto, venceu as últimas 7 finais: 1975, 1977, 1981, 1988, 1991, 1992 e 1994.

O Alvirrubro ganhou um Campeonato Pernambucano pela última vez sobre o time da Ilha em 1968. Em 21 de julho daquele ano, nos Aflitos. Gol de Ramos. Vitória que valeu um lema atemporal: “Hexa é luxo”.

Em 2010, a chance do Náutico de quebrar a sequência do Sport de títulos no estado. O Leão é o atual tetracampeão. A duas taças do hexa, o orgulho intocável de Rosa e Silva. Que começa a ser ameaçado pela 3ª vez.

Em 1974 e 2001 o Timbu conseguiu evitar o pior…

Para se chegar à final da década, a primeira entre os rivais, o suor do Náutico de Carlinhos Bala, na quarta-feira, contra os corais. A cadência do Sport de Eduardo Ramos, 99% classificado. E a ansiedade das duas apaixonadas torcidas.

Domingo, 2 de maio, Aflitos: Vermelho de Luta.

Quarta-feira, 5 de maio, Ilha do Retiro: Ilha em Chamas.

Aproveitando essa semana com o clima pra lá de quente entre os velhos rivais, a nova enquete do blog, em caráter especial.

Quem vai ser o campeão pernambucano de 2010? 😈

Herói improvável

Pernambucano-2010: Sport 1 x 0 Central

Levi Nepomuceno da Silva.

Olindense de 19 anos. Volante. Como tantos outros na Ilha do Retiro.

Até a noite desta quarta-feira ele havia vestido a camisa do Sport em apenas duas oportunidades. Ambas em 2010. Foi lançado pelo técnico Givanildo Oliveira.

Para jogar a semifinal, ele contou a “sorte”. Daniel Paulista, o titular da posição, passou mal na concentração e foi vetado pelo departamento médico. Nada que preocupe para a final do Pernambucano.

Mas esse episódio foi decisivo para a história da partida contra o Central.

Oriundo da base, Levi já escreveu o seu nome no Rubro-negro, como o herói improvável de um confronto previamente decidido. Um jogo que sequer precisava de um herói devido à enorme vantagem leonina sobre a Patativa.

Alheio a isso, Levi arriscou um chutaço de fora da área aos 10 minutos do segundo tempo de um jogo morno. Lance no momento exato da foto acima.

Acertou o ângulo. Depois, caiu no choro, como Ciro em sua estreia, em 2008.

As lágrimas valeram o triunfo por 1 x 0 e a confirmação da vaga na final.

Na campanha em busca do penta, Levi já tem o seu capítulo.

Foto: Heitor Cunha/DP

Orgulho de um povo

NordestãoO Campeonato do Nordeste vai mesmo acontecer nesta temporada.

Sem o Sport. O Rubro-negro preteriu a edição deste ano e corre algum risco de ser retaliado em 2011. Política à parte, o regional vai começar na data original: 9 de junho.

Com 15 equipes, o Nordestão corre agora para ganhar mercado. Para se tornar um produtivo atrativo. A TV Esporte Interativo já vem se mexendo para levantar a competição.

Abaixo, um vídeo de divulgação do torneio, que vai até 1º de dezembro. O vídeo é uma edição bem feita com imagens de um outro filme, sobre a edição de 2002 (veja AQUI). De qualquer forma, o vídeo é animador. Bem organizado, o Nordestão é imbatível.

Veja a nova tabela do Nordestão AQUI.

A educação estava do outro lado

Que o técnico Givanildo Oliveira é ranzinza, ninguém duvida. De vez em quando, até passa do ponto. Mas o treinador do Sport , de 61 anos, também tem os seus momentos de descontração. Na coletiva desta terça-feira, na Ilha, ele contou um “causo” do mundo da bola. Veja no vídeo abaixo.

O sofrimento de ser técnico. Na Ilha…

A culpa é sua, IBGE

IBGE

Se existe uma discussão interminável no futebol, esta é sobre o tamanho das torcidas rivais. Mas sobre o tamanho real, longe das simulações de pesquisas, com as suas margens de erros de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. Essa chatice tem que ficar para as eleições mesmo. E olhe lá.

No dito País do Futebol, até hoje não se sabe o peso agregado das torcidas espalhadas pelo Brasil “continental”.

Em todos os censos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a questão não foi colocada em pauta. E não será neste ano, pois o formulário do censo (feito detalhadamente a cada 10 anos) não consta a simples pergunta:

“Para qual time você torce?”

Seja lá qual for a desculpa (economia, estrutura ou realmente falta de interesse), o IBGE perde mais uma vez a chance de fazer algo revolucionário, de interesse de qualquer clube, de qualquer torcida. Resumindo: interesse de milhões.

Enquanto isso, somos obrigados a ler pesquisas de simulação até o fim dos tempos. Nesta terça foi divulgada mais uma, do Instituto Datafolha (veja aqui). Com todo respeito ao instituto (que entrevistou 2.600 pessoas em 144 cidades, em 15 e 16 de abril, através do método científico de abordagem), mas realmente bate aquela dúvida após a análise dos dados: “Alguém foi mesmo perguntado?”

IBGEVejamos os dados de Pernambuco.

Sport – 1.330.000 torcedores
Náutico – 600 mil
Santa Cruz – 520 mil

Isso mesmo, o Tricolor teria menos torcida que o Timbu. O povão coral teria uma massa menor que a população de Jaboatão.

E alvirrubros e tricolores teriam menos torcida que a Portuguesa/SP, que tem 880 mil. Aquela Lusa que não coloca 5 mil pessoas no estádio do Canindé.

Somadas, as torcidas dos 3 grandes do Recife chegam a 2.450.000 torcedores!

Isso corresponde a 65% da população da Região Metropolitana do Recife (de 3,75 milhões). Um número levando em consideração que NINGUÉM mais goste desses clubes no interior do estado ou mesmo fora de Pernambuco. No estado, aliás, a porcentagem é de apenas 27,8% num universo de 8,8 milhões de habitantes.

Francamente… Tantas pessoas assim que andam nas ruas do estado estão tão à parte do futebol (ou do futebol local)? Será que o leitor tem a mesma impressão?

Como curiosidade, vale lembrar uma pesquisa do Ibope de 1993, na qual o Sport teria 3,2 milhões de fanáticos enquanto o Santa teria 2,9 mi (veja aqui). Naquele ano, a população pernambucana não passava dos 7 milhões. Ou seja, só com os dois clubes, a porcentagem seria de 87%.

Qual pesquisa está mais próxima da realidade? Pois é, IBGE. A “culpa” é sua. A discussão sobre torcidas vai continuar.

E bastava uma perguntinha a mais no questionário.

Já chegou

Pernambucano-2010: Central 0 x 3 Sport

A torcida rubro-negra chegou fazendo barulho na Capital do Agreste no último domingo. Era uma prova de apoio ao time que havia acabado de ser eliminado da Copa do Brasil.

Os torcedores do Sport encheram o tobogã e saíram de lá com uma vitória por 3 x 0. Saíram do estádio com a vaga na final do Pernambucano. Com 99% dela, no mínimo. Nesta quarta-feira, agora na Ilha, o time receberá o Central disposto apenas a não escrever uma página trágica em sua história.

Assim, para onde caminha a torcida leonina? Depois do jogo na Ilha, nem vai ser caminhada. Vai ser corrida mesmo. Para casa, para assistir ao Clássico das Emoções, na TV. O próximo adversário do time, de fato, está lá.

Na Ilha, jogo às 20h. Nos Aflitos, às 21h50. Se correr, vai dar tempo…

Fot: Helder Tavares/DP